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A partir
da reação em cada droga, problematizar o porque de nos sentirmos desconfortáveis em relação
ao uso de algumas substâncias e outras não.
Vim falar de redução de danos, que é uma abordagem sobre o uso de substancias,
pessoas ou produtos. Nesse contexto ela ecoa a voz das pessoas que demandas dois direitos:
droga limpa e tratamento adequado para o seu problema.
A partir desse olhar, todas as vezes que nos reunimos pra falar sobre o nosso uso
de drogas e descobrir caminhos para viver melhor nossa relação com as drogas estamos fazendo
Redução de Danos.
1 – Quais são os valores que nos conduzem decidir não falar, a não usar, não se
aproximar das drogas? Porque algumas são legais e outras ilegais? Perguntar e deixar rolar
respostas.
Pra entender essa questão é preciso lembrar que nosso acordo social é pautado no
medo. Foi thomas Hobbes que disse que o Homem é o Lobo do homem. Segundo Ele, O que nos
faz obedecer a lei é o medo. É preciso temer aquilo que foge da regra, da lei, e aquele que inflige
a lei deve temer os seus defensores. Apesar de não vivermos mais o estado absolutista de
hobbes, nossos governantes ainda moram em palácios e palacetes. Essa política que vivemos
hoje tem seus fundamentos no século XVIII, quando a revolução industrial colocou as pessoas
nas cidades e fomos criando meios de controlar, de acondicionar, e de moldar os sujeitos parar
viver em sociedade. Três dessas instituições se destacam por influenciar nossa relação com as
drogas.
A igreja
Sistema Judiciário-Policial-Militar/Educacional
Sistema de Saúde
O que acontece é que apesar de servirem para o bem comum essas instituições são
meios de dominação antes do que de garantia de direitos, juntas fundaram o Brasil, a base de
genocídio e escravidão. Gerando uma dominação cultural, étnica, religiosa, social e de gênero.
Em geral existe uma personificação da perfeição da regra, que é ser Branco, Homem, Cristão,
Heterossexual, 1,75 de Altura, 70kg. Esse o modelo de cidadão tanto paro sistema comum às
três instituições. Elas atuam em redes sobre nós e se misturam na responsabilidade de manter
a produtividade e o desenvolvimento da sociedade, sempre alinhada a ideia de normalidade.
Essa atuação é uma força de manutenção das desigualdades sociais. E considera que todo
comportamento que não seja autorizado pela igreja, pelo sistema punitivo, ou pelo sistema de
saúde deve ser eliminado, tal como o uso de drogas. Surge ai a ideia de abstinência e de combate
as drogas como política pública.
Porque dá prazer ou nos produz saúde. Da maconha à dipirona. Pra começar esse
entendimento é inaceitável para o proibicionismo, não é possível que uma droga faça bem a
ninguém, a gente ouve muito. A droga é associada ao fruto proibido, ao sexo, aos prazeres da
carne, e segundo o cristianismo foi esse desejo que nos tirou do paraíso, por isso somos todos
culpados logo ao nascer e precisamos sofrer para pagar nossos pecados. Por isso, aquele que
usa droga e não se arrepende pode ir pro inferno.
E mesmo assim as pessoas continuam usando, por isso uma das questões da
redução de danos é como permitir que as pessoas trilhem caminhos não autorizados e que não
se enquadrem lógica do crime, pecado, sintoma. Assim podemos oferecer um tratamento
adequado sem interferir nos direitos civis dos cidadãos. Para a RD abstinência é uma
possibilidade, não uma meta, nesse tratamento cabem aquelas pessoas que não querem ou não
conseguem parar de usar as substâncias. Pois estão dependentes dela.