O filme “Sweet Nothing in My Ear” relata a história de um casal, onde a mulher
é surda e o marido ouvinte. Desta união nasceu um filho ouvinte que em determinado momento perde a audição. Em virtude de um pequeno acidente, o pai conhece um médico que recomenda o implante coclear. Inicialmente ele reluta, pois a criança já está adaptada à sua realidade, já se comunica por sinais, além de conviver com outros surdos. No entanto esta idéia não lhe sai da cabeça: seria esta a oportunidade de seu filho voltar a ouvir, mesmo que sua audição não volte a ser o que era antes, não seria melhor do que viver sempre no silêncio. Já a mãe, surda, filha de pais surdos, desde a infância foi inserida numa comunidade surda, e aprendeu a valorizar a cultura desta comunidade. Ela não enxerga a surdez como uma deficiência/doença a ser curada, e sim uma diferença, que não a impede de se relacionar e ter uma vida normal como qualquer outra pessoa. O implante pode sim trazer inúmeros benefícios, o fato de poder se comunicar com qualquer pessoa, sem necessidade de intérpretes facilita a vida, torna o surdo mais independente. Não significa abandonar de uma vez por todas o uso de sinais, pois o implante coclear não “cura” surdez, ao se desligar o aparelho por qualquer motivo que seja, a pessoa continua surda. Por outro lado, há seus pontos negativos: riscos de rejeição, a audição de uma pessoa implantada pode não ser igual ao de um ouvinte, além de que, segundo alguns especialistas da área da educação, o implante da forma que vem sendo feito (com orientações dos profissionais da saúde de que abandonem o uso de sinais) prejudica o aprendizado. No entanto, há relatos de pessoas implantadas que continuam usando Libras, e seguem sua vida normalmente. A decisão de fazer ou não o implante é algo muito particular, cabe à pessoa surda ou seu responsável (no caso de crianças) decidir se vale a pena o risco. Pode acontecer de o resultado não ser o esperado, e nesses casos a frunstação pode ser muito ruim, mas pode também trazer muita alegria. É importante a pessoa ser feliz do jeito que é, com suas limitações, afinal todo mundo possui uma ou outra limitação e ninguém é igual a ninguém, mas se, após analisar os prós e contras desta situação, decidir pelo implante, acho muito válido.