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2. QUESTÕES
“Tudo era água e céu. A inundação tinha coberto as margens do rio até onde a vista podia
alcançar; as grandes massas de água que o temporal durante a noite inteira vertera sobre as
cabeceiras dos confluentes do Paraíba desceram das serranias, e, de torrente em torrente, haviam
formado essa tromba gigantesca que se abatera sobre a várzea.
A tempestade continuava ainda ao longo de toda a cordilheira, que aparecia coberta por
um nevoeiro escuro; mas o céu, azul e límpido, sorria mirando-se no espelho das águas. A inundação
crescia sempre; o leito do rio elevava-se gradualmente; as árvores pequenas desapareciam; e a
folhagem dos soberbos jacarandás sobrenadava já como grandes moitas de arbustos.
A cúpula da palmeira em que se achavam Peri e Cecilia, parecia uma ilha de verdura
banhando-se nas águas da corrente; as palmas que se abriam formava no centro um berço mimoso,
onde os dois amigos, estreitando-se, pediam ao céu para ambos uma só morte, pois uma só era a sua
vida.
(ALENCAR, José de. “O Guarani”. In ALENCAR, José de. Obra Completa. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, 1959)
01. Para o indianismo Alencariano, afirmar a identidade brasileira, significava em primeiro lugar valorizar
nossos traços autóctones, isto é, aqueles que aqui já existiam antes da chegada dos colonizadores. O
índio é quem irá representar esse papel, ele é o homem da terra brasileira em estado puro. Assim, o
índio assumirá o papel de herói de símbolo da raça, papel que nos dias de hoje têm sido assumido
principalmente por jogadores de futebol e atletas de um modo geral. Contudo José de Alencar além de
valorizar o heroísmo indianista, apresenta em nos romances indianistas outra característica muito
marcante do romantismo brasileiro. Sobre o trecho lido de O Guarani, IDENTIFIQUE a característica
correta que se apresenta no fragmento final do romance. (1,0) – ( )
a) Imaginação criadora.
b) Consciência da solidão.
c) Ânsia de glória.
d) Idealização do personagem.
e) Valorização da natureza.
02. Iracema" é um termo tupi que significa "saída de mel, saída de abelhas, enxame" (ira, mel, abelha +
semu, saída). É um anagrama da palavra "América". Na obra, o escritor José de Alencar explica que
"Iracema" é um termo originário da língua tupi que significa "lábios de mel", mas, segundo o tupinólogo
Eduardo de Almeida Navarro, tal etimologia não é correta. Em Iracema, Alencar criou uma explicação
poética para as origens de sua terra natal, daí o subtítulo da obra - "Lenda do Ceará". A "virgem dos
lábios de mel" tornou-se símbolo do Ceará, e seu filho, Moacir, nascido de seus amores com o
colonizador português Martim, representa o primeiro cearense, fruto da união das duas raças. A história
é uma representação do que aconteceu com a América na época de colonização europeia. De acordo
com as informações e com as análises apresentadas sobre o romance Iracema, de José de Alencar,
CONCLUI--se que: (1,0) – ( )
a) O relacionamento entre Martim e Iracema não seria uma alegoria das relações entre metrópole e
colônia.
b) Iracema é descrita de uma forma idealizante, comparada com elementos da natureza,
característica própria do Romantismo.
c) O personagem Martim é lendário cavaleiro medieval; nunca existiu, tratando-se, portanto, de
uma figura fictícia.
d) Moacir, que em tupi quer dizer “filho da dor”, é levado por Martim morto para a Europa.
e) A descrição da cor local brasileira (fauna e flora) são meros detalhes e não apresentam
importância no projeto literário de Alencar.
O Guarani, além de realçar a figura do índio, se passa no século XVII (a ação inicia-se em
1604), logo depois que Felipe II da Espanha ocupa o trono de Portugal. D. Antônio de Mariz, fidalgo
português, fiel à sua pátria, prefere instalar-se no interior do Brasil (época em que a mata brasileira
era quase totalmente virgem e sua vegetação praticamente desconhecida), a servir a Coroa
estrangeira. Com sua família e alguns homens para sua defesa ou ataque a qualquer um hostil a eles,
inicia a formação de uma fazenda a margem do Rio Paquequer (rio este que demandou por parte de
Alencar uma extensa descrição), afluente do Paraíba. De um acidente, resulta a morte de uma índia,
de uma tribo denominada aimoré, que passa por isso a hostilizar aqueles que ali estavam a pouco
(para eles, índios, tidos intrusos). D. Antônio recebe ajuda e ganha a amizade do índio de nome Peri,
o qual é nos passada a imagem de jovem guerreiro, de uma tribo nomeada como goitacás, esse
possuidor de nobres instintos e extrema bravura. O selvagem devota a Cecília, filha do fidalgo, uma
adoração quase religiosa e por isso estendia sua proteção a toda a família da moça.
(Afrânio Coutinho. A Literatura no Brasil. Rio de Janeiro ; Ed. Sul Americana, 1955)
Com base na leitura acima, IDENTIFIQUE a alternativa que apresenta uma ANÁLISE correta sobre o
romance O Guarani. (1,0) – ( )
a) No romance Alencariano, as personagens pautam sua conduta por normas cavalheirescas. D.
Antônio simboliza um senhor feudal enquanto que o código de honra de Peri é baseado no cavaleiro
medieval.
b) A descrição do amor que Peri nutre por Ceci visa a criar uma imagem idealizada do índio brasileiro.
Por isso Alencar descreve no romance os conflitos entre o homem branco e o negro.
c) Alencar pretende demonstrar a inferioridade do indígena brasileiro frente ao colonizador europeu.
