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Eletricidade Básica
Sumário
1 PRINCÍPIOS DA ELETRICIDADE ................................................................................. 7
1.1 O que é Eletricidade? ................................................................................................ 7
1.2 Processos de Eletrização........................................................................................... 8
1.3 Interações entre cargas elétricas: força e campo elétrico ......................................... 11
1.4 Trabalho e Potencial Elétrico ................................................................................. 12
1.5 Corrente Elétrica ..................................................................................................... 13
1.6 Força Eletromotriz .................................................................................................. 14
1.7 Resistência Elétrica: Leis de Ohm .......................................................................... 14
1.8 Associação de Resitores ......................................................................................... 16
1.9 Leitura de Resistores – Código de Cores ............................................................... 16
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Eletricidade Básica
Princípios da
Eletricidade 1
de experiências feitas em 1906. Mas como este
1.1 O que é Eletricidade?
Embora os fenômenos envolvendo eletri- modelo ajuda nossa compreensão sobre a na-
cidade fossem conhecidos há muito tempo (to- tureza da eletricidade?
dos já devem ter ouvido falar da famosa expe- Freqüentemente, falamos em “carga elé-
riência do americano Benjamin Franklin sol- trica”. O que vem a ser isto? Suponha que você
tando pipa em um dia de tempestade), somen- tem um corpo “carregado com carga negati-
te durante o século XIX, investigações, mais va”. Considerando que, as cargas que conhe-
científicas foram feitas. Faremos, então, uma cemos são aquelas representadas nos átomos,
breve discussão sobre os fenômenos elétricos. os prótons (positivos) e os elétrons (negativos),
Hoje sabemos que a explicação da natu- então, um corpo com “carga negativa”, na ver-
reza da eletricidade vem da estrutura da maté- dade, é um corpo em cujos átomos há um maior
ria, os átomos. Na figura 1, vemos um esboço número de elétrons do que de prótons. Ou, de
de um átomo dos mais simples, o de Lítio. maneira contrária, outro corpo com carga po-
Temos o núcleo deste átomo, que é composto sitiva é aquele em que o número de elétrons é
por dois tipos de partículas: os prótons, partí- menor do que o número de prótons. Esta vari-
culas carregadas positivamente, e os nêutrons, ação de cargas positivas para negativas em um
que têm a mesma massa dos prótons, só que corpo é feita mais facilmente variando o nú-
não são partículas carregadas. mero de elétrons do corpo, já que como eles
estão na periferia dos átomos, são mais facil-
mente removíveis.
Conceito de Carga Elétrica: Como con-
seqüência do que colocamos acima, toda car-
ga que aparece em um corpo é um múltiplo da
carga de cada elétron, uma vez que, para tor-
narmos um corpo negativamente carregado,
fornecemos a este 1 elétron, 2 elétrons, assim
por diante. Da mesma maneira, para tornar-
mos o corpo carregado positivamente, é ne-
cessário “arrancar” de cada átomo um elétron,
dois elétrons, etc. Este processo de variação
FIGURA 1 do número de elétrons dos átomos é chamado
de ionização. Um átomo cujos elétrons não
Orbitando ao redor do núcleo temos par- estejam em mesmo número de seus prótons é
tículas cerca de 1836 vezes mais leves que os chamado de íon. Assim, de uma maneira ge-
prótons, os elétrons, que apresentam cargas ral, toda carga Q pode ser calculada da seguinte
negativas de mesmo valor que as dos prótons. forma:
Em seu estado natural, todo átomo tem o mes-
mo número de prótons e elétrons, ou seja, é Q = Ne
eletricamente neutro. Na verdade, a figura está
bem fora de escala para facilitar o desenho, já Em que N é o número de elétrons forneci-
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que o diâmetro das órbitas dos elétrons varia dos (no caso de carga negativa) ou retirados
entre 10 mil a 100 mil vezes o diâmetro do (no caso de cargas positivas) do corpo e e, a
núcleo! O modelo da figura foi proposto pelo chamada carga elétrica fundamental, que é a
físico inglês Ernest Rutherford, após uma série carga presente em cada próton ou elétron.
