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Joel Birman

Leopoldo Fulgencio
Daniel Kupermann
Eduardo Leal Cunha
Organizadores

Amar a Si Mesmo
e Amar o Outro
Narcisismo e Sexualidade na
Psicanálise Contemporânea

z Zagodoni
Editora
Conselho Editorial

Ana Lila Lejarraga – Universidade Federal do Rio de Janeiro


Leonardo Niro Nascimento – Centre for Psychoanalytic Studies – University of Essex
Richard Simanke – Universidade Federal de Juiz de Fora
Rita Sobreira Lopes – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Tânia Vaisberg – Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Yvette Piha Lehman – Instituto de Psicologia da USP

Copyright 2016 © by Joel Birman et al.


Sumário
Todos os direitos desta edição reservados à Zagodoni Editora Ltda. N
­ enhu­ma parte
desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida, seja qual for o meio, sem a
permissão prévia da Zagodoni.

Editor
Adriano Zago
Diagramação e capa
Marcelo Fernandes
Revisão
Michele Freitas

Sobre os autores........................................................................................................ 7
Apresentação........................................................................................................... 13
CIP-Brasil. Catalogação na Publicação Joel Birman (UFRJ) / Leopoldo Fulgencio (IPUSP) / Eduardo Leal (UFS) /
Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ
Daniel Kupermann (IPUSP)

Parte I
A511
Amar a Si Mesmo e Amar o Outro : Narcisismo e Sexualidade na Psicanálise Con-
temporânea / organização Joel Birman ... [et al.]. - 1. ed. - São Paulo : Zagodoni, Aspectos históricos
2016.
236 p. ; 23 cm.
Inclui bibliografia
1. Sexualidade e narcisismo nos arquivos da psicanálise.
ISBN 978-85-5524-017-1 O Édipo em questão......................................................................................... 23
1. Psicanálise. 2. Sociologia. 3. Narcisismo. 4. Relações humanas. I. Birman, Joel Birman (UFRJ)
Joel. II. Título.
16-32311

CDD: 155.2
CDU: 159.923 2. Freud e a sexualidade infantil antes de Freud............................................. 43
Richard Theisen Simanke (UFJF)

3. Trauma, pulsão de morte e sexualidade na etapa final da


obra freudiana................................................................................................... 64
[2016] Fátima Caropreso (UFJF)
Zagodoni Editora Ltda.
Rua Capital Federal, 860 – Perdizes
4. Revisitando “Freud, 1914: o ano que não terminou” . ............................... 82
01259-010 – São Paulo – SP Daniel Kupermann (IPUSP)
Tel.: (11) 2334-6327
contato@zagodoni.com.br 5. Destinos contemporâneos do narcisismo: atualidade de Heinz Kohut...... 95
www.zagodoni.com.br Eduardo Leal Cunha (UFS)
6 Amar a Si Mesmo e Amar o Outro

Parte II Aspectos sociais e culturais

6. Narcisismo, gênero e sexualidade: aproximações entre Lichtenstein,


Ferenczi, Laplanche e Butler . ...................................................................... 113
Paulo de Carvalho Ribeiro (UFMG) / Fábio Roberto Rodrigues Belo (UFMG)
Sobre os Autores
7. Narcisismo histórico ou constitutivo: entre a sociedade narcísica e
o exercício da singularidade......................................................................... 128
Ivan Ramos Estevão (USP-Leste)

8. A fé nos futuros: um debate sobre o narcisismo em Christopher


Lasch e Sigmund Freud................................................................................. 139
Daniel Menezes Coelho (UFS)

9. A indiferença e a servidão: alterações nos domínios de Narciso ........... 151


Mônica M. Kother Macedo (PUC-RS) / Carolina N. B. F. Dockhorn (PUC-RS)

10. Sobre as práticas de dons de ovócitos no Brasil e na França: dom,


mercado e ciência.......................................................................................... 162
Simone Perelson (ECO, UFRJ) / Isabel Fortes (PUC-Rio)
Joel Birman (Org.)

Parte III Aspectos clínicos


Doutor em Filosofia (USP). Professor Titular do Instituto de Psicologia
da UFRJ. Pesquisador associado do Laboratório “Psicanálise e Medicina
e Sociedade” e Professor associado da École Doctoralle de Psychanalyse
11. Questões preliminares acerca do narcisismo e das sexualidades da Université Paris VII. Bolsista de Produtividade em Pesquisa 1A, CNPq.
contemporâneas . .......................................................................................... 185 Autor de, entre outros, Mal-estar na Atualidade (1999), Arquivos do mal-estar
Christian Hoffmann (Université Paris Diderot) e da resistência (2006), Cadernos sobre o mal (2009) e O sujeito na contempora-
neidade (2012), todos pela Civilização Brasileira. Coautor de A Fabricação do
12. “Jovens transferências”, ou do narcisismo (primário) das enormes Humano (2014, Zagodoni).
semelhanças.................................................................................................... 192 E-mail: joelbirman@uol.com.br
Gustavo Henrique Dionisio (UNESP-Assis)

