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XVII.

MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE PROJETOS DE


INVESTIMENTO

17.1.INTRODUÇÃO

A avaliação econômica de projetos de investimento tem por objetivo fundamental prever um


elemento quantitativo muito importante para a tomada de decisões. A decisão de investir deve ser
tomada baseada em um análise amplo, que compreende os seguintes aspectos:

- técnico;
- econômico;
- financeiro;
- risco;
- intangíveis (fatores não quantificáveis: instabilidade política, regras econômicas claras,
opinião pública, meio ambiente etc.).

Como os critérios são baseados no fluxo de caixa e no valor do dinheiro no tempo, é comum que
sejam utilizados os diagramas de capital no tempo, conforme indicado na figura 1.

ENTRADAS
(+)

0
1 2 3... n

SAÍDAS
(-)

Figura 1 – Diagrama de capital no tempo

Neste diagrama a reta horizontal é uma escala de tempo, com a progressão dando-se da esquerda
para a direita. Os períodos de tempo aparecem representados em intervalos contíguos, de modo
que cada número representa os períodos acumulados. As flechas representam entradas ou saídas
de dinheiro, sendo representado o respectivo valor sem preocupações com a escala. Assim, uma
flecha para baixo significa uma saída ou aplicação de dinheiro (ou um valor negativo) e uma flecha
para cima significa uma entrada ou recebimento de dinheiro (ou um valor positivo). Os valores
negativos serão representados também por um número entre parênteses.
Supõe-se que os valores ocorram de modo único e determinado em cada período.
Supõe-se também que o valor inicial seja recebido ou desembolsado no início do primeiro período,
o segundo valor no fim desse período e os demais no fim de cada período a menos que indicado
de outro modo.
Admite-se que a empresa não tenha restrições de capital, ou seja, que pode tomar emprestado ou
aplicar quantidades ilimitadas de capital sempre à mesma taxa, suposta invariante no tempo. Por
seu lado, o fluxo de caixa está em valores constantes (sem inflação).
No caso de empreendimentos mineiros, normalmente o capital inicial não é desembolsado em uma
só parcela, mas sim, em várias etapas que podem ser agrupadas para representar os desembolsos
realizados a cada ano, cobrindo todo o período de pesquisa e desenvolvimento da mina. Da mesma
maneira, as receitas durante a lavra são também parceladas e recebidas à medida que são
comercializados os concentrados. Entretanto, essas parcelas também podem ser agrupadas por
períodos e a soma algébrica obtida para cada período de análise é denominado de fluxo de caixa
líquido.

17.2.PRINCIPAIS GRANDEZAS ECONÔMICAS UTILIZADAS NA AVALIAÇÃO


ECONÔMICA

A avaliação das jazidas minerais envolve um grande número de variáveis, sendo que os fatores
mais importantes são as seguintes grandezas econômicas: a) vida útil da mina; b) os custos iniciais,
incluindo as despesas de equipamentos para os setores de lavra e beneficiamento, as substituições
etc. c) as receitas anuais resultantes das vendas do material produzido; d) os custos anuais de
produção, transporte, administração, comercialização, reabilitação ambiental; e) o imposto de
renda a ser pago ao longo da explotação da mina; f) capital de giro; g) condições de financiamento
conseguidas.

A vida útil da mina depende das reservas dimensionadas e do nível de produção.


