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A perfuração das rochas, dentro do campo dos desmontes, é a primeira

operação que se realiza e tem como finalidade abrir uns furos com uma
distribuição e geometria adequada dentro dos maciços para alojar as cargas de
explosivos e acessórios iniciadores

11 PERFURAÇÃO VERTICAL X INCLINADA

Principais vantagens da perfuração inclinada

 melhor fragmentação;
 diminuição dos problemas de repé devido ao melhor aproveitamento das
ondas de
choque na parte crítica do furo (linha de greide, pé da bancada);

 maior lançamento;
 permite maior malha;
 permite redução da Razão de Carregamento que pode ser obtida pelo uso
de
explosivos de menor densidade;

 maior estabilidade da face da bancada;


 menor ultra-arranque.

Principais desvantagens da perfuração inclinada

 menor produtividade da perfuratriz;


 maior desgaste de brocas, hastes e estabilizadores;
 maior custo de perfuração;
 maior comprimento de furo para uma determinada altura da bancada;
 maior risco de ultralançamentos dos fragmentos rochosos.
1.12 MALHAS DE PERFURAÇÃO

A geometria das malhas de perfuração pode ser quadrada, retangular,


estagiada, triângulo eqüilátero ou malha alongada:

a) malha quadrada b) malha retangular

c) malha estagiada (pé de galinha)

Malhas quadradas ou retangulares: devido a sua geometria é de fácil


perfuração (menor tempo de locomoção de furo a furo).

Malhas estagiadas: devido a geometria de furos alternados dificulta a


perfuração (maior tempo de locomoção furo a furo), porém possui melhor
distribuição do explosivo no maciço rochoso.
Malha Triângulo Eqüilátero: são malhas estagiadas com a relação E/A =
1,15. São indicadas para rochas compactas e duras. Possuem ótima
distribuição da energia do explosivo na área de influencia do furo, maximizando
a fragmentação. O centro do triângulo eqüilátero, o ponto mais crítico para
fragmentação, recebe igual influência dos três furos circundantes.

Malhas alongadas: : Conforme a relação E/A as malhas podem assumir


várias configurações. As malhas alongadas possuem elevada relação E/A,
geralmente acima de 1,75. São indicados para rochas friáveis/macias
aumentando o lançamento por possuírem menor afastamentos.

EXPLOSIVOS

Definição

Explosivos são substâncias ou misturas, em qualquer estado físico, que,


quando submetidos a uma causa térmica ou mecânica suficientemente
enérgica (calor, atrito, impacto etc.) se transformam, total ou parcialmente, em
gases, em um intervalo de tempo muito curto, desprendendo considerável
quantidade de calor.

Ingredientes de um explosivo

(a) Explosivo básico (ou explosivo base) é um sólido ou líquido que, submetido
a uma aplicação suficiente de calor ou choque, desenvolve uma reação
exotérmica extremamente rápida e transforma-se em gases a altas
temperaturas e pressões. Exemplo típico de explosivos básico é a
nitroglicerina C3H5O9N3, descoberta em 1846 pelo químico italiano Ascanio
Sobrera.

(b) Os combustíveis e oxidantes são adicionados ao explosivo básico para


favorecer o balanço de oxigênio na reação química de detonação. O
combustível (óleo diesel, serragem , carvão em pó, parafina, sabugo de
milho, palha de arroz etc.) combina com o excesso de oxigênio daProf. Valdir Costa e
mistura
Silva
explosiva, de forma que previne a formação de NO e NO2; o agente oxidante
(nitrato de amônio, nitrato de cálcio, nitrato de potássio, nitrato de sódio etc.)
assegura a completa oxidação do carbono, prevenindo a formação de CO. A
formação de NO, NO2 e CO é indesejável, pois além de altamente tóxicos
para o ser humano, especialmente em trabalhos subterrâneos, esses gases
reduzem a temperatura da reação “ladrões de calor” e conseqüentemente,
diminuem o potencial energético e a eficiência do explosivo.
(c) os antiácidos geralmente são adicionados para incrementar a estabilidade
do produto à estocagem, exemplo: carbonato de cálcio, óxido de zinco.
(d) os depressores de chama (cloreto de sódio) normalmente são utilizados para
minimizar as possibilidades de fogo na atmosfera da mina, principalmente
nas minas onde ocorre a presença do gás metano (grisu).
(e) os agentes controladores de densidade e sensibilidade dividem-se em:
químicos (nitrito de sódio, ácido nítrico) e mecânicos (micro esferas de
vidro). No controle do pH do explosivo utilizam-se a cal e o ácido nítrico.