13. Édipo, narciso e sintoma compulsivo em Freud....................................... 202 Leopoldo Fulgencio (Org.)
Julio Sergio Verztman (UFRJ) Doutor em Psicologia Clínica (PUCSP). Professor do Departamento de
14. Os narcisismos e a sexualidade: da experiência narcísica de ser à Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade
experiência de investir libidinalmente o eu e os objetos......................... 215 do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Bolsista de Pro-
Leopoldo Fulgencio (IPUSP) dutividade em Pesquisa 2, CNPq. Autor de Por que Winnicott? (2016, Za-
godoni), Freud e Mach. Influências e Paráfrases (2016, Concern) e O Método
15. Narcisismo e dependência: algumas reflexões sobre as contribuições Especulativo em Freud (2008, EDUC). Coautor de Freud na Filosofia Brasileira
de Lacan e Winnicott em psicanálise.......................................................... 225 (2004, Escuta) e A Fabricação do Humano (2014, Zagodoni).
João Paulo F. Barretta (Anhembi Morumbi, HC) E-mail: leopoldo.fulgencio@gmail.com
8 Amar a Si Mesmo e Amar o Outro Apresentação 9
Daniel Kupermann (Org.) Daniel Menezes Coelho
Doutor em Teoria Psicanalítica (UFRJ). Professor do Departamento de Psi- Doutor em Teoria Psicanalítica (UFRJ). Professor associado do Departa-
cologia Clínica do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo mento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia So-
(USP). Bolsista de Produtividade em Pesquisa 2, CNPq. Autor de Trans- cial da UFS. Coautor de Saber & Violência (2015, EDUFS).
ferências cruzadas: uma história da psicanálise e suas instituições (2014, Escu- E-mail: daniel7377@gmail.com
ta), Ousar rir: humor, criação e psicanálise (Civilização Brasileira, 2003), e
Presença sensível: cuidado e criação na clínica psicanalítica (2008, Civilização Fábio Roberto Rodrigues Belo
Brasileira). Coautor de A Fabricação do Humano (2014, Zagodoni). Doutor em Estudos Literários (UFMG). Professor adjunto do Departa-
E-mail: danielkupermann@gmail.com mento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da
Universidade Federal de Minas Gerais. Coautor de Psicanálise & Literatura:
Eduardo Leal Cunha (Org.) seis contos da era de Freud (2012, KBR) e Os ciúmes dos homens (2015, KBR).
Doutor em Saúde Coletiva (IMS/UERJ). Professor associado do Departa- E-mail: fabiobelo76@gmail.com
mento de Psicologia e do Programa de Pós-graduação em Psicologia So-
cial da Universidade Federal de Sergipe. Autor de Indivíduo singular plural: Fátima Caropreso
a identidade em questão (2009, 7Letras) e O adultério em dez lições (2004, Pla- Doutora em Filosofia (UFSCar). Professora do Departamento de Psicolo-
neta). Coautor de Psicologia: entre indivíduo e sociedade (2008) e Saber & Vio- gia da Universidade Federal de Juiz de Fora. Bolsista de Produtividade
lência (UFS), ambos pela UFS, e A Fabricação do Humano (2014, Zagodoni). em Pesquisa 2, CNPq. Autora de O nascimento da metapsicologia: repre-
E-mail: dudalealc@gmail.com sentação e consciência na obra inicial de Freud (2008, UFSCar), Freud e a
natureza do psíquico (2010, AnnaBlume), Entre o corpo e a consciência:
ensaios de interpretação da metapsicologia freudiana (2011, UFSCar).
Carolina Neumann de Barros Falcão Dockhorn E-mail: fatimacaropreso@uol.com.br
Doutora em Psicologia (PUCRS). Professora adjunta do curso de Psicolo-
gia na Escola de Humanidades da PUCRS. Coautora dos livros Neurose: Gustavo Henrique Dionisio
leituras psicanaliticas (2015, Edipucrs), Adolescência e Psicanálise: intersecções
Doutor em Psicologia Social (USP). Professor assistente-doutor do Depar-
possíveis (2010, Edipucrs), Fazer Psicologia: uma experiência em clínica-escola
tamento de Psicologia Clínica da UNESP-Assis. Autor de O antídoto do
(2009, Casa do Psicólogo) e Contextos de Entrevista: olhares diversos sobre a
mal: crítica de arte e loucura na modernidade brasileira (2012, Fiocruz), Pede-se
interação humana (2005, Casa do Psicólogo).
abrir os olhos: psicanálise e reflexão estética hoje (2012, Annablume). Coautor
