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RESUMO PARA O EXAME DE TÉCNICAS DE ALTA TENSÃO (TAT)

1. DESCARGAS ATMOSFÉRICAS
- A corrente de descarga atmosférica é uma corrente de impulsão de alta
frequência da ordem de MHz.

Os efeitos da descarga atmosférica

Para além dos efeitos de indução e sobretensão, provoca os mesmos


efeitos que qualquer outra corrente de baixa frequência que circula num
condutor:

• Os efeitos térmicos: fusão nos pontos de impacto da descarga


atmosférica e efeito Joule devido à circulação de corrente, provocando
incêndios.
• Os efeitos eletrodinâmicos: quando correntes de descarga circulam em
condutores paralelos, provocam forças de atracção ou de repulsão entre
os cabos, originando rupturas ou deformações mecânicas (cabos
esmagados ou achatados).
• Os efeitos de deflagração: o canal de descarga atmosférica gera uma
dilatação do ar e uma sobrepressão até cerca de dez metros de distância.
Um efeito de sopro parte os vidros ou paredes e pode projectar animais
ou pessoas a vários metros de distância. Esta onda de choque
transforma-se em simultâneo em uma onda sonora: o trovão.
• As sobretensões após um impacto nas linhas aéreas de alimentação
elétrica ou telefônica.
• As sobretensões induzidas por efeito de irradiação eletromagnética do
canal de descarga atmosférica que constitui uma antena de vários
quilômetros atravessada por uma corrente de impulsão muito importante.
• O aumento do potencial de terra através da circulação de corrente de
descarga atmosférica no solo.
2. SOBRETENSÕES INTERNAS

Em que consiste uma sobretensão?

Uma sobretensão é um impulso ou uma onda de tensão que se sobrepõe


à tensão nominal da rede.

Os quatro tipos de sobretensão

Distinguem-se quatro tipos de sobretensão capazes de perturbar as


instalações elétricas e os receptores:

• De origem atmosférica;
• De manobra;
• Transitórias com frequência industrial;
• Devidas a descargas eletrostáticas.

- As sobretensões internas classificam-se em: dinâmicas ou temporárias (TOV)


e de manobra (switching OV).

SOBREELEVAÇÕES DE TENSÃO À FREQUÊNCIA DA REDE

Sobretensões dinâmicas ou temporárias (TOV)

Casos mais representativos:

• Disparo brusco de uma carga;


• Efeito Ferranti;
• Alimentação de uma carga capacitiva através de uma impedância
elevada;
• Deslocamento do neutro;
• Possibilidade de simultaneidade de algumas das causas anteriores;
• Sobreelevação de tensões a frequências harmônicas ou sub-harmônicas
(fenômeno da “ferroressonância”).

Disparo brusco de uma carga: nesta situação, a queda de tensão


interna dos alternadores e dos transformadores anula-se e a tensão aproxima-
se da força eletromotriz dos alternadores. Dado o grande valor da reatância
síncrona dos alternadores, esta força eletromotriz é muito mais elevada do que
a tensão habitual. O aumento da velocidade dos alternadores assim
descarregados pode agravar ainda a sobreelevação de tensão. Esta
desaparece, mais o menos rapidamente, em função da ação dos reguladores de
tensão de velocidade dos alternadores ou de relés de máximo de tensão
eventualmente existentes.

Efeito Ferranti: o efeito Ferranti corresponde ao funcionamento em vazio


de uma linha comprida; quando esta é alimentada por uma de suas extremidades
e se encontra aberta na outra, produz-se um fenômeno de ressonância que se
manifesta pelo fato da tensão crescer ao longo da linha, da extremidade de
alimentação até a extremidade aberta. Este fenômeno produz-se em particular
quando uma linha comprida é bruscamente descarregada.

Alimentação de uma carga capacitiva através de uma impedância


elevada: um fenômeno de ocorrência de sobretensão, próximo do anterior,
verifica-se, por exemplo, quando uma linha aérea ou uma rede de cabos é
alimentada por um conjunto de centrais de potência limitadas.

Deslocamento do neutro: quando se verifica um defeito do tipo fase-


terra afetando uma das fases de uma rede trifásica, as duas outras fases sofrem
uma variação do respectivo potencial em relação à terra que se traduz em geral
por uma sobreelevação de tensão.

