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COMEÇANDO DO ZERO 2016

Processual Civil – Aula 01


Sabrina Dourado

TEMAS: Apresentação do NCPC; Equivalentes Ju- seguindo a matéria para o exame da Câmara dos De-
risdicionais; estudo das normas fundamentais e apli- putados, onde passou a tramitar como PL 8.046/2010
cação das normas processuais; (Projeto de Lei n. 8.046/2010).
Na Câmara dos Deputados, foi criada em 16 de junho
Breve histórico da tramitação do Projeto do Novo de 2011 uma Comissão Especial destinada a proferir
Código de Processo Civil parecer ao Projeto de Lei n. 8.046/2010, nela atu-
ando como presidente o Dep. Fábio Trad (PMDB-
Por meio do Ato n. 379, de 30 de setembro de 2009, MS) e como relator-geral o Dep. Sérgio Barradas
publicado no Diário Oficial da União do dia 02 de ou- Carneiro (PT-BA).
tubro de 2009, o Presidente do Senado Federal, Sen.
José Sarney, nomeou a Comissão de Juristas que fi- Nesta Comissão Especial, atuaram notáveis juristas
cou responsável pela elaboração do Anteprojeto do com o fito de colaborar para a adequação e aperfei-
Novo Código de Processo Civil. çoamento do texto do Projeto de Lei, a saber: Dr. Fre-
die Didier Jr., Dr. Luiz Henrique Volpe Camargo, Dr.
A Comissão foi formada pelos seguintes e ilustres ju- Alexandre Freitas Câmara, Dr. Daniel Mitidiero, Dr.
ristas: Min. Luiz Fux (Presidente), Dra. Teresa Arruda José Manuel Arruda Alvim, Dr. Leonardo Carneiro da
Alvim Wambier (Relatora), Dr. Adroaldo Furtado Fa- Cunha, Dr. Marcos Destefenni, Dr. Paulo dos Santos
brício, Dr. Benedito Cerezzo Pereira Filho, Dr. Bruno Lucon, Dr. Rinaldo Mouzalas.
Dantas, Dr. Elpídio Donizetti Nunes, Dr. Humberto
Theodoro Júnior, Dr. Jansen Fialho de Almeida, Dr. Em 2012, assume a relatoria-geral dos trabalhos na
José Miguel Garcia Medina, Dr. José Roberto dos Comissão Especial da Câmara dos Deputados o
Santos Bedaque, Dr. Marcus Vinicius Furtado Coelho Dep. Paulo Teixeira (PT-SP), ocasião em que outros
e Dr. Paulo Cesar Pinheiro Carneiro. notáveis juristas passaram a também colaborar com
os trabalhos da Comissão: Dra. Ada Pellegrini Grino-
A composição da Comissão se apresentou heterogê- ver, Dr. Alexandre Freire, Dr. Antônio Carlos Marcato,
nea, notadamente nos aspectos da idade, da origem Dr. Antônio Costa Machado, Dr. Athos Gusmão Car-
demográfica e da classe profissional de seus mem- neiro, Dr. Candido Rangel Dinamarco, Dr. Carlos Al-
bros. berto Sales, Dr. Cassio Scarpinella Bueno, Dr. Dierle
No decorrer de seus trabalhos, a Comissão realizou Nunes, Dr. José Augusto Garcia, Dr. Kazuo Wata-
audiências públicas em vários Estados da Federa- nabe, Dr. Lenio Luiz Streck, Dr. Luiz Guilherme Costa
ção, com o objetivo de expor as ideias centrais do Wagner, Dr. Luiz Guilherme Marinoni, Dr. Paulo Ce-
Anteprojeto e de recolher sugestões para a elabora- sar Pinheiro Carneiro, Dra. Regina Beatriz Tavares e
ção da proposta legislativa. Dra. Teresa Arruda Alvim Wambier.
No dia 08 de junho de 2010, a Comissão de Juristas
apresentou ao Senado Federal o Anteprojeto do Durante os trabalhos da Comissão Especial, foram
Novo Código de Processo Civil, o qual passou a tra- promovidos debates, conferências e audiências pú-
mitar naquela Casa Legislativa sob a denominação blicas em diversas cidades do país, a fim de tornar o
de PLS 166/2010 (Projeto de Lei do Senado n. texto do Projeto de Lei o mais democrático possível.
166/2010). Foram apresentadas 900 emendas pelos Deputados
e apensados 146 Projetos de Lei que já tramitavam
O Anteprojeto, com 970 artigos, propunha a divisão na Câmara dos Deputados tratando de modificações
do Novo Código de Processo Civil em cinco Livros, a ao Código de Processo Civil.
saber: Livro 1 – Parte Geral; Livro 2 – Processo de
Conhecimento e Cumprimento de Sentença; Livro 3 O Portal e-Democracia, criado para que qualquer
– Do Processo de Execução; Livro 4 – Dos Proces- brasileiro pudesse participar e apresentar sugestões
sos nos Tribunais e dos Meios de Impugnação das ao Projeto de Lei, registrou 25.300 acessos, 282 su-
Decisões Judiciais; Livro 5 – Das Disposições Finais gestões, 143 comentários e 90 e-mails.
e Transitórias. Em 26 de março de 2014, o PL 8.046/2010 foi apro-
vado na Câmara dos Deputados, com 1.086 artigos,
No Senado Federal, foi criada uma Comissão Tem- retornando a matéria ao exame da Casa originária
porária destinada a emitir parecer sobre o Novo Có- (Senado Federal), nos termos do art. 65, parágrafo
digo de Processo Civil, na qual atuou como relator- único, da Constituição da República.
geral o Sen. Valter Pereira (PMDB-MS).
Em 15 de dezembro de 2010, o PLS 166/2010 foi A esta altura, o Novo Código de Processo Civil apre-
aprovado pelo Senado Federal, com 1.007 artigos, sentava-se assim dividido (esta divisão prevaleceu
após a sanção): PARTE GERAL, composta por 06