Narrando a fundação de uma nova nação a partir da miscigenação entre indígenas e africanos.
d) Em O Guarani, o autor procura valorizar as origens do povo brasileiro e transformar certos
personagens em heróis, com traços do caráter do “bom selvagem”. Por isso, a obra é enquadrada como
romance urbano.
e) Os protagonistas – Peri e Ceci– morrem em circunstâncias trágicas, na certeza de que serão
vingadas, pois só dessa maneira nascerá uma nova nação brasileira que suplantará a colonização
europeia.
04. (FUVEST) Ao final da narrativa, Ceci decide permanecer na selva com Peri: “— Peri não pode viver
junto de sua irmã na cidade dos brancos, sua irmã fica com ele no deserto, no meio da floresta. ”
IDENTIFIQUE a opção que traduz a decisão de Ceci. (1,0) – ( )
1 – D. Antônio de Mariz
2 – Cecília
3 – D. Álvaro
4 – Peri
a) (2) “No pequeno jardim da casa do Paquequer, uma linda moça se embalançava
indolentemente numa rede de palha presa aos ramos de uma acácia silvestre, […] Os grandes
olhos azuis, meio cerrados, às vezes se abriam languidamente como para se embeberem de luz,
e abaixavam de novo as pálpebras rosadas. […] Os longos cabelos louros, enrolados
negligentemente em ricas tranças, descobriam a fronte alva, […]”
b) (1) “Homem de valor, experimentado na guerra, ativo, afeito a combater os índios, prestou
grandes serviços nas descobertas e explorações do interior de Minas e Espírito Santo. Em
recompensa do seu merecimento, o governador Mem de Sá lhe havia dado uma sesmaria de
uma légua com fundo sobre o sertão, […]”
c) (3) “Nessa noite, […] ia dar um passo que, na sua habitual timidez, ele comparava quase com
um pedido formal de casamento; tinha resolvido fazer a moça aceitar, malgrado seu, o mimo que
recusara, deitando-o na sua janela; esperava que, encontrando-o no dia seguinte, Cecília lhe
perdoaria o seu ardimento, e conservaria a sua prenda”.
d) (4) “Nessa muda contemplação, […] esqueceu tudo. Que lhe importava o precipício que se abria
a seus pés para tragá-lo ao menor movimento, e sobre o qual planava num ramo fraco que
vergava e se podia partir a todo o instante! Era feliz: tinha visto sua senhora; ela estava alegre,
contente e satisfeita; podia ir dormir e repousar”.
a) expansão dos limites geográficos da terra, que promoveu o sentimento de unidade do território
nacional e deu a conhecer os lugares mais distantes do Brasil aos brasileiros.
b) possibilidade de apresentar uma dimensão desconhecida da natureza nacional, marcada pelo
subdesenvolvimento e pela falta de perspectiva de renovação.
c) consciência da exploração da terra pelos colonizadores e pela classe dominante local, o que coibiu a
exploração desenfreada das riquezas naturais do país.
d) construção, em linguagem simples, realista e documental, sem fantasia ou exaltação, de uma
imagem da terra que revelou o quanto é grandiosa a natureza brasileira.
e) valorização da vida urbana e do progresso, em detrimento do interior do Brasil, formulando um
conceito de nação centrado nos modelos da nascente burguesia brasileira.
07. LEIA o texto abaixo e responda o que se pede:
“Suas obras estão classificadas no gênero "comédia de costumes", inaugurado por ele, e se
empenham no retrato de situações cômicas da realidade brasileira compondo uma espécie de sátira
social. Além disso, é responsável por criar tipos característicos e situações peculiares tanto no
ambiente urbano quanto no ambiente rural. O malandro, o estrangeiro e a mulher (responsável por
"segurar as pontas" da família), são talvez seus personagens mais característicos. No retrato do
ambiente urbano, trabalhou na sátira dos costumes da classe média carioca do século XIX,
principalmente, com relação aos relacionamentos amorosos e a busca pela ascensão social.
Escreveu para as camadas mais populares, decorrendo daí a sua popularidade. Escreveu, durante
sua curta vida, cerca de 28 obras tendo 19 delas sido encenadas na época. Suas peças mais famosas
são: O juiz de paz na roça (1842), Quem casa quer casa (1845) e O Noviço (1871)”.
a) José de Alencar
b) Machado de Assis
c) Martins Pena
d) Álvares de Azevedo
e) Castro Alves
09. LEIA o fragmento da peça abaixo. (1,0) – ( )
a) Um juiz injusto, arbitrário, distante da verdadeira ética que se espera encontrar em uma pessoa
pertencente ao meio jurídico.
b) Um juiz justo que preza pela verdadeira ética que se espera encontrar em uma pessoa
pertencente ao meio jurídico.
c) Um juiz injusto, arbitrário, que preza pela verdadeira ética que se espera encontrar em uma
pessoa pertencente ao meio jurídico.
d) Um juiz injusto, mas não arbitrário e que não está distante da verdadeira ética que se espera
encontrar em uma pessoa pertencente ao meio jurídico.
e) Um juiz que é o exemplo da verdadeira ética que se espera encontrar em uma pessoa
pertencente ao meio jurídico.
10. “Loredano desejava; Álvaro amava; Peri adorava. O aventureiro daria a vida para gozar; o cavaleiro
arrastaria a more para merecer um olhar; o selvagem se mataria, se preciso fosse, só para fazer Cecília
sorrir”.
(Trecho de O Guarani, de José de Alencar)
Sobre as características da obra de onde se extraiu o trecho acima, PODEMOS AFIRMAR que:
(1,0) – ( )