Eletricidade Básica
Trabalharemos com o Sistema Internacio-
nal de Unidades (SI), mais conhecido como
MKS (Metro, Kilograma, Segundo), para de-
finirmos as unidades de medida das grande-
zas físicas utilizadas em nossos estudos.
FIGURA 4a
Kq1q2
F= (F em Newtons)
d2
FIGURA 7a FIGURA 7b
∆V = VA – VB = W/Q
FIGURA 11
∆q
i=
∆t
V1 V2
14 = = ... = R
i1 i2
FIGURA 19
ρL
R= Sabemos que para uma dada bateria, não
A podemos acender uma infinidade de lâmpadas.
Isso acontece por causa da perda ou transfor-
mação de energia que ocorre nos resistores. 15
uma vez que a energia elétrica está sendo per-
dida, isto significa que a capacidade de reali-
zar trabalho pelo circuito também está dimi-
FIGURA 20 nuindo. De fato, um resistor não diminui a in-
Eletricidade Básica
tensidade da corrente que passa por ele, mas 1.9 Leitura de Resistores – Código de
provoca uma queda do potencial através dele
dada pela Lei de Ohm (V = Ri). Assim, ao
Cores
percorrermos o circuito, medimos uma queda Há resistores dos mais diversos tipos e
de potencial através dele por causa da resis- valores de resistência. Ao escrevermos o va-
tência de fios e equipamentos que fazem parte lor de uma resistência, há algumas convenções
do mesmo, quando completamos a volta no a serem observadas.
circuito, chegando ao outro pólo da fonte de Alguns exemplos:
fem (bateria, pilha, gerador), esta se encarre- Resistência de 5 ohms: R1 = 5 Ω
ga de “subir” o potencial novamente, para que
Resistência de 5,3 ohms: R2 = 5R3 Ω = 5R3
o movimento das cargas possa continuar pelo
circuito, mantendo a corrente elétrica. Por cau- Resistência de 5300 ohms: R3 = 5k3 Ω = 5k3
sa de efeitos como este, não podemos trans-
portar correntes elétricas por grandes distân- A colocação da letra R (Resistência) ou
cias sem perdas nas linhas de transmissão. Por- do prefixo k (quilo, que equivale 1000 unida-
tanto, há todo um desenvolvimento técnico por des) no lugar da vírgula é para evitar que uma
trás da transmissão da energia, como a alta ten- falha de impressão da vírgula possa ocasionar
são de saída nas usinas geradoras e necessida- a leitura errada da resistência.
de de subestações que controlem a tensão da Embora alguns resistores tragam impres-
eletricidade a ser distribuída para uso sos o valor da resistência, o código de cores é
residencial e comercial. muito utilizado, já que em alguns casos os
resistores são tão pequenos que impossibilita-
riam a leitura de qualquer caractere impresso
1.8 Associação de Resitores nele. A tabela abaixo representa o código:
Cor 1.o anel 2.o anel 3.o anel 4.o anel
Resistores em série
A corrente que passa por cada um dos Preto – 0 x1 –
resistores é a mesma, já que eles estão no mes- Marrom 1 1 x10 1%
mo ramo do circuito. Vermelho 2 2 x102 2%
Esquema: Laranja 3 3 x103 3%
Amarelo 4 4 x104 4%
A B
R1 R2 Verde 5 5 x105 –
Azul 6 6 x106 –
Violeta 7 7 – –
VAB = V1 + V2 i = i 1 = i2 Req = R1 + R2
Cinza 8 8 – –
Branco 9 9 – –
Resistores em paralelo Ouro – – x10–1 5%
A corrente divide-se pelos dois ramos do Prata – – x10–2 10%
circuito, e a tensão entre os terminais dos Sem cor – – – 20%
resistores é a mesma.