Possibilidade de simultaneidade de algumas das causas anteriores:


As diversas causas de sobreelevação de tensão podem coexistir e,
consequentemente podem sobrepor-se diferentes sobreelevações de tensão.

Sobreelevação de tensões a frequências harmônicas ou sub-


harmônicas: este tipo de solicitação surge em zonas da rede onde existem
simultaneamente fortes capacidades localizadas e elementos não-lineares
(circuitos magnéticos saturáveis). Por outro lado, a sua aparição é raramente
espontânea, resultando geralmente de um defeito ou de uma manobra de
disjuntor.

Sobretensões de manobra (switching OV)

São resultantes de modificações da topologia da rede, as quais podem


ser do tipo voluntário (manobras de fecho e de corte) ou involuntário (atuação
de disjuntores em casos de defeitos). Existe uma grande variedade de
situações, sendo as mais representativas:

• Ligação e religação de linhas em vazio, com ou sem carga residual na


linha;
• Corte de correntes capacitivas (linhas em vazio, cabos em vazio, baterias
de condensadores);
• Corte de correntes indutivas;
• Tensões transitórias de restabelecimento;
• Sobretensões devidas ao aparecimento e à eliminação de defeitos.

Referência a alguns meios especiais para reduzir as sobretensões de


manobra. Sincronização dos polos dos disjuntores e inserção de resistências em
série.

Sobretensões de ligação e reengate de linhas em vazio: inclui-se aqui


o caso de linhas realmente desligadas do resto da rede e o caso de linhas
terminadas por transformadores em vazio cuja impedância de magnetização não
apresenta efeito sensível sobre os fenômenos transitórios a considerar.

Sobretensões de corte de linhas em vazio, de cabos em vazio ou de


baterias de condensadores: as cargas capacitivas das redes são realmente as
baterias de condensadores de compensação das cargas indutivas, mas
funcionam como tal sobretudo as linhas e os cabos em vazio.
A manobra de cargas capacitivas é especialmente interessante no âmbito
do nosso estudo, sob o aspecto do corte, podendo nesta situação os disjuntores
ter comportamentos que originam fortes sobretensões. Dum ponto de vista geral,
esse fenômeno é devido ao reduzido valor da corrente a interromper que faz com
que o arco no disjuntor se extinga quando a distância entre os contatos é muito
pequena, conservando a capacidade da tensão residual que contribui para
aumentar a tensão de restabelecimento provocando reacendimentos.

Sobretensões de corte de pequenas correntes indutivas: consideram-


se aqui os fenômenos transitórios resultantes do corte de reatâncias,
transformadores em vazio, transformadores carregados com reatâncias e
motores. Todos esses elementos têm como características em comum serem
indutivos e apresentarem uma alta impedância à frequência industrial.

Sobretensões de restabelecimento: as sobretensões de


restabelecimento surgem no decurso do regime transitório consecutivo à
interrupção de uma corrente de avaria. Estas sobretensões são moderadas
quando a corrente é corretamente interrompida no momento da sua passagem
por zero, mas podem ser muito importantes se o aparelho de corte interrompe
violentamente a corrente de avaria um pouco antes ou um pouco depois da sua
passagem natural pelo valor nulo. A tensão transitória de restabelecimento é a
que aparece entre os bornes de um disjuntor quando da eliminação de uma
avaria.

Sobretensão transversal: quando o respectivo potencial ultrapassa o


seu limite de variação habitual. As sobretensões transversais medem-se em
relação à massa, à terra ou a condutores próximos.

Sobretensão longitudinal: quando o gradiente de tensão ao longo do


condutor atinge, valores sensivelmente superiores aos que se verificam
habitualmente. As sobretensões longitudinais podem verificar-se entre espiras
de uma bobina ou entre duas bobinas próximas que habitualmente não
apresentam entre si uma tensão apreciável.

Sobretensão interna: qualquer sobretensão cuja origem se situa no


próprio sistema onde se verifica. É o caso de sobretensões originadas pelo
estabelecimento ou pelo corte de determinados circuitos; aqui se incluem as
chamadas sobretensões de manobra, como as que resultam da abertura de
disjuntores ou da ligação de linhas em vazio.

