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ORTODONTIA PREVENTIVA OCLUSÃO NORMAL E CLASSIFICAÇÃO DAS MALOCLUSÕES DATA: 20/09/2017

Como tratar maloclusão se eu não sei tratar? Não consigo. Para que eu consiga tratá-las, eu preciso entender
o que é uma oclusão normal e condição de classificar cada uma dessas maloclusões para saber qual aparelho usar.
“O começo da sabedoria é chamar as coisas pelos nomes corretos. ” Provérbios Chinês. Precisamos dar nomes
aos objetos, dar nome às características clínicas, isso me ajuda muito.
Dentro da ortodontia essas classificações começaram de uma forma muito antiga, por volta de 1900, e até hoje
algumas dessas classificações são usadas, como a classificação de Angle. Essa classificação vai juntar conceitos
clínicos que são desorganizados e organizados.
Esse sistema de classificação é como se fosse à matemática que temos vários conjuntos. Em cada conjunto
eu coloco casos clínicos de características similares separa aqueles casos dou determinado nome, facilitando assim a
comunicação. Por exemplo: meu caso é uma classe II com mordida aberta, ela entende.
A classificação é feita para que tenhamos uma referência e facilite a comunicação entre as pessoas,
conseguindo ter a capacidade de comparar determinados casos clínicos. A classificação é boa para isso, para ter uma
ideia de tratamento, mas eu vou ter variáveis.
Omar Gabriel em 19990, Bauru, usou mais de 2 mil indivíduos como amostra, tentando fazer uma correlação
direta com a característica da maloclusão que ocorria na cidade naquele momento. Ele pode verificar que, a cada 100
pacientes examinados somente 11,5% possuíam oclusão normal. 88,5% tinham maloclusão, isso significa que, a cada
10 pacientes que forem examinados, perto de 9 terão que colocar aparelho, pois possui algum tipo de maloclusão. A
incidência de má oclusão é grande, estando relacionada com a parte genética. Omar separou esses pacientes de
maloclusão em classe I, II e III, sendo a classe I mais adequada, essa classe é uma análise. Existindo casos onde, o
paciente é classe I se tratando de molares e ter apinhamento dentário, diastema, assim possuindo maloclusão. Classe
II é a parte superior onde a maxila é mais anterior que mandíbula, classe III sendo a mandíbula mais protruída e maxila
retruida.
Oclusão normal (sempre dentadura permanente) – é o que os ortodontistas buscam em seus tratamentos. Em
1972 um autor (Angle) americano publicou um trabalho com 120 modelos ortodônticos, ele pode observar que nesses
casos existiam 6 caracteristicas que eram comuns a todos, e essas características foram chamadas de 6 chaves de
oclusão normal. Se o nosso paciente tiver as 6 chaves de oclusão normal ele não necessita de aparatologia ortodôntica,
porque ele consegue suprir a necessidade de todos os conceitos que geram essa oclusão normal. Por exemplo, se ele
tiver 5 chaves e uma estiver errada, é maloclusão! O conceito de oclusão normal, não é a oclusão ideal que vimos em
oclusão. Por exemplo, lado esquerdo e direito com toques semelhantes, sem nenhum dente que bate a mais, sem
rotação, sem extrusão, o contato tem de ser cúspide fossa de mesma intensidade, lado direito e esquerdo igual. Uma
oclusão ideal é achada em média, em 4 pessoas a cada mil. Oclusão normal é uma oclusão adequada, mas não tão
precisa quanto a ideal.
6 Chaves de Oclusão Normal:
1. Relação Molar: a cúspide mesiovestibular do 1° molar superior oclui no sulco central vestibular do 1°
molar inferior, em ambos os lados; isso é chamado de relação molar de classe I de Angle;
2. Angulação da coroa: do ponto de vista geral, os dentes permanentes apresentam a coroa mais para mesial
e a raiz mais para distal, exceções feitas aos incisivos inferiores que apresentam valor 0 para angulação mésio-distal
do elemento dentário e para os terceiros molares superiores que apresentam a coroa para distal e raiz para mesial.
O que quer dizer isso? Na maior parte dos nossos dentes, coroa sempre fica para mesial e a raiz para distal.
Por que acontece isso? Porque a raiz assume uma posição mais distal para buscara inervação e irrigação sanguínea,
por isso o maior evento disso é aquela curvatura do incisivo lateral superior tem onde vimos em anatomia dentária e
em endodontia, então, ele curva exatamente para buscar a irrigação e inervação. Os incisivos inferiores são exceção
porque eles são retos, por isso que o ângulo é zero, a coroa e a raiz nenhuma está mais para distal e nenhuma está
mais para mesial, está perpendicular com relação ao rebordo. E o terceiro molar superior, para a ortodontia, não faz
muita diferença porque é muito difícil de ser usado em ortodontia, em tratamentos, mas é interessante sabermos que
ele assume uma posição antagônica dos outros dentes (FIGURA A).
FIGURA A: Valores médios aproximados para angulação.