É conveniente salientar que nem toda reserva cubada poderá ser recuperada na lavra, devido as
perdas na extração, no transporte e até durante o beneficiamento.
Os custos iniciais englobam as despesas de pesquisa ou de compra da mina, acrescidos dos
investimentos em: a) aquisição e instalação dos equipamentos necessários aos setores de lavra,
beneficiamento e oficinas; b) infra-estrutura envolvendo construções de vias de acesso, captação
de energia e de água, construção da vila residencial, adaptações em escritórios etc.; c) projetos de
engenharia e estudos técnicos e econômicos; d) substituição de equipamentos com vida útil inferior
à da mina e cálculo do valor de sucata desses equipamentos; e) despesas pré-operacionais
correspondentes à fase de inicial de produção, durante a qual os setores de beneficiamento e de
lavra são adaptados às condições locais e o produto final é testado; f) desenvolvimento da mina.
As receitas anuais nos processos de avaliação são calculadas, multiplicando a quantidade de
material (concentrado ou minério) produzido pelo preço futuro de comercialização. A quantidade
de material produzido depende da escala anual de extração e da recuperação no beneficiamento,
enquanto que a estimativa do preço futuro de comercialização, baseia-se na cotação média anual,
verificada anteriormente, sendo estabelecida a partir das retas ou curvas de tendência.
Os custos anuais de produção das minas em operação são apurados a partir de exames detalhados
da contabilidade da empresa. Essas previsões são difíceis e só devem ser realizadas por técnicos
experientes, já que precisam ser estimadas e quantificadas nessa etapa: a) a produtividade médias
dos profissionais e, consequentemente, a quantidade e a remuneração do pessoal nos setores de
lavra, beneficiamento, apoio e administração; b) quantidade média de material de consumo por
tonelada desmontada e beneficiada e, em função da escala de produção, os custos anuais de
aquisição de explosivos, combustíveis, componentes da perfuratriz, peças de reposição; custos
com carregamento, transporte, britagem e moagem da rocha; custos com reagentes para flotação
etc.; c) os gastos de energia e de adução d’água; d) os custos administrativos e de comercialização;
e) os custos de taxação de impostos; f) os custos de recuperação ambiental.
O lucro tributável, o imposto de renda e o lucro líquido para as empresas de mineração são
encontrados observando a seguinte seqüência de cálculos:
a) cálculo das receitas anuais;
b) custos anuais de produção, transporte, encargos fiscais, comercialização
e administração;
c) lucro operacional: a – b;
d) depreciação anual;
e) amortização, juros e comissões pagas sobre financiamento;
f) quota de exaustão da jazida;
g) renda tributável: c – d – e – f;
h) imposto de renda devido: alíquota x g);
i) lucro líquido após o imposto de renda: c – h.

18. PRINCIPAIS INDICADORES DE RENTABILIDADE DE UM PROJETO

18.1.VALOR PRESENTE OU VALOR ATUAL LÍQUIDO (VAL)

No método do valor atual calcula-se o valor atual do fluxo de caixa, com o uso da taxa mínima de
atratividade; se este valor for positivo, a proposta de investimento é atrativa.
O VAL de um fluxo de caixa indica a diferença entre o valor atual das quantias futuras envolvidas
e o investimento inicial. VAL positivo significa que as quantias futuras, descontadas à taxa mínima
de atratividade, superam o investimento necessário – o que torna atrativa a proposta. Por outro
lado, um valor atual negativo significa que se está investindo mais do que se irá obter, o que é
indesejável; em outras palavras, a mesma quantia, se fosse investida à taxa mínima de atratividade,
renderia mais do que no projeto em questão.
Conclui-se que o Valor Atual das quantias futuras de um fluxo de caixa é igual ao máximo
investimento que se estará disposto a fazer para obtê-las.

O valor presente líquido ou valor atual pode ser determinado através da seguinte expressão:

n
VAL   FC / 1  i
n 1
n
n

onde:
i = taxa mínima de atratividade;
FCn = fluxo de caixa no ano n;
VAL = soma dos valores presentes das entradas e saídas de caixa do projeto.
Considere o fluxo de caixa da tabela 1 e adotando-se uma taxa de desconto de 8% ao ano, por
exemplo, pode-se calcular o valor atual líquido do seguinte modo, fixando-se a data zero como
base da comparação:

Tabela 1. Valores resultantes do fluxo de caixa projetado


ANOS FLUXO DE CAIXA ($)
0 -30
1 -15
2 20
3 25
4 40

 30  15 20 25 40
VAL     
1,08 0
1,08 1
1,08 2
1,08 3
1,084

VAL = -30 - 13,9 + 17,2 + 19,9 + 29,4  VAL  $22,6

O valor atual líquido positivo de $22,6 significa que os ganhos do projeto remuneram o
investimento de feito em 8% ao ano e ainda permitem aumentar o valor da empresa daquele valor.
Ou ainda que se poderia gastar mais $22,6 como investimento no início do primeiro período e
mesmo assim os ganhos remunerariam a empresa em 8% ao ano.
Pode-se dizer então, neste caso em que o valor atual líquido é positivo, que o projeto deve ser
aceito porque cobre o custo do capital da empresa. Quanto maior o valor atual líquido a uma dada
taxa de desconto, mais desejável é o projeto para a empresa, pois maior é o seu potencial de ganho.
Por outro lado, se o valor atual líquido for menor que zero, então o projeto deve ser rejeitado,
porque os ganhos não cobrem o custo de capital da empresa (ou seja, a taxa de desconto adotada).

