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Aconselhamento
Este módulo é constituído por quatro capítulos que propiciarão uma visão geral da área de
aconselhamento.
Objectivos
• Introdução.
• Definir e indicar a finalidade do aconselhamento.
• Diferenciar aconselhamento e educação para a saúde.
Tópicos
• O que é aconselhamento?
• Quem deve fazer aconselhamento para os/as jovens?
• Onde deve ser oferecido o aconselhamento?
• Como o aconselhamento se relaciona com a educação para a saúde?
• Habilidades básicas do aconselhamento.
Alguns conceitos
Introdução
A utilização dos postulados do aconselhamento psicológico tem um raio de acção amplo e, muitas
vezes, pode servir de base para determinados tipos de programas com exigências específicas.
O tipo de aconselhamento aqui proposto está baseado em pressupostos teóricos, utilizados pelas
teorias humanísticas da escola americana, que, por sua vez, fazem parte da psicologia
contemporânea. Carl Rogers é considerado um dos seus fundadores e algumas variações teóricas
foram apresentadas pelos seus seguidores, em especial, pelo grupo chamado de neo-rogerianos
liderado por Carkuff. O campo do aconselhamento sistematizado pelos neo-rogerianos pode ser
adaptado a um trabalho rápido e eficaz junto dos grandes sectores sociais que necessitam de
orientações básicas em determinadas situações produtoras de sofrimento e que possam ser
remediadas com um mínimo de informação e orientação.
O aconselhamento é uma forma de ajudar as pessoas a definir, para si próprias, a natureza dos
problemas que estão a viver. Assim, elas podem tomar decisões realistas em relação ao que
podem fazer para diminuir o impacto desses problemas sobre si, sua família e seus amigos/as.
Ajudar as pessoas a adquirirem confiança para mudar o seu estilo de vida é uma parte
fundamental do aconselhamento. O aconselhamento ajuda as pessoas a reflectirem sobre os seus
valores, atitudes, percepções e condutas para que possam fazer escolhas informadas e consistentes
com os seus valores e prioridades.
Além dos/as jovens, pode acontecer também que os familiares ou os responsáveis de educação
procurem esclarecimentos de natureza similar. É possível, inclusivé, que os familiares queiram
informações sobre como conversar com os filhos e as filhas.
Numa ou noutra situação, é conveniente que os/as conselheiros/as melhorem as suas habilidades
para manter uma boa comunicação interpessoal e possam ajudar os jovens e os familiares a
estabelecerem um relacionamento harmonioso e, sobretudo, a tomarem decisões apropriadas
perante situações que possam estar a enfrentar.
No caso específico de saúde reprodutiva, é importante que o/a conselheiro/a consiga transmitir e
tornar aceite na comunidade o facto de que a saúde reprodutiva diz respeito a mulheres, homens,
adolescentes, jovens e adultos, e que, portanto, todas as pessoas, independentemente do sexo e do
Este material é apenas um guião, não deve ser usado como um script ou um “livro de receitas”.
O/a conselheiro/a provavelmente terá que adaptá-lo ao seu estilo e à sua experiência, ou às
necessidades de cada pessoa em particular. O/a conselheiro/a deve referir-se a costumes e práticas
da comunidade local. Se qualquer um dos exemplos fornecidos neste Manual for impróprio, deve
mudá-lo e adaptá-lo à realidade local.
Numa situação de aconselhamento, à medida que o/a adolescente começa a falar, ele/a passa a ter
uma ideia mais clara do que pensa ou sente e das escolhas que tem na sua vida. O/a conselheiro/a
pode ajudá-lo/a a examinar as alternativas para escolher uma delas. Quando o/a jovem começa a
agir segundo escolhas informadas, ele/a sente-se mais confiante, compreende que tem algum
controle sobre os seus comportamentos e está em melhor posição para aprender o que é melhor
para si, como um elemento importante do processo de amadurecimento.
Um bom aconselhamento deverá estar centrado no/a jovem, ou seja, o aconselhamento deve
concentrar-se nos seus sentimentos, pensamentos, temores e preocupações.
No aconselhamento, a responsabilidade pela tomada de decisão é do/a jovem.
A educação para a saúde é uma comunicação que não é confidencial, é desenhada em função das
necessidades de saúde pública e fornece informação e discussão para responder às necessidades
da saúde pública, isto é, de prevenir a transmissão do HIV, desencorajar a discriminação e
facilitar a oferta de serviços às pessoas afectadas pelo HIV/SIDA ou por uma gravidez não
planeada.
As habilidades de comunicação permitem que uma pessoa entenda e se faça entender. Estas
habilidades devem incluir:
As habilidades de cooperação permitem às pessoas trabalhar com as outras para atingir metas e
resolver problemas. Incluem:
Fortalecimento da equipa;
Negociação;
Gestão de problemas;
Resolução de conflitos;
Trabalho em grupo;
Liderança.
As habilidades de tomada de decisão permitem fazer escolhas e empreender acções com vista a
atingir objectivos. Incluem:
METODOLOGIA
Processo:
2. Apresentar as transparências.
4. Orientar as dinâmicas:
5. Pontos de discussão.
Pede que discutam essas perguntas inicialmente em pares (5 minutos) e que depois apresentem ao
grupo sob forma bem sucinta (palavras ou frases – chaves). O assistente do facilitador/a anota no
flip chart as respostas.
Duração: 20 minutos
Processo:
2. Os/as participantes formam duplas ou triplas e produzem inicialmente uma lista e seleccionam
2.
3. Os 3 pontos mais importantes são seleccionados, escritos nas folhas VIPP e colados na parede.
• Pontos de discussão
Objectivos
Tópicos
• A situação de aconselhamento.
• Habilidades primárias de contacto no aconselhamento.
• As 3 fases de aconselhamento:
METODOLOGIA
Duração: 180 minutos (Exposição do tema: 50 minutos; Dinâmica - Exercício N.º 1: 50 minutos
Dinâmica - Exercício N.º 2: 50 minutos; Dinâmica - Exercício N.º 3: 50 minutos)
Processo:
2. Apresentar as transparências.
4. Orientar as dinâmicas:
Objectivos
Tópicos
Alguns conceitos
A SITUAÇÃO DE ACONSELHAMENTO
No aconselhamento, duas pessoas encontram-se para resolver uma crise, um problema ou tomar
decisões, envolvendo assuntos e comportamentos altamente pessoais e íntimos. A maneira como
o/a conselheiro/a recebe o/a jovem é essencial. Falar sobre assuntos íntimos com um/a
conselheiro/a frio/a, distante, pode ser ameaçador.
O/a conselheiro/a deve começar por descobrir o que o/a jovem sabe sobre o aconselhamento e o
que espera do/a conselheiro/a. Se for preciso, o/a conselheiro/a deve explicar brevemente o
processo de aconselhamento, dando exemplos, discutir os medos e ouvir o que o/a adolescente
tem a falar sobre o problema. A exposição sobre o problema será provavelmente muito subjectiva
e imprecisa, mas o/a adolescente precisa de sentir que o/a conselheiro/a está dando total atenção à
matéria. Esta é a base da confiança.
As habilidades primárias definidas por Rogers são: ser genuíno, aceitação e empatia.
• Ser genuíno: habilidade de tratar o/a jovem como uma pessoa real sem esconder-se atrás de
um uniforme, um avental ou de uma organização;
• Aceitação: não julgar e não ser possessivo/a;
• Empatia: habilidade de entender a outra pessoa e o seu mundo. Envolve experimentar os
sentimentos do/a outro/a sem perder a sua própria identidade.
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• Investigação;
• Decisão;
• Acção.
Decisão: é a fase de decisão da acção a tomar. O/a conselheiro/a precisa de introduzir novas
maneiras de ver o problema, sugerir formas distintas de encarar a situação.
Acção: refere-se à acção que o/a conselheiro/a e o/a jovem decidiram implementar. Nesta fase,
o/a conselheiro/a apoia o/a jovem na acção que ele/a decidiu tomar e, finalmente, avalia a
situação.
A escuta activa é mais do que sómente ouvir aquilo que a pessoa diz. Implica escutar de uma
maneira que comunica afinidade, compreensão e interesse. Bons ouvintes mantêm o olhar da
pessoa, evitam ser irrequietos e dão toda a sua atenção à pessoa que está a falar. Maus ouvintes
evitam manter o olhar de quem fala, folheiam papéis ou olham para fora da janela, e dão a
impressão de impaciência, tédio ou distracção.
Um bom relacionamento baseia-se naquilo que o/a jovem ouve, observa e sente sobre o/a
conselheiro/a.
Para demonstrar que está a escutar activamente, o/a conselheiro/a acompanha o que o/a jovem
está a dizer, dando várias dicas verbais, tais como, “Sim”, “Estou a ver”, “Mm-mm”, “Certo”, ou
“OK”.
É bom lembrar que as insinuações não verbais variam de cultura para cultura, e, de vez em
quando, dentro de grupos e dentro de uma cultura (por exemplo, homens e mulheres, adolescentes
e adultos poderão mostrar diferentes padrões não verbais).
O que escutar?
