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17° Curso Informativo Sobre Preservação de Coleções

Bibliográficas e Documentais

“Critérios de raridade bibliográfica, conhecer e


preservar”
Bibliotecas - coleções
- Acervo corrente – que atualizam a coleção
(livros, jornais, periódicos, dissertações, teses e materiais de
referência - dicionários, enciclopédias, gramáticas, guias,
anais de congresso, catálogos e outros);
- Acervo multimídia (CDs, DVDs, Fitas VHS, bases de
dados, etc.);
- Acervo digital (reproduções digitais de obras em domínio
público, e-books, revistas, jornais, etc.);
- Acervos especiais - A American Library Association
refere-se “a toda a gama de registros gráficos e não gráficos,
incluindo livros raros, manuscritos, fotografias, mapas, obras
de arte, artefatos e outros objetos”, como itens pertencentes
ao universo das coleções especiais.
FORMAÇÃO DE COLEÇÕES DE ESPECIAIS -
OBJETIVO
• O objetivo para a formação de coleções especiais, se
deve a necessidade de preservação de um patrimônio
que requer cuidados diferenciados daqueles utilizados
nos acervos correntes.
• Há a necessidade de implantação de políticas de
preservação e de segurança para este tipo de acervo,
não apenas por seu valor monetário, mas devido a
dificuldade da sua reposição em caso de sinistros
(acidentes, perda ou roubo).
OBRAS RARAS – COMO QUALIFICAR

• É muito importante que para a elaboração dos critérios de


raridade de uma instituição, se estabeleça uma comissão,
preferencialmente multidisciplinar, composta e utilizando
os conhecimentos dos seguintes agentes:

• Bibliotecário – conhecimentos técnicos e bibliográficos.


• Usuários - especialistas, que identifiquem as obras que são
marcos dentro das áreas do conhecimento que abrange o
acervo.
• Gestores da instituição - possui o conhecimento
histórico e administrativo.
CRITÉRIOS DE RARIDADE PRATICADOS
PELA FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL

• A Biblioteca Nacional, buscou elaborar critérios de


raridade próprios, que qualificassem seu acervo,
agregando valores aos critérios já consagrados
internacionalmente. Esses critérios foram elaborados
por uma Comissão de bibliotecários, e oficializados
através de uma ordem de serviço (OS-GD12/1984),
listando os critérios que são comumente empregados
para a qualificação de obras raras, observando as
questões condizentes com a função de biblioteca
depositária, particularizados pela própria natureza de
uma Biblioteca Nacional.
• Nesta Ordem de Serviço foi destacado ainda, que de
acordo com as particularidades e interesses
específicos de cada biblioteca e/ou colecionadores,
outras critérios poderão ser acrescidos.
CRITÉRIOS DE RARIDADE - FBN
- Todas as impressões dos séculos XV, XVI e XVII;
- Impressões do século XVIII até 1720 (questões de espaço físico, alicerçada
pela inclusão de mais 20 anos após a virada do século, onde entende-se já
estarem estabelecidas as técnicas de impressão referente ao século anterior);
- 0bras editadas no Brasil até 1841(produção gráfica se desenvolve a
partir do Segundo Reinado – 1831-1840);
- Edições de tiragens reduzidas;
- Edições especiais, de luxo para bibliófilos;
- Edições clandestinas;
- Obras esgotadas;
- Exemplares de coleções especiais, em geral com belas encadernações e
“ex libris”; e
-Exemplares com anotações manuscritas de importância, incluindo-se
dedicatórias.
Livro Antigo x Livro Raro