Tomemos como exemplo um resistor que
Esquema:
possui os seguintes anéis coloridos:
i1
→
R1
A i i B
→ →
R2 Verde
→ Azul
16 i2 Marrom
Prata
1 1 1 FIGURA 22
VAB = V1 =V2 i = i1 + i2 R = R + R Para evitar equívocos como definir o 1o
eq 1 2
anel pela esquerda ou pela direita, ele é sem-
Eletricidade Básica
pre o mais próximo das extremidades do
resistor. Na nossa figura, é o da esquerda, que
é verde. Para identificarmos o valor do resistor,
tomamos as duas primeiras cores em seqüên-
cia, no caso, verde e azul. Consultando a tabe-
la, temos 5 do verde e 6 do azul, 56.
O terceiro anel é o multiplicador, que pode
ser um múltiplo (quilo, mega, etc) ou submúl-
tiplo (deci, centi) do valor obtido nos dois pri-
meiros anéis. No nosso exemplo, o terceiro
anel é marrom, cujo valor é 10. Assim, o valor
da resistência é 56 x 10 = 560 Ω.
Finalmente, o quarto anel é a tolerância
no valor da resistência, ou seja, a margem de
erro admitida pelo fabricante. No nosso
resistor, o quarto anel é prata, dando uma tole-
rância de 10%. Assim, a leitura de nossa re-
sistência é:
R = (560 ± 10%) Ω
Anotações
Eletricidade Básica
Princípios de
Eletromagnetismo
Passaremos agora à discussão dos fenô-
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menos necessários para a compreensão do fun-
cionamento de geradores e circuitos de cor-
rente alternada, que são os fenômenos que en-
volvem a junção de eletricidade com magne-
tismo. Faremos uma breve exposição dos fe-
nômenos magnéticos mais simples, para de-
pois abordarmos o eletromagnetismo propria-
mente dito. FIGURA 23
FIGURA 28
µ o Ni
H=
l
Fm = H oil sen θ
FIGURA 30.2
FIGURA 30.3
µ o i1i2l
Fm = ⋅
2π r
FIGURA 33
Aqui i1 e i2 são as intensidades de corrente
de cada um dos fios, l o comprimento dos fios As expressões que passamos anteriormen-
e r a distância entre eles. te para cálculos de campos magnéticos são para
cálculo de campos no vácuo, ou, aproximada-
Nota: A definição de Ampère. mente, no ar. Quando um corpo material en-
A definição que passamos de Ampère an- contra-se na presença de um campo magnético,
teriormente (A = C/s) foi utilizada durante ele pode responder de várias maneiras a este
muito tempo. Contudo, por questões práti- campo. O ferro, por exemplo, torna-se magne-
cas, de facilidade de medição para definir- tizado. Já o plástico não sofre nenhuma altera-
se um padrão, em 1946 foi dada uma nova ção aparente. Assim, vamos definir a Indução
definição de Ampère: Magnética, B, cuja unidade no sistema interna-
“Um ampére é a corrente que mantida em cional (SI) é o Tesla (T).
dois condutores retilíneos e paralelos, sepa-
rados por uma distância de um metro no [B] = T
vácuo, produz entre esses condutores uma
força de 2,0 x 10-7N por metro de compri- Este campo é que vai surgir dentro dos
mento de fio”. materiais quando sujeitos a um campo exter-
Assim, o Ampère passa a ser uma gran- no. Portanto, a Indução Magnética é o campo
deza básica do SI e o Coulomb, sua deriva- magnético efetivo em um determinado meio
da (C = A.s).
Eletricidade Básica
material. Podemos imaginar a relação entre te neutros, como o ar e o vácuo. O co-
os dois campos, B e H, com base nas figuras bre é aproximadamente amagnético.
abaixo: • Diamagnéticos: µr < 1. Materiais que
exibem magnetização contrária a do
campo externo aplicado.
• Paramagnéticos: µr > 1. A permeabili-
dade não depende do campo externo, é
constante, e o aumento do campo in-
terno no material não é muito grande.
