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ECA – Revogou a doutrina irregular a proveu a doutrina da proteção integral.

Histórico – O primeiro código a tratar desse assunto somente inibia o trabalho infantil, o segundo código baseado na dualidade
carência/delinquência, somente atendiam os menores nessas situações, vindo posteriormente a surgir o ECA com a doutrina da
proteção integral.
Constituição Federal de 1988 – Com o advento da Constituição Federal de 1988 sugiram princípios basilares que norteiam o
ECA, dentre os quais se destacam a prioridade absoluta, melhor interesse da criança, municipalização (compete aos municípios
executar programas voltados as crianças e aos adolescentes), princípio da judicialização da proteção (tudo que envolve criança
deve proceder pelo judiciário), dentre outros, como compreendido no art. 227 da CF:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade,
o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade
e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.
ECA – Adota uma base tríplice, isso porque engloba a doutrina da proteção integral (art. 1º), princípio do melhor interesse do
menor, e a prioridade de atendimento da criança e do adolescente (art. 4º), pelo fato da criança e o adolescente estarem em
situação de desenvolvimento.
Sistema socioeducativo – O ECA adota um critério misto marcado pela proteção e punição, sendo essas consequências da
responsabilização, tudo isso apurado no Plano Individual de atendimento-PIA.
CRAS – Centro de Referência em Assistência, trabalha com a parte preventiva no âmbito municipal.
CREAS – Centro especializado de assistência social, trabalha na remediação de problemas, também é de competência dos
municípios, ambos responsáveis pelo auxílio nas medidas de meio aberto (liberdade assistida e proteção de serviço social).
Exige-se que haja um CREA para cada grupo de 100 adolescentes infratores.
Equipe Interdisciplinar – é a equipe formada por um psicólogo, um pedagogo e pelo serviço social, cada equipe deve ser
designada para atender até 20 adolescentes em liberdade assistida.
Criança – até 12 anos incompletos.
Adolescente - dos 12 completos aos 18 anos incompletos.
Critério etário - A idade é relevante pelo fato de relacionar qual procedimento será adotado. Nesse contexto, se o adolescente
comete ato infracional análogo a crime com 18 anos incompletos, será responsabilizado pelo ECA, fato pelo qual serão aplicadas
as medidas de proteção ou medidas socioeducativas. Cabe ressaltar que às crianças somente serão aplicadas medidas de
proteção.
O art. 98 do ECA expõe um rol de situações consideradas de risco para a criança e o adolescente, situação em que mesmo sem
ter cometido nenhum ato infracional análogo a crime, a criança e o adolescente estarão sujeitos a medidas de proteção.

Quanto às medidas, o art. 112 possui um rol taxativo de medidas socioeducativas, que são aplicadas pelo judiciário.
Quanto às medidas de proteção, estas estão elencadas no art. 101 do ECA, e nos termos do o art. 136 do mesmo Diploma Legal,
via de regra são aplicadas pelo Conselho Tutelar.

Competência da Justiça da Infância é tríplice, territorial (art.147), em razão da matéria (art. 148), e administrativa (art. 149).
Competência em razão da matéria (art. 148) - O caput desse artigo traz ações que sempre serão julgadas pela justiça da infância
e da juventude. Já os casos do parágrafo único podem ser julgados pela justiça comum, porém, na ausência da justiça
especializada, os processos tramitaram pela justiça comum, sob regramento do ECA.
Competência territorial (art.147) – Importante destacar que a competência territorial apesar de englobar o local em que houve
o julgamento da demanda, engloba também o local da execução, podendo atingir assim dois locais diversos, haja vista que a
execução da medida socioeducativa ou de proteção pode ser delegada para cumprimento no local de residência dos pais ou
responsáveis pelo infrator quando esse houver cometido ato infracional em local diverso.
Competência administrativa (art. 149) – É indicada como medida administrativa que atribui competência para a autoridade
judiciária regulamentar certos atos que envolvam crianças e adolescente mediante portaria, essa competência engloba por
exemplo o poder de regulamentar como ocorrerá a participação de crianças em novelas. Apesar desse ato ser administrativo,
ele é impugnável por apelação.

Medidas protetivas – Estão em rol exemplificativo previsto no art. 101 do ECA, dentre as quais se destaca a colocação em família
substutiva.