E-mail: carolfalcao@yahoo.com de Políticas públicas e clínica crítica (2012, Cultura Acadêmica UNESP).
E-mail: gustavohdionisio@gmail.com
Christian Hoffmann
Doutor em Psicanálise (Université Louis Pasteur de Strasbourg). Profes- Isabel Fortes
sor de Psychopathologie Clinique na Université Paris Diderot, Diretor da
Doutora em Teoria Psicanalítica (UFRJ). Professora do Departamento de
Ecole Doctorale Recherches en Psychanalyse et Psychopathologie, Titular
Psicologia e da Pós-Graduação em Psicologia Clínica da PUC-Rio. Bolsista
da Cátedra Lévi-Strauss, 2015, junto ao Departamento de Psicologia Clíni-
de Produtividade em Pesquisa 2, CNPq. Autora  de A dor psíquica (2012,
ca do Instituto de Psicologia da USP. Autor de Des cerveaux et des hommes:
Cia de Freud). Coautora de Um novo lance de dados. Psicanálise e medicina
nouvelles recherches psychanalytiques (2007, Eres), Introduction à Freud. Le re-
na contemporaneidade (2010, Companhia de Freud), A fabricação do humano
foulement de la vérité (2008, Hachette). Coautor de Problématiques adolescen-
(Zagodoni, 2014) e Psychoanalysis: perspectives, techniques and socio-psycho-
tes et direction de la cure (Eres, 1999), La science au risque de la psychanalyse
logical implications (Nova Science Publishers, 2016).
essai sur la propagande scientifique (1999, Eres), Questions psychanalytiques
(2015, Hermann) E-mail: mariaisabelfortes@gmail.com
E-mail: hoffmann.ch@wanadoo.fr
10 Amar a Si Mesmo e Amar o Outro Apresentação 11
Ivan R. Estevão Richard Theisen Simanke
Doutor em Psicologia Clínica (USP). Professor da Escola de Artes, Ciên- Doutor em Filosofia (USP). Professor associado da Universidade Federal
cias e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). de Juiz de Fora (UFJF) e do PPG em Psicologia da UFJF. Bolsista de Pro-
E-mail: irestevao@usp.br dutividade em Pesquisa 1D, CNPq. Autor, entre outros trabalhos, de A
formação da teoria freudiana das psicoses (2009, Ed. 34; 2009, Loyola), Metapsi-
cologia lacaniana: os anos de formação (2003, Discurso Editorial). Coautor de
João Paulo F. Barretta Entre o corpo e a consciência: ensaios de interpretação da metapsicologia freudia-
Doutor em Psicologia clínica (PUCSP). Professor supervisor da Universi- na (2011, EDUFSCar).
dade Anhembi Morumbi. E-mail: richardsimanke@uol.com.br
E-mail: jpbarretta@hotmail.com
Simone Perelson
Julio Sergio Verztman Doutora em Psicopatologia Fundamental e Psicanálise (Université Paris
Doutor em Ciências da Saúde (Psiquiatria) pelo IPUB UFRJ. Professor do 7). Professora adjunta da Escola de Comunicação e do Programa de Pós-
programa de pós-graduação em teoria psicanalítica (PPGTP) da UFRJ e graduação em Teoria Psicanalítica da UFRJ. Autora de A dimensão trágica
do programa de mestrado profissional em atenção psicossocial IPUB da do desejo (1994, Revinter). Cautora de Um novo lance de dados. Psicanálise e
UFRJ. Autor de Tristeza e depressão: pensando nos problemas da vida (1995, medicina na contemporaneidade (2010, Cia de Freud), A materialidade da psica-
Vozes). Coautor de Sofrimentos narcísicos (2012, Cia de Freud). nálise (2011, Contracapa), O corpo e seus destinos (2013, Sete letras), A fabri-
cação do humano (2014, Zagodoni) e Psychoanalysis: perspectives, techniques
E-mail: jverztman@globo.com
and socio-psychological implications (2016, Nova Science Publishers).
E-mail: simoneperelson@oi.com.br
Mônica Medeiros Kother Macedo
Doutora em Psicologia (PUCRS). Professora titular do curso de Psicologia
na Escola de Humanidades da Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul (PUCRS). Bolsista de Produtividade em Pesquisa 2, CNPq.
Organizadora e Coautora de Neurose – leituras psicanalíticas (EDIPUCRS,
2015), (Con)textos de entrevista: olhares diversos sobre a interação humana (Casa
do Psicólogo, 2014), e Adolescência e Psicanálise: intersecções possíveis (EDI-
PUCRS, 2010). Coautora de Vivencia de indiferencia: del trauma al acto-dolor
(Psicolibro Ediciones, Buenos Aires, 2012), Vivência de Indiferença – do trau-
ma ao ato-dor (Casa do Psicólogo, 2011).
E-mail: monicakm@pucrs.br

