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Colégio Ítaca

A TEORIA QUÂNTICA E SEU DUALISMO

MARINA IZABELA

São Paulo
2017
1

Colégio Ítaca

A TEORIA QUÂNTICA E O SEU DUALISMO

Trabalho monográfico apresentado ao Colégio


Ítaca, durante o ano letivo de 2017, sob a
orientação do Prof. José Roberto Braz Paião.

São Paulo, Outubro de 2017


2

Dedico este trabalho aos meus avós maternos, Maria


Aparecida e Valter, “In Memorian”, que mesmo não
estando mais presentes fisicamente no meu dia a dia,
estarão sempre guardados na minha memória como os
melhores avós do mundo.
3

”Nada é tão maravilhoso que não possa existir, se admitido pelas leis da Natureza.”
Michael Faraday
4

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer, primeiramente, à minha mãe, que durante todo esse


processo monográfico e em todos os momentos da minha vida, me apoiou e me ajudou
a não perder a cabeça.

Aos meus amigos, tanto os que compartilharam comigo esta experiência


desafiante de produzir esta monografia quantos os que não, por serem muito pacientes e
atenciosos.

Á minha madrasta, Celina, por sempre acreditar em mim, independente de


qualquer coisa.

Ao meu tio Renato, por me ajudar com meu trabalho, mas, também, por me
descontrair em momentos de estresse e me fazer companhia em dias que seriam muito
solitários.

Agradeço ao meu orientador Prof. José Roberto Braz Paião por me guiar neste
trabalho analítico e me auxiliar em sua execução.

Por último, mas não menos importante, gostaria de agradecer à Profª. Cecilia
Romo Jorquera, por me dar pequenas orientações e me ajudar na produção textual desta
Monografia.
5

LISTA DE IMAGENS
Figura 1-Espectro eletromagnético
Figura 2-Esquema do experimento de dupla fenda de Thomas Young
Figura 3-Esquema do arranjo experimental de Hertz
Figura 4-Representação ilustrativa do átomo
Figura 5-Foto do padrão de interferência da difração de elétrons
Figura 6-Foto do padrão de interferência da difração de raios X

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Curva do espectro de radiação do corpo negro com as curvas de Wien e


Rayleigh
Gráfico 2- Curva do espectro de radiação do corpo negro com as curvas de Wien,
Rayleigh e Planck
Gráfico 3- Gráfico do efeito fotoelétrico
6

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...........................................................................................7

1- O SURGIMENTO DA FÍSICA QUÂNTICA E


INOVAÇÕES.............................................................................................8

2-SOBRE A NATUREZA DA LUZ E O EFEITO FOTOELÉTRICO:


SERIA UM COMEÇO PARA CONCEPÇÃO DE DUALIDADE
ONDA-
PARTÍCULA.............................................................................................13

2.1-O EFEITO FOTOELÉTRICO..............................................................15

2.2-ALBERT EINSTEIN E O EFEITO FOTOELÉTRICO.......................18

2.3- INTERPRETAÇÕES SOBRE O ARTIGO DE 1905 E O POSSÍVEL


COMEÇO DA DUALIDADE ONDA-PARTÍCULA................................19

3- LOUIS DE BROGLIE E A DUALIDADE ONDA-


PARTÍCULA...........................................................................................23

3.1-PRIMEIRO ARTIGO DE 1923: “ONDAS E QUANTA” ..................24

3.2- A TESE DE DOUTORADO 1924 – “PESQUISAS SOBRE A


TEORIA DOS QUANTA”
...................................................................................................................26

3.3-COMPROVAÇÕES EXPERIMENTAIS..........................................28

CONCLUSÃO..........................................................................................31

REFERÊNCIAS...................................................................................32
7

INTRODUÇÃO

A ciência, como método de descrição dos fenômenos que ocorrem no universo,


se desenvolve a partir de pequenas descobertas e teorias. De maneira análoga, podemos
pensar na construção de um muro, onde cada nova pesquisa e descoberta é um pequeno
tijolo para esta construção, que muitas vezes é exponencialmente alavancada ou
parcialmente ruída por estas novas teorias e descobertas que revolucionam sua maneira
de explicar o universo.

Estes marcos, são essenciais para evolução científica, pois nesta não existem
verdades absolutas e, quando suas comprovações tomam este caráter é uma indicação de
que algo precisa ruir. Um exemplo disto foi a Revolução Copernicana, quando o
modelo geocêntrico adotado pela Igreja foi contraposto pelo modelo Heliocêntrico, de
Nicolau Copérnico (1473-1543) em sua obra “De Revolutionius Orbium Coelestium” de
1543.

O século XX foi, para o mundo, citando Hobsbaw, “A era dos Extremos”. O


século em que a humanidade presenciou desde o Nazismo de Hitler e as duas guerras
mundiais, até a consolidação das utopias políticas do século XIX, com as Revoluções
sociais comunistas, e a sua queda em 1989 com o fim da URSS. Sendo assim, o século
foi também de grandes descobertas e reviravoltas também para as ciências naturais,
desde a descoberta do DNA até a formulação de uma nova teoria da gravitação, mais
conhecida como a Teoria da Relatividade Geral.

Deste modo, este trabalho irá abordar uma das maiores revoluções na história da
Física: o surgimento da física quântica no começo do século XX e seu desenvolvimento
teórico-experimental sobre o comportamento dualístico da matéria proposto por Louis
De Broglie em 1924.

Buscou-se analisar a construção do primeiro conceito de dualidade onda-


partícula do século XX e como este foi um marco dentro da Teoria Quântica.

Esse objetivo foi realizado, principalmente através da leitura do livro “História


da Teoria Quântica: a dualidade onda-partícula, de Einstein a De Broglie” e os
principais artigos de Albert Einstein e De Broglie: “Sobre um ponto de vista heurístico a
respeito da produção e transformação da luz (1905)” e “Pesquisa sobre a teoria dos
quanta (1924)”.
8

Capítulo 1

O surgimento da física quântica e inovações

O avanço da física desde o século XVIII com a consolidação das Leis de


Newton e, no século XIX com a unificação das teorias elétrica e magnética por James
Clerk Maxwell 1 (1831-1879) desencadeou, para muitos, a ideia de que a Física e suas
leis fundamentais haviam chegado ao seu limite. Um dos defensores desta ideia foi
Albert A. Michelson2, futuro laureado com o Nobel por seus estudos sobre a luz, que
em seu discurso de abertura do Ryerson Physics Lab no ano de 1894, na universidade
de Chicago citou o seguinte trecho:

As leis fundamentais e os fatos da ciência física mais importantes foram todos


descobertos, e estão agora tão firmemente estabelecidos que a possibilidade de serem
algum dia suplantados em consequência de novas descobertas é excessivamente
remota. As descobertas futuras devem ser procuradas na sexta casa decimal.
(Barrow,apud DE GRASSE,Tyson,2015)

Até mesmo Lorde Kelvin3, físico conhecido pelas contribuições à


termodinâmica, afirmaria em 1901 que a física estaria completa e existiriam apenas
duas nuvens em seu céu: o experimento de Michelson e Morley, que procurava

1
James Clerk Maxwell (1831 - 1879) foi um físico e matemático escocês. Estabeleceu a relação entre
eletricidade, magnetismo e a ótica. Suas equações, mais conhecidas como equações de Maxwell, foram a
chave para a construção do primeiro transmissor e receptor de rádio, para compreensão do radar e das
micro-ondas. Teve também grande influência nos trabalhos de Albert Einstein (Teoria da Relatividade
Restrita), sendo considerado pelo mesmo como o maior físico do século depois de Newton.
2
Albert Abraham Michelson (1852 -1931) foi um físico estadunidense, mais conhecido por seus trabalhos
com a medição da velocidade da luz e pelo Experimento de Michelson-Morley. Foi o primeiro americano
a receber o Prêmio Nobel em ciências.