Ato infracional - pode ser praticado tanto pelas crianças como pelos adolescentes, o que mudam são as consequências para
cada um. Dessa forma, quando praticado por criança, somente lhe poderão ser aplicadas medidas de proteção, porém, quando
praticado por um adolescente, podem ser aplicadas medidas tanto medidas de proteção, como medidas de socioeducativas.
Lembrando que para fins de apuração, se considera o tempo que ocorreu o ato infracional, não o seu resultado. Ressaltando
que só há necessidade de apuração do ato infracional quando praticado por um adolescente, haja vista que quando praticado
por uma criança esta será imediatamente encaminhada para o Conselho Tutelar que é a entidade competente, via de regra,
para aplicar medidas de proteção.

Procedimento de apuração de ato infracional ocorre por meio de procedimento trifásico – envolve uma fase em sede policial
na delegacia, outra ministerial junto ao MP e por último a parte judicial.

Privação de liberdade do adolescente – somente ocorre em duas situações, flagrante de ato infracional ou por ordem judicial.

OBS: Em regra, o adolescente deve ser encaminhado para delegacia especializada, não havendo, será encaminhado para a
delegacia comum, situação em que lhe será aplicado o procedimento previsto no ECA.
Fase policial e manutenção da internação como exceção – Chegando à delegacia, o delegado deverá comunicar à autoridade
judicial e a família, sob pena de incorrer em crime, lavrando em seguida o auto de apreensão ou o boletim circunstanciado,
passando então para a fase ministerial, após lavrada a respectiva peça (auto de apreensão ou o boletim circunstanciado), com
o comparecimento dos pais ou responsável, o adolescente será liberado sob termo de compromisso de responsabilidade de sua
apresentação ao MP no mesmo dia, e não sendo possível no mesmo, que seja apresentado no primeiro dia útil subsequente,
porém, não será liberado o adolescente quando pela gravidade do ato infracional cometido e sua repercussão social se mostre
apropriada a permanência do adolescente em internação para que assim se garantia sua segurança pessoal ou manutenção da
ordem pública, vide art. 174 do ECA.
Auto de apreensão – Se o ato infracional for análogo a crime cometido com grave violência ou ameaça à pessoa. Ex: Roubo,
Assassinato, etc.
Boletim circunstanciado - Será lavrado quando o ato infracional for cometido sem violência ou grave ameaça, como no caso de
um furto, apropriação indébita.

Fase Ministerial – O MP pode requerer o arquivamento, conceder remissão ou oferecer a representação sendo que os dois
primeiros casos dependem de homologação judicial.
Remissão - significa perdão, pode ser concedida pelo MP mediante homologação na fase ministerial (caso em que não haverá
processo, forma de exclusão), quando concedida pelo Juiz, será forma de suspensão ou extinção do processo. Isso porque a
Remissão pode ser pura sem encargo ou incondicionada, e pode ser condicionada, com encargo (forma de suspensão do
processo). Quando aplicada remissão condicionada, não poderão ser condições a semiliberdade, muito menos a internação,
haja vista que estas são as medidas mais gravosas, porém, pode ser imposta ao adolescente uma medida de reparação do dano
ou de prestação de serviços à comunidade. Cumprida a medida, o processo será extinto.
Arquivamento - Havendo discordância da autoridade judicial em homologar a Remissão ou arquivamento, mediante despacho
fundamentado o Juiz remeterá os autos ao Procurador Geral de Justiça, que nos termos do art. 181, § 2º do ECA, poderá oferecer
a Representação, designar outro Membro do MP para apresenta-la, ou ratificar o arquivamento ou remissão, situação em que
a autoridade judicial estará obrigada a homologar.
Representação – Peça processual elaborada pelo MP, que inicia a ação socioeducativa e independe de prova pré-constituída de
materialidade e autoria. Porém, sem provas de autoria, o máximo que pode ocorrer é a aplicação de advertência.

Fase judicial – Nessa fase ocorrem duas audiências, a primeira é a de apresentação, nessa audiência o juiz decide se vai decretar
ou manter uma internação provisória, vai ouvir o adolescente, e caso ele não apareça, o processo será paralisado, caso em que
poderá requerida sua condução de forma impositiva, se isso não for suficiente e ele continue foragido, o processo será suspenso.
Na segunda audiência ocorre o julgamento, haverá a instrução , oitiva do MP e da defesa e por fim a sentença que será
impugnável por apelação em dez dias, sem prejuízo do juízo de retratação.
CA Prazo Prazo máximo Especialidade
mínimo
Prestação de serviço à comunidade X 6 meses Terá duração máximo de oito horas por semana,
não coincidindo com a aula/escola.
Semiliberdade X X X
Internação provisória X 45 dias Flagrante para instrução processual.
Internação por sentença X 3anos Flagrante mediante mandado de busca e apreensão.
Internação sanção x 3 meses Mandado de busca e apreensão.