• Nem sempre a antiguidade pode ser traduzida em


raridade, tendo em vista que no século XVIII se
publicava de tudo. Muitas vezes os textos eram
truncados e incompreensíveis, obras eram
encomendadas, como p. ex. discursos de louvor a
alguém. O livro antigo para ser considerado raro,
precisa enquadrar-se em algum critério.
O Critério cronológico pode determinar a
raridade de obras
• A idade cronológica leva em conta a criação da
imprensa por Gutemberg (1455) e a aparição da
imprensa nos diversos lugares do mundo e/ou na
região onde foram impressas as obras e, desta
forma, justifica o princípio de que todos os livros
publicados artesanalmente merecem ser
considerados raros.
1- Obras anteriores a 1455 (manuscritos);
2- Os incunábulos (1455-1500) – primeiras impressões
(SÉC. XV – XVI);
3- Impressões do século XVII.
Manuscritos
Nos incunábulos, os impressores deram continuidade ao costume dos
escribas, que iniciavam o texto com o INCIP (aqui começa), e ao final da
obra o EXPLICIT (aqui termina), ambos contendo muitas vezes o nome do
autor e o título da obra.
Ex. Incipit - “Livro de Horas de Milão-Turim” 1445
Manuscritos
Ex. Explicit - Pseudo-Seneca. Tractatus de quatuor
virtutibus, and other grammatical texts.
Primeiras Impressões – Sec. XV-XVI
Características dos incunábulos
• Ausência de página de rosto
• Incipit
• Explicit
• Colofão
• Caracteres góticos
• Textos compactos
• Largo uso de abreviaturas
• Iluminuras
• Xilogravuras
• Texto em duas colunas
• Não eram paginados, às vezes
folheados
• Emprego de Glosas
• Registros
• Assinaturas
• Reclamos
• Grandes formatos (in-fólio)
• Texto em latim (3/4 das obras)
• Livro litúrgico (a maioria)
• Literatura antiga e obras jurídicas
(1/10 da produção)
• Papel de trapo, grosso, desigual e
de cor amarelada
Incunábulo
• Bíblia de Gutemberg – 1455.
Essa Bíblia é considerada o Incunábulo mais importante, pois marca o
início da produção de livros em massa no Ocidente. Também
conhecida como a bíblia de 42 linhas.
Incunábulo
Bíblia de Mogúncia
• Impressa sobre pergaminho,
cada página em duas colunas
com 48 linhas, sendo as iniciais
dos capítulos feitas à mão com
tinta azul e vermelha. Trata-se
da primeira obra impressa na
qual aparecem data, lugar e
nomes dos impressores, Fust e
Schoeffer (ex-sócios de
Gutenberg), no colofão.
• Dos 216 existentes na coleção,
a Bíblia é o incunábulo mais
antigo da Biblioteca Nacional,
que possui dois exemplares.
BÍBLIA. Latim. Mogúncia. 1462.
In civitate Maguntij: per Johannem
Fust e Petrum Schoeffer, in vigília
assumptionis Mariae [14 ago.]
1462. 2 v. 42 cm.
Características dos
Incunábulos

Incipit
Palavra latina que significa
“aqui começa”

• Bíblia. Latim. Mogúncia.1462.


Incip[it] epe’a sci iheronimi ad
paulinnu[m] p[re]sbiteru]m]: de
omibs divine historie libris. In
civitate Maguntij [Alemanha]: per
Johanne[n] Fust et Petru[m]
Schoiffher..., [14 de ago] 1462.
• Objeto digital: OR813929
Características dos Incunábulos

Explicit
Palavra latina que significa “aqui termina”

Bíblia. Latim. Mogúncia.1462.


Incip[it] epe’a sci iheronimi ad
paulinnu[m] p[re]sbiteru]m]: de
omibs divine historie libris. In civitate
Maguntij [Alemanha]: per
Johanne[n] Fust et Petru[m]
Schoiffher..., [14 de ago] 1462.
Objeto digital: OR813929
Características dos Incunábulos
Assinaturas - Cada página inicial do caderno ostenta, na
extremidade inferior direita sob a última linha do texto, um algarismo ou
símbolo chamado “assinatura”, que indicam a ordem dos cadernos. Por
exemplo: Ai, Aii, Aiii... No caderno seguinte Bi, Bii, Biii e assim por diante.
[...]
Características dos Incunábulos
Caracteres góticos; textos compactos; texto em duas colunas; não
paginados, às vezes folheados; texto em latim (3/4 das obras); papel
de trapo; obras litúrgicas, literatura antiga e obras jurídicas; grandes
formatos (in-folio, folha dobrada apena uma vez).
Características dos Incunábulos
Glosa- Explicação ou comentário ao redor de um texto de difícil
interpretação. Embora mais extenso é impresso em corpo menor
visando ocupar a mesma página do texto comentado.
Características dos Incunábulos
Largo uso de abreviaturas
Características dos Incunábulos
Reclamos
Palavra, sílaba ou parte de palavra escrita ou impressa à direita, ao pé
de cada página incunábulos e livros antigos, correspondentes a
primeira palavra do início da página seguinte.
Características dos Incunábulos
Registros - Lista de letras ou palavras, que indicavam o início
de cada um dos cadernos, era fornecida pelo impressor para
orientação do encadernador. Comum nos incunábulos aparecia
geralmente ao final do volume, acima do colofão, ou em folha
separada.
Características dos Incunábulos