3
William Thomson, conhecido como Barão Kelvin ( 1824-1907) foi um físico, matemático e
engenheiro, considerado um dos nomes mais importantes das ciências físicas do século XIX. Lorde
Kelvin contribuiu de forma relevante para os avanços da análise matemática da eletricidade e da
termodinâmica. Uma de suas principais realizações foi o desenvolvimento da escala Kelvin de
temperatura absoluta, onde o zero absoluto é definido como 0 K.
9

determinar o movimento da Terra em relação ao éter luminífero, meio pelo qual


supostamente a luz se propagava e, o problema da equipartição de energia do corpo
negro, em que a teoria clássica não conseguia descrever tal fenômeno. Essas “duas
nuvens” posteriormente levariam ao desenvolvimento da Teoria da relatividade e da
Teoria quântica, respectivamente.

A teoria eletromagnética, que tem como seu principal participante Maxwell,


aponta a existência de ondas eletromagnéticas. Sendo a luz visível um tipo de onda
eletromagnética, suas propriedades poderiam ser postuladas por esta teoria, sendo uma
destas propriedades a sua velocidade. Assim, a luz visível e outros tipos de ondas tais
como raios x, gama, entre outros, participam do mesmo grupo ondular, isto é, suas
diferenças são apenas expressas no comprimento de onda e na sua frequência, como

mostrado no espectro eletromagnético na Figura 1.

A priori, o problema da distribuição de energia do corpo negro teve sua origem


nas grandes fábricas de aço da segunda Revolução Industrial pois, observava-se que
quando uma barra de metal era aquecida, sua cor mudava gradualmente, mas não se
sabia ao certo o porquê deste fenômeno.
Desta forma, vemos que este problema está intimamente ligado à teoria
eletromagnética, uma vez que o corpo negro trata se de um objeto que possui a
propriedade de absorver
Figura 1. Espectro toda radiação
eletromagnético incidida
e a relação sobre ele,e sem
entre frequência nenhumadereflexão
comprimento e, aomaior o
onda. Quanto
comprimento de onda, menor será sua frequência e vice-versa. A imagem compara o comprimento de
ser colocado
materiais sob altas
conhecidos comtemperaturas
o comprimentopassa a emitir
das ondas, luz
todos emde diferentes comprimentos de
metros.
onda.
10

Este problema tomava lugar na física desde 1860, quando Gustav Robert
4
Kirchhoff (1824-1887) começou a estudar teoricamente os corpos negros e,
estabeleceu relações entre a densidade da radiação que sofre inúmeras reflexões dentro
de um orifício e o fluxo de energia emitido por este orifício, mostrando que a frequência
da radiação deste corpo dependia somente da temperatura.
Em 1884, Ludwig Boltzmann5 (1844-1906) estudou teoricamente este caso e obteve,
segundo a teoria eletromagnética e termodinâmica, que a energia total emitida por um
corpo negro era proporcional à temperatura elevada à quarta potência. Esta equação é
mais conhecida como equação de Stefan-Boltzmann, graças a Josef Stefan (1835-1893)
que em 1879, ao estudar a emissão de radiação por um fio de platina a duas
temperaturas diferentes obteve o mesmo resultado.

Mesmo com todos estes trabalhos sobre o corpo negro não havia ainda nenhum
que determinasse o espectro de emissão do objeto, ou seja, a distribuição de energia em
função dos diferentes comprimentos de onda.

Com isso diversos físicos surgiram para solucionar o problema. Em 1896,


Wilhelm Wien6 (1864-1928) físico alemão, formulou uma equação chamada “lei de
Wien”, que foi confirmada em 1897 pelo estudo de baixas temperaturas e altas
frequências luminosas por F. Paschen e H. Wanner. Porém, posteriormente em 1900
medidas do espectro do corpo negro apresentaram que para ondas longas, no
infravermelho, a lei de Wien não cumpria seu papel.

Em 1900, Lorde Rayleigh7 (1842-1919) físico e matemático inglês, fez ajustes

4
Gustav Robert Kirchhoff ( 1824 - 1887) foi um físico alemão. Suas contribuições científicas foram
principalmente no campo dos circuitos elétricos, na espectroscopia, na emissão de radiação dos corpos
negros( foi ele que propôs o nome de "radiação do corpo negro" em 1862) e na teoria da
elasticidade (modelo de placas de Kirchhoff–Love). É autor de duas leis fundamentais da teoria clássica
dos circuitos elétricos e da emissão térmica.
5
Ludwig Boltzmann ( 1844 - 1906) foi um físico austríaco pioneiro na aplicação da estatística nos
estudos da termodinâmica e da teoria cinética dos gases. Grande defensor da teoria atômica ainda quando
esta não tinha prestigio dentro da sociedade científica. Se suicidou, principalmente em decorrência da
depressão acarretada pela restrição a aceitação de seus trabalhos.
6
Wilhelm Carl Werner Otto Fritz Franz Wien ( 1864 - 1928) foi um físico alemão que, em 1893, usou as
teorias sobre o calor e eletromagnetismo para deduzir a lei do deslocamento de Wien. Em 1911 recebeu o
Prêmio Nobel por seu trabalho sobre a radiação do calor.
7
John William Strutt (1842 - 1919), foi um matemático e físico inglês, conhecido por suas pesquisas em
fenômenos ondulatórios. Juntamente com o químico inglês Sir William Ramsay recebeu o Nobel de
Física, em 1904, por pesquisas sobre a densidade dos gases mais importantes e pela descoberta
11

ao modelo de Wien para contornar o problema de ondas longas, mas em contrapartida


este não funcionava para comprimentos de onda pequenos.

Os resultados obtidos por Rayleigh e Wien eram totalmente embasados no


eletromagnetismo e na termodinâmica clássica, principalmente o trabalho do lorde
inglês baseado, essencialmente, na teoria clássica de ondas, tomando como base
somente propriedades da radiação; deste modo a teoria Eletromagnética não conseguia
explicar os resultados obtidos experimentalmente. Pois, de um lado supria
quantitativamente a zona dos comprimentos de onda mais longos, mas, ao se aproximar
dos comprimentos de ondas curtos a curva proposta divergia, prevendo valores muito
altos e tendendo ao infinito, como podemos vez na figura 1.2.

Gráfico 1. Gráfico esquemático da curva de densidade da radiação do corpo negro (p)


em função da frequência (ƒ).

Como vimos até o início de 1900 a lei de Wien era considerada integralmente
correta, sendo trabalhada e comprovada por Max Planck8. Porém, após os dados
experimentais obtidos mais tarde no mesmo ano apresentarem as divergências relatadas
anteriormente, Max Planck tentou, apressadamente, corrigir seu erro e assim apresentou
uma nova hipótese para o caso à Sociedade Alemã de Física em outubro de 1900, que
ficou conhecida como “Lei de Planck”. Uma das premissas dessa lei era que Planck
levava em consideração, diferentemente de Rayleigh, os ressonadores do corpo, ou seja,

do argônio.
8
Max Karl Ernst Ludwig Planck (1858-1947) foi um físico alemão. É considerado o pai da física
quântica e um dos físicos mais importantes do século XX, foi laureado com o Nobel de Física de 1918,
por suas contribuições na área. Em 1913 se tornou reitor na Universidade de Berlim.
12

o que no nível microscópico absorve ou emite a radiação e por isso sua equação era
correta. Como pode-se observar na figura 1.3, a curva de Planck se ajusta perfeitamente
ao espectro de emissão do corpo negro.