• Factos;
• Opiniões, sentimentos;
• A maneira da pessoa falar ou dizer as coisas;
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Como escutar?
Uma escuta eficaz nunca é passiva. Uma boa escuta mostrará à pessoa que estamos interessados
no que ela tem para dizer, que a respeitamos, que estamos atentos e que somos capazes de
compreendê-la.
Um elemento-chave da escuta activa é manter o contacto com a pessoa através dos olhos. Por
isso, é bom não ficar a escrever ou tomar notas durante o aconselhamento.
A linguagem corporal
• Manter os nossos movimentos sincronizados com os que a pessoa faz. Por exemplo, se ela se
curva para a frente, fazemos o mesmo, e assim por diante;
• A distância entre nós e a pessoa deve ser confortável para ela, e, sobretudo, não é conveniente
ter uma mesa a separar ambos;
• Fazer movimentos com a cabeça, indicando que estamos a concordar, ou temos dúvida, mas,
sobretudo, que estamos a acompanhar o que a pessoa diz;
• Usar sons que, na cultura da pessoa tenham significado de que estamos a concordar, algo
como "mm hmm", "sim, sim", etc;
• Usar, de maneira apropriada e equilibrada, a tonalidade da voz: falar muito alto e depressa
pode deixar a pessoa mais ansiosa, retraída; falar muito baixo e devagar pode demonstrar que
estamos a achar monótono o que a pessoa está a dizer.
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Parafrasear e sintetizar
Ao parafrasear e sintetizar, o/a conselheiro/a funciona como um espelho do que o/a jovem disse,
introduzindo apenas uma ligeira diferença na linguagem, sem, contudo, alterar o sentido. Essa
técnica do "espelho" é muito boa, sobretudo para que o/a adolescente possa pensar melhor no que
acabou de falar e ir progressivamente tendo mais clareza de seus pensamentos e sentimentos, em
especial, quando existe alguma confusão interna sobre eles.
Ao parafrasear e sintetizar, o/a conselheiro/a compreende melhor o que a pessoa estava a dizer e
faz com que a pessoa tenha a certeza de que foi compreendida. A pessoa sente-se apoiada e
estimulada para continuar a falar. A técnica também ajuda o/a conselheiro/a no sentido de que
estará preocupado em realmente ouvir o/a jovem e poderá confirmar ou não algumas conclusões
que possa ir tirando durante a conversa.
O/a conselheiro/a encoraja o/a jovem a falar sobre si, colocando-lhe algumas perguntas. As
melhores questões são as "perguntas abertas", que dão possibilidade ao/à adolescente de falar
aquilo que de facto o/a está a preocupar. As perguntas fechadas podem ser usadas para uma ou
outra situação, mas, em geral, deixam de oferecer informações muitas vezes importantes.
O que perguntamos?
Perguntamos apenas no que acreditamos ou que sentimos necessário saber da outra pessoa para
melhor compreender os seus problemas ou as suas preocupações e poder ajudá-la.
Como perguntamos?
• Naturalmente/facilmente, de uma forma amiga, para que a pessoa se sinta confortável. Caso
contrário, ela se sentirá num interrogatório e poderá sentir-se intimidada. Se demonstramos
impaciência ou irritação, a pessoa também ficará pouco à vontade.
• Simplesmente, evitando usar termos difíceis, questões complicadas ou muitas perguntas ao
mesmo tempo.
• Sinceramente, de maneira que a pessoa sinta que realmente estamos interessados no que ela
tem a dizer. Fazer perguntas desnecessárias ou artificiais pode desviar o fluxo da conversa ou
dar a impressão de pouca seriedade.
• Abertamente, ou seja, fazendo perguntas em aberto, que permitam à pessoa reflectir e falar
mais livremente sobre a questão que estamos a discutir. Por exemplo: "O que tu sentes
sobre...;” "O que tu pensas sobre....”; "Suponha que ....", etc. Perguntas fechadas cuja resposta
é “Sim” ou “Não” pouco acrescentam à comunicação interpessoal, além de, geralmente,
contribuírem para uma atmosfera autoritária. Devemos também evitar fazer perguntas usando
o “PORQUÊ”, pois, em geral, elas são difíceis de ser respondidas e a pessoa pode interpretá-
las como uma acusação.
• Subtilmente, de forma a considerar os sentimentos da pessoa. Evitar perguntas muito directas,
que possam intimidar, a não ser que conheça muitíssimo bem a pessoa.
• Respeitosamente, considerando a pessoa como alguém com dignidade, honra, integridade.
• Profundamente. Sempre que julgarmos necessário, devemos fazer mais perguntas para
aprofundar o tema em discussão.
Finalmente, devemos fazer com que a pessoa se sinta confiante de que tudo o que ela disser será
mantido em segredo, em confidência.
Apoiar
Fazer afirmações positivas, ou algum cumprimento sobre a pontualidade, a aparência, etc, pode
ajudar o/a adolescente a sentir-se melhor, sobretudo, se ele/a está numa situação de crise. Deve-se,
contudo, evitar falsos elogios.
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Informar
Ao dar alguma informação, a explicação deve ser breve, clara e numa linguagem compreensível.
É bom usar material audiovisual, se houver. Uma parte do acto de informar é verificar se o/a
jovem está a compreender a mensagem (solicitar o feedback), fazendo-lhe perguntas sobre a
informação que está a ser transmitida.
• Factos, informação;
• Sentimentos, pensamentos, opiniões e ideias;
• Opções, alternativas;
• Razões, explanações;
• Procedimentos.
Falar
No aconselhamento, falamos para informar, demonstrar empatia, aceitação, dar apoio, assegurar,
esclarecer mal-entendidos e superar dificuldades de compreensão.
Como falar?
Não é adequado dizer "Fale-me do seu problema", porque o propósito do aconselhamento é falar
do/a jovem e não do problema, especialmente porque, durante a conversa, surgirão maneiras
indirectas de conhecer o problema e conseguir que a pessoa procure alternativas de como superá-
lo ou lidar melhor com ele.
Esclarecer/clarificar
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De vez em quando, a mensagem do/a jovem é tão vaga que é difícil de compreender. Nessa altura,
é útil para o/a conselheiro/a ajudar o/a jovem a clarificar a sua mensagem.
O/a conselheiro/a deve sempre procurar manter a comunicação bem clara. Assim, o problema e as
soluções poderão ficar mais claros também. Fazer perguntas para esclarecimento mútuo é
apropriado.
• Reconhecer que não está a ter uma compreensão clara daquilo que a pessoa está a dizer;
• Reafirmar a mensagem da pessoa conforme a compreendeu, perguntando-lhe se a sua
interpretação é correcta; Fazer perguntas que começam com frases, tais como “Quer dizer que
…?” ou “Está a dizer que …?”;
• Pessoas não devem sentir que foram interrompidas ou que não conseguiram fazer entender-se.
Por conseguinte, não convém usar a clarificação em demasia.
Demonstrar empatia
A empatia é a habilidade de compartilhar emoções e sentimentos. Um/a jovem está a passar por
mudanças físicas, emocionais e psicológicas e podem encontrar dificuldades em lidar com essas
mudanças. O/a conselheiro/a deve tentar sempre colocar-se na situação do/a adolescente e pode
ser útil fazer comentários do tipo "acho que posso compreender o que tu estás a sentir..."
Confrontar
Quando o/a adolescente faz afirmações contraditórias, o/a conselheiro/a deve assinalar o facto e
solicitar que ele/a analise e se manifeste sobre isso. O/a conselheiro/a poderá confrontar uma
afirmação feita com outras ditas noutros encontros.
Observar
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• A sua postura, os gestos, as expressões faciais (distraída, atenta, feliz, irritada...), a forma de
vestir, de andar, de sentar, de fazer contacto com os olhos, o tom de voz;
• A disposição ou o humor em geral (jovial, amigável, sorridente, snobe, fechada...);
• As reacções a situações imprevistas (um ruído, uma interrupção...);
• O uso do tempo (dá a impressão de contar os minutos? de que ficaria a conversar todo o
tempo do mundo?);
• O uso do espaço: a que distância ele/a prefere ficar de você? ele/a se movimenta pela sala?;
• As reacções, os sentimentos e a receptividade em relação a você;
• O uso da linguagem, a flexibilidade, a adaptabilidade;
• Os seus valores, os costumes, o seu meio social (amigos, pessoas que a influenciam...).
• Para reunir aspectos-chave que poderão ajudar-nos a responder ou estarmos preparados para
uma situação de motivação;
• Para orientar as nossas conclusões;
• Para compreender melhor a pessoa e poder ter com ela uma relação de empatia.
Como observamos?
Durante a nossa vida todos temos de tomar decisões. Algumas das decisões que tomamos, podem
não trazer o resultado esperado. Uma boa decisão é aquela que diminui o risco disso acontecer.
A decisão é o acto de escolher, seleccionar e decidir, entre as várias possibilidades, com base nos
nossos julgamentos. O resultado é o efeito, a consequência do acto ou decisão. As pessoas têm o
controle sobre a decisão mas não sobre o resultado.
Aprender a tomar boas decisões aumenta as nossas possibilidades de obter bons resultados, mas
não os garante totalmente porque não temos controle sobre os resultados.