Paulo de Carvalho Ribeiro


Doutor em Psicanálise e Psicopatologia (Paris 7). Professor do Programa
de Pós-Graduação em Psicologia (UFMG). Autor de O problema da identifi-
cação em Freud (2000, Escuta) e Imitação, seu lugar na psicanálise (2011, Casa
do Psicólogo).
E-mail: icaro.bhz@terra.com.br
Apresentação

C omo conciliar o investimento emocional em si mesmo e o afeto dedicado


ao outro? De que forma, como diria Freud no texto clássico de 1914 em
que introduziu o conceito de narcisismo, podemos encontrar o equilíbrio en-
tre o investimento nos objetos de amor, que nos esvazia libidinalmente, e o in-
vestimento em nosso próprio eu, que dificulta a construção e o fortalecimento
dos laços sociais? Ou seja, como identificar o momento em que é preciso amar
para não adoecer. Mais ainda: como enfrentar tais questões em um ambiente
cultural para muitos marcados por um excesso narcísico que nos faz descon-
siderar o nosso semelhante ou agir com violência em relação a ele, ao mesmo
tempo em que o amor de si não parece representar uma proteção eficaz contra
o sofrimento psíquico e o sentimento de desesperança que muitas vezes inva-
de o nosso cotidiano?
É em torno de perguntas como essas que convidamos o leitor a nos acom-
panhar e a debater conosco. Perguntas construídas em torno das articulações
e impasses produzidos entre as experiências da sexualidade e do narcisismo
em nosso mundo contemporâneo.
Este é tema deste segundo livro, que reúne resultados de pesquisas e dis-
cussões realizadas no âmbito do Grupo de Trabalho Psicanálise, Subjetivação e
Cultura Contemporânea, da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação
em Psicologia (ANPEPP). Como no primeiro volume1, procuramos reunir
aqui trabalhos orientados pelo rigor acadêmico e pela atenção aos fenômenos
singulares da clínica psicanalítica.

A Fabricação do Humano (2014, Zagodoni), também organizado por nós, premiado com o segundo lugar
1

do 57º Prêmio Jabuti, em 2015, na categoria Psicanálise, Psicologia e Comportamento.