Gráfico 2. Gráfico da densidade da radiação em função do comprimento de


onda.

Não satisfeito totalmente Planck trabalhou melhor em cima dessa lei, mas em
uma nova abordagem; este aplicou a probabilidade de Boltzmann à equação. Para isto,
ele estudou a probabilidade de uma distribuição de energia E entre ո ressonadores
iguais. Entretanto, se ele tomasse a energia como contínua haveriam infinitos modos de
distribui-la entre estes ressoadores, sendo impossível determinar uma probabilidade
finita, necessária para o caso.

Assim a distribuição de energia (E) deste corpo deveria ser descontínua e


dividida entre elementos de energia ԑ, que por sua vez tinham um valor proporcional à
frequência desses emissores de radiação (ƒ) e a uma nova constante h, obtida através
dos dados experimentais conhecida por “constante de Planck”, essencial para o estudo
de diversos fenômenos quânticos; resultando então que ԑ=ƒh e que a energia total do
corpo seria números inteiros de ƒh,ou seja, E=nƒh.

Ainda que não gostasse da ideia de descontinuidade de energia, Planck


inevitavelmente introduziu este conceito, quebrando um forte pilar da Física Clássica
sobre a noção de energia, o que acarretou em muitas críticas sobre seu trabalho, sendo
taxado de difícil de compreender e que se tratava de um caso muito particular, fazendo
com que parecesse não poder ser aplicado em outros campos.
13

O que não surpreende o fato de muitos físicos na época não perceberem que ali,
a partir da quantização de energia estava nascendo um novo ramo da física: a física
quântica, que atualmente junto com a Teoria da Relatividade de Einstein, é um dos dois
pilares da Física Moderna.

Devido ao seu avanço a partir deste momento, a Teoria Quântica se tornou


essencial para o mundo atual e seu desenvolvimento tecnológico-cientifico. Expandindo
se por diversas áreas além da Física: como na Química com a nanotecnologia e os nano
tubos de carbono, na Biologia com a microbiologia e o microscópio eletrônico, na
Medicina com a ressonância magnética e o uso de lasers e, na Computação com o
advento do transistor e atualmente com a computação e criptografia quântica.
14

Capítulo 2

Sobre a natureza da luz e o efeito fotoelétrico: seria um


começo para concepção da dualidade onda-partícula?

A luz, como fenômeno natural ou estimulado (fotoluminescência), desde sempre


teve grande papel na vida dos seres humanos, as indagações sobre seus mistérios datam
desde a Antiguidade Clássica, séc VI a.C.

Os primeiros filósofos gregos, conhecidos como pré-socráticos, já se


questionavam sobre a natureza de fenômenos luminosos; formularam a teoria que a luz
vinda do Sol e o seu calor eram formados e, propagados por pequenas partículas que
viajavam em alta velocidade, porém é importante frisar que não se tratam de partículas
iguais, que falaremos a seguir.

Foram séculos de discussões e indagações sobre a luz, dos chineses aos


egípcios. No entanto apenas no séc. XVII com duas grandes frentes teóricas rivais
permaneceram em discussão entre os estudiosos: a teoria ondulatória e a teoria
corpuscular.

Tomando como base o conceito grego sobre a luz, Isaac Newton 9 formulou sua
teoria corpuscular publicada em seu tratado “Optiks” em 1704. Sucintamente, sua teoria
consistia no fato de que a luz era feita de pequenas partículas com massa e se
comportavam conforme a mecânica, explicada em sua série de livros “Philosophiae
naturalis principia mathematica”. Certamente esse foi um dos motivos mais
importantes para que Newton sustentasse essa teoria. Além disso, fenômenos como a
reflexão eram facilmente explicados: Sabe-se que quando um feixe de luz incide sobre
uma superfície totalmente lisa o ângulo de incidência do raio é exatamente igual o
ângulo de reflexão; da mesma forma quando se joga uma bola sobre uma superfície lisa,
o mesmo movimento elástico ocorre.

9
Isaac Newton (1642-1727) foi um cientista inglês. Descobriu a "Lei da Gravitação Universal". É
considerado um dos maiores estudiosos da história da humanidade. Publicou diversos trabalhos sobre
mecânica, astronomia, física, química, matemática e alquimia. Há também escritos seus sobre teologia.
15

Anteriormente em 1690, o físico e matemático holandês Christiaan Huygens10,


já havia apresentado uma hipótese para a natureza da luz, mas diferentemente de
Newton, propôs uma teoria ondulatória. Para Huygens as ondas luminosas se
propagariam no espaço da mesma forma que as ondas sonoras.

Sendo assim, ambas as teorias pareciam estar corretas; ambas explicavam os


fenômenos básicos da luz (reflexão, refração e propagação retilínea da luz). Porém, por
ser mais reconhecido e renomado dentro da comunidade científica, Isaac Newton
recebeu mais adeptos e sua teoria foi considerada correta por quase um século.

Em 1801, houve uma reviravolta, Thomas Young11 propôs um experimento que


apontava a natureza ondulatória da luz. O experimento, mostrado na imagem 2.1,
consistia no estudo da difração: uma fonte luminosa é posicionada atrás de uma
superfície plana com duas fendas (S¹ e S²), e a frente desta se posiciona um anteparo.
Ao encontrar um obstáculo como esta fenda, a luz, se tomada como ondas, se
dispersaria e ocorreria certo desvio da sua trajetória retilínea original formando no
anteparo um padrão de franjas (b), também chamado de padrão de interferência, onde
seriam expostos lugares com maior intensidade e menor intensidade de incidência luz.

Figura 2. Esquema do experimento da dupla Fenda de Thomas Young.

10
Christiaan Huygens (1629- 1695) foi um físico, matemático e astrônomo neerlandês. Em física,
Huygens é bastante lembrado por seus estudos sobre luz e cores, percepção do som, estudo da força
centrífuga, o entendimento das leis de conservação em dinâmica equivalentes ao moderno conceito
de conservação de energia, o estudo da dupla refração no cristal da Islândia, e a teoria ondulatória da luz.

11
Thomas Young (1773-1829) foi um físico, médico e egiptólogo britânico. Em 1801 foi nomeado
professor de filosofia natural do Royal Institution. Conhecido pela experiência da dupla fenda, que
possibilitou a determinação do carácter ondulatório da luz.
16

Após resultados experimentais coincidirem com o que se esperava e assim


comprovarem a natureza ondulatória, a teoria corpuscular foi rapidamente derrubada e
esquecida por pelo menos dois séculos. Além disso, para reforçar esta visão ondulatória,
em 1865, James Clerk Maxwell notou que as ondas eletromagnéticas se propagavam no
vácuo a 3.10 m/s², coincidentemente a mesma velocidade de propagação da luz no
vácuo. Desta forma, concluiu-se que a luz é uma onda eletromagnética.

2.1-O efeito fotoelétrico

Em 1887 Heinrich Hertz, físico alemão, ao estudar a natureza eletromagnética da


luz notou algo além da comprovação dessa teoria em seu experimento. Como pode ser
visto na figura 2.2, seu experimento tratava da produção de descargas elétricas por uma
espécie de bateria entre duas superfícies metálicas. Estas descargas geravam uma faísca
inicial. Ao gerar esta faísca ocorria a oscilação de cargas elétricas nas superfícies
metálicas, o que por consequência produzia ondas eletromagnéticas. Estas chegavam a
outro receptor metálico e geravam uma nova faísca.