FIGURA 34.1 • Ferromagnéticos: µr >>1. São os ma-
teriais que exibem maior magnetização,
sendo, portanto, os mais aplicados em
escala industrial. Sua permeabilidade
magnética depende do campo aplica-
FIGURA 34.2
do, em um fenômeno denominado
Se mergulharmos um pedaço de ferro doce histerese magnética.
em um campo magnético, os campos gerados
pelos elétrons (lembre-se das correntes ampe- 2.5 Fluxo Magnético
rianas!) dentro do ferro orientam-se a favor do Quando representamos as linhas de campo
campo externo H. Assim, o campo efetivo (B) magnético de um solenóide nos parágrafos aci-
dentro do ferro aumenta, ao passo que o cam- ma, notamos que elas são linhas de campo fe-
po nas imediações do lado de fora do ferro di- chadas. Isso significa que o número de linhas de
minui. A relação matemática entre B e H é dada campo dentro e fora do solenóide é o mesmo,
pela permeabilidade magnética, µ: embora as linhas estejam mais concentradas no
interior do solenóide (campo mais intenso) do
B que no exterior. Um parâmetro para medir a con-
µ= centração das linhas em uma determinada região
H é o fluxo magnético. Ele é definido em termos
da intensidade de um campo magnético atraves-
A permeabilidade magnética é uma gran- sando uma superfície, bem como a orientação
deza característica de cada material e indica a do campo em relação a esta superfície. A ex-
aptidão deste material em reforçar um campo pressão para calcular o fluxo magnético é:
magnético externo. O valor de m para o vácuo
(e como boa aproximação, o ar) é dado por: Φ = B.A.cosθ
µ
µr =
µo
FIGURA 35
Assim, de acordo com o seu valor de per- No sistema internacional, medimos fluxo
meabilidade relativa, os materiais podem ser magnético por Weber:
classificados como:
• Amagnéticos: µr = 1. Materiais que não [Φ]= Wb
são magnetizados, são magneticamen-
Eletricidade Básica
2.6 Indução Eletromagnética , em que ∆Φ é a variação do fluxo magnético
Os Físicos são movidos várias vezes pela em um certo intervalo de tempo ∆t e N é o
busca de simetrias na natureza. Um exemplo número de espiras através das quais o fluxo
disto foi a descoberta da indução eletromagné- está variando. Na nossa discussão acima, N =
tica pelo inglês Michael Faraday em 1831. Ao 1. Quanto maior for o número de espiras, mai-
observar a experiência de Oersted, em que uma or o valor da fem induzida.
corrente elétrica conseguia gerar um campo Uma aplicação elementar da Lei de
magnético, desvia não o ponteiro da bússola, Faraday é o gerador linear ilustrado abaixo:
Faraday questionava se o inverso poderia acon-
tecer, ou seja, um campo magnético gerar uma
corrente elétrica. Vários experimentos foram
feitos, sem se obter provas da dedução anteri-
or. Foi que Faraday, ao realizar o experimento
descrito abaixo, terminou por corroborar suas
idéias.
FIGURA 36
FIGURA 37
Faraday observou que o galvanômetro (ins-
trumento para medir correntes pequenas) só acu- Os dois fios condutores que fecham o cir-
sava a passagem de corrente no circuito do lado cuito com a barra AB, também condutora, que
direito no momento em que ele ligava ou desli- está sendo puxada com velocidade V em uma
gava a chave do circuito do lado esquerdo da região com campo magnético constante. Ao
figura. Contudo, não era medida corrente pela puxarmos a barra, obviamente, o valor do cam-
direita quando a chave permanecia ligada. Re- po magnético permanece constante. Será então
cordando o que já comentamos em outra seção, que não mediremos corrente no amperímetro
na esquerda da figura, quando a chave perma- colocado entre os condutores? A Lei de Faraday
nece ligada, passa corrente pelo solenóide da nos diz que a variação do fluxo é que causa o
esquerda, que gera dentro do solenóide (e no surgimento de uma fem induzida. Quando pu-
pedaço de ferro dentro dele) um campo magné- xamos a barra, a área retangular dentro do cir-
tico constante. Do outro lado, devido ao núcleo cuito que está sendo atravessada pelo campo
de ferro comum, aparece também um campo está aumentando, logo, o fluxo do campo mag-
magnético no solenóide à direita da figura. A nético também está aumentando, o que provo-
conclusão de Faraday foi que não é a presença ca o surgimento de uma fem no circuito, pro-
do campo magnético que provoca corrente, vocando a circulação de uma corrente. Vamos
e sim a variação do fluxo do campo magnéti- encontrar uma expressão para a fem induzida.