Colofão

• Palavra grega que


significa “traço final”, que
além das informações
sobre o autor e título da
obra, informava o local, o
impressor e a data de
publicação.
Características dos Incunábulos
Xilogravura
• É a técnica de gravura semelhante ao carimbo. Reprodução das
imagens (ou textos) pelo processo de gravação em relevo com uma
matriz de madeira, possibilita a cópia da imagem gravada sobre papel
ou outros suportes.
Características dos Incunábulos
Iluminuras- Ilustração e ornamentação da letra capitular com
cores vivas, ouro e prata em antigos manuscritos e incunábulos. É
também a variação de desenhos decorativos, com motivos de flores,
folhas, ramos e figuras de cena, que se estendem ao longo das margens
em documentos manuscritos, como por exemplo o Livro de Horas.
AREVALO, Rodrigo Sanchez. Speculum Vitae Humanae. 1468. [Incunábulo - iluminuras]
Século XVI
• No século XVI os ornamentos e marcas de
impressores aparecem nas páginas de rosto.
A partir do século XVI, a imprensa se
propagou com grande rapidez, ao mesmo
tempo em que os livros assumiam uma
estética própria, em conformidade com os
padrões renascentistas. A tipografia passou
a ser uma arte, na qual se distinguiram
indivíduos e dinastias, como a dos Manúcio
(Itália), Estienne (França) e Plantin
(Antuérpia). As marcas e ornamentos
utilizadas pelos impressores agregam beleza
e valor às obras daquele período.
Séc. XVI – Marca do Impressor na
página de rosto [Joannem Parvum]
Séc. XVI
Páginas de rosto - As primeiras páginas de rosto
completas datam do séc. XVI — onde constam título, nome do autor,
ano da edição, dados do impressor.
Séc. XVI
•Também neste século foi instituído o Privilégio ,
concessão outorgada pelo soberano e a censura,
concessão dada pelas autoridades eclesiásticas e
governamentais que concediam ao impressor o direito
de imprimir uma determinada obra.

•☞ Privilégio

•TIPOS DE CENSURA
•☞ Imprimatur
•☞ Nihil Obstat
•☞ Licença do Santo Ofício
•☞ Licença do Ordinário
•☞ Desembargo do Paço
•☞ Licença Tríplice

O século XVI marcará a passagem na ilustração da


xilogravura para a gravura em metal.
Séc. XVI
Privilégio – Concessão outorgado pelo rei, que dava a um autor,
tradutor, editor ou impressor direito de exclusividade para publicar e
comercializar certa obra, durante tempo previamente estabelecido. Os
infratores eram penalizados com pesadas penas em dinheiro, a perda dos
volumes, ou até mesmo dos moldes e instrumentos de impressão. O
Privilégio pode ser encontrado no início ou no final do texto.
Séc. XVI - Censuras
Nihil obstat – O Nihil obstat ("nada impede") é a aprovação oficial
do ponto de vista moral e doutrinário de uma obra que aspira ser publicada,
realizada por um censor da Igreja Católica.
Séc. XVI - Censuras
Imprimatur – Licença de impressão autorizada por
autoridade eclesiástica. Geralmente aparece impressa na página de
rosto ou seu verso.
Séc. XVI - Censuras
Licença do Ordinário – Autorização concedida pelo
bispo, permitindo a publicação da obra.
Séc. XVI - Censuras
Licença do Santo Ofício – Licença rigorosa e
que exigia um exame detalhado da obra pelo Tribunal do Santo Ofício.
O texto era lido, várias vezes por diversos examinadores que
buscavam palavras que não apresentassem qualquer tipo de
interpretação errônea.
Séc. XVI - Censuras
Desembargo do Paço - Autorização em que o poder
político permitia a publicação das obras que não apresentassem
qualquer oposição contra o poder estabelecido.
Séc. XVI
Passagem da Xilografia para as
Gravuras em Metal
A gravura em metal é o processo de gravura feito numa matriz de
metal, geralmente o cobre. Gravuras com maior detalhamento,
imagens mais perfeitas e traços mais finos.
Critérios de Raridade
IMPRESSÕES DO SÉCULO XVII