3. ENSAIOS LABORATORIAIS
O equipamento laboratorial correspondente aos ensaios sob tensões à
frequência industrial compreende os seguintes componentes:

• Transformador de alta tensão: pode desempenhar diversas funções tais


como: fonte de tensão de ensaios de tensão à frequência industrial;
alimentação da fonte de tensão de corrente contínua para ensaios em
corrente contínua; carga dos condensadores do gerador de impulsos para
ensaios de choque etc.
• Regulador de tensão
• Mesa de comando: incorpora todos os interruptores e botoneiras
necessários para a condução dos ensaios, incluindo ligações à terra,
dispositivos de segurança, aparelhagem de medida e sinalização.
• Aparelhagem de medida da tensão
• Dispositivos de proteção

Onda 1.2/50 µs: tempo de frente 1.2 µs e tempo até meia amplitude 50 µs.

No que se refere à aparelhagem de medida, o elemento tradicional usado


há muito tempo para medidas de altas tensões é o explosor de esferas ou
espinterómetro, constituído por duas esferas cujo afastamento se pode ajustar.
A tensão a medir é aplicada entre as duas esferas, uma das quais está
geralmente ligada à terra, sendo o valor da tensão indicado pela distância
máxima para a qual se produz descarga elétrica entre as esferas.

4. PROPAGAÇÃO DE ONDAS MÓVEIS


Condições de aplicação:

i) Linhas sem distorção (com atenuação)

𝑟 𝑔
= = 𝑎 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 (𝐶𝑜𝑛𝑑𝑖çã𝑜 𝑑𝑒 𝐻𝑒𝑎𝑣𝑖𝑠𝑖𝑑𝑒)
𝑙 𝑐

ii) Linhas sem perdas (sem distorção e sem atenuação)

𝑟=𝑔=0

Método Bewley

A forma da solução geral do problema da propagação nas linhas sem


distorção mostra que todo e qualquer estado eléctrico pode ser considerado
como a sobreposição das ondas geradas a partir da fonte de perturbação e que
se propagam, dando origem em cada ponto de descontinuidade de impedância
característica a ondas refletidas e a ondas transmitidas ou refratadas. Por
conhecimento dos coeficientes de reflexão e de transmissão em cada nó, é
possível seguir passo a passo as ondas elementares a partir da respectiva fonte
e, por recombinação adequada, deduzir o estado eléctrico em qualquer instante
e em qualquer ponto da rede.

Bewley propôs o seu registo sob forma gráfica, com o auxílio de retas no
plano (x, t) (comprimento/tempo), as quais possuem um declive variável em
função da velocidade de propagação das ondas. Este registo gráfico é conhecido
como diagrama de Bewley.

A partir da onda inicial de excitação, constroem-se pouco a pouco as


diferentes ondas transmitidas e refletidas, de tal modo que o estado eléctrico
num ponto genérico de abcissa x se obtém pela sobreposição das diversas
ondas elementares que atingem o referido ponto até ao instante temporal
considerado.
Obviamente, as amplitudes de cada uma das ondas elementares são
afetadas pelo produto pelos coeficientes de transmissão ou de reflexão. Existe
uma regra prática para garantir maior simplicidade do traçado do diagrama de
Bewley e que consiste na introdução de uma deformação da escala dos
comprimentos, o que permite manter sem alteração do declive as retas de registo
das ondas elementares. O diagrama de Bewley admite também a possibilidade
de consideração da atenuação (amortecimento) das ondas elementares em
curso de propagação, no caso das linhas com perdas, desde que respeitem a
condição de Heaviside (𝑟/𝑙 = 𝑔/𝑐 = 𝑎), bastando para o efeito multiplicar a
amplitude das ondas elementares pelos coeficientes totais de atenuação
introduzidos pelas respectivas linhas.

Método Bewley

Este método consiste numa representação espaço/tempo, permitindo


estabelecer a forma de onda de uma solicitação num dado ponto da rede,
levando em conta as sucessivas refrações nos diversos pontos de
descontinuidade dessa rede.

Trata-se de um método bastante utilizado dado apresentar de uma forma


clara os diferentes aspectos físicos em jogo, permitindo uma visão nítida das
múltiplas reflexões e refrações das ondas.

O diagrama assenta na existência de dois eixos ortogonais, sendo o


horizontal relativo à distância x ao longo do sistema em estudo o vertical o eixo
dos tempos, usualmente expresso em microssegundos.

