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Etnografia de movimentos
e durações no norte de Goiás
ANPOCS
Diretoria biênio 2013-2014
Presidente
Gustavo Lins Ribeiro (UnB)
Secretário Executivo
Maria Filomena Gregori (UNICAMP)
Secretário Adjunto
Claudio Gonçalves Couto (FGV-SP)
Diretoria
Bruno Pinheiro Wanderley Reis (UFMG)
Edna Maria Ramos de Castro (UFPA)
Julie Antoinette Cavignac (UFRN)
Diretoria de Publicações
Marcos César Alvarez (USP)
Conselho Fiscal
Angela Maria de Randolpho Paiva (PUC-RJ)
Antonio Carlos Motta de Lima (UFPE)
Tullo Vigevani (UNESP-MARÍLIA)
Equipe Administrativa
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Bruno Ranieri
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Acompanhamento Editorial
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André Dumans Guedes
G957t
ISBN 978-85-7617-302-1
20/08/2013 21/08/2013
Zé Ramalho –
Admirável gado novo.
Dedico este trabalho às valentes e
batalhadeiras mães de Minaçu.
AGRADECIMENTOS
PREFÁCIO 15
INTRODUÇÃO 21
Regina e seus dilemas 22
A pesquisa e sua trajetória 24
Formas de pensar e pesquisar a mobilidade 29
Definindo objetos, grupos, áreas e estratégias analíticas 37
CONCLUSÃO 423
Fugir do mundo e fugir no mundo:
o sossego, o trecho e o milenarismo 423
O trecho, as mães e os papéis – palavras e durações 431
Do que vai e volta às metanarrativas da modernidade 436
BIBLIOGRAFIA 445
PREFÁCIO
Quem abriu o livro que se prepare para uma aventura. André Dumans
Guedes não nos deixa sossegar: abre no mundo, no rumo dos que cir-
culam no trecho, entre Goiás, Minas, Bahia, Maranhão, Tocantins e
por aí afora. E aquilo que tem a dizer coloca em risco maneiras muito
cristalizadas de pensar a mobilidade dessas pessoas.
Paradoxalmente, para desenvolver suas pesquisas sobre mobili-
dade, o pesquisador, após sua chegada por via de um “Movimento”
(o Movimento dos Atingidos por Barragens) a uma pequena cidade
goiana, hoje considerada muito parada por seus habitantes em função da
decadência do garimpo, ficou basicamente “parado”. Permanecendo “à
toa” próximo à sede do Movimento, hoje voltada principalmente para
a distribuição de cestas básicas, andando pela cidade principalmente
a pé – esse modo de deslocamento lento claramente marcado por ali
como feminino – causou estranhamento aos rapazes que valorizam a
velocidade dos carros e motos e narram histórias de farras e andanças
pelo mundo em busca de lugares de muito movimento. Justamente em
função de ter sido tão central na situação de pesquisa esse jogo entre
gênero, modos de permanência, modos de mobilidade e de ausência,
posição social, trabalho, (des)mobilização e velocidades, sobre tudo isso
o livro tem muito a dizer. Mostra que é impossível pensar a mobilidade
e a imobilidade separadamente, ou delimitar entre elas uma relação
unívoca ou totalmente previsível. Aponta polos por onde se movem
essas pessoas, a mãe e o mundo, o sossego e a aventura, o duradouro
e o efêmero, em torno dos quais redesenham seus horizontes, tanto
quanto lhes permita a liberdade e autonomia que possam alcançar.
Tais polos podem ser concebidos e vividos em diferentes modos de
relação, como artifício e realidade, estabilização e fluxo, englobado e
englobante, como complementares, ou ainda como momentos distintos,
alternados ou subsequentes.
Batendo-se contra o senso comum e as interpretações que imagi-
nam e explicam a movimentação incessante de muita gente pelo interior
do país afora como irracionalidade, atavismo, anomia, incapacidade
16 · O TRECHO, AS MÃES E OS PAPÉIS
John Comerford
Professor do Programa de Pós-graduação em Antropologia
Social (PPGAS), Museu Nacional – UFRJ