Figura 3. Esquema representativo do experimento de emissão de ondas


eletromagnéticas feito por Heinrich Hertz

Para melhor visualização da faísca secundária, Hertz colocou um invólucro


escuro em volta do receptor metálico. Ao fazer isto, notou que a faísca se tornara menos
intensa, fato que o intrigou muito. Após tempos de estudos contínuos e experimentações
com diversas radiações, Hertz descobriu através da dispersão da luz da faísca por um
prisma de quartzo que, o comprimento de onda que intensificava a faísca estava além do
comprimento de onda da luz visível e, se tratava do ultravioleta. Assim concluiu que o
efeito se dava principalmente por esta radiação
17

No ano seguinte a esta descoberta, em 1888, Wilheim Hallwachs12, também


físico alemão, apresentou uma forma mais simplificada de demonstrar o potencial
fotoelétrico da radiação ultravioleta. Uma placa circular de zinco era colocada sobre um
suporte e, ligada por um fio a um eletroscópio de ouro, que apresentava a carga da placa
metálica (positiva ou negativa). Se a carga fosse negativa o eletroscópio se manteria
elevado, se fosse positiva ficaria em repouso. Ao incidir radiação ultravioleta sobre a
placa de metal positiva nada ocorrerá, não haverá mudança de cargas. Por outro lado, ao
incidir a radiação sobre a placa negativamente carregada haverá uma rápida mudança de
cargas, e o eletroscópio repousará quase instantaneamente a exposição.

Embora as observações experimentais demonstrassem a mudança de cargas pela


interferência da radiação, não havia teoria alguma que explicasse diretamente esse
fenômeno.

Esse cenário perdurou até 1899 quando Joseph John Thomson13, descobridor do
elétron em 1897, concluiu que este fenômeno de troca de cargas consistia na retirada de
elétrons do metal pela radiação. O método usado por Thomson foi colocar dentro de um
tubo a vácuo uma superfície metálica (catodo), que seria atingida por alguma radiação
(no caso, a violeta), e desse modo transformar este cátodo em um emissor de feixe de
elétrons ou raios catódicos.

Thomson explicou este fenômeno a partir da vibração que as ondas causavam


nos átomos que compunham o cátodo. Já se sabia que os átomos possuíam elétrons ao
seu redor, assim estas vibrações, causadas pela oscilação do campo elétrico da radiação,
faziam com que os elétrons do cátodo vibrassem e fossem ejetados. Esperava-se
também que quanto maior a intensidade da luz, maior seria a quantidade de elétrons
ejetados e, maior a velocidade destes. Ao aumentar a frequência da radiação, os elétrons
seriam vibrados mais rapidamente, fazendo com que a ejeção eletrônica fosse mais
rápida. Para ambos os casos a produção de raios catódicos demoraria certo tempo, pois
os elétrons deveriam vibrar até ganhar energia suficiente para saírem da barra de metal.

12
Wilhelm Ludwig Franz Hallwachs ( 1859 - 1922) foi um físico alemão. Hallwachs foi um grande
construtor de instrumentos científicos. Entre os numerosos aparelhos que ele inventou, estão
o eletrômetro de quadrante e um duplo refratômetro de grande precisão. Foi assistente de Heinrich Hertz.
Em 1888 formulou a hipótese de que uma placa condutora sobre a qual incide luz ultravioleta carrega-se
positivamente em virtude dos elétrons serem arrancados.
13
Joseph John Thomson (1856-1940), conhecido por J. J. Thomson foi um físico britânico que descobriu
o elétron. Estudou engenharia no Owens College e se mudou para o Trinity College em Cambridge. De
1884 a 1919 foi Professor Cavendish de Física.
18

Em 1902, Phillipp Lenard14, físico alemão, estudou como a energia dos elétrons
emitidos variava em relação a intensidade da luz. Para medir a energia destes elétrons
Lenard dispunha-se de uma estrutura semelhante à de Thomson, porém os elétrons
emitidos seriam recebidos por uma placa de metal (anodo) ligada a um amperímetro,
para medição da intensidade da corrente elétrica. O anodo estaria negativamente
carregado, deste modo apenas elétrons com uma energia suficientemente alta poderiam
chegar a este e manter o fluxo elétrico. Descobriu-se com isso que a intensidade da luz
não interferia na energia dos elétrons, apenas na quantidade de elétrons emitidos e, que
havia uma tensão mínima bem definida para que o fluxo elétrico continuasse.

Ademais, ao usar diferentes luzes Lenard descobriu que a energia desses elétrons
dependia do tipo de luz usado, portanto, de sua frequência. Assim, era necessária uma
frequência mínima para retirada de elétrons, conhecida como frequência de corte. Outro
fato foi de que o tempo de ejeção dos elétrons era quase nulo no experimento, algo não
esperado pela visão clássica do fenômeno.

Embora tenha feito grandes descobertas, Lenard não conseguiu a devida


explicação para os fenômenos ocorridos, principalmente porque a teoria clássica
ondulatória não previa nenhum destes. Primeiramente, para teoria clássica a intensidade
da luz era a principal variável do fenômeno, e seria a responsável pela retirada de
elétrons. Além disso, como já citado acima, era esperado que o tempo para retirada dos
elétrons demorasse mais, pois estes teriam que absorver uma energia suficiente da onda
eletromagnética até serem ejetados.

2.2-Albert Einstein e o efeito fotoelétrico

Tendo em vista o problema com a concepção da teoria clássica ondulatória e os


resultados experimentais do efeito fotoelétrico por Lenard, Albert Einstein15 em 1905
propõe uma visão corpuscular sobre a luz em seu artigo “Sobre um ponto de vista
heurístico a respeito da produção e transformação da luz”, este que lhe rendeu o Prêmio
Nobel em 1921.

14
Philipp Eduard Anton von Lenard (1862-1947) foi um físico alemão nascido na Hungria. Premiado
com o Nobel de Física de 1905 por suas pesquisas sobre os raios catódicos e a descoberta de muitas de
suas propriedades.
15
Albert Einstein (1879-1955) foi um físico teórico alemão. Entre seus principais trabalhos desenvolveu
a teoria da relatividade geral, ao lado da mecânica quântica um dos dois pilares da física moderna.
Embora mais conhecido por sua fórmula de equivalência massa-energia, E=mc² — que foi chamada de "a
equação mais famosa do mundo" —, foi laureado com o Prêmio Nobel de Física de 1921 por sua
descoberta da lei do efeito fotoelétrico, que foi fundamental no estabelecimento da teoria quântica.
19

Einstein em seu artigo propôs que a luz era formada por quantas de energia,
atualmente denominados fótons, e a energia destes era determinada por E= hƒ, sendo h
a constante de Planck e ƒ a frequência da radiação.

No efeito fotoelétrico, estes quantas de luz com frequência de corte (ƒmín), ao


entrarem em contato com os elétrons da placa de metal são absorvidos e, farão com que
os elétrons obtenham energia mínima necessária para superar a energia eletrostática e
assim serem expelidos instantaneamente.

Com esta teoria, Einstein coloca então as características de distribuição da luz no


espaço de maneira descontínua em contrapartida à concepção de campo continuo da
teoria ondulatória clássica. Os quanta de energia são indivisíveis, podendo ser
produzidos e absorvidos somente como unidades completas.