14 Amar a Si Mesmo e Amar o Outro Joel Birman et al. 15
Seu ponto de partida foi o debate realizado no XV Simpósio da ANPEPP, nesse quadro que Birman retoma a importância dada à sexualidade, seja para
ocorrido em Bento Gonçalves em 2014, no qual o tema das relações entre o salientar o inusitado da proposta freudiana – tanto em termos individuais
narcisismo e a sexualidade no mundo contemporâneo afirmou-se com ponto quanto em termos de uma teoria da cultura –, seja para estabelecer uma dis-
de ligação e articulação entre diversas pesquisas conduzidas por colegas de cussão em que são tomadas ainda em consideração propostas atuais, não psi-
diferentes universidades e regiões do país. canalíticas, de compreensão do psiquismo.
Foi em reconhecimento ao lugar estratégico ocupado pelo tema que reali- Em seguida, Richard Theisen Simanke, no capítulo “Freud e a sexualida-
zamos, em agosto de 2015, na Universidade de São Paulo, o I Encontro Interna- de infantil antes de Freud”, apresenta uma análise da questão da sexualidade
cional do GT, no qual foram apresentadas e discutidas as diversas perspectivas infantil inserindo-a no contexto histórico da passagem entre os séculos XIX e
de análise que integram este volume. As conferências apresentadas no evento XX. Seu trabalho mostra como a sexualidade infantil é tema recorrente na lite-
estão disponíveis na íntegra para acesso on line na rede YouTube (Parte 1: ht- ratura médica do século XIX, tanto na história da medicina, quanto na história
tps://youtu.be/laoyarWZUfw; Parte 2: https://youtu.be/zPtMdtbxgvo). da sexualidade. Nesse sentido, Freud teria sido um participante relativamente
Desse modo, procuramos analisar uma questão importante no que diz tardio nessa discussão, na qual duas questões são centrais: 1) o seu caráter
respeito à saúde individual e coletiva, do ponto de vista da psicanálise, aglu- normal ou patológico, ou seja, quais tipos de manifestação do impulso sexual
tinando diversas de suas vertentes e focalizando a nossa realidade mais pró- são normais na infância, e até que ponto; e 2) as semelhanças e diferenças
xima e mais atual. Procuramos, também, fomentar o debate entre os membros entre a sexualidade infantil e a adulta, de modo que, em relação a este segun-
do grupo e, sobretudo, prestar contas à comunidade acadêmica e científica do do aspecto, as teorias se dividem em homológicas e heterológicas, segundo a
trabalho realizado, bem como oferecer nossa contribuição à interrogação das terminologia de certos historiadores. O objetivo do trabalho é situar a contri-
formas de nos constituirmos como sujeitos e de vivermos juntos uns com os buição freudiana nesse contexto para em seguida argumentar que esta última
outros, de amarmos a nós mesmos e ao outro, aquele que, muitas vezes, não se apresenta como uma teoria heterológica e não homológica da sexualidade
passa para nós de apenas um desconhecido. infantil, como pretendem certos comentadores.
Em tempos difíceis como o nosso, necessitamos cada vez mais do traba- Fátima Caropreso, em “Trauma, pulsão de morte e sexualidade na teoria
lho constante do pensamento na análise dos diversos modos de ser e de sofrer freudiana”, analisa o papel atribuído por Freud às experiências reais trau-
do ser humano, e categorias como narcisismo e a sexualidade têm se mostrado máticas, aos fatores constitucionais e à sexualidade na gênese dos processos
centrais na investigação da vida individual e coletiva, permitindo explorar psíquicos normais e patológicos, defendendo a hipótese de que a retomada
fenômenos significativos da nossa atualidade, em seus aspectos positivos e do conceito de experiência de dor a partir de Além do princípio do prazer (1920),
negativos. assim como a introdução do conceito de pulsão de morte, têm como consequ-
Orientados por uma preocupação permanente com os aspectos históricos ência modificações nas concepções freudianas acerca dos fundamentos dos
e epistemológicos das respostas oferecidas pela teoria e clínica psicanalíticas a processos psíquicos e da etiologia das neuroses, insuficientemente exploradas
esses fenômenos, procuramos, na primeira parte desta nossa coletânea, apre- pelos estudiosos da obra freudiana. Segundo a autora, entre essas modifica-
sentar uma série de leituras críticas das noções de sexualidade e de narcisismo ções, destaca-se a relativização do papel da sexualidade na gênese dos sin-
no pensamento psicanalítico a partir da consideração dos contextos sócio-his- tomas neuróticos e, por isso, ela analisa a teoria metapsicológica de Freud,
tóricos e científicos dos quais emergiram. assim como suas hipóteses sobre a etiologia das neuroses, para discutir essas
Abrimos este debate com o texto de Joel Birman, “Sexualidade e narci- modificações.
sismo nos arquivos da psicanálise. O Édipo em questão”, no qual é proposta Com “Revisitando ‘Freud, 1914: o ano que não terminou’”, Daniel Ku-
uma cuidadosa análise dos aspectos estruturais do narcisismo e da sexualida- permann nos mostra de que maneira o ano de 1914 foi caracterizado por uma
de na cultura contemporânea a partir da consideração do lugar estratégico do verdadeira reviravolta no pensamento freudiano, com repercussões no campo
Complexo Édipo na história da psicanálise e, sobretudo, na construção do seu psicanalítico que se estendem até hoje. Focalizando, sobretudo, o modo como
aparato conceitual. Trata-se de mostrar que o desenvolvimento da questão do Freud, ao se deparar com os impasses do caso conhecido como Homem dos
narcisismo na psicanálise precisa ser abordada a partir da história do desen- Lobos, experimentou dispositivos inéditos em sua prática, o autor nos apresen-
volvimento das perspectivas teóricas dos psicanalistas pós-Freud, não só em ta a hipótese de que a formulação do conceito de elaboração (Durcharbeitug)
termos clínicos, mas também em termos das concepções que caracterizam o aponta uma direção para o tratamento dos quadros de sofrimento narcísico
horizonte de cada época, salientando tanto os jogos de poder entre as escolas que teria transformado inelutavelmente nossa concepção do que é a clínica
psicanalíticas quanto o lugar epistemológico a ser creditado à psicanálise. É psicanalítica. Kupermann indica, ainda, que a publicação de A história do mo-