co! Ao ligarmos ou desligarmos a chave do cir- O fluxo magnético será:
cuito, o campo está variando até o seu valor
máximo ou diminuindo do máximo até zero.
Φ = B . A . cos θ
Enquanto há variação do fluxo do campo mag-
nético no ferro, há corrente induzida no outro
lado. Lembremos que para mantermos uma Aqui A é a área onde está passando cam-
corrente em um condutor, precisamos de uma po magnético dentro da espira, A = l . x. O
fem no circuito. Com isso, o enunciado da Lei ângulo θ é formado pela direção perpendicu-
de Faraday pode ser escrito como: lar ao plano da espira e o campo B, logo θ = 0o
e cosθ = 1. Como o fluxo inicial era nulo (não
“Toda vez que um condutor estiver sujeito havia área na espira), pela Lei de Faraday, te-
a uma variação de fluxo magnético, nele mos para o módulo da fem induzida:
aparece uma fem induzida, enquanto o
fluxo estiver variando.”
Blx
Matematicamente, a expressão da Lei de ε =1 . = Blv
Faraday é: ∆t
∆Φ
ε = −N , sendo x/∆t nada mais do que a velocidade
∆t média do condutor que está sendo puxado.
Eletricidade Básica
Sentido da corrente induzida: Lei de Lenz paradas de equipamentos críticos para o pro-
Precisamos agora explicar o porquê do cesso produtivo de uma refinaria. Não pode-
sinal negativo na Lei de Faraday. Tal interpre- mos nos esquecer, ainda, que equipamentos
tação é dada pela Lei de Lenz, enunciada pela que contêm baterias, como os já citados, po-
primeira vez pelo físico russo Heinrich Lenz: dem provocar pequenas faíscas entre os con-
tatos das baterias e dos aparelhos, o que pode
“Os efeitos da fem induzida opõem-se ser extremamente perigoso na presença de ga-
às causas que a originaram” ses inflamáveis!
Eletromagnetismo:
Aplicações
Nos capítulos anteriores, vimos de forma
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Na verdade, são várias as espiras que constitu-
simplificada os fenômenos elétricos, magné- em um enrolamento chamado de armadura. Os
ticos e os dois combinados no eletromagnetis- terminais da armadura são soldados aos anéis
mo, para que pudéssemos entender o funcio- chamados de coletores. Encostadas nos anéis
namento e as características de instrumentos, coletores estão as escovas (feitas geralmente de
equipamentos e máquinas presentes no nosso grafita), que fazem o contato elétrico, entregan-
cotidiano. Nesta parte de aplicações do curso, do então a fem e corrente induzidas a um cir-
vamos ver como os fenômenos eletromagné- cuito. Embora tenhamos colocado pólos de imãs
ticos levaram ao funcionamento e as caracte- para simplificar a figura, na prática, o campo
rísticas de geradores, motores elétricos, trans- magnético em que está imersa a armadura é pro-
formadores, dentre outros que são tão comuns duzido por eletroímãs dispostos na carcaça do
em nossos trabalhos. motor, o chamado estator. O enrolamento no
estator é chamado de bobina de excitação de
3.1 O Gerador de Corrente Alternada campo, a qual é alimentada por uma fonte de
Logo após o desenvolvimento da Lei da corrente contínua (CC). Um corte mais deta-
Indução, o próprio Faraday idealizou um mo- lhado deste motor pode ser visto na figura 40:
delo de gerador que produzisse energia elétri-
ca de uma maneira mais eficiente e duradoura
do que as pilhas e baterias eletrolíticas de até
então. O modelo original de gerador de Faraday
tem em grande parte as características de um
gerador moderno como o que ilustramos es-
quematicamente abaixo.