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Uma proposta para colocar em prática a decisão tomada é representá-la graficamente num
desenho, escrevendo nos espaços os pontos a seguir sugeridos:
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O compromisso com a decisão tomada em geral, exige esforços próprios e requer apoio e
colaboração de outras pessoas. Mas a chave para aprender a tomar boas decisões e colocá-las em
prática é repetir esse tipo de exercício com uma certa frequência.
Barreiras Pessoais
• Atitude: uma atitude negativa do/a conselheiro/a pode interferir no impacto da mensagem.
Uma boa comunicação deve ser não julgar.
• Estratégia: Estar consciente de atitudes negativas e constrangedoras, procurando evitá-las
durante a comunicação. Nunca impôr as nossas opiniões em tópicos controversos.
Barreiras Sócio-Económicas
• Idade: Em algumas culturas, muitos adolescentes não se sentem confortáveis com pessoas
muito mais velhas que eles.
• Estratégia: Demonstrar respeito. Identificar-se como uma pessoa responsável que lida com
questões sensíveis.
• Linguagem: Os sdolescentes podem ter dificuldades com termos técnicos. É importante usar
termos que possam ser compreendidos.
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• Estatuto económico: Os adolescentes podem considerar difícil comunicar-se com alguém que
aparente ter um estatuto económico diferente do seu.
• Estratégia: Demonstrar respeito, não importando quão pobre um ou outro possa ser.
Barreiras/Obstáculos:
• Silêncio;
• Choro;
• Negação;
• Medo;
• Culpa;
• Perda de auto-estima;
• Jovem ameaça matar-se;
• Jovem recusa ajuda;
• Jovem sente-se pouco à vontade com o sexo do/a conselheiro/a;
• Jovem faz perguntas sobre a vida pessoal do/a conselheiro/a;
• Jovem fala demais sobre assuntos inadequados à conversa;
• Conselheiro/a não vê uma saída;
• Conselheiro/a comete um erro;
• Conselheiro/a não consegue estabelecer um bom relacionamento;
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Silêncio
O/a jovem, muitas vezes, não consegue falar e isso é um fenómeno muito comum. O/a
conselheiro/a pode sentir um desconforto com o silêncio, mas é melhor aguardar e tentar entender
o motivo do silêncio: às vezes, o/a jovem não gostou de alguma reacção do/a conselheiro/a, outras
vezes tem dificuldade em falar de um segredo, ou então pode estar simplesmente a pensar ou
reflectir sobre alguma coisa. O/a conselheiro/a não tem necessidade de quebrar o silêncio, ao
contrário, pode demonstrar não-verbalmente (com o olhar, a postura do corpo, etc.) que momentos
de silêncio são plenamente aceites.
Choro
O/a conselheiro/a pode sentir desconforto quando o/a jovem começa a chorar. A primeira reacção
quando alguém chora é tentar tocá-la, confortá-la e fazê-la parar de chorar. Se for um rapaz, é
comum fazer afirmações estereotipadas do tipo "homem não chora". Nada disso é recomendado
no aconselhamento.
O/a jovem pode ter vários motivos para chorar e, muitas vezes isso ajuda a aliviar alguma tensão.
Uma reacção adequada do/a conselheiro/a é aguardar e dizer que está tudo bem, que chorar faz
bem. Isso permite ao/à jovem expressar os seus sentimentos. O choro costuma passar depois de
um tempo.
Negação
Algumas pessoas respondem a notícias sobre gravidez não planeada ou infecção por HIV não
reconhecendo o facto: “Isso não pode estar a acontecer comigo”. Apesar da negação inicial,
ajudar a reduzir o stress, se ele persistir pode impedir mudanças apropriadas no comportamento
ou estilo de vida. Se a negação persiste, principalmente no caso de uma DTS ou HIV, as pessoas
dificilmente aceitarão a sua responsabilidade social em evitar a sua propagação.
Medo
Jovens que engravidam sem querer, ou são HIV positivo têm muitos medos. O medo da morte, do
abandono, da dor são comuns. Outros medos como o da rejeição, das sequelas, da perda da saúde
mental, da perda da confidencialidade ou privacidade são comuns. O medo pode ser baseado na
experiência vivida por outras pessoas. Ou ainda decorrer da falta de informação sobre
DTS/HIV/SIDA ou gravidez, método contraceptivo e aborto. O medo é substancialmente
reduzido quando se fala abertamente sobre ele.
Culpa
Quando uma gravidez não planeada ou uma infecção por DTS/HIV é diagnosticada, em geral há o
sentimento de culpa por não se ter protegido. Há também culpa em relação à tristeza ou perda que
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Perda da Auto-Estima
A auto-estima é geralmente ameaçada logo que uma gravidez não planeada ou o vírus de HIV é
diagnosticado. A rejeição na comunidade, a rejeição dos/as colegas, conhecidos/as, das pessoas
queridas podem provocar perda do estatuto social e de confiança, levando à depreciação da auto-
estima.
A maioria dos/as jovens que ameaça matar-se não comete o suicídio na prática. A ameaça é uma
forma de expressar o quanto estão desesperados perante a uma situação. O mais importante é o/a
conselheiro/a demonstrar o quanto gosta do/a jovem, o quanto o/a admira e o quanto se preocupa
em ajudá-lo/a a encontrar uma solução ao problema.
Quanto melhor o relacionamento do/a conselheiro/a com o/a jovem, menor a possibilidade deste/a
ameaçar matar-se. Assim, a melhor forma de evitar ameaças de suicídio é estabelecer desde o
início do aconselhamento um bom relacionamento com o/a jovem.
Encorajar o/a jovem a falar sobre o motivo de recusar ajuda é uma maneira de abrir a conversa
sobre o assunto. Se o/a jovem continua sem vontade de falar, o/a conselheiro/a pode reforçar o
lado positivo de que ao menos, ele/a veio ao seu encontro e que poderá retornar quando quiser.
Deixar esta "porta aberta" mostra que a possibilidade da ajuda continua a existir e o/a jovem pode,
de facto, retornar mais tarde.
Algumas pessoas preferem comunicar-se com pessoas do mesmo (ou outro) sexo, especialmente
em temas sensíveis. O/a conselheiro/a reconhece que a situação pode ser embaraçosa, mas pode
explicar que, da sua experiência, esse factor torna-se pouco importante à medida que ambos/as
passam conhecer-se melhor. O/a conselheiro/a deve esforçar-se em despertar no/a jovem a
confiança para tentar e acreditar que vale a pena continuar. Em geral, o/a jovem aceita e o
problema de facto desaparece se o/a conselheiro/a mantém uma postura de respeito e de não-
julgamento. Reconhecer que existe algum embaraço pode ajudar o adolescente a superar a
dificuldade.
A melhor resposta é dizer que falar da sua vida pessoal não vai ajudar o/a jovem e que essa é uma
das regras do aconselhamento.
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O mais apropriado é interromper e dizer, por exemplo, "Desculpa, mas estou a pensar se tu te dás
conta de que estás a repetir a mesma coisa. Tu estás com dificuldade de falar sobre o outro
assunto?" Isso pode ajudar a centrar o foco no/a jovem.
O importante é ter sempre claro que a prioridade no aconselhamento é a pessoa, não o problema.
Mesmo diante de um problema "sem solução", o/a conselheiro/a sempre poderá contribuir com a
sua ajuda. No caso de um/a jovem estar com o vírus HIV, o/a conselheiro/a pode dizer que,
embora não possa mudar este facto, o aconselhamento pode contribuir para mudar a perspectiva
das coisas, encará-la com menos fatalismo, etc.
O/a conselheiro/a pode cometer vários erros: dar informação incorrecta, tirar falsa conclusão, ficar
embaraçado numa situação, reagir de uma maneira inadequada, etc. Considerando que a
honestidade é um princípio básico no aconselhamento, o melhor é admitir que cometeu um erro e
pedir desculpas por isso.
Às vezes, o/a conselheiro/a tem dificuldade em estabelecer um bom relacionamento com um/a
jovem. Sem quebrar o sigilo da identidade, é melhor pedir ajuda a um colega, tentar rever o que se
passou, identificar o que o/a deixa com desconforto e entender onde reside a sua própria
dificuldade.
É perfeitamente adequado admitir que não sabe, mas que vai tentar encontrar a informação. Pior
será dar uma informação incorrecta.
• Porque é importante para o/a conselheiro/a examinar e compreender os seus próprios valores
e preconceitos?
• Porque é necessário conhecer as influências culturais ao fazer aconselhamento?
• Quando o/a conselheiro/a sabe de uma tradição ou prática que é criticável, de que maneira
poderia reagir?
• Quais são algumas das reacções às notícias de que um/a jovem foi infectado/a pelo HIV por:
(a) transfusão de sangue; (b) pela/o parceiro/a; (c) numa relação casual?
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É o momento em que o/a conselheiro/a constrói o relacionamento com a pessoa, começando com
o contacto inicial, quando cumprimentam um ao outro.
Apesar do passo de saudar no aconselhamento ser muito breve, ele é importante porque é o
primeiro contacto entre o/a conselheiro/a e a pessoa. Estabelecer uma afinidade positiva com a
pessoa logo de início, facilita a comunicação nos dois sentidos.