3. Inclinação da coroa: os elementos dentários superiores possuem a


coroa para vestibular e raiz para lingual, assim como os dentes anteriores
inferiores. Já os dentes inferiores posteriores possuem a coroa para lingual e
raiz para vestibular.
Quando temos dentes decíduos, todos os dentes são retos com relação
ao rebordo. Quando temos os dentes permanentes, eles são inclinados para
vestibular. Sejam superiores ou inferiores, a coroa para vestibular e a raiz fica
para lingual, só que tem diferentes inclinações, cada um, mas eles são assim.
Nos posteriores o que acontece é raiz para lingual e coroa para vestibular, se
tivesse a mesma coisa nos inferiores, iria ficar cruzado, então nos dentes
posteriores inferiores, ao invés da coroa estar para vestibular e raiz para lingual,
eles fazem isso, coroa fica para lingual e a raiz fica para vestibular, isso só nos
dentes posteriores inferiores. Então isso aqui, para o caso de dar certo e ficar
bem engrenado tem que obedecer essas inclinações de coroa no sentido
vestíbulo-lingual.
4. Rotação: o que temos em relação a rotação é que o correto é a ausência de rotações dos elementos
dentários e não a presença.
5. Espaços: é normal em uma dentição decídua ter espaço, agora na dentição permanente a gente não pode
ter espaços. O que acontece na dentição permanente? Ausência de espaços dentários e contatos proximais
adequados.
6. Plano Oclusal: com curva de Spee suave. Existe uma tendência
muito grande na ortodontia de planificar os planos oclusais. O ortodontista tem
que tomar muito cuidado com isso, tem que manter, ao menos, uma curva de
Spee suave (FIGURA B).

Se o paciente obedece tudo isso, ele vai ter uma oclusão normal e não FIGURA B: Suave curva de Spee.
vai necessitar colocar um aparelho ortodôntico nele. Basicamente, cada um
desses itens a gente aprofunda mais em uma pós-graduação, mas já é
interessante termos estes dados para que compreendam como é feita uma oclusão e como vai ser analisada pelo
ortodontista para tentar diferenciar o paciente que precisa de aparelho de um paciente que não precisa de aparelho.
Aqui está o desenho do paciente, vemos um encaixe muito bom na região anterior, vemos um perfil adequado
que é quando temos uma oclusão adequada a tendência é que o lábio superior vai ficar um pouquinho a frente do lábio
inferior tendo um perfil reto ou tendendo a ser levemente convexo. A mandíbula sempre um pouquinho atrás da posição
da maxila. (FIGURA C).

FIGURA C-1
FIGURA C-2
FIGURA C: Exemplificando explicação do Professor.