• No século XVII, a edição de uma obra se transforma em


indústria e o livro em objeto de comércio.
• Neste século aparecem os grandes nomes da literatura:
Cervantes, Shakespeare, Molière, entre outros.
• É concedida a instalação de estabelecimentos oficiais
para tipógrafos, gravadores, impressores.
• Podemos citar como exemplo: Typographie Royale
(França), Oficina da Universidade de Oxford (Inglaterra);
John Baskerville (Inglaterra), Bodoni (Itália), Ibarra
(Espanha) e a família Didot (França), Oficina dos Plantin
(Antuérpia) e dos Elzevieres (Holanda).
IMPRESSÕES DO SÉCULO XVII
Cervantes Saavedra, Miguel de, 1547-1616. Vida, y Hechos del ingenioso cavallero. Madrid:
Andres Garcia de la Iglesias, 1674.
IMPRESSÕES DO SÉCULO XVIII
• Os livros impressos se destacaram mais pelas
ilustrações do que pelo texto em si.

• Os gravadores franceses do século XVIII, além das


ilustrações que faziam, contribuíram para a decoração
dos livros nas páginas de rosto gravadas, nas
cercaduras, letras iniciais, etc.

• O mentor dessa escola de decoração foi Pierre


Choffard, como podemos observar na edição dos
“Contes de la Fontainne”, 1762, e na “Metamorphoses
de Ovídio” impressa entre 1767 e 1771.

• Com a Revolução Francesa (1789-1799) esta escola


sumiu quase que totalmente.
“Metamorphoses de Ovídio”
Les Rémois (La Fontaine, Contes,
1732) - De Hooghe
Critérios de Raridade
Primeiras Impressões do Brasil - Séc. XIX
• Em relação ao Brasil, sobretudo nos estados, a
produção gráfica se desenvolve a partir do Segundo
Reinado; por esta razão estende-se o conceito de obra
rara até 1841, entretanto em muitas instituições houve
um acréscimo nesta data até 1850.

• Até a Independência do Brasil em 1822 a Impressão


Régia mantinha o monopólio da imprensa no Rio e
Janeiro.

• A primeira tipografia particular foi estabelecida na Bahia


por Silva Serva em 1811.
PRIMEIRAS IMPRESSÕES
BRASIL - SÉC. XIX
• A tipografia oficial no Brasil data de 13 de maio de 1808
com a criação da Impressão Régia, por D. João VI. O
primeiro folheto impresso foi “Relação dos despachos
publicados na corte pelo expediente da Secretaria de
Estado dos Negócios Estrangeiros.... Rio de Janeiro, em
13 de maio de 1808 na Impressão Régia”.
• Em relação a esta obra, Rubens Borba de Moraes,
escreve em sua obra Livros e Bibliotecas no Brasil
Colonia: “...Esse ‘incunábulo’ brasileiro contém em todas
as páginas (salvo uma) a lista de nomeações,
promoções, reformas, etc. de oficiais do exército em todo
o território brasileiro desde a chegada da corte ao Brasil
até 13 de maio de 1808...” (p.110)
Periódicos Brasileiros
• Todo o periódico que caracteriza o princípio da
história da imprensa brasileira. No caso do
acervo da Divisão de Obras Raras,
consideramos raros todos os periódicos
impressos no século XIX, a partir, é claro, de
1808, data de criação da Impressão Régia.
• Todo o periódico que caracteriza a fase inicial
da tipografia local de qualquer região.
Os Primeiros Jornais Impressos no
Brasil
• Corte (RJ) – 1808 - Gazeta do Rio de Janeiro
• Bahia – 1811- Idade d’Ouro do Brasil (Silva Serva)
• Pernambuco – 1821 - Aurora Pernambucana
• Maranhão - 1821 - O Conciliador do Maranhão
• Pará - 1822 - O Paraense
• Minas Gerais – 1823 - O Compilador Mineiro
• Ceará – 1824 - Diário do Governo do Ceará
• Paraíba – 1826 - Gazeta do Governo da Paraíba do Norte
• São Paulo – 1827 - O Farol Paulistano
• Rio Grande do Sul – 1827 - Diário de Porto Alegre
• Rio de Janeiro – 1829- O Eco na Villa Real da Praia Grande
• Goiás- 1830 - Matutina Meyapontense
• Alagoas – 1831- Íris Alagoense
• Santa Catarina – 1831- O Catharinense
• Rio Grande do Norte – 1832 - O Natalense
• Sergipe – 1832 - Recopilador Sergipano
• Espírito Santo – 1849 - Correio da Victoria
• Amazonas – 1851 - Cinco de Setembro
• Paraná – 1854 - O Dezenove de Dezembro
• Acre – 1902 - El Acre
PRIMEIRAS IMPRESSÕES
BRASIL - SÉC. XIX
Typ. Silva Serva (Bahia) - Idade D’Ouro - 14 de maio de
1811
EDIÇÕES CLANDESTINAS
• As Edições Clandestinas ocorrem por motivos morais, religiosos,
políticos ou por pirataria editorial.
• Através de estudos, constatamos a existência de tentativas de
tipografia no Brasil, com os holandeses, Jesuítas, mas certeza
temos no Rio de Janeiro em 1747 com Antônio Isidoro da Fonseca,
tipógrafo de Lisboa, que realizou seu trabalho imprimindo “Relação
da Entrada que fez (…) D. F. Antonio do Desterro Malheyro
Bispo do Rio de Janeiro em o primeiro dia deste prezente Anno
de 1747(…) / composta pelo doutor Luiz Antonio Rosado da
Cunha, Juiz de Fóra, e Provedor dos defuntos, e auzentes,
Capella, e Residuos do Rio de Janeiro, impressa no Rio de
Janeiro, em 1747, na Segunda Officina de Antonio Isidoro da
Fonsseca, (…)”.
• Em 6 de julho de 1747, pela ordem Régia – “todas as letras de
imprensa, que fossem encontradas no estado do Brasil, e intimava
a seus donos e aos oficiais impressores a proibição de imprimirem
qualquer livro ou papel avulso, sob pena de serem presos e
remetidos para o reino.” Com isso a tipografia de Antônio Isidoro da
Fonseca foi sequestrada e os prelos enviados de volta a Portugal.
EDIÇÕES DE TIRAGENS REDUZIDAS