Essa Emín dos elétrons para saírem da barra de metal pode ser descrita como
uma função trabalho (ɸ), portanto Emín = ɸ. Para os elétrons superficiais que serão
extraídos obterem energia máxima considera-se que

Emáx= hƒ-ɸ 1

e assim

Emáx= h(ƒ-ƒmín) 1.1

Pode-se obter a comprovação desta teoria a partir do gráfico linear entre Emáx e
frequência, apresentado na figura 2.3.

Gráfico 3. Gráfico de Emáx em função de ƒ. Pode-se observar que ao fazer a reta


tangente do ângulo α, ou seja, a inclinação da reta, obtém se a constante de Planck,
comprovando então a teoria da luz quantizada de Einstein.
20

2.3- Interpretações sobre o artigo de 1905 e o possível começo da


dualidade onda-partícula

Introduzido em 1924 por Louis de Broglie16 em sua tese de doutoramento, o


comportamento onda-partícula é a concepção de que a matéria pode ter tanto
comportamento ondulatório, quanto comportamento corpuscular, ao mesmo tempo e
nos mesmos níveis (macroscópico e microscópico).

No entanto, muitos autores afirmam que Einstein em seu artigo “Sobre um ponto
de vista heurístico a respeito da produção e transformação da luz” já haveria
apresentado uma certa introdução para este conceito dualístico, ao expor sua hipótese
dos quanta de luz, já explicada anteriormente.

Como exemplo, trouxe um trecho do texto livro do físico italiano Emilio Segré
(1905-1989):

Voltemos agora ao primeiro dos dois trabalhos escritos por Einstein no


surpreendente ano de 1905. A meu ver, é uma das maiores obras já
realizadas em física. Naquela época, os cientistas sabiam que a luz era
constituída de ondas eletromagnéticas; se havia alguma coisa de certo,
era isso. No entanto, Einstein tinha dúvidas e revelou a natureza dual da
luz - corpuscular e ondulatória. Essa descoberta, junto com o aspecto
dual correspondente da matéria, tornou-se a maior conquista do século.
Newton e Huygens foram inesperadamente reconciliados por uma
profunda revolução na filosofia natural, que mostrou estarem ambos, em
parte, certos (SEGRÉ, 1987, p.89)

É possível perceber que o autor aborda a interpretação quântica do efeito


fotoelétrico por Einstein não apenas como uma nova visão sobre a luz, mas sim uma
revelação mais profunda sobre seu caráter.

16
Louis-Victor-Pierre-Raymond, 7.º duque de Broglie, geralmente conhecido por Louis de
Broglie ( 1892-1987), foi um físico francês que contribuiu para a formulação da Teoria da Mecânica
quântica. Em 1924, de Broglie postulou, em sua tese de doutorado, que partículas também possuiriam um
comprimento de onda, uma onda de matéria.
21

O próprio de Broglie se posicionaria num texto intitulado La physique quantique


restera-t-elle indeterministe?17 sobre o papel de Einstein no processo dualístico:

Em 1905, Albert Einstein, que veio a descobrir a teoria da relatividade,


mostrou que nós podemos interpretar o efeito fotoelétrico, ao menos
aparentemente, com uma teoria corpuscular da luz, admitindo-se que em
toda onda luminosa de frequência ƒ a energia está concentrada em
“grãos” de valor h, em que h é a constante introduzida por Planck na
teoria da radiação negra: estes grãos de luz que Einstein chamou de
”quanta de luz”, nós chamamos hoje em dia de “fótons”. Por outro lado,
Einstein viu bem que sua teoria não era só uma teoria estritamente
corpuscular, pois ele fez intervir a noção de frequência, que é de origem
ondulatória. Uma teoria estritamente granular não pode interpretar
fenômenos de interferência e difração, e Einstein achava necessário
conservar as ondas luminosas e estabelecer entre as ondas e os grãos um
tipo de correspondência estatística, visão muito profunda como nós
veremos (DE BROGLIE,1956, p.118)

Como se pôde ver, De Broglie já associava o trabalho fotoelétrico de Einstein


como uma introdução para o comportamento dualístico da matéria, principalmente pela
inserção de um conceito que seria estritamente ondulatório, a frequência, em uma teoria
granular.

Embora pareça justa esta suposição de De Broglie deve-se levar em conta que no
próprio artigo, Einstein não pressupõe ou tem intenção de introduzir este conceito para
luz e, não propõe que os quanta de luz são partículas pulsantes dotadas de uma certa
frequência.

Em seu primeiro parágrafo, Einstein nota o contraste entre a teoria atômica


discreta da matéria, no qual um número finito de quantidades mecânicas especificavam
completamente o estado de um sistema, e a teoria eletromagnética do campo, na qual
um grupo de funções contínuas eram necessárias para especificar o estado do campo
(KLEIN, 1977 apud ROSA, Pedro Sérgio, 2014). Com isso Einstein parece propor que
deveria haver um certo tipo de conciliação entre estas duas frentes, ou até mesmo uma

17
Tradução do Francês: A física quântica permanecerá indeterminista?
22

substituição da teoria contínua eletromagnética para uma teoria descontínua.

Prossegue-se então com o seguinte trecho:

A teoria ondulatória da luz, que trabalha com funções espaciais


contínuas, funcionou bem na representação de fenômenos puramente
ópticos e provavelmente nunca será substituída por outra teoria. Deve-se
ter em mente, no entanto, que as observações ópticas referem-se mais a
valores médios no tempo do que valores instantâneos. Apesar da
completa confirmação experimental da teoria, quando aplicada a
difração, reflexão, refração, dispersão etc., ainda é concebível que a
teoria da luz, que opera com funções espaciais contínuas, possa levar
contradições com a experiência, quando é aplicada aos fenômenos de
emissão e transformação da luz.

Parece-me que as observações associadas com a radiação do corpo negro,


fluorescência, a produção de raios catódicos por luz ultravioleta e outros
fenômenos relacionados, conectados coma emissão ou transformação da
luz, são mais facilmente entendidos, se assumimos que a energia da luz
está distribuída descontinuamente no espaço. De acordo com a suposição
a ser considerada aqui, a energia de um raio de luz que se espalha de uma
fonte pontual não se distribui continuamente num espaço crescente, e sim
num número finito de quanta de energia que estão localizados em pontos
no espaço, que se movem sem se dividir, e que podem somente ser
produzidos e absorvidos como unidades completas (EINSTEIN, 1905,
p.308).

Deste modo, vê-se que Einstein não propõe o que poderíamos chamar de
reconciliação entre a teoria contínua ondulatória e a teoria discreta e, sim que para
certos casos a teoria ondulatória estaria totalmente correta e descreveria perfeitamente
certos fenômenos, mas que para além desses deve-se adotar uma outra teoria. Esta
nova teoria seria a teoria discreta corpuscular da luz, e não uma teoria dualística.

Frisa-se que a teoria discreta para luz não é uma teoria geral, sendo colocada
apenas para explicar certos fenômenos como radiação do corpo negro e efeito
fotoelétrico, onde há emissão ou transformação da luz e, seu nível de aplicação se refere
23

apenas ao microscópico.

Um fato interessante é que em outro artigo de 1909, Einstein coloca que para o
avanço da física seria necessária uma teoria que comportasse ambas as visões,
ondulatória e corpuscular, porém que ele mesmo não havia conseguido chegar em tal.

Pode-se dizer que a participação de Einstein na dualidade onda-partícula pode


ter sido de perceber tal importância teórica, mas apenas em seu artigo de 1909, texto
que não foi discutido e apontado nos trechos por Louis De Broglie ou Segré.