CRITÉRIO DE ACEITAÇÃO

VAL > 0  O PROJETO É ATRATIVO


VAL < 0  O PROJETO NÃO É ATRATIVO.

HIPÓTESE IMPLÍCITA NO CÁLCULO


- reaplicação dos fluxos de caixa a uma taxa igual a i.
INCONVENIENTE DESTE INDICADOR
- necessidade de estimar a taxa mínima de atratividade.

18.2. ÍNDICE DO VALOR ATUAL (IVA)

O índice do valor atual é um indicador semelhante ao valor atual líquido. Pode-se defini-lo como
o quociente entre o valor atual das entradas e o valor absoluto atual das saídas, descontados ambos
a dada taxa. Adotando-se o cálculo do exemplo anterior, tem-se:

17,2  19,9  29,4 66,50


IVA    IVA  1,5
30  13,9 43,9
Como o índice do valor atual é igual a 1,5, isto significa que os ganhos do projeto são uma vez e
meia superior aos gastos de investimentos à taxa de desconto de 8% ao ano.
Neste caso o critério de decisão é aceitar todos os projetos que, descontados a uma dada taxa,
apresentam um índice superior ou igual a 1. É evidente que aqueles projetos que apresentam um
índice menor que 1 devem ser rejeitados, pois não cobrem o custo de capital da empresa.
Se p é o período do investimento, o IVA pode ser obtido através da divisão do VAL de uma certa
oportunidade econômica, pelo valor absoluto dos fluxos de caixa descontados negativos.

n
FC x
 1  i
x 1
x

IVA  p
FC x
 1  i
x 1
x

Exemplo.
É esperado que um investimento de $300.000,00 gere fluxos de caixa de $1.000.000,00 por ano,
durante um período de 5 anos. O custo do capital é de 10% ao ano.

$1.000.00,00 x FVASU5  $3.000.00,00


10

IVA   0,264
$3.000.00,00
O índice do valor atual dá, praticamente a mesma informação que o valor atual líquido em
termos de decisão para a escolha de investimentos. Sua vantagem é de que um índice é mais fácil
de entender do que a idéia de o valor atual da empresa ter sido aumentado em certa importância.
Uma das desvantagens desse método é a obrigatoriedade de fazer a análise incremental, de forma
explícita, como no método da TIR.

18.3.TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR)

A taxa interna de retorno é a taxa de desconto que torna nulo o valor atual líquido do investimento.

n p
FC x FC x
TIR   1  r 
x p 1
x
  1  r 
x 1
x
 0

VA (fluxos de caixa positivos) = VA (fluxos de caixa negativos)

A determinação da taxa de retorno, no caso mais geral, envolve encontrar-se a raiz de uma equação
de grau superior a dois. Por esse motivo é que a determinação da taxa interna de retorno é
trabalhosa. Na prática esta determinação é feita graficamente (ou seja, fazendo-se o gráfico do
valor atual líquido como indicado na figura 2) ou por aproximações sucessivas (isto é, determina-
se um intervalo de taxas que contenha um valor atual líquido positivo e outro negativo e fazem-se
aproximações lineares sucessivas para se determinar a taxa interna de retorno com certa
aproximação).

VAL
VA1

TIR i2

i1 TAXA
VA’

VA2

Figura 2. Esquematização do processo de interação com aproximações lineares

VA 1
TIR  i1  x i 2  i1 
VA 1  VA 2

Determinação da taxa de retorno do exemplo anterior.

$1.000.00,00 x FVASU5  $3.000,00  FVASU5  3,000  VA  0


10 10

Para i1 = 19%  FVASU = 3,058;  VA1 = $58.000,00.

Para i2 = 20%  FVASU = 2,991  VA2 = - $9.000,00.

VA 1
x i 2  i1   19  x 20  19  19,9%
$58.000,00
TIR  i1 
VA1  VA 2  $58.000,00  $9.000,00

Ou alternativamente:

FVPA,19%  FVPA, 10% 3,058  3,000


TIR  i1   19   19,9%
FVPA,19%  FVPA, 20% 3,058  2,991
TIR > i  PROJETO É ATRATIVO

TIR < i  PROJETO NÃO É ATRATIVO

VAL > O  i < TIR

VAL < O  i > TIR

VAL

VAL > 0 TIR

i > TIR
VAL < 0 i < TIR i

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