• Edições em papel especial, numerados e


geralmente assinados. Podem incluir a
indicação do proprietário para o exemplar
numerado.
• Muitas vezes numa mesma edição são usados
diferentes tipos de papel, e para cada tipo uma
nova numeração.
• São edições limitadas com um número
específico de exemplares, geralmente
reduzidos.
ANDRADE, Carlos Drummond. 1975. Amor,
Amores. [Página de rosto e assinatura do autor]
Edições Numeradas
Farmacopéia Brasileira
EDIÇÕES ESPECIAIS DE LUXO
PARA BIBLIÓFILOS
• Edição feita nos moldes dos livros antigos.
• Papel de boa qualidade, folhas soltas ou
em cadernos, ilustradas ou alguma artista
de renome, geralmente in folio e
colocadas em caixas, com tiragem
limitada e podem ter a assinatura do autor.
• São obras do século XX com as riquezas
tipográficas dos grandes impressores dos
séculos XV e XVI.
Edições Especiais
AMADO, Jorge. A Morte e a Morte de Quincas Berro D´Água. [página de rosto].
Ilustrações de Carybé.
EXEMPLARES DE COLEÇÕES ESPECIAIS EM REGRA
GERAL COM BELAS ENCADERNAÇÕES E EX-LIBRIS
• Muitas vezes uma obra não é considerada rara
isoladamente, mas o fato de pertencer a um fundo faz
com que se torne rara, pelo seu conjunto e pela sua
história.
• As Coleções possuem Ex Libris, que geralmente são
muito bonitos e colados no verso da capa ou da página
de rosto.
• Os Ex Libris e Carimbos são marcas de propriedades que
irão identificar uma personalidade ou coleção,
documentando e comprovando sua origem.
• Podemos avaliar uma obra rara pelo seu valor extrínseco,
como as belíssimas encadernações em couro,
pergaminho, veludos, gravadas a ouro, com filetes e
seixas douradas, etc.
• As encadernações possuem seus estilos e grandes
encadernadores foram e são reconhecidos através dos
séculos.
• Com a descoberta da tipografia a encadernação torna-se
mais numerosa, surgindo novas técnicas e materiais.
Ex Libris
Ex Libris e Carimbos
EXEMPLARES COM ANOTAÇÕES MANUSCRITAS DE
IMPORTÂNCIA - INCLUINDO DEDICATÓRIAS