Portanto, as interpretações de De Broglie e Segré parecem estar totalmente


equivocadas em questão do dualismo da luz para Einstein em relação a seu artigo de
1905, colocado como base principal para o desenvolvimento da teoria dualística para
matéria, que viria ser formulada em 1924.
24

Capítulo 3

Louis De Broglie e a dualidade onda-partícula

Analogamente ao trabalho de Einstein, temos diversos estudos sobre os raios X e


sua natureza, que era desconhecida desde sua descoberta por Wilheim Conrad
Röntgen18 em 1895, que os denominou como raios X justamente pela incógnita da sua
natureza.

Röntgen ao descobrir esses raios pensou que poderiam se tratar de ondas


eletromagnéticas longitudinais19, outros cientistas, porém, conjecturaram que se
tratariam de ondas eletromagnéticas transversais20 com comprimentos de onda muito
curtos, ou, que poderiam ser partículas de alta velocidade ou pares de partículas com
cargas elétricas opostas emitidos em altas velocidade.

Em 1912, a partir de estudos sobre a difração de raios X por cristais feito por
Max Von Laue21, descobriu-se que os raios X tinham estrutura periódica pois
apresentavam um padrão de interferência na chapa fotográfica e, com isso comprovou-
se a natureza ondulatória dos raios X e possibilitou a medida do seu comprimento de
onda. Porém, estudos feitos em 1907 sobre o efeito fotoelétrico com raios X,
demonstravam que seu comportamento também era explicado por uma teoria
corpuscular e com o estudo de Arthur Compton22 sobre a interação entre um feixe de
raios X e uma placa de carbono (efeito Compton) notou-se que estes seguiam a equação

18
Wilhelm Conrad Röntgen (1845-1923) foi um físico alemão que, em 8 de novembro de 1895, produziu
radiação eletromagnética nos comprimentos de onda correspondentes aos atualmente chamados raios X.
Graças à esta descoberta, Rontgen ganhou o Prêmio Nobel de Física em 1901.
19
As ondas longitudinais possuem a mesma direção de vibração que a sua direção de trajetória.
20
Ondas transversais possuem a direção de vibração perpendicularmente a direção da trajetória.
21
Max von Laue (1879-1960) foi um físico alemão. Foi laureado com o Nobel de Física de 1914, pela
descoberta da difração dos raios-X em cristais. Em 1898 estudou matemática, física e química na
Universidade de Estrasburgo.
22
Arthur Holly Compton (1892-1962) foi um físico estadunidense. Foi laureado com o Nobel de Física de
1927 pela descoberta do "efeito Compton" de diminuição de energia de um fóton de raio-X ou de raio
gama, quando ele interage com a matéria.
25

de quantização usada por Einstein para os fótons de luz, E=ƒ.

Portanto sua energia era quantizada, mas de alguma forma tinham


comportamento ondulatório, de forma semelhante ao que foi apresentado para luz no
capítulo anterior. Com isso, tanto pelo lado da luz quanto dos raios X, se tornou
emergente para a Física encontrar uma teoria que trabalhasse harmonicamente com
esses dois comportamentos.

Dentro desse período, é que Louis de Broglie (1892-1987), físico francês, entra
em cena. Impulsionado principalmente pelos estudos de seu irmão, também físico,
Maurice De Broglie23 sobre os raios X e de outros cientistas como Léon Brillouin24 e
Paul Langevin25, De Broglie publicou uma série de artigos em 1923 para desenvolver
sua teoria dualistica e, unificou todas essas ideias depois em 1924 em sua tese de
doutoramento “Recherches sur la théorie des Quanta” 26.

3.1- Primeiro artigo de 1923 : “Ondas e Quanta”

O artigo “Ondas e Quanta” de 1923 tem um peso importantíssimo na obra final


de De Broglie pois neste é introduzido pela primeira vez a concepção de uma onda
associada à uma partícula, trazendo junto a esta outras concepções inovadoras que
falaremos a diante.

Antes de tudo, é importante colocar que De Broglie vê na teoria quântica forte


concordância com a Teoria da Relatividade de Einstein e coloca esta como uma das
bases mais fortes de seu trabalho, aplicando suas equações para explicar os
comportamentos quânticos em questão.

23
Louis-César-Victor-Maurice de Broglie (1875-1960) foi um físico francês nascido em Paris, a quem se
deve importantes descobertas sobre os raios X e suas aplicações, notadamente no campo da determinação
do número de massa dos elementos químicos, além de grandes avanços na física atômica, radioatividade e
eletricidade. Descendente de uma família real piemontesa de significante participação na história de
França, com várias gerações de militares, diplomatas, políticos e cientistas.
24
Leon Brillouin foi um físico francês. Na Segunda Guerra Mundial emigrou para os Estados Unidos,
onde foi lecionar na universidade de Wisconsin e em Harvard. Juntamente com Arnold Sommerfeld,
foram os primeiros a estudar a propagação de ondas eletromagnéticas em meios dispersivos. Descobriu
as zonas de Brillouin na física do estado sólido. Trabalhou na teoria das ondas e na teoria de informação,
tendo inventado o conceito de entropia negativa. Ficou especialmente conhecido por suas contribuições
na determinação da estrutura cristalina por difração de raios-X.
25
Paul Langevin (1872-1946) foi um físico francês. Estudou na Ecole Supérieure de Physique et de
Chimie Industrielles de la Ville de Paris, onde foi mais tarde diretor. Conhecido também por seus estudos
sobre a Teoria da Relatividade de Einstein.
26
Do francês “Pesquisa sobre a Teoria dos quanta”
26

Para começar, o autor determina a toda partícula em repouso uma vibração de


frequencia ƒ, que pode ser obtida ao igualarmos os principios de energia da teoria
quântica (E=ƒ) e da teoria da relatividade (E=mc²) , sendo assim:

ℎƒ=mc²

Em que m é a massa de repouso da partícula, c a velocidade da luz e ℎ a constante de


Planck.

Fazendo isso, De Broglie generalizou o comportamento das partículas pois não


restringiu o fenômeno periódico apenas a àtomos de luz, algo que já havia feito
anteriormente pelo mesmo em 1922 em outro artigo, sendo esse um ponto de partida
crucial para teoria dualistica.

Em seguida, analisa a sua igualdade a partir das transformações relativísticas e


vê que ao fazer isto aparecem divergencias essenciais pois, teoricamente para um
observador fixo, ou seja que não se desloca com a partícula, a energia da partícula
aumenta com a velocidade e, assim sua frequencia também deveria aumentar (2).
Entretanto, quando aplica-se a transformação relativistica de frequência observa-se que
ela deveria diminuir com o aumento da velocidade (2.1).

𝑚₀𝑐² ƒ₀
ƒ= 𝑣
= 𝑣
2
ℎ√1−(𝑐)² √1−(𝑐)²

𝑣
ƒ = ƒ₀√1 − ( )² 2.1
𝑐

Assim, obtém duas equações de frequencia divergentes, pois pela teoria dos
quanta previa-se um aumento da frequencia enquanto pela teoria relativística previa-se
uma diminuição, parecendo então impossível essa junção teórica.

Este problema é solucionado então com a introdução de uma onda associada a


partícula. Ele apresenta que sua equação de frequência a partir da teoria quântica refere-
se à frequência da onda associada ao movimento da partícula enquanto, a frequência
obtida a partir da teoria da relatividade referia-se a frequência da própria partícula. Isso
é explicado porque no referencial próprio da partícula, ou seja no referencial de um
observador que esta dentro do movimento, sua periodicidade é uma simples oscilação
porém, quando vista de outro referencial, em que um observador esta fora do
27

movimento sua oscilação é vista como uma onda de que segue a equação 2.