Fazer Perguntas
Muitas referências sobre porque, como, quando e que tipo de perguntas pertinentes ao
aconselhamento já foram feitas neste manual, tanto na secção sobre a comunicação interpessoal
como na de aconselhamento, quando falamos do ENFOQ.
Apenas como revisão, o/a conselheiro/a deve explorar sentimentos, emoções e percepções do
problema, descobrir que informações o/a jovem tem ou necessita, perguntar sobre outras
preocupações e, principalmente, sobre os seus planos. Várias perguntas também servirão para
encorajar o/a jovem a falar mais livremente e também a fazer as suas perguntas.
Informar
O objectivo deste passo é o de proporcionar ao/à jovem informações sobre a sua preocupação com
vista a que ele/a tome decisões informadas e possa solucionar o problema que o/a aflige.
Auxiliar
O papel do/a conselheiro/a é o de apoiar o/a jovem a tomar decisões adequadas à situação,
permitindo-lhe, dentre outras coisas:
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Dar Feedback/Retróalimentação/Rectróinformação
O feedback ou retróalimentação não se confunde com dar conselhos ou julgar. Ele deve referir-se
sómente a comportamentos e nunca aos valores das pessoas.
Os Encontros Seguintes
No final de cada encontro, o/a conselheiro/a e jovem definem o horário do próximo encontro, se
houver necessidade para tal.
O fim do processo de aconselhamento deve ser decidido em comum acordo entre ambos. É
importante não terminá-lo de uma forma abrupta. Por isso, é melhor começar a discutir porque e
quando terminar o processo com alguma antecedência.
Se o/a jovem simplesmente deixa de comparecer aos encontros, o/a conselheiro/a deve fazer um
esforço para tentar descobrir o motivo, sem violar a norma da confidencialidade, como já foi
visto. Se for possível um novo encontro, deverá ficar claro para o/a jovem que um processo de
aconselhamento pode terminar antes da previsão, mas sempre é bom ter um último encontro para
um encerramento adequado.
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O receptor (neste caso o/a jovem) deve estar em condições de fazer alguma coisa com a
informação fornecida:
Dar feedback com eficiência requer outras técnicas que são necessárias para o aconselhamento:
objectividade, respeito pelos sentimentos da pessoa que recebe o feedback, comunicação verbal e
não verbal positiva.
Para ser eficaz, o feedback deve ser sempre construtivo. Um feedback construtivo pode ajudar a
construir um bom relacionamento entre o/a conselheiro/a e o/a jovem, pois este irá sentir-se
tratado com respeito e consideração.
METODOLOGIA
Processo:
2. Apresentar as transparências.
4. Orientar as dinâmicas.
5. Pontos de discussão.
Dinâmicas
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2. O/a conselheiro/a fará uma escuta activa do material que o cliente está a trazer e devolverá ao
cliente através do parafraseamento dos principais pontos que este ouviu. A escuta activa
reproduz de uma forma dinâmica as principais ideias apresentadas pelo cliente e permite que
o/a conselheiro/a entenda quais as principais ideias trazidas pelo cliente e as secundárias. A
ideia principal geralmente é aquela que o cliente repete com mais insistência e. muitas vezes, a
que o/a encaminhou para a situação de aconselhamento.
Processo:
1. Explicar que o exercício é feito em pares e uma terceira pessoa será o/a observador que dará
feedback para o par. Na dupla, um/a será o/a conselheiro/a e o/a outro/a o/a cliente e depois
inverter-se-ão os papéis.
Processo:
• Explicar que o exercício é feito em pares e uma terceira pessoa será o/a observador/a que dará
o feedback para o par. Na dupla, um será o conselheiro e o outro cliente e depois inverter-se-
ão os papéis.
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Processo:
• Explicar que o exercício é feito em pares e uma terceira pessoa será o/a observador/a que dará
feedback para o par. Na dupla, um será o conselheiro e o outro o cliente e depois inverter-se-
ão os papéis.
Exercícios Complementares
• Exercício N.º 1
2. Fazer perguntas ao/à entrevistado/a de uma forma aberta. Por exemplo: “Podes dizer o que te
trouxe aqui...”; “Então, o que está a acontecer contigo...”; “O que se passa...”.
3. Escutar activamente o que está a ser dito e repetir com outras palavras para o/a entrevistado/a.
Processo:
• Explicar que o exercício é feito em pares e uma terceira pessoa será o/a observador/a que dará
feedback para o par. Na dupla, um será o conselheiro e o outro o cliente e depois inverter-se-
ão os papéis.
• Exercício Nº 2
1. Além dos passos utilizados na dinâmica anterior, acrescentar a técnica de parafrasear, ou seja,
repetir intencionalmente com outras palavras o que foi dito pelo/a entrevistado/a e fazer uma
síntese de todo o material analisado durante a sessão de aconselhamento.
2. O observador fará as considerações sobre a técnica utilizada e que pontos deveriam ser
melhorados.
28
2. Tendo incorporado as duas dinâmicas anteriores, esta dinâmica prender-se-á, de uma forma
mais específica, ao papel do conselheiro e como ele/a expressa as suas ideias e afirma o seu
conhecimento e existência. Prestar atenção à postura corporal.
4. Far-se-á uma discussão em grupo para que colectivamente busquem alternativas para
atendimento propriamente dito e o mesmo grupo se envolverá no trabalho.
Objectivos
Tópicos
• A cultura e a tradição.
• Os valores e as atitudes do/a conselheiro/a.
• Características importantes de um bom aconselhamento.
• Revisão dos princípios básicos do aconselhamento.
METODOLOGIA
Duração: 105 minutos (Exposição do tema: 30 minutos; Dinâmica - Exercício N.º 1: 15 minutos
Dinâmica - Exercício N.º 2: 15 minutos; Dinâmica - Exercício N.º 3: 15 minutos)
Processo:
2. Apresentar as transparências.
4. Orientar as dinâmicas.
29
Alguns conceitos
CULTURA E TRADIÇÃO
Uma das principais tarefas do aconselhamento é encorajar e motivar as pessoas a mudar os seus
comportamentos e estilos de vida. Isto será mais fácil se o/a conselheiro/a levar em consideração a
importância cultural do comportamento a ser modificado.
A cultura define-se como hábitos, expectativas, comportamentos, ritos, valores e crenças que os
grupos humanos desenvolvem na história. A cultura é o produto da interacção de pessoas, ideias e
ambientes. Através da cultura e tradição, as pessoas aprendem comportamentos aceites como
“certos” ou “errados”.
A cultura influencia fortemente os sentimentos e as crenças das pessoas sobre saúde e doença,
sobre cuidados com pessoas doentes, sobre morte e perda. As tradições podem ser muito
importantes em momentos de stress, especialmente em situações de morte ou doença. Por
exemplo, uma cultura pode ver a doença como punição, enquanto que a outra a vê como o
destino, a sina. O que uma cultura considera uma resposta normal à doença, outra pode considerá-
la estranha. A cultura e a tradição influenciam a forma como as pessoas interpretam, explicam e
respondem à gravidez na adolescência ou à infecção pelo HIV e SIDA.
O/a conselheiro/a deve estar bastante inteirado dos rituais empregues para conforto ou protecção
espiritual na região. Deve sentir-se à vontade para conversar facilmente sobre tais assuntos,
inclusivé sobre o facto de que no aconselhamento em sexualidade e saúde reprodutiva é preciso
falar abertamente sobre os comportamentos íntimos das pessoas. Pelo facto de o HIV ser
transmitido sexualmente – ou a gravidez resultar de um acto sexual – as atitudes culturais e
pessoais em relação ao sexo e à sexualidade são extremamente importantes. O/a conselheiro/a
deve estar ciente de que várias pessoas poderão hesitar – por razões culturais, religiosas ou morais
- em considerar/aceitar o uso do preservativo masculino ou feminino ou outra forma de
contracepção.
• Quais são as crenças das pessoas sobre as causas das doenças e como explicam a morte?
• Qual o nome popular do HIV/SIDA e qual a explicação da sua causa?
• Como são consideradas as pessoas HIV positivas? São discriminadas, abandonadas?
• Quem pratica a medicina tradicional? Que tipo de tratamento costumam oferecer?
30
As expectativas culturais sobre o papel de género, da sexualidade, de ter ou não filhos/as são
importantes e devem ser levadas em conta. Em algumas culturas, a ausência da penetração não é
considerada um acto sexual.
O/a conselheiro/a deve saber de antemão que algumas informações ou conversas durante o
aconselhamento podem criar embaraço, risada ou raiva, dependendo do contexto. Para algumas
pessoas, a simples menção à masturbação pode provocar raiva. O/a conselheiro/a deve respeitar as
crenças dos/as jovens, mas sempre informá-los/as sobre as opções para mudarem o seu
comportamento.
Valor é uma crença que é importante para um indivíduo. Os valores podem ser influenciados por
factores religiosos, educativos ou culturais, ou por outras experiências pessoais. Mesmo entre as
pessoas da mesma cultura, com vários pontos em comum, costuma haver diferenças entre os seus
valores. É muito raro, quase impossível, encontrar dois indivíduos que tenham valores idênticos.