• Anotações manuscritas relevantes que


esclareçam ou comentem a obra, feitas
pelo próprio autor ou colecionador. Ex. Rui
Barbosa.
• Dedicatórias dos autores das obras, de
reis, governantes ou autógrafos de
celebridades.
• Informações relevantes que esclareçam
ou comentem a obra.
Dedicatória e Autógrafo
OBRAS ESGOTADAS
• São consideradas raras as edições consagradas e não
reimpressas de algumas obras. As obras esgotadas
costumam estar presentes nas coleções de instituições
ou particulares, alcançando um grande valor entre os
bibliófilos.
Obras esgotadas
AULETE, Caldas. Dicionário contemporâneo da língua
portuguesa. 8.ed. Rio de Janeiro: Delta, 1987.
Incunábulos Regionais ou Locais
• É de se notar, todavia, que a fixação da data de
1850 para obras raras, como é feita por
algumas bibliotecas, exclui todos os impressos
publicados na Província do Amazonas, que só
ganhou uma imprensa a partir de 1852, em
Manaus, ou na Província do Paraná, que inicia a
edição de obras apenas em 1854, após sua
separação de São Paulo. Nestes casos, de
qualquer forma, existe a possibilidade de se
tratar estas obras como “incunábulos regionais
ou locais”.
Critérios a se considerar
• Obras científicas e históricas que datam do período inicial de
ascensão de cada ciência;
• Edições censuradas;
• Obras desaparecidas, face à contingência do tempo;
• Edições populares, especialmente romances e folhetos literários
(cordel, panfletos);
• Edições de artífices renomados (tipógrafos, impressores,
editores, desenhistas, pintores, gravadores, etc.);
• Edições de clássicos, assim considerados nas histórias das
literaturas específicas;
• Teses defendidas até o final do século XIX;
• Periódicos estrangeiros dos séculos XV ao XIX;
• Primeiros periódicos brasileiros técnico-científicos;
• os assuntos tratados à luz da época em que foram pensados e
escritos;
• obras científicas que datam do período inicial de ascensão daquela
ciência;
• Apreendidas, suspensas ou recolhidas;
• Repudiadas pelo autor;
• Edições príncips (reproduçõs tipográficas de manuscritos, ex. A Ilíada
e a A Odisséia, de Homero , 1488);
• Primeiras edições;
• Edições preliminares;
• Texto definitivo;
• Obras de autores e editores locais ou regionais;
• edições limitadas e esgotadas, especiais e fac-similares;
personalizadas e numeradas, críticas, definitivas e diplomáticas;
• Livros publicados em formatos pouco usuais;
• obras impressas em circunstâncias pouco convenientes a esta arte,
tais como guerra;
• Edições de luxo;
• Edições com tiragem aproximada de 300 exemplares;
• Obras autografadas por autores renomados;
• Obras de personalidade de projeção política, científica, literária e
religiosa; etc.
Seleção do Acervo Raro
Basear-se no tripé:
• RARO - conceitos consagrados e agregados, de acordo com as
características da instituição e do acervo.

• ÚNICO – a unicidade é um conceito relativo, conceito que e algum


momento poderá ser alterado, devido ao caos documentário de diversas
instituições, ou falta de recursos humanos e materiais para identificação,
tratamento técnico e disponibilização de dados sobre o acervo. Se faz
necessário consultas constantes a outros acervos ou catálogos de livreiros.

• PRECIOSO – é de muita importância para uma determinada instituição,


mas não necessariamente tem o mesmo valor para outra.

Entretanto, podemos acrescentar e estes itens outra característica:


• CURIOSO – referindo-se àquelas obras em que o assunto foi tratado de
maneira “sui generis” ou de apresentação tipográfica incomum.

Algumas ações como o inventário, a análise e descrição bibliológica,


contribuem para um olhar mais atento e minucioso deste tipo de
acervo.
Marca de fogo
Pinturas nos cortes do livros
“fore edge” – Técnica inglesa do séc. XIV
Encadernações que são
verdadeiras “jóias”
Livros originais em miniaturas
Qualificação de Obras Raras

Considerações finais
Critérios de raridade para outros
formatos
• O conceito de obra rara está mais ligado ao
livro, mas pode incluir também os periódicos,
mapas, folhas volantes, cartões-postais e outros
materiais impressos. Fotografias, manuscritos,
gravuras e desenhos são obras únicas e
originais, e portanto não recebem esta
denominação de obra rara; devem receber, no
entanto, o mesmo cuidado dispensado às obras
raras em relação à preservação e conservação.
Rosângela Rocha Von Helde
Bibliotecária
Chefe do Plano Nacional de Recuperação de Obras Raras - Planor

Tel. 55 21 22202588 – 55 21 30953891


www.bn.br/planor
planor@bn.br

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