(f) os agentes cruzadores (cross linking) são utilizados juntamente com a goma
guar para dar uma forma de gel nas lamas e evitar a migração dos agentes
controladores da densidade. Exemplo: dicromato de sódio. Prof. Valdir Costa e
Silva

2.4 CLASSIFICAÇÃO DOS EXPLOSIVOS

Neste texto discutiremos apenas os explosivos químicos, por serem os mais


utilizados pelas minerações e obras civis. Há três tipos de explosivos
comerciais:

(a) altos explosivos, isto é, explosivos caracterizados pela elevadíssima


velocidade de reação (1500 a 9000 m/s) e alta taxa de pressão (50.000 a 4
milhões de psi). Os altos explosivos serão primários quando a sua iniciação
se der por chama, centelha ou impacto. Secundários quando, para sua
iniciação, for necessário um estímulo inicial de considerável grandeza.
Exemplo de altos explosivos: TNT, dinamites, gelatinas;
(b) baixos explosivos, ou deflagrantes, caracterizam-se por uma velocidade de
reação muito baixa (poucas unidades de m/s) e pressões no máximo de
50.000 psi. Exemplo: pólvora e explosivos permissíveis;
(c) Agentes detonantes são misturas cujos ingredientes não são classificados
como explosivos. Exemplo: ANFO, ANFO/AL, lama, ANFO Pesado,
Prof. Valdir Costa e
emulsões. Silva

ANFO
Entre os explosivos granulados, há um universalmente conhecido, formado pela
mistura pura e simples de nitrato de amônio (94,5%) e óleo diesel (5,5%) denominado
ANFO, sigla esta resultante dos vocábulos ingleses Ammonium Nitrate e Fuel Oil. As
proporções acima, consideradas ideais, foram determinadas pelos americanos Lee e
Akre, em 1955. As maiores vantagens do ANFO são: ocupar inteiramente o volume do
furo, grande insensibilidade aos choques, poucos gases tóxicos e redução do preço
global do explosivo (US$ 0,40/kg). As maiores desvantagens: falta de resistência à
água, baixa densidade (0,85 g/cm3) e necessidade de um iniciador especial.

MECANISMOS DE RUPTURA DA ROCHA

A finalidade desmonte por explosivo é de converter a rocha em vários fragmentos menores


para que possam ser escavados, transportados e britados pelos equipamentos
disponíveis. Para isso, são necessários 4 fatores: i) fragmentação suficiente; ii)
deslocamento, movimentação e lançamento da pilha ; iii) redução dos
problemas ambientais; iv) mínimo de dano ao maciço remanescente .

FASE DINÂMICA

A fase dinâmica do processo de fragmentação corresponde à ação das ondas


de choque. Inicia pela deflagração da reação química do explosivo,
termodinamicamente instável.
Quando a onda de choque compressiva possui energia suficiente para alcançar
a face livre e retornar refletida com amplitude de tensão superior a resistência
de tração do maciço rochoso, resulta em fragmentação adequada.