16 Amar a Si Mesmo e Amar o Outro Joel Birman et al. 17
vimento psicanalítico configura um gesto político que reforçou a posição de é possível pensar um narcisismo em termos constitutivos e outro em termos
Freud como fundador-unificador do campo psicanalítico, ao mesmo tempo históricos, mesmo que articulados. Assim, trabalha com a diferença entre sub-
em que promoveu nos seus discípulos uma adesividade transferencial capaz jetividade e estrutura ao discutir a alienação como efeito da estruturação. Para
de comprometer sua criatividade e reforçar o peso da tradição no campo psi- Estevão, pensar a alienação nos dirige para a articulação entre os três regis-
canalítico. tros concebidos por Lacan – Real, Simbólico e Imaginário – e sua modalidade
Em “Destinos contemporâneos do narcisismo: atualidade de Heinz Ko- de amarração, tratada no final de sua teorização a partir do nó borromeano,
hut”, Eduardo Leal Cunha, explora o debate em torno das personalidades o que o leva a rediscutir o lugar do imaginário ao fim de uma análise. Para
narcísicas, o qual ocupou o centro da cena psicanalítica norte-americana nas concluir, nos apresenta a ideia de que há uma diferença entre o narcisismo
décadas de 1960 e 1970, a fim de demonstrar a atualidade das formulações alienante constitutivo e aquele efeito de certa conjuntura histórica e que tem
de Kohut face a novas formas de subjetivação. Em seu argumento, dentre as efeitos subjetivos que apontam para a homologia entre as éticas da política e
principais propostas teóricas do psicanalista de origem austríaca, destacam- da psicanálise.
se: a descrição da vulnerabilidade narcísica difusa enquanto traço clínico di- Em “A fé nos futuros: um debate sobre o narcisismo em Christopher
ferencial das ditas personalidades narcísicas; o reconhecimento de um modo Lasch e Sigmund Freud”, Daniel Menezes Coelho nos propõe uma discussão
particular de laço transferencial no qual o analista é investido narcisicamente sobre as diferenças acerca do conceito de narcisismo nos dois autores. A par-
e não propriamente enquanto objeto de amor, como no modelo clássico base- tir da leitura de A cultura do narcisismo, destaca dois problemas conceituais:
ado no complexo de Édipo; o caráter transicional e não estruturalmente pato- primeiramente, a indicação de Lasch segundo a qual Freud teria postulado,
lógico tanto da vulnerabilidade do self quanto dessa forma específica de laço em 1914, o eu como origem da libido, passa ao largo de um aspecto central da
transferencial; e, por fim, a independência entre os eixos objetal e narcísico de teoria freudiana do eu, ou seja, o fato de que esta unidade não pode estar lá
investimento libidinal e de constituição subjetiva. desde o início; em segundo lugar, a superposição entre narcisismo primário
No desenvolvimento da compreensão ampla desses fenômenos, nos de- e normalidade, e narcisismo secundário e patologia, defendida por Lasch a
dicamos, já na segunda parte deste volume, à análise do impacto do uso da partir de Otto Kernberg, não encontra apoio na obra de Freud, marcada pelo
noção de narcisismo, proposta por Freud em 1914, sobre a leitura que a psi- movimento contrário, isto é, pela demonstração da indistinção entre normali-
canálise pode fazer dos processos de subjetivação, na atualidade, em especial dade e patologia. A discussão conclui apontando para aspectos éticos presen-
no que se refere a fenômenos socioculturais, explorando dessa forma as novas tes na dificuldade de cada um em lidar com seus próprios traços narcísicos.
possibilidades de articulação entre narcisismo e sexualidade que marcam nos- Mônica Medeiros Kother Macedo e Carolina Neumann de Barros Falcão
sa experiência contemporânea. Dockhorn discutem em “A Indiferença e a Servidão: alterações nos domínios
Paulo de Carvalho Ribeiro e Fábio Roberto Rodrigues Belo se dedicam, de Narciso” o possível enlace entre narcisismo e drogadição a partir de duas
com “Narcisismo, gênero e sexualidade: aproximações entre Lichtenstein, ilustrações clínicas, sendo tais dados oriundos de espaços de escuta com su-
Ferenczi, Laplanche e Butler”, ao exame do artigo Identity and Sexuality, de jeitos drogaditos que tinham como objetivo não propriamente o tratamento
H. Lichtenstein (1977 [1961]), mostrando elementos teóricos próximos àque- analítico, mas sim a oferta de uma escuta abstinente que privilegiasse a asso-
les presentes na Teoria da Sedução Generalizada, de Jean Laplanche. Os auto- ciação livre do sujeito. A partir da estratégia clínico-interpretativa, as autoras
res consideram que retomar as teses de Lichtenstein permite destacar a ideia destacam o comprometimento do capital subjetivo desses sujeitos aprisiona-
de que a identidade se forma em resposta a excitações precoces provenientes dos em um pacto mortífero com objetos primários, originados da indiferença
da sedução originária. Por outro lado, a análise de outro artigo, desta vez de impeditiva da genuína capacidade de ser e estar no mundo. Levando em con-
Sandor Ferenczi (1992 [1911]), tornaria possível destacar como a identidade sideração a complexidade da construção narcísica e a sua importância para
de gênero e a orientação sexual também se articulam de forma radical às se- a formação do eu, a discussão problematiza o estado de servidão psíquica do
duções endereçadas à criança pelo cuidador. Por fim, propõem um diálogo eu presente na drogadição, em duas diferentes formas: servidão autoerótica e
com Judith Butler no sentido de reforçar a tese de que o gênero é um tipo de servidão narcísica.
código tradutivo do sexual e funciona, em termos identitários, como um dos No último capítulo dessa segunda parte, intitulado “Da separação tecno-
principais aspectos organizadores da vida psíquica. científica entre sexo e reprodução ao conflito entre a gestão racional e a dilapi-
Ivan Ramos Estevão, em “Narcisismo histórico ou constitutivo: entre a dação do excesso na doação de gametas e embriões”, Simone Perelson e Isabel
sociedade narcísica e o exercício da singularidade”, retoma a concepção de Fortes partem da articulação sugerida pela psicanalista Geneviéve Delaisi de
narcisismo na psicanálise freudiana e lacaniana partindo da concepção de que Parseval entre a noção de dádiva de Marcel Mauss e a lógica inerente à doação