Esta onda possuiria uma velocidade c/B maior que a da luz (já que Vpartícula =cB
e B<1, pois pela teoria da relatividade c é a velocidade limite para qualquer partícula
com m≠0), dessa forma trata-se de uma onda fícticia, que nunca carrega energia. Esta
onda fíciticia sempre esta em fase com a partícula, ou seja, seus movimentos são sempre
análogos.

Neste primeiro artigo, De Broglie descreve a base de sua teoria: uma onda obtida
atraves de considerações relativisticas, associada a uma partícula. Nota-se que alguns
aspectos não são muito bem desenvolvidos neste primeiro momento, por exemplo a
ideia de uma onda fícticia que não carrega energia mas, que de alguma maneira, tem
uma importancia física, deixando dúvidas em aberto, que serão esclarecidas em 1924 na
sua tese final.

Num segundo artigo do mesmo ano, de Broglie já quebra em parte essa ideia de
onda fíctícia e conjectura que as partículas se movem, quando livres de forças externas,
seguindo as ondas de fase, ou melhor, o conjunto de ondas de fase que possuem uma
velocidade correspondente à partícula. Esse conjunto de ondas de fase por sua vez tem
um papel determinante ao se tratar de fenomenos de interação, ou seja, elas que
determinam a probabilidade de ocorrer interação entre a partícula e matéria.

3.2- Tese de doutorado 1924- “Pesquisa sobre a teoria dos quanta”

Depois de uma série de estudos e artigos publicados a respeito de uma teoria


ondulatória e corpuscular ao longo de 1923, Louis de Broglie defende sua tese final
sobre uma teoria unificadora em novembro de 1924 e logo depois, em 1925, a publica
como um longo artigo na revista francesa Annales de Physique.

Este estudo lhe rendeu o Prêmio Nobel de Física em 1929 em decorrência de


sua comprovação em 1927, por Clinton Davidsson e Lester Germer pela difração de
elétrons, experimento que irá ser exposto mais adiante na parte 3.3.Comprovações
experimentais.

Ao longo da explicação será usado como partícula modelo o elétron,por ser a


partícula , mas é importante demarcar que a teoria dualistica de De Broglie se
28

caracteriza pela generalização das partículas, sendo assim todas as partículas ( prótons,
neutrons, fótons, entre outras) possuem esse mesmo comportamento onda-partícula.

Para começar, ao pensarmos num elétron , a grosso modo, nos vem a imagem de
um ponto no espaço, algo semelhante à uma bolinha de gude, trazida principalmente das
representações atomicas de livros didáticos (Figura 3.1).

Figura 4. Representação esquemática do átomo

Um passo importante para a teoria dualistica é pensar nessa partícula como uma
energia espalhada pelo espaço, que possui uma região mais densa chamada centro do
elétron, ao se afastar desse centro essa energia é menos intensa mas nunca é nula. Essa
elétron tem como característica principal uma indivísibilidade, é um átomo no sentido
grego indivisível, não como algo pequeno no espaço, mas sim uma unidade impossivel
de fragmentar.

Pela relação ℎƒ=mc² temos que essa partícula, como já falamos anteriormente,
possui uma oscilação. Essa oscilação não ocorre apenas em um ponto desse elétron e
sim, na partícula inteira, sincronizadamente em todos os pontos. Algo parecido com as
oscilações das marés no mar.

Como no artigo de 1923, se pegarmos a partícula de seu próprio referencial,


agora com a concepção da partícula infinita, todos seus pontos oscilantes estão em fase.
Entretanto, se pegarmos por outro referencial e um observador fixo, essas oscilações
aparecerão disformes e essa disformidade de oscilações se apresentará como uma onda.

Desse modo, a partícula e a onda não são objetos distintos. A onda é apenas
uma manisfestação relativistica da partícula sendo ambas uma coisa única. Com isso,
nota-se que não se trata de uma onda fíciticia como a apresentada no artigo “Ondas e
29

Quanta” pois não trata-se de algo a parte da partícula! Sendo assim, toda partícula irá se
comportar como onda em certo aspecto e, vice-versa.

Para determinarmos o comprimento de onda dessa partícula de Broglie


apresentou a seguinte relação:


λ=
𝑚×𝑣

Assim determinamos o comprimento de onda a partir do momentum (m x v) da


partícula, sendo m sua massa e v, sua velocidade em determinado momento e ℎ a
constante de Planck. Sendo esta a relação mais conhecida de seu trabalho.

3.3-Comprovações experimentais

Embora Louis De Broglie tenha desenvolvido sua teoria para explicar


experimentos feitos anteriormente com raios X e luz, ainda era necessária a
experimentação direcionada para comprovação de sua teoria.

Em 1927, os norte-americanos Clinton Davisson27 e Lester Germer28 fizeram o


experimento que viria comprovar o caráter dual dessa partícula-onda de matéria, visto
que a difração é um fenômeno puramente ondulatório. O experimento consistia em
incidir um feixe de elétrons em um pequeno cristal de níquel, estes iriam adentrar o
cristal e ao encontrar os planos atômicos deste e seriam refletidos para um detector. A
partir dos angulos de reflexão obtidos e a relação de comprimento de onda de De
Broglie, conseguiu-se determinar o comprimento de onda do elétron.

No mesmo ano de 1927, George Paget Thomson29 (1892-1975), filho de J. J.


Thomson, o descobridor do elétron, fez o experimento de difração dos elétrons porém
com outro arranjo experimental. Este dispunha de um emissor de feixe de elétrons, um
filme cristalino de ouro e uma chapa fotográfica, semelhante ao arranjo de Von Leue ao
fazer a difração dos raios X. Coincidentemente quando esse feixe de elétrons
ultrapassava esse filme cristalino, um padrão de interferência semelhante ao dos raios X

27
Clinton Joseph Davisson (1881-1958) foi um físico estadunidense. Recebeu em 1937 o Nobel de Física,
pela verificação experimental da difração do elétron por cristais.
28
Lester Halbert Germer (1896-1971) foi um físico estadunidense. Juntamente com seu colega Clinton
Davisson provou experimentalmente pela primeira vez, em 1927, as propriedades ondulatórias do elétron.
29
George Paget Thomson (1892-1975) foi um físico britânico. Recebeu em 1937 o Nobel de Física, pela
verificação experimental da difração do elétron por cristais. Nasceu em Cambridge, filho do físico
laureado com o Nobel Joseph John Thomson e Rose Elisabeth Paget.
30

se formava na chapa fotográfica, como podemos ver nas figuras 5 e 6.

(5) (6)

Figuras 5 e 6. Difração de elétrons por um filme cristalino (4) e difração de raios X por
cristais (5)

Ambos cientistas, Thomson e Davisson, ganharam o Prêmio Nobel em 1937 em


decorrência da comprovação da natureza ondulatória das partículas de matéria, nesse
caso os elétrons.

3.4- De Broglie e a comunidade científica

Mesmo não sendo aceitas instantaneamente, as ideias extravagantes e ousadas de


De Broglie causaram diversas impressões interessantes dentro da comunidade científica
da época, influenciando grandes trabalhos para o desenvolvimento da Teoria Quântica.

Paul Langevin, que poderíamos dizer que foi o supervisor da tese de De Broglie,
antes de sua defesa pediu que o mesmo enviasse uma cópia datilografada a Albert
Einstein, principalmente por não acreditar na sua veracidade e força como teoria. Após
a leitura, Einstein mandou uma carta comentando a tese e enaltecendo-a: “Ele ergueu
uma ponta do grande véu” (EINSTEIN,1925 apud Rosa, Pedro Sérgio, 2014). Após esse
reconhecimento por parte de um dos maiores físicos do século, já reconhecido na época,
Langevin teria aprovado a tese.