Atitude é a predisposição das pessoas para agir. Reflecte as predilecções e aversões, partindo dos
seus valores e das experiências vividas.
Percepção é a forma como cada pessoa vê a realidade que a rodeia. A nossa percepção é
influenciada pela idade, sexo, grupo étnico, classe social, religião, personalidade e pela
experiência pessoal.
No aconselhamento, o/a conselheiro/a deve estar atento tanto para os valores, atitudes e
percepções do/a jovem, como para os seus próprios, para evitar cair no erro muito comum que é o
de tentar convencer o/a outro/a do seu próprio ponto de vista. Esta é uma tendência tão natural
nas pessoas que, muitas das vezes, nem nos damos conta dela.
A clarificação dos nossos próprios valores pode ajudar-nos a perceber e aceitar melhor os valores
das pessoas, em geral, diferentes dos nossos. Pode ajudar-nos a estabelecer limites para que não
influenciemos as pessoas com os nossos pontos de vista pessoais.
31
• Tempo
• Aceitação
Os/as jovens que procuram o aconselhamento devem sentir-se plenamente aceites pelo/a
conselheiro/a, independentemente da sua condição económica, étnica, religiosa ou das relações
pessoais. Os conselheiros/as não devem fazer julgamentos.
• Acesso
Os/as jovens devem sentir-se à vontade para procurar o/a conselheiro/a em qualquer momento.
Isto pode requerer a disponibilidade de conselheiros/as numa base relativamente regular. Pode
também significar ter outras pessoas a quem recorrer em caso de apoio. O local do
aconselhamento também deve ser de fácil acesso.
• Consistência e precisão
• Confidencialidade
Essa é uma das questões chaves num processo de aconselhamento com os adolescentes e, de uma
certa maneira, uma das mais difíceis. Os adolescentes costumam ser resistentes ou ansiosos
quanto ao revelar os seus sentimentos, pensamentos ou actos que mantiveram em segredo por
algum tempo. Podem sentir vergonha, culpa, embaraço ou simplesmente, estar confusos/as.
A confidencialidade significa protecção da identidade do/a jovem. Isto significa que o/a
conselheiro/a nunca deve discutir o caso de algum/a adolescente com mais alguém sem o
consentimento do/a jovem. Numa situação em que o/a conselheiro/a julgue que a outra pessoa
deve ser informada de algum problema do/a jovem, a quebra de confidencialidade deverá ser
prévia e amplamente negociada com o/a jovem. Contudo, considerando que o princípio maior do
aconselhamento é ajudar o/a jovem a ser capaz de tomar as suas próprias decisões sobre o seu
32
O importante é lembrar que um/a conselheiro/a pode ajudar o jovem a falar sobre os seus
problemas, mas o aconselhamento não dará certo se o/a jovem tiver dúvidas sobre a
confidencialidade, se não tiver certeza que o/a conselheiro/a guardará segredo das suas conversas.
Pode acontecer que o/a conselheiro/a tenha que entrar em contacto com o/a jovem por algum
motivo. Nunca deve ser o caso de mandar uma carta, bilhete ou recado, pois essa pode ser uma
forma de quebrar a confidencialidade. É melhor discutir com o/a jovem logo no início a melhor
forma de se comunicar, caso essa necessidade surja algum dia.
• Privacidade
Um encontro costuma durar 30 a 45 minutos; mas, muitas vezes, o conselheiro e o jovem podem
encontra-se por 5 minutos e discutir algum ponto chave do problema.
• Negociação
Às vezes podemos considerar que a pessoa com quem estamos a interagir está a passar por uma
situação tal que, um terceiro indivíduo, que poderá ser um profissional de saúde, alguém da
família, etc, deveria também ser informado. Para não quebrar a confiança, que é uma coisa
essencial no aconselhamento, podemos fazer com que a pessoa compreenda porque queremos
relatar o facto a uma terceira pessoa, e tentar que ela concorde com isso. Caso ela não concorde,
podemos rever ou não a nossa posição. Se continuarmos a achar que o melhor é relatar o facto a
alguém, a pessoa deverá ser informada de quem, como e quando isso irá acontecer.
33
O/a conselheiro/a deve usar sempre uma linguagem compreensível para o/a jovem, para que a
comunicação seja clara. Diferente de uma conversa, a informação discutida no aconselhamento
deve ser:
Específica;
Centrada, focalizada;
Basear-se num propósito.
Uma informação específica permite ao/a conselheiro/a averiguar uma situação de risco ou
determinar o melhor curso da acção, e daí concentrar-se nas reacções emocionais do/a jovem e as
suas necessidades de cuidados de saúde e de apoio social.
Antes de envolver-se em alguma prática de aconselhamento, convém que o/a conselheiro/a leia as
afirmações abaixo indicadas, pense sobre elas e discuta-as com os outros colegas do centro de
aconselhamento ou do projecto, pois pode acontecer discordar ou ter dúvidas sobre algumas delas.
34
• A tarefa do/a conselheiro/a durante esse processo de mudança é a de ajudar o/a jovem a fazer
escolhas informadas.
• A relação do/a jovem com o/a conselheiro/a é muito importante no processo de transição para
a vida adulta.
• A relação deve basear-se no respeito pelo/a jovem como um indivíduo.
• O respeito pelo/a jovem pressupõe que o/a conselheiro/a acredite na possibilidade de ajudar
o/a jovem.
• O/a conselheiro/a deve ter habilidades para demonstrar respeito e disponibilidade para ouvir
o/a jovem.
• O/a conselheiro/a deve ser capaz de fazer o/a jovem acreditar que tem algum controle sobre a
sua própria vida, que ele/a pode tomar as suas próprias decisões, agir conforme as mesmas e
avaliar as suas consequências.
• O/a conselheiro/a deve ser capaz de permitir que o/a jovem fale livremente e sem
constrangimento sobre si mesmo.
• O/a conselheiro/a deve ser capaz de ajudar o/a jovem a explorar os sentimentos que estão por
detrás dos factos e dos acontecimentos relatados.
• O/a conselheiro/a deve entender que os sentimentos são involuntários; que uma pessoa não
pode escolher o que sente e, portanto, não deveria sentir-se culpado em relação ao que está a
sentir.
• O/a conselheiro/a deve entender que o comportamento é voluntário; que geralmente, a pessoa
é capaz de escolher a forma como se comporta e, portanto, é responsável pelo que faz.
• Entretanto, se uma pessoa faz alguma coisa que ele/a considera errada, isso não a torna
automaticamente uma pessoa má.
• É importante que o/a conselheiro/a aceite o/a jovem como um indivíduo, mesmo que o seu
comportamento seja visto como inadequado.
• É gratificante para o/a jovem o facto de ser capaz de mudar o seu comportamento, tendo
conversado sobre as possibilidades de acção e as consequências dessas acções.
• O/a jovem ganhará mais auto-confiança se for capaz de tomar decisões informadas para si
mesmo.
• O/a conselheiro/a pode ajudar o/a jovem a sentir maior controle sobre a sua vida e a sentir
auto-confiança. Inicialmente, isso pode acontecer com o/a jovem que esteja a passar por
pequenas mudanças.
• A gratificação por sentir-se mais confiante tem mais efeito sobre um desenvolvimento
saudável e mudanças no comportamento do que a punição.
• A gratificação interna é mais duradoira que a externa.
• Ajudar o/a jovem a experimentar gratificação interna motiva para futuras práticas de auto-
ajuda.
• A gratificação interna ajuda o/a jovem a tentar fazer mudanças mais significativas na sua vida
e a aguardar mais tempo por gratificações.
• O estabelecimento de controle interno sobre o próprio comportamento, o auto-entendimento e
a capacidade para planificar a longo prazo são características de maturidade, que é uma das
finalidades do aconselhamento de jovens.
35
Processo:
2. Apresentar as transparências.
4. Orientar as dinâmicas.
5. Pontos de discussão.
Dinâmicas
2. O/a conselheiro/a irá receber o/a cliente e fará uma simulação de atendimento envolvendo
todas as suas fases deste, ou seja, receber o cliente, sentar-se, o/a conselheiro/a deve
apresentar-se e fazer perguntas abertas ao cliente, parafrasear durante dez minutos, em
seguida, dar um resumo geral ao cliente e iniciar a orientação propriamente dita. Após a
orientação, o/a conselheiro/a deverá marcar o/s próximo/s encontro/s.
Processo:
1. Explicar que o exercício é feito em pares e uma terceira pessoa será o/a observador/a que dará
o feedback para o par. Na dupla, um/a será o/a conselheiro/a e o/a outro/a o/a cliente e depois
inverter-se-ão os papéis.
O objectivo desta dinâmica é o de exercitar a diferença cultural entre o/conselheiro/a e o/a cliente
dentro de uma situação de aconselhamento. Praticar uma situação de simulação de atendimento e
seguir os seguintes passos:
36
2. O/a conselheiro/a deverá explorar e investigar junto do/a cliente os seus aspectos culturais e os
seus costumes. A fase da exploração é importante para o conselheiro certificar-se de que as
orientações que porventura sejam dadas não caiam em contradição com a cultura do/a cliente,
a não ser que, a contradição apresentada pelo/a conselheiro/a seja propositada. Por exemplo: O
cliente homem procura aconselhamento sobre DTS, que é fruto de uma relação poligâmica
acordada, e o/a conselheiro/a orienta-o dentro de uma perspectiva monogâmica.