FIGURA 40
1. Estator
2. Bobina de excitação de campo
3. Ranhuras que acomodam as bobinas de
excitação no estator
4. Eixo da armadura
5. Armadura
Alguns geradores (e motores) têm esta
montagem invertida: as bobinas de excitação
de campo estão no lugar da armadura e estas é
FIGURA 39 que são postas para girar. As espiras que com-
Este tipo de gerador, também chamado de põem a armadura estão no estator, e sentem a
alternador, produz uma tensão alternada, ge- variação de fluxo magnético devido ao movi-
rando portanto uma corrente alternada, que mento de rotação das bobinas de excitação.
discutiremos posteriormente. Na figura 39, Fisicamente, os dois sistemas são equivalen-
temos uma bobina colocada entre os pólos de tes. Esta “montagem invertida” é utilizada em
um imã, ou seja, ela está imersa no campo geradores trifásicos, dos quais falaremos pos-
magnético compreendido entre os dois pólos. teriormente.
Eletricidade Básica
O funcionamento do alternador pode ser Na figura 43 vamos acompanhar uma re-
explicado assim: um eixo está ligado às arma- volução completa de uma espira para compre-
duras, colocando o conjunto a girar. Quando as endermos porque a fem induzida (e por con-
espiras da armadura começam a girar dentro do seqüência a corrente) são geradas de forma
campo magnético, há uma variação de fluxo alternada.
magnético através das espiras, já que a orienta-
ção destas em relação ao campo magnético está
mudando continuamente. Pelas Leis de Faraday
e Lenz, uma corrente é induzida na armadura,
com os coletores jogando esta corrente no cir- θ = 0o → sen θ = 0 → ε = 0
cuito elétrico onde elas serão utilizadas. Isso Posição 1
nada mais é que a conversão de energia mecâ-
nica em elétrica. Nas hidrelétricas, uma roda
de pás acoplada ao eixo do alternador, gira com θ = 90o → sen θ = 1 → ε = Vm
a passagem da água e gera eletricidade. Nas
termoelétricas, a água é aquecida em caldeiras, Posição 2
o vapor resultante passa por uma turbina. O eixo
da turbina está acoplado ao alternador, gerando
θ = 180o → sen θ = 0 → ε = 0
eletricidade também.
Posição 3
θ = 270o → sen θ = –1 → ε = Vm
Posição 4
θ = 360o → sen θ = 0 → ε = 0
Posição 5
ω = 2πf = 2π/T
FIGURA 44 FIGURA 46
Eletricidade Básica
Os pontos A+, B+ e C+ das bobinas são É através do controle da corrente de exci-
os terminais ativos, onde as tensões geradas tação (a que percorre a bobina do eletroímã
são fornecidas a condutores. Os pontos A–, B– que vai gerar o campo estacionário), que se
e C– são os pontos que representam o início controla a tensão nos terminais da máquina e,
das bobinas. Estes pontos podem ser dispos- portanto, a potência que ela pode fornecer.
tos de duas maneiras: Assim, precisamos de uma fonte de corrente
contínua que forneça a corrente de excitação.
Ligação “Delta”: Unem-se os seguintes ter- Esta fonte pode ser:
minais: A+ com B–; B+ com C–; C+ com A–. • Um gerador de corrente contínua inde-
pendente;
• Um sistema que retifique tensão alter-
nada fornecida pela concessionária;
• Uma excitatriz (gerador de corrente
contínua), montada sobre o próprio
eixo da máquina;
• Um sistema que tome a própria tensão
gerada pela máquina, retifique-a e apli-
que no enrolamento de campo.
FIGURA 50
A substitução do par de anéis por um computador permite
obter corrente no mesmo sentido.
