DECISÃO: Trata-se de agravo interposto de decisão que não
admitiu recurso extraordinário (art. 102, III, a) de acórdão do Tribunal
Superior do Trabalho, cuja ementa tem o seguinte teor (fls. 173):
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE
REVISTA. ANOTAÇÃO DA CTPS. PRESCRIÇÃO. Nega-se provimento a agravo de instrumento em que o Estado reclamado deduz pretensão contra texto expresso de lei, isto é, o § 1º do art. 11 da CLT. Segundo a regra inserta nessa norma, a prescrição não se aplica às ações que tenham por objeto anotação para fins de prova junto à Previdência Social. Precedentes. Agravo de instrumento a que se nega provimento.”
Nas razões do recurso, indica-se ofensa ao disposto no art. 7º, XXIX,
da Constituição federal. Sustenta-se que a condenação ao recolhimento da contribuição previdenciária referente ao período de 1975-1986 é indevida pois já foi fulminada pela prescrição. Alega-se também que a anotação da CTPS não deveria gerar efeitos condenatórios. É o relatório. Decido. O Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região manteve o entendimento de que “não há que se falar também em aplicação da prescrição em relação às contribuições previdenciárias devidas em decorrência da anotação do contrato de trabalho na CTPS da autora, eis que somente agora é que foi regularizada a anotação do contrato de trabalho” (fls. 122 e 139). No seu turno, o Tribunal a quo examinou a controvérsia da seguinte forma (fls. 174):
“Nas razões do agravo de instrumento, o reclamado
postula a reforma da decisão denegatória. Alega que incide ao caso a prescrição bienal porquanto a determinação de anotação da CTPS não tem natureza meramente declaratória, mas também condenatória haja vista a geração de encargos previdenciários. Reitera a invocação de ofensa ao art. 7º, XXIX, da Constituição da República. Não procedem os argumentos da parte. O § 1º do art. 11 da CLT, com a redação dada pela Lei nº 9.658/98, que adequou o texto legal ao inciso XXIX do artigo 7º da Constituição Federal, dispõe especificamente acerca do tema:
"Art. 11. O direito de ação quanto a créditos
resultantes das relações de trabalho prescreve: I - em cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois anos após a extinção do contrato; II - em dois anos, após a extinção do contrato, para o trabalhador rural. § 1º O disposto neste artigo não se aplica às ações que tenham por objeto anotações para fins de prova junto à Previdência Social."
Como se observa, a alegação do Estado-reclamado não
logra êxito porquanto deduz pretensão contra texto expresso de lei, isto é, o § 1º do art. 11 da CLT. Segundo a regra inserta nessa norma, a prescrição não se aplica às ações que tenham por objeto anotação para fins de prova junto à Previdência Social. A matéria encontra-se em consonância com o posicionamento desta Corte. Vide os precedentes:
RECURSO DE REVISTA. RECONHECIMENTO DO
VÍNCULO DE EMPREGO E ANOTAÇÃO NA CTPS. PERÍODO DE 29.6.1996 a 3.5.1998. PRETENSÃO QUE PREVALECE O CONTEÚDO DECLARATÓRIO. Considerando que quanto à pretensão relativa ao pedido de anotação na CTPS, no período de 29.6.1996 a 3.5.1998, prevalece o conteúdo declaratório, esta não se sujeita à prescrição. - (AIRR – 77900-42.2004.5.05.0006, Rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 5.ª Turma, in DEJT 28/06/2010). AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. 1. ANOTAÇÃO DA CTPS. IMPRESCRITIBILIDADE. Contra a anotação da CTPS não corre prescrição. A atual orientação do TST, erigida desde o cancelamento da Súmula n° 64 pela Resolução n° 121/2003, segue no sentido de ser imprescritível a ação declaratória de reconhecimento do vínculo de emprego, com a consequente determinação de anotação do contrato de trabalho na CTPS. Assim, em se tratando de ação declaratória, não flui prazo prescricional para reclamar contra omissão de anotação do contrato de trabalho na carteira profissional. Confira-se, a propósito, o teor do § 1º do art. 11 da CLT.- (AIRR – 192740-56.2006.5.02.0466, Rel. Min. Dora Maria da Costa, 8.ª Turma, in DEJT 24/09/2010). PRESCRIÇÃO. ANOTAÇÃO DA CARTEIRA PROFISSIONAL O § 1º, acrescido ao artigo 11 da CLT, reconhece expressamente a imprescritibilidade do direito às ações que objetivem anotações para fins de prova junto à Previdência Social. A alteração nada mais fez do que corroborar a posição doutrinária e jurisprudencial no sentido de que as ações declaratórias não se sujeitam à prescrição. Dessa forma, proferida a v. decisão recorrida em 16.07.98, posteriormente à publicação da referida lei, é de se afastar a prescrição. - (ED-RR – 522582- 20.1998.5.21.5555, Rel. Min. Aloysio Silva Corrêa da Veiga, 1.ª Turma, in DJ 29/11/2002). AÇÃO DECLARATÓRIA - PRESCRIÇÃO A Ação Declaratória proposta com o objetivo de obter a declaração de existência de contrato de trabalho e a respectiva anotação na carteira profissional, para fins de prova junto à Previdência Social, não está submetida ao crivo da prescrição, nos termos do art. 11, § 1º, da CLT. - (RR – 132100-39.2002.5.03.0001, Rel. Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, 3.ª Turma, in DJ 13/08/2004).
Nesse contexto, incólume o art. 7º, XXIX, da Constituição
Federal.”
Portanto, o recurso, tal como formulado, não tem o condão de
infirmar os fundamentos do acórdão recorrido. A questão da condenação ao recolhimento das contribuições previdenciárias não foi expressamente discutida pelo Tribunal a quo. Incide na espécie o óbice da Súmula 356. Ademais, a discussão sobre os efeitos da anotação na CTPS demandaria o reexame da legislação infraconstitucional, de forma que eventual ofensa à Constituição é reflexa ou indireta, o que dá margem ao descabimento do recurso extraordinário. Do exposto, conheço do agravo para negar seguimento ao recurso (art. 544, § 4º, II, b, do Código de Processo Civil). Publique-se. Brasília, 29 de fevereiro de 2012.
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