FASE SEMI-ESTÁTICA
Esta fase corresponde a ação da pressão dos gases de detonação. Trata-se do
trabalho mecânico realizado durante o processo de expansão ou
descompressão dos gases da detonação. Ao percorrem pelas fendas e pelas
microfissuras resultantes da fase dinâmica, os gases gerados da detonação
agem através da ação de cunhas, propagando fendas e fraturas, conforme
ilustrado na figura 9. Assim, separam parte do maciço rochoso em fragmentos
de rochas. A medida em que os gases são liberados, ocorre o lançamento dos
blocos, consumando-se o desmonte de rocha propriamente dito

Trituração da rocha

Nos primeiros instantes da detonação, a energia é transmitida para o maciço


rochoso vizinho, na forma de uma onda de compressão, ou onda de choque,
que se propaga a uma velocidade de 2.000 a 6.000 m/s

Fraturamento radial

Durante a propagação da onda de choque, a rocha circundante ao furo é


submetida a uma intensa compressão radial que induz componentes de tração
nos planos tangenciais da frente da onda. Quando as tensões superam a
resistência dinâmica à tração da rocha, inicia-se a formação de uma zona
densa de fraturas radiais ao redor da zona triturada que rodeia o furo

Reflexão da onda de choque

Quando a onda de choque alcança uma superfície livre são geradas uma onda
de tração e outra de cisalhamento. A onda de tração pode causar fissuramento
e fazer a rocha se lascar na região da superfície livre. Ambas as ondas de
tração e de cisalhamento podem estender as fissuras pré- existentes.
Extensão e abertura de fendas radiais

Durante e depois da formação das fendas radiais, os gases começam a


expandir-se e penetrar nas fratura prolongando as mesmas.

Fratura por cisalhamento

Em formações rochosas sedimentares quando os extratos apresentam distintos


módulos de elasticidades ou parâmetros geomecânicos, se produz a ruptura
nos planos de separação. O fraturamento por cisalhamento ocorre quando uma
rocha adjacente é deslocada em tempos diferentes ou a velocidades diferentes.
O deslocamento é causado pelos gases a alta pressão

Desmonte em banco

Altura do banco

A escolha da altura de bancada é uma decisão que deve ser tomada levando-
se em consideração questões de ordem técnica e econômica, a saber:

a) as condições de estabilidade da rocha que compõe o maciço e a segurança


nas operações de escavação;
b) o volume de produção desejado, o qual determinará o tipo e o porte dos
equipamentos de perfuração, carregamento e transporte;
c) a maximização da eficiência no custo total de perfuração e desmonte.
Figura 12 - Comparativo entre a utilização de bancadas de diferentes alturas.

Conforme se observa, no primeiro caso onde a altura de bancada escolhida foi


de 10 m, seriam necessárias 6 bancadas para se atingir os 60 m de
profundidade. Já no segundo caso, com bancadas de 15 m de altura, seriam
necessárias apenas 4 bancadas para se atingir os mesmos 60 m. Ou seja, uma
economia de 33 % em número de bancadas.

Granulometria exigida

É função do tratamento e utilização posterior do material, e em alguns casos


indiretamente da capacidade dos equipamentos de carga.

O tamanho dos blocos “Tb“ se expressa por sua maior longitude, podendo
apresentar os seguintes valores:
a) Tb < 0,8AD sendo: AD = tamanho de admissão do britador;

VARIÁVEIS GEOMÉTRICAS DE UM PLANO DE FOGo

A figura 13 mostra as variáveis geométricas de um plano de fogo.

Figura 13 - Variáveis geométricas de um plano de fogo.

H = altura do banco; D = diâmetro do furo; L = longitude do furo, d = diâmetro da


carga; A = afastamento nominal; E = Espaçamento nominal; LV = longitude do
desmonte; AV = comprimento da bancada; Ae = Afastamento efetivo; Ee =
espaçamento efetivo; T = tampão; S = Subperfuração; I = longitude da carga;  =
angulo de saída; v/w = grau de equilíbrio; tr = tempo de retardo.

1 = repé; 2 = meia cana do furo; 3 = rocha saliente; 4 = sobreescavação;


5 = fenda de tração; 6 = trincamento do; 7 = cratera; 8 = carga

maciço desacoplada.

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