O objectivo desta dinâmica é o de exercitar os passos que NÃO devem acontecer dentro de uma
situação de aconselhamento. Praticar uma situação de simulação de atendimento e seguir os
seguintes passos:
1. O/a conselheiro/a será extravagante durante o encontro e no atendimento junto do cliente. O/a
conselheiro/a falará alto, usará roupas provocadoras, olhará para a janela e relógio algumas
vezes, passará os seus valores ao cliente sem levar em conta a procedência do/a mesmo/a . O/a
conselheiro/a falará mais que o/a cliente, não fará parafraseamento e nem fará orientação
alguma e esquecerá de marcar um outro encontro.
Processo:
1. Explicar que o exercício é feito em pares e uma terceira pessoa será o/a observador/a que dará
o feedback para o par. O/a observador/a terá um papel fundamental nesta dinâmica.
37
Objectivos
Tópicos
Alguns conceitos
38
Geralmente, os/as jovens têm acesso apenas a uma informação padronizada ou não são
encorajados/as a adoptar um determinado método, em vez de receberem um atendimento
personalizado que vá ao encontro das suas necessidades específicas e esclarecimento das suas
dúvidas.
Não existe um único método de aconselhamento que sirva para qualquer caso. As abordagens de
aconselhamento variam de região para região. A escolha da técnica a ser usada depende de muitos
factores, tais como recursos locais.
Um estudo recente revelou que o aconselhamento influencia muito a continuidade do uso dos
métodos contraceptivos. Revelou também que o excesso de informação desagrada as pessoas e
que a qualidade da relação profissional/cliente é medida menos pelo volume de informação e mais
pela relevância dessas informações às necessidades do/a cliente.
39
• Relação com o/a jovem: o/a conselheiro/a precisa de criar um clima onde os/as jovens se
sintam à vontade para falar dos seus anseios, temores e dúvidas. As características de um bom
aconselhamento e as habilidades de intervenção, decisão e acção aplicam-se a este aspecto;
• Respondendo às preocupações do/a jovem: o aconselhamento deve enfatizar as
necessidades do/a jovem em vez de se prender a um protocolo pré-determinado (sem se opôr a
este, evidentemente). A seguir, sumarizamos as preocupações mais comuns nesta área:
• Assegurar a escolha do melhor método contraceptivo, bem como o seu uso correcto:
aconselhar é também fornecer informação precisa para que o/a jovem possa escolher o melhor
método para o seu caso e usá-lo com segurança e eficácia.
• Como usá-lo;
• Os efeitos colaterais mais comuns e como remediá-los;
• Quando e onde obter novos suprimentos;
• Possíveis complicações ou sintomas indicadores de complicações;
• Onde obter atendimento de emergência.
• Informar sobre a necessidade da dupla protecção: prevenir uma gravidez não desejada e,
ao mesmo tempo, prevenir infecção por DTS/HIV/SIDA;
• Informar sobre a contracepção de emergência: no caso de uma relação sexual sem
protecção (incluindo a violação), ou no caso de problemas com o uso do método (camisinha
mal colocada) e não existindo a intenção de engravidar, há métodos de contracepção de
emergência que convém os/as jovens conhecerem e saberem como usar e onde buscar.
Tipos de Aconselhamento
1. Aconselhamento geral
Método Preocupações
Condom • Como falar com o/a parceiro/a sobre o uso.
(masculino e • Medo de rasgar.
feminino) • Conceito de que usar preservativo é sinal de promiscuidade.
• Medo do condom ficar na vagina ou no ventre.
Pílulas • Como falar com o/a parceiro/a sobre o seu uso.
• Medo de efeitos colaterais ou de problemas de saúde a longo prazo
(inclusivé câncro).
• Como se lembrar de tomar a pílula diariamente e o que fazer quando se
esquecer.
Calendário • Como se abster de relações sexuais no período fértil.
• Como falar com o/a parceiro/a sobre o método.
• Medo do método falhar.
Métodos de • Como falar com o/a parceiro/a sobre o uso.
barreira vaginal • Dificuldade em tocar nos órgãos genitais.
• Receio de que o método falhe.
• Noção de que é difícil remover os dispositivos de barreira.
DIUs • Medo dos efeitos colaterais ou dos prejuízos para a saúde, a longo prazo
(infertilidade).
41
METODOLOGIA
Processo:
2. Apresentar as transparências.
4. Orientar as dinâmicas.
5. Pontos de discussão.
42
• Ao expositor caberá:
Facilitar as discussões;
A leitura participativa do texto;
A apresentação de tema.
Dinâmicas
2. O/a conselheiro/a irá receber o/a cliente e fará uma simulação de atendimento envolvendo as
seguintes fases, ou seja, receber o cliente, sentar-se apresentar-se e fazer perguntas abertas ao
cliente.
3. O/a cliente trará uma situação de gravidez não planeada e a sua preocupação com a família
que não sabe do assunto, já que é solteira, não tem emprego e o namorado também não tem
mínimas condições e não foi apresentado à família.
Processo:
1. Explicar que o exercício é feito em pares e uma terceira pessoa será o/a observador/a que dará
o feedback para esta dupla. Na dupla, um será o conselheiro e o outro o cliente e depois
inverter-se-ão os papéis.
43
3. O/a cliente trará uma situação de dúvida se está grávida ou não e o/a conselheiro/a aproveita e
introduz, no momento em que se der a orientação, a questão do melhor contraceptivo para a
pessoa da idade do/a cliente. A ênfase aqui será no tipo de orientação que o/a conselheiro/a vai
dar e qual é a aceitação por parte do/a cliente.
Processo:
1. Explicar que o exercício é feito em pares e uma terceira pessoa será o/a observador/a que dará
o feedback para esta dupla. Na dupla, um será o conselheiro e o outro o cliente e depois
inverter-se-ão os papéis.
Objectivos
Tópicos
Alguns conceitos
É um diálogo entre o/a jovem e o/a conselheiro/a que visa ajudar o/a jovem a lidar melhor com o
stress e tomar decisões pessoais informadas em relação ao HIV/SIDA.
44
• Dar apoio psicológico às pessoas cujas vidas estão a ser afectadas pelo HIV;
• Prevenir a infecção pelo HIV e a sua transmissão para outras pessoas.
A necessidade para apoio contínuo e ajuda na resolução de problemas é uma característica comum
a situações relacionadas com o HIV/SIDA e deve ser um aspecto chave do aconselhamento.
A infecção por HIV é longa. Durante a infecção, a pessoa vivencia muitas necessidades e
problemas físicos, sociais e psicológicos, que tendem a ficar progressivamente mais sérios e
difíceis de se lidar.
Essas mudanças constituem uma sobrecarga emocional e psicológica para as pessoas com HIV
positivo e SIDA e também para as pessoas que lhes são próximas.
O aconselhamento ajuda as pessoas, a família e a comunidade onde vivem, a lidar melhor com
essa situação.
A mudança de comportamento pode prevenir uma pessoa de adquirir infecção por HIV ou
transmiti-la para outros/as.
Viver com o HIV ou SIDA não significa “viver apesar do HIV”. O aconselhamento ajuda as
pessoas a lidarem, de facto, com os problemas de forma a levarem uma vida mais plena. As
pessoas tornam-se capazes de retomar o controle sobre as suas vidas ao aprenderem a resolver os
seus problemas e a tomarem as suas próprias decisões.
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Todas as pessoas sexualmente activas devem saber que uma relação sexual não protegida contem
um risco de transmissão do HIV. Em todas as sociedades, uma variedade de indivíduos ou grupos
pode enfrentar maior ou menor risco dependendo da sua situação, da sua vulnerabilidade e do seu
comportamento. Em regiões de alta prevalência, todas as pessoas sexualmente activas estão
vulneráveis e, qualquer actividade sexual não protegida, pode ser arriscada, mesmo com o/a
parceiro/a regular ou esposo/a.
As pessoas que procuram aconselhamento têm o direito absoluto à confidencialidade, a não ser
que decidam o contrário. O/a jovem pode decidir, juntamente com o/a conselheiro/a, envolver
mais pessoas no aconselhamento:
• Pessoas da família;
• Um/a outro/a conselheiro/a, para ajudar num problema mais específico;
• Membros de um grupo de auto-ajuda de pessoas afectadas pelo HIV/SIDA;
• Outras pessoas de recurso como médicos/as, etc.
O aconselhamento é útil para as pessoas com maior vulnerabilidade à infecção, mas que ainda não
são HIV positivas, como por exemplo, o/as adolescentes e os jovens. Alguns têm maior facilidade
de perceberem comportamentos de maior vulnerabilidade que os outros. Nestes casos, o/a
conselheiro/a discute tais comportamentos e a forma como mudá-los.