18 Amar a Si Mesmo e Amar o Outro Joel Birman et al. 19
de gametas e embriões, própria às novas práticas tecnocientíficas de reprodu- tipo de sujeito, dividido por imperativos ambivalentes, submetido de modo
ção. Considerando os comentários de Lévi-Strauss, Caillé, Godelier e Bataille paradoxal à figura transcendente paterna e que dava respostas específicas ao
em torno da noção de dádiva e os comentários de Freud sobre a equivalência trauma representado pelo processo edípico. Nesse contexto, a compulsão seria
simbólica entre presente, bebê e dinheiro, as autoras criticam a interpretação a figuração mais complexa do chamado ritual de anulação e teria fornecido pro-
que reduz o sistema de trocas de material de engendramento unicamente à ló- vas consistentes da presença da sexualidade, da pulsão e do conflito psíquico
gica mercantil e utilitarista, destacando, ao contrário, seu caráter erótico-anal, na esfera da ação, sendo indissociável do universo nocional que dará origem
antiutilitarista e estranho (unheimlich). ao Édipo, num caminho trilhado por Freud a partir do caso do “Homem dos
Na quarta e última parte deste livro, destacamos aspectos especificamen- Ratos”. Com base nessas considerações, o autor apresenta a hipótese de que
te clínicos das articulações entre narcisismo e sexualidade no pensamento psi- o sintoma compulsivo na atualidade se esmaece em seu colorido conflitual
canalítico atual, apresentando análises nas quais são privilegiados os vínculos e sexual para expressar fragilidades relacionadas à constituição narcísica, e
entre os modos de constituição psíquica e as formas de sofrimento psiquíco procura demonstrar que as raízes desta relação entre narcisismo e compulsão
que caracterizam nosso mundo contemporâneo. já estão presentes em certos escritos de Freud, mesmo que de forma tímida e
Christian Hoffmann, em “Questões preliminares acerca do narcisismo e embrionária.
das sexualidades contemporâneas” apresenta uma breve análise comparativa Leopoldo Fulgencio, com “Os narcisismos e a sexualidade: da experiên-
dos estados-limite com base em coordenadas teóricas e clínicas. Partindo de cia narcísica de ser à experiência de investir libidinalmente o eu e os objetos”,
uma reflexão sobre a problemática da sexuação na histeria e articulando a dedica-se à compreensão winnicottiana do narcisismo primário enquanto
teorização lacaniana do gozo com “práticas do corpo” exercidas pelos ado- amálgama mãe-bebê, no qual, pela sustentação ambiental, o bebê vive a ex-
lescentes na contemporaneidade, o autor procura evidenciar como a teoria periência da continuidade de ser. Mostra que, para Winnicott, essa experi-
psicanalítica é convocada para enfrentar os impasses encontrados na clínica ência originária não diz respeito, ontologicamente falando, à administração
dos nossos dias, na qual o corpo sexuado já não funciona exatamente da mes- das pressões instintuais, e que a possibilidade de tomar a si mesmo como
ma maneira que a psicanálise havia teorizado em seu início. Trata-se, dessa objeto de amor e desejo só é possível com determinado desenvolvimento e
forma, de problematizar noções tais como as de limite – do representável e integração do indivíduo. A compreensão dessa situação inicial e do processo
do analisável –, traumático e narcisismo, bem como a ideia de uma reflexividade que leva a diversas integrações identitárias pode nos mostrar várias formas
do corpo na contemporaneidade. Com tal análise, Hoffmann pretende, por de viver e entender os modos de relações narcísicas, numa linha que vai da
fim, enunciar algumas proposições sobre as competências do psicanalista no experiência originária de ser si mesmo (being’s experience) até a conquista da
manejo de casos-limite. unidade total do sujeito psicológico (whole person), quando o indivíduo tem
Em seguida, Gustavo Henrique Dionisio, com “Jovens transferências, ou: relações a três corpos, passando pela experiência de apreender-se díspar do
do narcisismo (primário) das enormes semelhanças”, apresenta resultados do mundo (I am), na qual o indivíduo pode, então, estabelecer relações a dois
projeto de extensão Atendimento psicoterápico à comunidade universitária externa, corpos.
realizado no Centro de Pesquisa e Psicologia Aplicada (CPPA) da Unesp As- Por fim, concluímos os trabalhos com o texto de João Paulo Barretta – “Nar-
sis, entre 2011 e 2014, o qual consistiu na oferta de escuta psicoterapêutica gra- cisimo e dependência emocional. Considerações à luz de Lacan e Winnicott”
tuita e de inspiração psicanalítica a estudantes universitários da comunidade – no qual é discutido o modo como a noção de narcisismo, central na teoria
externa à FCL Unesp Assis e a ex-alunos da mesma. Em seu texto, o autor freudiana, foi questionado por Melanie Klein a partir da observação das re-
procura alcançar dois objetivos primordiais: em primeiro lugar, traçar, a par- lações objetais primitivas, de caráter predominantemente sádico e marcadas
tir da queixa principal, um perfil dos usuários que frequentaram o serviço; em pela presença de objetos parciais. Lacan, por sua vez, ao fazer a sua reinterpre-
seguida, considerando tal perfil, construir uma reflexão sobre a problemática tação da obra de Freud com base nas categorias fundamentais do Simbólico,
da transferência de “ambas as partes”, uma vez que o projeto estabelecia uma Imaginário e Real, teria, segundo o autor, conferido um papel privilegiado
relação particular, na medida em que se tratava de estudantes universitários que ao conceito de narcisismo, vinculando-o à noção de alienação. Winnicott, por
atendiam estudantes universitários, o que demanda a discussão dos conceitos de fim, teria reintroduzido a noção de narcisismo na escola inglesa, agora sob
transferência e narcisismo, incluindo ainda uma problemática lateral quanto a luz da noção de dependência absoluta. O objetivo do autor é, finalmente,
à sexualidade. expor o modo como Lacan e Winnicott abordam de maneira distinta esse con-
Em “Aspectos narcísicos das compulsões na atualidade”, Julio Sergio ceito central da teoria psicanalítica, bem como interrogar a razão de ser dessas
Verztman mostra que o obsessivo foi, para Freud, o paradigma de um novo diferentes abordagens.
20 Amar a Si Mesmo e Amar o Outro