Medidas socioeducativas – é regida por três princípios, o da brevidade (possuem prazos máximos), excepcionalidade (cabível
em determinados caso) e do respeito da condição peculiar da pessoa em desenvolvimento (o adolescente possui garantias).
Reavaliação – Ocorrerá em até seis meses.
Medida de internação – Não há prazo máximo fixado, porém, sua duração é de até três anos, ou até vinte anos de idade, pois
após essa idade irá ocorrer a prescrição da medida sócio educativa. Cabe ressaltar que antes da sentença pode haver a
internação provisória, que somente durará até 45 dias. O art. 122 do ECA elenca três casos em que pode haver a internação do
adolescente (ato infracional cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, por reiteração no cometimento de outras
infrações graves, e por descumprimento reiterado e injustificado de medida anteriormente imposta). No caso do
descumprimento de medida anteriormente imposta, esta é tida como sanção pelo descumprimento, caso e que a internação
deverá ser decretada judicialmente por até três meses quando esta se mostrar a medida mais adequada.
Atividades externas – pode ser estudos, trabalhos, ficando a critério da equipe técnica se o juiz na sentença assim não proibir.

Cabe ressaltar que a internação não retira todos os direitos do adolescente, nesse contexto relata o ECA:
Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, entre outros, os seguintes:
I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público;
II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada;
V - ser tratado com respeito e dignidade;
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável;
VII - receber visitas, ao menos, semanalmente; (Ressalvados os casos de suspensão de visitas)
VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal;
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade;
XI - receber escolarização e profissionalização;
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social;
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje;
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles
porventura depositados em poder da entidade;
XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais indispensáveis à vida em sociedade.
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade.
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos
sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do adolescente.
SINASE – Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, está disciplinado no art. 54 da Lei 54.594/2012. Esse sistema
engloba o PIA, disciplinando elementos indispensáveis, nesse contexto:
Art. 52. O cumprimento das medidas socioeducativas, em regime de prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida,
semiliberdade ou internação, dependerá de Plano Individual de Atendimento (PIA), instrumento de previsão, registro e gestão
das atividades a serem desenvolvidas com o adolescente.
Parágrafo único. O PIA deverá contemplar a participação dos pais ou responsáveis, os quais têm o dever de contribuir com o
processo ressocializador do adolescente, sendo esses passíveis de responsabilização administrativa, nos termos do art. 249 da
Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), civil e criminal.
Art. 53. O PIA será elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica do respectivo programa de atendimento, com a
participação efetiva do adolescente e de sua família, representada por seus pais ou responsável.
Art. 54. Constarão do plano individual, no mínimo:
I - os resultados da avaliação interdisciplinar;
II - os objetivos declarados pelo adolescente;
III - a previsão de suas atividades de integração social e/ou capacitação profissional;
IV - atividades de integração e apoio à família;
V - formas de participação da família para efetivo cumprimento do plano individual; e
VI - as medidas específicas de atenção à sua saúde.
Art. 55. Para o cumprimento das medidas de semiliberdade ou de internação, o plano individual conterá, ainda:
I - a designação do programa de atendimento mais adequado para o cumprimento da medida;
II - a definição das atividades internas e externas, individuais ou coletivas, das quais o adolescente poderá participar; e
III - a fixação das metas para o alcance de desenvolvimento de atividades externas.
Parágrafo único. O PIA será elaborado no prazo de até 45 (quarenta e cinco) dias da data do ingresso do adolescente no
programa de atendimento.
Art. 56. Para o cumprimento das medidas de prestação de serviços à comunidade e de liberdade assistida, o PIA será elaborado
no prazo de até 15 (quinze) dias do ingresso do adolescente no programa de atendimento.

SUMULAS
Sumula 34 STJ - COMPETE A JUSTIÇA ESTADUAL PROCESSAR E JULGAR CAUSA RELATIVA A MENSALIDADE ESCOLAR, COBRADA
POR ESTABELECIMENTO PARTICULAR DE ENSINO.
Sumula 108 STJ - A APLICAÇÃO DE MEDIDAS SOCIO-EDUCATIVAS AO ADOLESCENTE, PELA PRATICA DE ATO INFRACIONAL, E DA
COMPETENCIA EXCLUSIVA DO JUIZ.
Sumula 265 STJ - É necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a regressão da medida sócio-educativa.
Sumula 492 STJ - O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de medida
socioeducativa de internação do adolescente.
Sumula 605 STJ - A superveniência da maioridade penal não interfere na apuração de ato infracional nem na aplicabilidade de
medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos.

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