A banca de defesa de De Broglie era constituída pelo matemático Élie Cartan30,


o cristalógrafo Charles Victor Mauguin31 e os físicos Jean Perrin32 e Paul Langevin.

30
Élie Joseph Cartan (1869-1951) foi um matemático francês, que levou a cabo trabalhos fundamentais
na teoria de grupos de Lie e seus usos geométricos. Estudou na Escola Normal Superior de Paris em
1888.
31
Charles-Victor Mauguin (1878-1958) foi um mineralogista francês. Inventou, juntamente com Carl
Hermann, uma notação internacional padronizada para grupos cristalográficos conhecida como notação
31

Embora tenha sido muito elogiada pela banca, a tese de De Broglie parecia muito difícil
para alguns dela, um dos motivos apontados por Perrin foi que a tese não trazia
embasamentos experimentais diretos, dificultando sua compreensão. Em um comentário
sobre o trabalho Mauguin relatou que era certo considerar o trabalho muito interessante
e inteligente, porém, num primeiro momento ele não se convenceu da existência das
ondas associadas às partículas:

Na época de defesa da tese, eu não acreditei na realidade física das ondas


associadas com as partículas de matéria. Eu preferi considerá-las como
objetos imaginários muito interessantes, que permitiam-pela primeira
vez- evitar o caráter completamente empírico das regras de quantização,
proporcionando-lhes uma interpretação simples, quase familiar, análoga
às leis das cordas vibrantes (Mauguin, apud ROSA, Pedro Sérgio 2014).

Através de Langevin, que após sua defesa se um de seus grandes defensores,


outros estudiosos conseguiram obter uma cópia do trabalho. Dentre estes estava o
professor Victor Henri33, físico-químico e fisiologista francês situado na Universidade
de Zurique (ZTH) na época, que ao ler a tese não conseguiu compreende-la e por isso
passou-a para Erwin Schrodingër34, físico austríaco, que na época também se
encontrava como professor em Zurique.

Num primeiro momento, Schrodingër teria dito que o trabalho de De Broglie era
um lixo, porém, influenciado por Langevin, o físico austríaco voltou atrás. De fato,
Schrodin

de Hermann–Mauguin, utilizada em cristalografia.


32
Jean Baptiste Perrin (1870 -1942) era um físico francês que, em seus estudos sobre o movimento
browniano de partículas minúsculas suspensas em líquidos, verificava a explicação de Albert Einstein
sobre esse fenômeno e confirmou a natureza atômica da matéria (equilíbrio de sedimentação). Por esre
estudo, ele foi laureadoo com o Prêmio Nobel de Física em 1926.
33
Victor Henri (1872-1940) foi um físico-químico e fisiologista francês. Nasceu em Marselha, filho de
pais russos. É conhecido principalmente como um pioneiro em cinética enzimática.
34
Erwin Rudolf Josef Alexander Schrödinger (1887-1961) foi um físico teórico austríaco, conhecido por
suas contribuições à mecânica quântica, especialmente a equação de Schrödinger, pela qual recebeu o
Nobel de Física em 1933.Também formulou o experimento mental “O gato de Schrodinger”, no qual um
gato é fechado dentro de uma caixa com um material altamente radioativo, que poderá ou não liberar
partículas que matarão este gato. Como o gato está trancado dentro da caixa, não é possível saber se
depois de um tempo ele se encontra vivo ou morto e, portanto, está nestes dois estados ao mesmo tempo.
Este gato fechado, morto e vivo, representa a partícula em seus dois “estados”, ondulatório ou
corpuscular. No momento em que se abre a caixa, anula-se a possibilidade dual de estado do gato, ou ele
está vivo ou está morto. No caso da partícula o mesmo acontece, pela concepção de Schrodinger, a
partícula livre de observação está nos dois estados, mas quando a observamos apenas um deles prevalece,
onda ou partícula.
32

gër teria dito isso apenas num primeiro momento, pois, em 1925 começou
estudos sistemáticos sobre a teoria dualística da matéria e, em Novembro de 1925
apresentou um seminário sobre as ideias dualísticas do físico francês.

Além disso, desenvolveu sua equação de propagação de onda da matéria, mais


conhecida como Equação de Schrodingër, a partir de seus estudos sobre a teoria de De
Broglie, compondo dentro da física quântica, juntamente com Louis De Broglie, o ramo
da mecânica ondulatória
33

CONCLUSÃOCONCLUSÃO

Viu-se ao longo do trabalho, que a física quântica nasceu dentro de uma


necessidade real e banal, embora subestimada em seu começo, mas que nos possibilitou
conhecer muito além do nosso mundo macroscópico e clássico, adentrando o mundo
atômico e a natureza dos objetos que compõem o Universo.

A partir disso as questões sobre como este novo mundo de novas regras
funcionava se tornou um assunto muito pertinente na física do começo do século.

De maneira semelhante ao problema de distribuição do corpo negro temos


novamente, quando tratamos o problema da natureza da luz, incoerências quando a
visão clássica era absoluta pois, embora a luz fosse uma onda macroscopicamente, se
comportava como partículas no nível microscópio. Einstein ao estudar o problema do
efeito fotoelétrico permitiu que a física quântica tomasse um passo adiante, porém ainda
não completo em sua abordagem, pois trazia uma solução dúbia para um fenômeno
único. A falta de unicidade e real fusão em sua proposta era a peça que faltava.
34

REFERÊNCIAS

 BIBLIOGRAFIA

MAHAN, Bruce H.. Química: um curso universitário. 2 ed. São Paulo: Edgard
Blucher Ltda., 1972. 312-317 p.

MARTINS, Roberto De Andrade; ROSA, Pedro Sérgio. História da teoria


quântica: a dualidade onda-partícula, de Einstein a De Broglie. 1 ed. São
Paulo: Editora Livraria de Física, 2014. 42-99 p.

OLIVEIRA HUGUENIN, José Augusto. Estranhezas e mitos da mecânica


quântica . 1. ed. Rio de Janeiro: Vieira & Lent, 2014. 76 p.

ROVELLI, Carlo. Sete breves lições de física. 1. ed. Rio de Janeiro: Objetiva,
2015.91 p.

 SITES

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Disponível em: &lt;http://eaulas.usp.br/portal/video.action?iditem=6806&gt;.
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Disponível em: &lt;http://eaulas.usp.br/portal/video.action?iditem=6807&gt;.
Acesso em: 15 ago. 2017.

E-AULAS USP. Ótica - tema 01: luz - parte 04: o efeito fotoelétrico.
Disponível em: &lt;http://eaulas.usp.br/portal/video.action?iditem=6808&gt;.
Acessoem: 15 ago. 2017.
35

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em:&lt;https://fisicanaveia.blogosfera.uol.com.br/2015/10/25/luz-onda- ou-
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Acesso em: 08 ago.2017

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Acesso em: 27 ago. 2017.

 ARTIGOS
Louis De Broglie. Recherches sur la théorie des quanta. Annales des
Physique, Paris, v. 10, n. 3, p. 22-128, mar. 1925. Disponível em:
<https://doi.org/10.1051/anphys/192510030022>. Acesso em: 06 out. 2017.

SENO CHIBENI, Silvio. O surgimento da física quântica. Disponível


em:<http://www.espiritualidades.com.br/Artigos/C_autores_CHIBENI_Silvio
_textos/CHIBENI_Silvio_tit_Surgimento_da_Fisica_Quantica-O.pdf>.
Acesso em: 09 fev. 2017

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