A cúspide mésio-vestibular do primeiro molar superior oclui no sulco central-vestibular do primeiro molar
inferior: isso é a chave de Classe I. Essa chave deve existir dos dois lados. Então, o paciente só vai ter oclusão normal
se essa chave de Classe I existir dos dois lados. Se de um lado for Classe I e do outro lado estiver errado, não será
oclusão normal. Por isso colocou na primeira afirmação que deve existir dos dois lados. Dá para perceber que o incisivo
central que a coroa fica mais para mesial e se fizesse uma linha no longo eixo dele a raiz ficaria deitado um pouquinho
para distal. Isso dá para vez no incisivo central, no canino e a raiz um pouco mais para distal. Isso não é muito, o
central, normalmente é 3º, o lateral é 5º, canino é 7º. Nos dentes que conseguimos enxergar mais são os caninos,
laterais e centrais, pré-molar e molar é bem menos é até é difícil de nós vermos. Observem que não há espaço, não
há dente girado, tem uma curva de Spee suave, tem todas as 6 características (FIGURA C-1). Tendo todas as 6
características é oclusão normal. Agora tivesse um diastema, já não é, tivesse uma apinhamento, já não é, tivesse um
pré-molar girado, já não é, aí o ortodontista observa isso para dizer que devido a esses problemas tem que usar
aparelho. Ortodontista cria dentro do diagnóstico dele o que se chama “lista de problemas” e a partir dessa é que vai
estabelecer o (os) tratamento (os) tratando dos problemas.
Perguntinha de Lia: O dente está um pouco girovertido e não está influenciando na função, é necessário mesmo
assim fazer ortodontia? Então, precisaria olhar esse ponto, se é um dente que não é estético como um pré-molar,
paciente já tem uma oclusão estabilizada, já é um paciente adulto, aí muitas vezes não coloca, mas se for um giro que
dê interferência na oclusão tem que ver. O que acontece é quando um pré-molar gira, ocupa mais espaço no arco e
isso acontecendo, as vezes o molar que estava em Classe I não fica mais nessa classe, está sendo influenciado pelo
pré-molar, as vezes o canino que tem que ficar em classe I de canino naquela região já não fica pelo giro do pré-molar.
Precisa ver o tamanho, mas se for um giro muito pequeno e o resto estiver normal, tudo bem.
Esse aqui é um exemplo de modelo que fizemos e polido e um modelo de estudo. Este modelo de estudo tem
que ter um terço dele em dente, um terço dele em gengiva e um terço dele, pelo menos, de altura no modelo, o que
fizemos com o zocalador. Tem que copiar bem a região de fundo de saco, que é o limite da gengiva com a parte de
tecido mole, tanto no superior quanto no inferior, aqui uma visão lateral dele, mostrando a curva de Spee dele, vemos
o molar ocluindo no sulco central. A gente vê também parte anterior, só que Andrews os avaliou, em 1972, não olhava
isso. Aprenderemos classificações acessórias para quando avaliamos incisivos, caninos. (FIGURA C-1).
Logicamente, percebemos que o encaixe não é perfeito, mas está todo na direção certa, então, isso a gente
chama de oclusão normal. Porque o direcionamento da posição dental está adequado. Às vezes, para entendermos,
se faz mais mastigação de um lado do que de outro, o lado que mastiga mais é lógico que é mais encaixado do que o
outro lado que usa menos, exatamente pela característica mastigatória daquela região unilateralmente. O nosso
modelo de dentadura mista é o modelo de trabalho, logo não usa polimento nele, não faz tratamento. Faz tratamento
no modelo de estudo.
Pegando uma visão da região anterior, os dentes anteriores superiores têm que ficar à frente dos inferiores,
todos eles com a coroa para vestibular e raiz para lingual. A canino superior, por exemplo, tem que ficar entre canino
inferior e primeiro pré-molar inferior, ficar no meio, se ele ficasse em cima do canino inferior, está errado, ou se ficasse
em cima do primeiro pré-molar inferior também está errado, tem que ficar entre os dentes. Em oclusão vê-se que
sempre que os dentes têm que ter contato um contra dois. As exceções são os incisivos inferiores centrais que só
tocam os centrais superiores e os terceiros molares superiores que se tocam os terceiros molares inferiores. O resto é
tudo oclusão de 1 contra 2. Todos esses conceitos é interessante que sejam tragos para a ortodontia.
Tweed, professor conceituado americano, realizou alguns conceitos e trabalhos que estão relacionados com a
nossa ortodontia até hoje, por isso é considerado pai da ortodontia moderna.
Quais são os objetivos da Tratamento Ortodôntico segundo Tweed?
Não buscar um tratamento ortodôntico apenas pela estética, atualmente 90% dos pacientes vão atrás do
aparelho por estética. Mas, nós precisamos principalmente conseguir uma função mastigatória adequada, tanto em
uma oclusão estática como dinâmica, uma saúde periodontal adequada e muita das vezes a ortodontia até ajuda nisso.
Exemplo: paciente com apinhamento dentário, é mais difícil higienizar, depois que coloca o aparelho e alinha os dentes
é mais fácil higienizar e você ajuda na saúde periodontal do paciente, a ortodontia busca também a estabilidade
dos resultados. Porque tem que extrair dois dentes ou quatro dentes? Muitas vezes, é porque se o ortodontista alinhar
sem extrair os dentes, aqueles dentes vão ficar em uma posição muito vestibularizada, as vezes até pode ficar fora do
osso alveolar, quando você tira o aparelho, vai voltar a antiga posição. Então, para você ter estabilidade você tem que
deixar os dentes em uma posição adequada com relação ao osso, muitas vezes quando você não tem espaço é
necessário realizar as extrações. A estabilidade é muito importante, para você não tirar o aparelho e começar a voltar
o que era.