O/a conselheiro/a deve averiguar até que ponto os grupos de referência do/a jovem deverão ou
não ser envolvidos/as e, se apoiarão ou não, o desejo do/a jovem de prevenir a infecção. Numa
cultura que valoriza o homem com muitas parceiras, procurar uma alternativa social de apoio
pode ser uma tarefa do/a conselheiro/a. Grupos de auto-ajuda são uma motivação para resistir à
pressão social e reforçar a decisão de mudar o comportamento.
Se alguém passou por uma situação de risco, e se há possibilidades de realizar teste, a questão de
fazer o teste deve ser discutida.
• Aconselhamento de crise;
• Aconselhamento para resolução de problema;
• Aconselhamento para tomada de decisão.
• Aconselhamento de crise
Costuma ser o mais usado dada à ameaça que o HIV/SIDA coloca à sobrevivência e dado o
estigma social envolvido.
• Intensamente ameaçado/a;
• Completamente apanhado de surpresa;
• Emocionalmente perturbado/a e com consequente perda de controle;
• Emocionalmente paralizado/a porque não vislumbra nenhuma solução: todos os esforços para
resolver a crise parecem sem esperança, ou parecem ser tão dolorosos quanto a própria
ameaça.
Qualquer situação que um/a jovem perceba ou defina como crise é uma crise para ele/a.
O/a conselheiro/a deve “começar onde o/a jovem está”. Não deve brincar, dizendo que o/a jovem
está a exagerar, mesmo ao perceber que não existe uma crise real. Ao invés disso, deve ouvir com
cuidado e comentar sobre os sentimentos, medos ou esforços do/a jovem para lidar com o
problema. O importante é aceitar a definição da crise do/a jovem.
O aconselhamento de crise enfatiza os sentimentos do/a jovem e aceita a sua definição. Com
jovens com medo de terem sido infectados pelo HIV, uma questão boa para começar é:
O que você fez que o/a faz ficar com tanto medo?
No aconselhamento de crise, o/a conselheiro/a deve ficar calmo e aceitar o medo como genuíno.
Deve reconhecer a necessidade da negação ou raiva. O/a conselheiro/a não deve entrar em pânico,
dar conselho ou sentir-se ofendido/a.
47
• Perguntas estruturadas: “Nós precisamos de saber o que se passa. Por isso, vou fazer umas
perguntas muito directas. Depois você pode falar o que desejar”.
• Aceitação: “Aceito o que você pode sentir de si, de mim, de todo mundo. Eu aceito esses
sentimentos”.
• Apoio emocional: “Você pode sentir-se ameaçado/a e desejar ficar mais tempo. Eu estou aqui
para isso”.
• Enfatizar no que o/a jovem expressa como sendo seus sentimentos e ansiedades naquele
momento (centrar no aqui e agora), e afirmar/aceitar esses sentimentos;
• Verificar se o/a jovem mostra habilidades de tomada de decisão ou demonstra sentimentos de
desespero, perda de controle;
• Clarificar o que o/a jovem considera como sendo de crise e concordar numa estratégia para
resolver ou diminuir a crise;
• Começar a trabalhar num aspecto da crise – de preferência, o mais fácil de se lidar – para
recuperar a confiança em lidar com futuros problemas.
Em geral, ocorre ao mesmo tempo que o aconselhamento de crise. Uma pessoa sente-se capaz de
lidar com a crise em função do grau de compreensão do problema. No caso de HIV/SIDA, por
exemplo, enquanto o aconselhamento de crise centra-se directamente no presente; o
aconselhamento para resolução de problemas ajuda a planificar a prevenção da transmissão, os
métodos de suportar as manifestações da doença e os cuidados médicos.
• Define todos os aspectos do problema, incluindo a duração e os efeitos, da forma como o/a
jovem o vê;
• Encoraja a discussão aberta sobre os seus sentimentos e demonstra apoio e assegura que tais
sentimentos são normais;
• Averigua as habilidades passadas e presentes do/a jovem para resolver os problemas;
48
Para mais informações sobre o aconselhamento em tomada de decisão, ver o Módulo 11 sobre O
Processo do aconselhamento.
• Faça perguntas directas para ter a clareza do que está a preocupar o/a jovem e o que ela/e
deseja e espera do/a conselheiro/a:
O que você quer de mim neste momento? O que fez você decidir vir aqui neste
momento?
Você me diz que tem medo de estar com SIDA. Diga-me o que você sabe sobre as
formas de as pessoas apanharem a infecção. Dentre essas formas, em qual você acha
que se expôs?
49
Nós raramente falamos abertamente sobre o sexo neste país. Mas agora que você está
preocupado/a com a possibilidade de uma infecção, nós dois/duas precisamos de
determinar o grau do risco. Portanto, tenho de fazer algumas perguntas específicas.
Muitas pessoas sentem-se embaraçadas e pode ser que você também se sinta assim.
Por exemplo, eu preciso saber se você fez sexo com parceiros ocasionais nos últimos
seis meses.
• Explique ao/à jovem claramente o que você precisa de saber sobre as práticas sexuais e outras
como o uso de drogas injectáveis, para determinar mais precisamente o que ele/a precisa fazer
para prevenir-se da infecção ou evitar passar uma eventual infecção para outras pessoas:
• Não existe cura para a infecção pelo HIV. Mas, a infecção pode ser evitada e a prevenção é a
única defesa que existe actualmente.
Como você imagina (ou sabe) que a infecção se propaga? Se você quer ficar livre da
infecção, que mudanças deve fazer na sua vida? Mudanças desse tipo são difíceis
para muitas pessoas – o que podemos fazer aqui para ajudar você a mudar? O que
você dirá às outras pessoas (parceiros/as) sobre estas mudanças no seu
comportamento sexual?
• Mudar o comportamento é difícil. Cada pessoa precisa de identificar a sua percepção de risco
e vislumbrar maneiras de reduzí-lo.
50
• A transmissão do HIV pode ser prevenida pela abstinência, ou sexo sem exposição ao sangue,
sêmen ou fluido vaginal/cervical. Para diminuir o risco da transmissão, os parceiros devem
usar preservativo em todas as relações, do começo ao fim. Quanto mais parceiros/as sexuais,
maior vulnerabillidade à infecção. Quem usa drogas injectáveis ou faz piercing não deve
compartilhar os instrumentos perfurantes com as outras pessoas (brincos, agulhas, seringas).
Você pensa que é possível para você ou para o/a sua/seu parceira/o deixar de fazer
sexo? Vocês já tentaram algum tipo de preservativo? Sentem-se confortáveis? O que
você sabe sobre o uso correcto do preservativo?
METODOLOGIA
Processo:
2. Apresentar as transparências.
4. Orientar as dinâmicas.
5. Pontos de discussão.
Desenvolvimento de Actividades:
• Ao expositor caberá:
Facilitar as discussões;
Fazer a leitura participativa do texto;
Apresentar o tema;
Coordenar as dinâmicas.
51
2. O/a conselheiro/a irá receber o/a cliente e fará uma simulação do atendimento envolvendo as
seguintes fases, ou seja, receber o cliente, sentar-se, apresentar-se e fazer perguntas abertas ao
cliente.
3. O/a cliente trará uma situação de HIV positivo já por si reconhecida, uma vez que este já
havia feito o teste e sabia do seu estado. O/a cliente passou a ter nos últimos tempos
pensamentos suicidas e não deseja mais sofrer tanto.
4. A ênfase aqui será dada ao papel do/a conselheiro/a em dissuadir o cliente de pensamentos
suicidas e desfazer a equação que o cliente possivelmente está a fazer de que o HIV positivo é
igual a morte. O/a conselheiro/a deverá marcar vários outros encontros com o/a cliente. Caso
persistam pensamentos suicidas, o/a conselheiro deverá encaminhar o caso para um
tratamento psicológico mais especializado. Dependendo do caso, será necessário um contacto
com os familiares/responsáveis ou pessoas indicadas pelo/a cliente.
Processo:
1. Explicar que o exercício é feito em pares e uma terceira pessoa será o/a observador/a que dará
o feedback para a dupla. Na dupla, um/a será o/a conselheiro/a e o/a outro/a o/a cliente e
depois inverter-se-ão os papéis.
52
3. O/a conselheiro depois de saber da seropositividade do/a cliente terá que informar-lhe o
resultado da testagem. O/a conselheiro/a depois de seguir os trâmites normais do
aconselhamento recomendados, irá informar de uma forma carinhosa e directa sobre a
seropositividade do/a cliente. Cabe ao conselheiro/a dar imenso apoio ao cliente neste
momento deveras difícil e afirmar que, apesar da gravidade da doença e dos problemas
relacionados a ela, não significa absolutamente que a pessoa está a morrer. Os/as seropositivos
devem saber que, caso tenham uma vida regrada, boa alimentação, sem fumar ou beber,
fazendo uso da prática de sexo seguro (com camisinha), eles/as podem ter uma vida
prolongada e, caso tenham acesso a medicação, os prognósticos actualmente são
razoavelmente optimistas.
4. A ênfase aqui será no papel do/a conselheiro/a, em que este/a deve dar o máximo de apoio ao
cliente e ter muitos encontros regulares com este/a, neste momento da sua vida.