A propagação das ondas móveis é representada por retas de coeficientes


angulares correspondentes às diversas velocidades de propagação permitindo
obter por leitura direta os tempos relativos às distâncias percorridas.

Em cada ponto de descontinuidade, as amplitudes das ondas refletida e


refratada são obtidas a partir da amplitude da onda incidente por multiplicação
pelos coeficientes de reflexão α e de refração β, calculados para cada ponto e
para cada sentido de propagação.
Método de Bergeron

Pode ser utilizado segundo a técnica do Observador Único (que pode ser
associado a ondas progressivas ou a ondas regressivas) ou a técnica dos Dois
Observadores (um associado a ondas progressivas e outro associado a ondas
regressivas).

Condições de aplicação:

(i) conhecido o estado eléctrico num ponto da linha num instante dado e
sabendo-se que noutro ponto da mesma se verifica uma condição que nos fixa
U, I, ou que relaciona U com I, então deve aplicar-se o método do Observador
Único;

(ii) se forem conhecidos os estados eléctricos em dois pontos da linha em


instantes determinados e se procura o estado eléctrico num ponto intermédio
onde nada é conhecido, então devemos utilizar o método dos Dois
Observadores.

No plano tensão/corrente, um observador direto, associado a ondas


progressivas, “desloca-se” sempre segundo retas de coeficiente angular
negativo, enquanto que um observador inverso, associado a ondas regressivas,
“desloca-se” sempre segundo retas de coeficiente angular positivo.

Método de Bergeron

O método de Bergeron para o estudo de sobretensões baseia-se em dois


teoremas que se deduzem considerando a existência de observadores ideais,
ditos observador direto e observador indireto.

O observador direto é um observador ideal caminhando ao longo da linha


considerada no sentido das abscissas crescentes, isto é, no sentido direto com
uma velocidade igual a velocidade de propagação das ondas.

O observador inverso é um observador ideal caminhando ao longo da


linha considerada no sentido das abscissas decrescentes, isto é, no sentido
inverso com uma velocidade igual a velocidade de propagação das ondas.
Bobina de autoindução em série e capacitor em derivação

Conclui-se que o efeito da derivação em relação à terra de um


condensador no ponto de transição entre duas linhas de características
diferentes é idêntico ao da bobina considerada inserida nesse ponto.

5. PROTEÇÃO CONTRA SOBRETENSÃO


DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO CONTRA SOBRETENSÕES
Explosores

Os explosores são constituídos essencialmente por dois eletrodos


separados pelo ar, encontrando-se um deles ligado ao condutor a proteger e o
outro ligado à terra. O intervalo de ar que separa os dois eléctrodos é regulado
por forma a verificar-se o escorvamento se as sobretensões da rede
ultrapassarem o nível de proteção pretendido. Em face de uma sobretensão
superior ao nível de proteção estabelecido, escorva-se um arco elétrico entre os
eletrodos do explosor, criando-se um caminho condutor para a terra o qual limita
os efeitos daquela sobretensão que é assim limitada.

A forma que os eletrodos assumem pode ser muito variada, salientando-


se os seguintes casos mais frequentes:

- Duas simples varas ou hastes de descarga colocadas uma em frente da


outra, tal como sucede nos explosores habitualmente montados nos isoladores
de travessia dos transformadores; estes explosores simplificados não são
previstos senão como uma proteção de reserva a funcionar se não atuarem
outros dispositivos mais elaborados.

- Explosores de antenas, tais como os modelos empregados


frequentemente nas redes de média tensão, constituídos por duas antenas
destinadas a provocar o alongamento do arco eléctrico.
- Dispositivos mais elaborados, como os empregados nas linhas de
transporte de energia, que compreendem, além dos eléctrodos de
escorvamento, anéis destinados a regularizar o campo eléctrico e a reduzir ou
eliminar os eflúvios resultantes do efeito de coroa.

Os explosores têm sido largamente empregados por causa do seu baixo


preço apresentando ainda a seu favor a circunstância de poderem ser facilmente
ajustáveis de forma que as suas características podem ser adaptadas de acordo
com a altitude do local onde são instalados, bem como segundo a sua exata
função, isto é, elementos de coordenação de uma instalação ou proteção de
reserva de um transformador por exemplo. Nas redes de distribuição de energia
de média tensão, o emprego de explosores encontra-se muito difundido, pelas
duas razões indicadas, mas esse não é o campo exclusivo de aplicação destes
dispositivos de proteção contra sobretensões que se encontram com alguma
frequência instalados em subestações de certa importância. Todavia, as
vantagens indicadas são contrariadas por uma quantidade de inconvenientes de
que se destacam:

- Dificuldade de extinção por si mesmos, após um escorvamento, o que


provoca uma interrupção de serviço da rede após cada atuação.