FIGURA 51
Vpip = Vsis
Transformador e, ao lado, seu símbolo convencional.
Na figura abaixo, temos um esquema sim-
O funcionamento dos transformadores plificado de um sistema de distribuição de
assenta no fenômeno de indução eletromag- energia elétrica.
nética, que pressupõe a variação do fluxo do
campo magnético como causa de uma corren-
te e tensão induzida em uma espira. No nosso
caso, como estamos com corrente alternada no
primário, o campo gerado neste enrolamento,
é um campo de solenóide que já estudamos.
Porém, no caso CA, a intensidade da corrente
varia, logo, o valor do campo magnético acom-
panha esta variação, e esta variação de fluxo
magnético do primário é transportada pelo
núcleo de aço até o secundário. A variação de
fluxo que chega ao secundário, provoca, de
acordo com a Lei de Faraday, uma tensão FIGURA 52
induzida neste enrolamento. Note que, se a Esquema de um transporte de energia elétrica da usina até o
consumo. Os transformadores estão representados pelos seus
intensidade de corrente fosse constante, não símbolos convencionais.
teríamos variação do campo magnético, e,
portanto, do fluxo, no primário ou secundá- 3.6 Capacitores
rio. Devido a isto, correntes contínuas não são Quando falamos de trabalho e potencial
convenientes para as concessionárias de ener- elétrico, discutimos a capacidade do campo
gia, já que os mais diversos valores de tensão elétrico de armazenar energia. Seria interes-
são necessários em uma operação de transmis- sante ter uma maneira de armazenar esta ener-
são e geração de energia elétrica. Tais mudan- gia e torná-la disponível sempre que precisás-
ças de tensão são feitas bem mais simplesmen- semos. O dispositivo capaz de fazer isto é
te com corrente alternada. chamado de capacitor. Ele consiste de duas pla-
Sendo Np o número de espiras do primá- cas condutoras separadas entre si, ligadas e sub-
rio e Ns do secundário e Vs e Vp os valores das metidas a uma ddp. Antes de ser carregado para
respectivas tensões, podemos chegar a seguinte utilização, o capacitor está neutro (fig 53.1). Po-
relação: demos carregar um capacitor estabelecendo
Vp Np uma ddp entre as placas, ligando cada uma
= delas aos pólos de uma bateria, por exemplo
Vs Ns (fig 53.2). Ao fecharmos a chave do circuito,
Eletricidade Básica
as cargas positivas são atraídas pelo pólo ne- A constante C, que faz a proporção entre
gativo da bateria, enquanto que as cargas ne- a carga Q adquirida e a tensão V aplicada, é
gativas, pelo pólo positivo, o que acarreta chamada de capacitância. No SI, a unidade
em uma divisão de cargas positivas e nega- de capacitância é o Farad, em homenagem ao
tivas entre as duas placas. Este processo con- próprio Faraday, que idealizou os primeiros ca-
tinua até que a ddp entre as placas carrega- pacitores.
das iguale-se a ddp fornecida pela bateria
(fig 53.3). Assim, o capacitor está carrega- [C] = F ⇒ F = C/V (Coulomb/Volt)
do, surgindo um campo elétrico uniforme
entre suas placas. Quanto maior for a capacitância de um
dispositivo, mais carga ele pode acumular com
a mesma tensão a que ele é submetido.
Um outro fato que foi descoberto pelo pró-
prio Faraday é que preenchendo o espaço vazio
entre as placas com um material dielétrico (iso-
lante), o valor da capacitância aumentava. Note
Fig 53.1 – Neutro que é um dielétrico, porque obviamente se pre-
enchermos com material condutor o espaço
Fig 53.2 – Capacitor neutro entre as placas, as cargas poderiam usar o con-
dutor para novamente restabelecer o equilíbrio
de cargas. A relação que temos para este fato é:
C = kCo
FIGURA 55
FIGURA 58
Anotações
M M
1~ 3~
V = 380 V
V = 220 V
FIGURA 59.1
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Eletricidade Básica
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