Com este conjunto de descrições, análises, explicações e elaborações de

I
diversos aspectos relacionados aos fenômenos do narcisismo e da sexuali­
dade, tanto nos indivíduos quanto na cultura, na história do desenvolvimen-

Parte
to das ideias e na prática de cuidados clínicos, esperamos fornecer um qua-
dro amplo e consistente para a compreensão da própria natureza humana
nos seus modos de ser ontológicos e ontogênicos, seja como seres da cultura
seja como seres dos afetos. Esperamos também contribuir para que os im-
passes entre o amor de si e o amor do outro se transformem em potência,
em novas formas de existência e de relação consigo mesmo e com nossos
semelhantes.2 Aspectos Históricos
Joel Birman
Leopoldo Fulgencio
Daniel Kuperman
Eduardo Leal Cunha

Procurando o máximo de padronização nas referências bibliográficas, buscamos sempre que possível citar
2

os textos clássicos da mesma maneira. No que se refere a Freud, ele será citado segundo a classificação
estabelecida por Tyson, A., & Strachey, J. (1956) “A Chronological Hand-List of Freud´s Works. International
Journal of Psychoanalysis, 37(1), 19-33, tal como consta na Standard Edition Inglesa. As obras de Ferenczi,
Klein e Lacan, ainda não foram padronizadas tal como a de Freud, mas tentamos estabelecer um padrão
de referências, respeitando sempre a data da primeira publicação dos textos. A obra de Winnicott foi
classificada, por Kund Hjulmand, e tem tal notação utilizada, ainda que de forma ampliada, na publicação
de Complet Works of Dr. DWWinnicott (2016).
1 Sexualidade e Narcisismo nos
Arquivos da Psicanálise.
O Édipo em Questão3

Joel Birman

Considerações Preliminares

A conjunção e a oposição entre os registros da sexualidade e do narcisismo


no discurso psicanalítico podem ser teoricamente exploradas e trilhadas
de múltiplas formas, seguramente. Em todas estas formas, contudo, a leitura
teórica em pauta tem como correlato a leitura clínica que se tece entre aqueles
registros psíquicos acima enunciados. Isso porque qualquer leitura teórica em
psicanálise, com efeito, tem como pressuposto e como condição concreta de
possibilidade a experiência psicanalítica (Birman, 1989), de forma que os enun-
ciados teóricos empreendidos no discurso da metapsicologia são ressonâncias
necessárias daquilo que se passa no campo da experiência analítica. Esta se
articula, como se sabe, entre os registros de transferência e da resistência, como
formulou rigorosamente Freud (1914d), no ensaio intitulado “A história do
movimento psicanalítico”, quando procurou delinear a especificidade da prá-
tica psicanalítica em face de outras práticas psicoterápicas.
No que tange ao percurso teórico a ser trilhado entre os registros da se-
xualidade e do narcisismo, na sua conjunção e oposição, portanto, é preciso
realizar de maneira prévia uma escolha teórica e metodológica, que permita
orientar-nos certamente nesta multiplicidade possível. Enfim, uma tomada de

3
Este ensaio foi escrito a partir das notas que me orientaram na conferência intitulada “Narcisismo e
Sexualidade nos Arquivos da Psicanálise”, realizada no I Encontro Internacional do Grupo de Trabalho
Psicanálise, Subjetividade e Cultura Contemporânea, da ANPEPP, realizado de 12 a 14 de agosto de 2015,
em São Paulo, na Universidade de São Paulo.

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