- O funcionamento de um explosor provoca uma onda cortada de elevado


gradiente de frente que pode originar avarias em componentes bobinados, como
os transformadores, e ser causa de maiores sobretensões por reflexão nas redes
mistas aéreas/subterrâneas.

- Atraso não desprezável entre o momento em que a tensão atinge o nível


de proteção e o momento em que o explosor se escorva; como consequência a
tensão atingida pode ultrapassar sensivelmente o nível de proteção do explosor
o que é particularmente grave para os isolamentos sólidos.

- O nível de tensão a que se produz o escorvamento dos explosores


depende largamente das condições atmosféricas, atingindo-se em casos
excepcionais variações superiores a 40%; tem-se procurado atenuar esta
deficiência por um melhor estudo da forma dos eléctrodos e pelo emprego de
substâncias radioativas, como o urânio, que estabilizam o nível de escorvamento
(prática hoje abandonada).
- O gelo que se pode acumular sobre os eletrodos de um explosor diminui
a distância de escorvamento, provocando atuações intempestivas; uma vez que
as sobretensões de origem atmosférica não surgem em períodos de gelo, a
dificuldade é ultrapassável mediante ajustamentos sazonais dos eletrodos, o que
não é, contudo cómodo nem garantidamente exato.

Dispositivos de proteção contra sobretensões

1. Explosores: dispositivos particularmente simples: dois eletrodos


separados pelo ar, sendo o intervalo entre eles regulado convenientemente para
obter o escorvamento se as sobretensões ultrapassarem o nível de proteção
pretendido.

Vantagens: baixo custo e simplicidade.

Desvantagens:

• Funcionamento determina interrupção de serviço (curto circuito à terra)


• Característica de impulso desfavorável
• Dá origem a ondas “cortadas” (especialmente severas para Máq.
Elétricas)
• Dispersão da tensão de escorvamento

2. Descarregadores de Sobretensões (DS): nova categoria de


dispositivos que surgiu tendo em vista evitar os inconvenientes dos explosores.
São capazes de limitar por si mesmos a amplitude e a duração da corrente, após
o desaparecimento da sobretensão, sem obrigarem a intervenção dos
disjuntores respectivos.

Vantagens dos descarregadores de ZnO em relação aos SiC:

• Redução do risco de infiltração de umidade devido à maior simplicidade


de construção;
• Maior capacidade de dissipação de energia;
• Melhores características de proteção. A tensão residual é
aproximadamente igual, sendo que a característica não-linear mais
acentuada do óxido de zinco permite eliminar os explosores.
• Insensibilidade relativa à poluição. Os descarregadores de ZnO estão
preparados para a poluição caso o invólucro tenha a mesma linha de fuga
dos outros isoladores instalados na subestação.

6. COORDENAÇÃO DE ISOLAMENTO
- O crescimento dos níveis de tensão implica um grande peso dos custos
dos elementos isolantes e de isolação no valor total do investimento a realizar,
daí a necessidade de uma progressiva e eficiente optimização, adotando
margens de segurança face às solicitações dielétricas previsíveis que se tornam
cada vez mais reduzidas.

- Entende-se por isolante toda substância que apresenta uma


condutividade elétrica suficientemente baixa para poder ser utilizada com o fim
de separar peças condutoras a potenciais elétricos diferentes. A rigidez dielétrica
caracteriza a aptidão de um isolante em suportar diferenças de potencial
elevadas.

- O dimensionamento dos isolamentos tem de ser feito não só em relação


às tensões normais de serviço, mas prevendo a possibilidade de aparecimento
de valores anormais de tensão, correspondendo a diversos tipos de
sobretensões.