 Má Oclusão

É o foco principal da ortodontia; e o objetivo também classificar a má oclusão.


Definições: São desvios da normalidade, quando você não tem uma oclusão normal, e não é difícil identificar
muitas vezes se isto está relacionado com o desenvolvimento da oclusão, que seria o crescimento do paciente e esse
desenvolvimento da oclusão poderia relacionar: dentadura decídua, mista e permanente, onde a oclusão vai mudando
a sua característica. Falei no começo: “oclusão normal é para dentadura permanente”. Exemplo: Na dentadura
decídua é bom ter diastema, totalmente diferente da dentadura permanente. Alguns desvios do desenvolvimento
normal dos dentes levam a posições dentarias erradas, essa posição errada pode ser devido a um problema de
oclusão ou também pode estar relacionada ao crescimento do osso. O que seria este crescimento? Às vezes eu
tenho uma situação, onde meus dentes estão todos alinhados, superior e inferior, só que a gente olha o paciente os
dentes superiores estão lá para a frente e os inferiores estão lá para trás, tudo alinhado. Aquilo está errado, oclusão
errada, mas quem gerou aquilo? A posição da maxila e a posição da mandíbula, então, aconteceu um erro de
crescimento ósseo e esse erro gerou uma alteração nas estruturas.
Quando que se começou a fazer bases para a ortodontia? Tem livros que relatam que desde o sec. 18 já se
tinham uma ideia sobre fazer a movimentação dentaria, eles tentavam apoiar as varinhas de marfim, eles faziam a
forma e o contorno dentário do arco dentário, faziam alguns furos e amarravam uns fios nessas varinhas de marfim e
copiavam a forma do arco dentário para fazer com que o dente se movimentasse.

Após 1850 apareceram os primeiros tratados que descreveram a ortodontia de maneira sistemática, o mais
notável destes foi o Norman Kingsley, ele começou a pesquisar a odontologia no ponto de vista geral, ele viu parte de
reabilitação, restauração, necessidade de os dentes serem extraídos, o maior erro dele foi não ter relacionado os arcos
analisados com oclusão, ele analisava separadamente. Os aparelhos externos que são colocadas hoje, o Kingsley já
mostrava isso desde essa época do sec. 19, então ele já tinha ideia sobre alinhamento de dente, ele já tinha noção
que o rosto tinha que ter uma proporcionalidade, e ele já tinha ideia até de movimentação dentaria.
Oclusão normal: 11,5 % da população.
Má oclusão: 88,5 % da população.
Dessas maloclusões nós vamos situar os problemas em:
Inter-arcos: é quando eu relaciono o arco superior com o arco inferior. Quando eu analisar os arcos
conjuntamente eu vou ter que analisar o sentido de programas anteroposteriores, verticais e transversais. Quando eu
olho o problema anteroposterior, quando eu olho para o meu paciente de lado. Quando eu vejo um problema vertical?
Quando eu olho meu paciente de frente, os problemas verticais eles são mais reconhecidos na região anterior, e se eu
olhar meu paciente de frente e tiver um problema posterior? Vai ser um problema transversal.
Intra-arcos: é quando eu relaciono cada arco individualmente. Então, se eu pegar cada arco e classificar
individualmente eu vou identificar se a pessoa tem dente girado, diastema, desvio de linha média, apinhamento.
Classificação de Angle – Desde 1900 ele começa a falar sobre má oclusões.
Classe I – Cúspide mesio-vestibular do primeiro molar superior ocluindo no suco central do 1 molar inferior, e
ela tem que ocorrer dos dois lados. Ele mostra um exemplo de um paciente que também é classe I, mas que possui
diastemas e região de abertura, tem-se um cruzamento onde o dente superior está para fora e o inferior está para
dentro. Esse é um exemplo de má oclusão de classe I, que apesar de ele ter classe I ele tem outros problemas. Então
existe diferença entre oclusão normal e má oclusão de classe I.
Paciente com má oclusão- Classe I

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