Na visão da autora, a entrevista enquanto técnica seria fria nas relações possíveis entre
entrevistado e entrevistador. Para atingir os limites possíveis da inter-relação, da comunicação
humana, propõe-se o conceito de diálogo. É percebível quando determinada entrevista passa
emoção, autenticidade no discurso enunciado tanto pelo entrevistado quanto no
encaminhamento das perguntas pelo entrevistador. Ocorre com limpidez o fenômeno da
identificação, ou seja os três envolvidos ( fonte de informação, repórter e receptor) se
interligam em uma única vivência. A experiência de vida, o conceito, a dúvida , o juízo de valor
do entrevistado transformam-se numa pequena ou grande história que decola do indivíduo
que a narra para se consubstanciar em muitas interpretações.
O que acontece na maioria dos casos é que o comunicador imprime um ritmo de sua pauta e
até mesmo preestabelece as respostas. O interlocutor é conduzido a tais resultados.
Função da entrevista: “A entrevista, nas suas diferentes aplicações, é uma técnica de interação
social, de interpenetração informativa, quebrando assim isolamentos grupais, individuais,
sociais; pode também servir à pluralização de vozes e à distribuição democrática da
informação (...) Constitui um meio cujo fim é o inter-relacionamento humano. (p.8).
Martin Buber - diálogo atinge uma interação humana criadora; ambos os partícipes interagem,
se modificam, se revelam, crescem no conhecimento do mundo e deles próprios.
Morin (“A entrevista nas Ciências Sociais, na rádio e na televisão”)- Entrevista se sustenta na
palavra, na linguagem verbal. Se de uma lado a palavra é rica, de outro, ela pode ser uma fonte
duvidosa. Ela corre o risco permanente de dissimulação e fabulação, o que exige do
entrevistador uma sensibilidade sobre fatores que “perturbem” a fluência da entrevista. Os
entrevistados reagem à entrevista:
a. por inibição (bloqueio puro e simples ou por uma resposta fugitiva)
b. por timidez (reposta polidas, procurando responder de forma agradável ao
entrevistador)
c. por mecanismos de atenção e desatenção (respostas pré-formuladas)
d. por múltiplas tendências a racionalizar seu ponto de vista, quer dizer, a lhe dar uma
legitimação, uma justitifcativa, que mascaram sua verdadeira natureza;
e. pelo exibicionismo, que leva a fabulações e comédias.