- O dimensionamento dos isolamentos é sempre projetado numa


perspectiva técnico-econômica. O projeto de isolamento é feito mediante
princípios que são enunciados na chamada “Coordenação de Isolamentos”.
Podem-se utilizar os métodos clássicos ou convencionais (determinísticos) ou os
métodos estocásticos (probabilísticos). Estes últimos são os normalmente
utilizados e não tomam em consideração as solicitações cuja probabilidade de
ocorrência seja inferior a um limite fixado (em geral 2%).

Considerações Gerais

Tem-se designado por Coordenação dos Isolamentos (CI) o conjunto de


disposições tomadas com vista a evitar que sejam causados danos ao
equipamento eléctrico das instalações pelas sobretensões a que estas são
submetidas, bem como a localizar as descargas, quando é impossível
economicamente impedi-las, em pontos onde não possam causar danos e por
forma a não perturbar notoriamente o serviço. A coordenação dos isolamentos
visa a determinação, para cada ponto de uma rede eléctrica, do isolamento
óptimo tendo em conta as consequências das avarias e as interrupções de
serviço.

A coordenação dos isolamentos inclui a seleção das características


dielétricas dos equipamentos e a sua realização, em função das tensões que
podem surgir na rede em que aqueles equipamentos se integram e tendo em
conta as características dos dispositivos de proteção disponíveis. Procura-se,
então, reduzir a um nível aceitável, dos pontos de vista de economia e de
exploração, a probabilidade de que as solicitações dielétricas impostas aos
componentes de uma rede danifiquem os respectivos isolamentos ou afetem a
continuidade de serviço.

À medida que se vão utilizando tensões cada vez mais elevadas, a


escolha dos isolamentos e a sua coordenação tomam naturalmente maior
importância, visto que o custo dos isolamentos tem um peso económico muito
superior nos sistemas de tensões mais elevadas do que nos sistemas de tensões
moderadas. A coordenação dos isolamentos parte da consideração das
sobretensões previsíveis, quer de origem externa, quer de origem interna. Entre
as sobretensões de origem externa, assumem posição de relevo as
sobretensões de origem atmosférica, as quais para as redes de tensão nominal
até 400 kV são determinantes para a seleção dos isolamentos, tornando-se
inúteis ou pouco importantes quaisquer medidas para limitar as sobretensões de
manobra. Pelo contrário, acima daquela tensão as sobretensões de manobra
têm que ser necessariamente consideradas para a seleção dos isolamentos,
tornando-se preciso adoptar algumas medidas a fim de limitar os seus fatores de
sobretensão. Essas medidas são efetuadas através da intervenção nos diversos
parâmetros que condicionam os valores assumidos pelas sobretensões de
manobra; estes ligam-se à própria rede (elementos constituintes da rede e sua
configuração), aos disjuntores e, ainda, aos regimes de serviço da rede.

O estabelecimento de diferentes níveis de isolamento para diversos


componentes de um sistema corresponde a fixar-se de antemão a ordem pela
qual eles cederão às sobretensões que vierem a atingir esse sistema.
Compreende-se que o risco de cedência deve ser praticamente nulo para os
isolamentos não autorregeneráveis, como os dos transformadores das
subestações, e muito pequeno para os isolamentos dos barramentos das
subestações. Pelo contrário, para as linhas de uma rede emalhada, são
toleráveis contornamentos acidentais dos respectivos isoladores, sobretudo se
os disjuntores empregados forem de religação rápida; de qualquer maneira, é
importante considerar a qualidade de serviço exigida.

Existem certas solicitações para as quais nenhum isolamento


economicamente realizável pode resistir, como acontece com as sobretensões
de origem atmosférica. Aceita-se, então, como inevitável a existência de
contornamentos e o problema que se coloca é que eles se verifiquem em pontos
onde se podem produzir sem causar danos (isolamentos autorregeneráveis),
protegendo-se os outros pontos da rede pela instalação de dispositivos de
proteção, tais como os explosores e os descarregadores de sobretensões. 0
papel destes dispositivos é limitar as sobretensões que atingem a rede,
absorvendo a energia que lhes está associada. A coordenação dos isolamentos
inclui, assim, o estabelecimento da correlação necessária entre as
características dos isolamentos e as dos dispositivos de proteção contra
sobretensões que são empregados. A escolha racional dos isolamentos impõe,
portanto, o conhecimento das diversas solicitações eléctricas a que a rede pode
ser submetida, da forma como os isolantes respondem a essas solicitações, ou
seja, o conhecimento do respectivo comportamento dielétrico e, ainda, o
conhecimento das características dos aparelhos de proteção contra
sobretensões.