5. Cabe ao/à conselheiro/a fazer perguntas ao cliente e saber se este está a entender o que este/a
está a dizer e a informar. Relembrar ao cliente os problemas relacionados com os cuidados
consigo mesmo e da sua sexualidade.
Processo:
1. Explicar que o exercício é feito em pares e uma terceira pessoa será o/a observador/a que dará
o feedback para a dupla. Na dupla, um/a será o/a conselheiro/a e o/a outro/a o/a cliente e
depois inverter-se-ão os papéis.
1. Parafrasear
Duração: 20 minutos
Objectivos:
Processo:
1. Explicar que farão um exercício num grupo grande, mas que normalmente formam-se tríades
para este exercício (pessoa A, pessoa B e pessoa C).
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3. Todas as pessoas que não estão a jogar naquele momento (todo o mundo excepto a dupla),
devem observar para que o exercício seja feito correctamente.
• “Não quero usar preservativos, pois tenho medo que a minha mãe os encontre na minha
pasta.”
• “Estou com uma DTS e não sei como contar aos meus pais. Eles pensam que sou perfeita.”
• “Li que a masturbação deixa as pessoas loucas… e eu faço isso.”
• “Apesar de todas as recomendações da minha mãe, eu perdi a minha virgindade.”
• “Sei que as mulheres podem fazer algo para não ter filhos e nem contaminar-se com o SIDA.”
• Estive a pensar… é uma boa ideia saber como cuidar de nós próprios.”
• Estou chateado. Os meus amigos dizem que sou matreco porque não faço amor com a minha
namorada.”
2. Clarificar
Duração: 20 minutos
Objectivos:
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1. Explicar que farão um exercício num grupo grande, mas que normalmente formam-se tríades
para este exercício (pessoa A, pessoa B e pessoa C).
2. A pessoa A (1ª. pessoa) inicialmente no papel do/a adolescente, faz uma afirmação que deve
ser clarificada pela pessoa B (2ª. pessoa, do lado esquerdo). A seguir àquela, a pessoa B, faz
outra afirmação como se fosse um outro/a adolescente, que deverá ser clarificada pela pessoa
C (à sua esquerda) e assim sucessivamente, até que a pessoa A clarifique a última “fala
adolescente” e encerre o ciclo.
3. Todas as pessoas que não estão a jogar naquele momento (todo o mundo excepto a dupla)
devem observar para que o exercício seja feito correctamente.
• O meu namorado faz-me amor e eu não gosto que ele seja tão meloso.
• Os meus pais matar-me-iam se soubessem que tenho relações com o Pedro.
• Não quero saber nada de preservativos.
• Dizem que a nossa relação é leve … e isso não me preocupa.
• Essa rapariga agrada-me mas, dizem que é uma brincalhona.
• As raparigas não me notam.
• Dizem que o meu namorado está queimado e não sei como ajudá-lo.
• Venho aqui para que me ajudes. Estou tão só!
• Tenho vários irmãos, mas todos são tão matrecos!
• Às vezes uso condom, mas, outras vezes não.
• Sim, tenho relações, mas nunca se passou nada que não pudesse solucionar.
3. Espelho
Duração: 20 minutos
Objectivos:
Tomar nota do que o/a adolescente disse e enfatizar a descrição dos seus sentimentos.
Processo:
1. Explicar que farão um exercício em pares mas que manterão a estrutura do grupo grande.
Normalmente formam-se tríades para este exercício (pessoa A, pessoa B e pessoa C).
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3. Todas as pessoas que não estão a jogar naquele momento (todo mundo excepto a dupla),
devem observar para que o exercício seja feito correctamente.
Par 1
a. Tive relações e usei o preservativo, mas quando o retirei notei que tinha um furo. Agora não
sei se ela vai pegar a doença (temor).
b. Uso preservativo, mas, às vezes esqueço de ter um comigo. Parece que o meu pai suspeita.
Não sei o que faria se ele me dissesse algo (vergonha, medo de decepcionar os pais).
Par 2
a. Quando eu era pequeno, uma vez um tio quis abusar de mim (cabisbaixo e melancólico)…
não sei se as raparigas me agradam (confusão).
b. Quando me masturbo, sinto-me bem… mas logo vem-me a ideia de que vou ficar louco
(culpa, temor).
Par 3
a. A minha mãe diz -me “os rapazes respeitam-te se ficares em casa”… mas eu gosto de sair, de
ficar o tempo todo com os/as amigos/as (confusão).
b. Adoro o Pedro e gostaria de fazer amor com ele, mas a minha mãe disse que, para ser feliz
tenho que chegar virgem ao casamento (confusão).
Par 4
a. Namorei outras raparigas enquanto a minha namorada Rosa não estava aqui (olhando para
baixo) e ela sem dúvida confia tanto em mim… (culpa).
b. Não é justo!! Isto não pode acontecer comigo!! Só tive relações uma vez!! Como é que posso
estar nesta situação!!!??? (desespero, raiva)
Par 5
a. Não sei como pude ser tão tonta e deixar-me convencer (raiva, decepção).
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Par 6
a. Os meus amigos disseram-me para ir “nessa casa de encontros” só por curiosidade. Mas
depois, obrigaram-me a entrar. Não sabia o que fazer (confusão).
b. Eu não queria fazer… mas ele assegurou-me que não aconteceria nada (decepção).
Par 7
a. A única rapariga com quem estive, também esteve com os meus amigos… um deles está
muito doente e não sabe o que é que tem (medo).
b. Eu estive com uma rapariga o mês passado e não usei o condom…Quero fazer o teste do HIV
(temor).
4. Sintetizar ou Resumir
Duração: 20 minutos
Objectivos:
Processo:
1. Solicitar que um/a voluntário faça uma apresentação para o grupo, das 4 técnicas
fundamentais: paráfrase, clarificação, espelho e resumo.
2. O/a facilitador/a deve enfatizar esta última, destacando que o resumo é útil porque demonstra
que o/a adolescente prestou atenção e permite corrigir algum erro. É também uma maneira
conveniente de encerrar um tema e passar para um outro com quase nenhum dano. O resumo
deve abarcar os pontos principais, mais importantes, especialmente aqueles reforçados pelo/a
adolescente. Pode contribuir para uma expressão mais clara da experiência do/a adolescente
sem cair numa interpretação.
3. Como nos exercícios anteriores, o/a facilitador/a explica que farão o exercício num grupo
grande, mas que, normalmente, formam-se tríades para este exercício (pessoa A, pessoa B e
pessoa C).
4. A pessoa A (1ª. pessoa), no papel do/a adolescente, lê o texto. A pessoa B deve resumir. A
pessoa seguinte (pessoa C, à esquerda) comenta o resumo. E assim, sucessivamente com o
próximo texto até fechar o ciclo.
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1. Não sei o que fazer. O meu namorado vai trabalhar fora do país. Estivemos juntos durante
tanto tempo… fizemos planos juntos… ele ajudava-me muito com os assuntos lá de casa… os
meus irmãos tinham muito respeito por ele… eu quero-o muito e tenho medo de perdê-lo…
Gostaria de lhe demonstrar quanto o quero, embora ele nunca me tenha pedido nada.
Concordámos que faríamos amor quando os dois desejássemos. Agora não sei o que fazer… e
se não o vejo mais … e se não volta… não sei se fica bem fazermos amor… Falta tão pouco
para terminar os meus estudos! E se eu ficar grávida? Ou apanhar alguma doença? Não sei …
2. Desde bem criança a minha mãe tratou-me de uma forma diferente… dizia que parecia o meu
pai… Não sei… Levanto-me cedo e vou com ela receber a mercadoria no mercado… À tarde,
vou ao colégio. Quando volto à casa, ela nunca me pergunta como foi… Às vezes, demoro-me
e nunca me pergunta porquê… Na rua passam-se coisas ruins, como daquela vez em que um
senhor levou-me com mentiras dizendo que ia dar-me trabalho… Mas isso já passou e agora
sei cuidar-me. Agora prefiro estar com os meus colegas. Sinto-me atraído pelas raparigas mas
não sei como tratá-las. Os meus amigos incentivam-me, mas não sei, tenho vergonha…
3. Não entendo.. Ainda no ano passado diziam-me que era uma menina. Agora tudo mudou em
mim, o meu corpo, a minha cara, até o meu carácter. Não sei porquê, respondo mal à minha
mãe. Não entendo. Ela diz que não lhe respondo mas nem me dou conta… Além disso, ela diz
que sou criança para sair com namorados, mas as minhas amigas já namoram. Bem, há dois
rapazes que me agradam. A minha mãe diz que eles têm um aspecto ruim, mas eu não
concordo. Conheci um há pouco tempo na associação. É boa gente, e lindo! O outro chama-se
Ricardo. Ele sempre me agradou mas, estava com uma outra rapariga da associação. No outro
dia, ele, o Ricardo, acompanhou-me até à casa do meu avô e disse-me que queria terminar
com a namorada por causa de uma outra rapariga. Eu disse-lhe que “isso não se faz” e ele
respondeu–me “nem mesmo se essa pessoa for você?”. Não soube o que falar, não sei se fica
bem, não sei se ele fala a sério…
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