Coordenação de Isolamentos

Tem-se designado por coordenação de isolamentos o conjunto de


disposições tomadas com vista a evitar que sejam causados danos ao
equipamento elétrico das instalações pelas sobretensões a que estas são
submetidas, bem como a localizar as descargas, quando é economicamente
impossível impedi-las, em pontos onde não possam causar danos e por forma a
não perturbar notoriamente o serviço. A coordenação de isolamentos visa a
determinação, para cada ponto da rede elétrica, do isolamento ótimo tendo em
conta as consequências das avarias e as interrupções de serviço.

A coordenação de isolamentos inclui a seleção das características


dielétricas dos equipamentos e a sua realização, em função das tensões que
podem surgir na rede em que aqueles equipamentos se integram e tendo em
conta as características dos dispositivos de proteção disponíveis. Procura-se
então, reduzir a um nível aceitável, dos pontos de vista de economia e
exploração, a probabilidade de que as solicitações dielétricas impostas aos
componentes de uma rede danifiquem os respectivos isolamentos o afetem a
continuidade do serviço.

Métodos convencionais e métodos estocásticos

Nos métodos convencionais, a coordenação de isolamentos é realizada


com a pretensão de não ocorrer nunca qualquer cedência dielétricas dos
mesmos. Pelo contrário, nos métodos estocásticos, admite-se à partida de um
determinado risco de cedências dos isolamentos, levando-se em conta a
probabilidade da ocorrência de sobretensões, bem como a probabilidade de
cedência (ou de resistência) dos isolamentos quando submetidos a
determinadas sobretensões.

O interesse da utilização dos métodos estocásticos nos sistemas de


tensão de 400kV ou superior resulta, por um lado, do caráter probabilístico das
sobretensões de manobra que aí assumem um papel de grande relevo e, por
outro lado, da necessidade de reduzir custos de isolamento que se tornam
particularmente importantes naqueles sistemas.

Os métodos convencionais para o estudo da coordenação de isolamentos


baseiam-se nos conceitos convencionais de sobretensão máxima e de tensão
de ensaio ao choque de manobra ou ao choque atmosférico. Assim, o isolamento
é dimensionado de maneira a assegurar uma margem considerada suficiente
entre a sobretensão máxima e a tensão suportável por este mesmo isolamento;
admite-se que esta margem cobre as incertezas da avaliação da sobretensão
máxima e da tensão suportável, pelo que não se define qualquer risco de
cedência do isolamento. Define-se então como base para aplicação dos métodos
convencionais as seguintes grandezas:
Sobretensão máxima convencional: é a sobretensão de manobra ou
atmosférica cujo valor é considerado, por convenção, como a sobretensão
máxima a considerar para o dimensionamento de um isolamento.

Tensão convencional de ensaio ao choque: é o valor de crista de um


impulso de manobra ou atmosférico para o qual o isolamento não deve ser sede
de nenhuma descarga disruptiva quando submetido a um número prescrito de
aplicações deste impulso em condições especificadas.

Fator de segurança convencional: é a razão entre uma tensão


convencional de ensaio ao choque e a sobretensão máxima convencional
correspondente.

Note que a necessidade de estudos completos das sobretensões de uma


rede, bem como a exigência de ensaios que obrigam a aplicação de um numero
de impulsos bastante grande, limita na prática a utilização dos métodos
estatísticos. Todavia, o campo de aplicação para estes métodos surge quando
se pode esperar uma economia substancial por redução da resistência dos
isolamentos e particularmente quando as sobretensões de manobra são
determinantes.

Os métodos estatísticos assentam na consideração das seguintes


grandezas:

Sobretensão estatística: é a sobretensão de manobra ou de raio


aplicada a um componente como resultado de uma perturbação de determinado
tipo que afeta a rede e cujo valor de crista tem uma probabilidade de ser
ultrapassado igual a probabilidade de uma referência especificada.

Tensão estatística de ensaio ao choque: é o valor de crista de um


ensaio ao choque e a sobretensão estatística correspondente, estabelecida na
base de um risco de cedência aceite, tendo em conta as distribuições estatísticas
das sobretensões e das tensões de ensaio.

POR FIM, LER OS DOIS SLIDES DE TAT

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