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(seis) Livros: Livro I – Das Normas Processuais Civis, § 1o É permitida a arbitragem, na forma da lei.
Livro II – Da Função Jurisdicional, Livro III – Dos Su- § 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a so-
jeitos do Processo, Livro IV – Dos Atos Processuais, lução consensual dos conflitos.
Livro V – Da Tutela Provisória, Livro VI – Da Forma- § 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de
ção, Da Suspensão e Da Extinção do Processo; solução consensual de conflitos deverão ser estimu-
PARTE ESPECIAL, composta por 03 (três) Livros: Li- lados por juízes, advogados, defensores públicos e
vro I – Do processo de Conhecimento e do Cumpri- membros do Ministério Público, inclusive no curso do
mento de Sentença; Livro II – Do Processo de Exe- processo judicial.
cução; Livro III – Dos Processos nos Tribunais e dos
Meios de Impugnação das Decisões Judiciais; LIVRO Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo ra-
COMPLEMENTAR – Disposições Finais e Transitó- zoável a solução integral do mérito, incluída a ativi-
rias. dade satisfativa.

Com o retorno do Projeto de Lei ao Senado (para Art. 5o Aquele que de qualquer forma participa do
análise do Substitutivo da Câmara dos Deputados), processo deve comportar-se de acordo com a boa-
foi designada Comissão Especial para exame da ma- fé.
téria e emissão de parecer sobre o Novo Código de
Processo Civil, nela atuando como relator-geral o Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem coope-
Sen. Vital do Rêgo (PMDB-PB). rar entre si para que se obtenha, em tempo razoável,
Nesta etapa, os Senadores da Comissão Especial fo- decisão de mérito justa e efetiva.
ram auxiliados por notáveis juristas, a saber: Min.
Luiz Fux, Dr. Bruno Dantas, Dr. José Roberto dos Art. 7o É assegurada às partes paridade de trata-
Santos Bedaque, Dr. Paulo Cezar Pinheiro Carneiro mento em relação ao exercício de direitos e faculda-
e Dra. Teresa Arruda Alvim Wambier. des processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos
deveres e à aplicação de sanções processuais, com-
Em 17 de dezembro de 2014, o Substitutivo da Câ- petindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
mara dos Deputados foi aprovado, com emendas,
pelo Plenário do Senado Federal, totalizando o texto Art. 8o Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz aten-
1.068 artigos. derá aos fins sociais e às exigências do bem comum,
Em seguida, o Projeto de Lei foi enviado à sanção da resguardando e promovendo a dignidade da pessoa
Presidente da República, a qual se efetivou no dia 16 humana e observando a proporcionalidade, a razoa-
de março de 2015, com vetos parciais, conforme pu- bilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.
blicação do Diário Oficial da União do dia 17 de
março de 2015. Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das par-
tes sem que ela seja previamente ouvida.
VEJAMOS OS DISPOSITIVOS DA LEI 13.105/15 Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:

DAS NORMAS FUNDAMENTAIS E DA APLICA- I - à tutela provisória de urgência;


ÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no
CAPÍTULO I art. 311, incisos II e III;
DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO III - à decisão prevista no art. 701.
CIVIL
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de
Art. 1o O processo civil será ordenado, disciplinado e jurisdição, com base em fundamento a respeito do
interpretado conforme os valores e as normas funda- qual não se tenha dado às partes oportunidade de se
mentais estabelecidos na Constituição da República manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a
Federativa do Brasil, observando-se as disposições qual deva decidir de ofício.
deste Código.
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder
Art. 2o O processo começa por iniciativa da parte e Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções decisões, sob pena de nulidade.
previstas em lei. Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça,
pode ser autorizada a presença somente das partes,
Art. 3o Não se excluirá da apreciação jurisdicional de seus advogados, de defensores públicos ou do
ameaça ou lesão a direito. Ministério Público.

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Art. 12. Os juízes e os tribunais deverão obedecer à o chefe de secretaria atenderá, preferencialmente, à
ordem cronológica de conclusão para proferir sen- ordem cronológica de recebimento para publicação e
tença ou acórdão. efetivação dos pronunciamentos judiciais.”
§ 1o A lista de processos aptos a julgamento deverá
estar permanentemente à disposição para consulta CAPÍTULO II
pública em cartório e na rede mundial de computado- DA APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS
res.
§ 2o Estão excluídos da regra do caput: Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas
processuais brasileiras, ressalvadas as disposições
I - as sentenças proferidas em audiência, homologa- específicas previstas em tratados, convenções ou
tórias de acordo ou de improcedência liminar do pe- acordos internacionais de que o Brasil seja parte.
dido;
II - o julgamento de processos em bloco para aplica- Art. 14. A norma processual não retroagirá e será
ção de tese jurídica firmada em julgamento de casos aplicável imediatamente aos processos em curso,
repetitivos; respeitados os atos processuais praticados e as situ-
III - o julgamento de recursos repetitivos ou de inci- ações jurídicas consolidadas sob a vigência da
dente de resolução de demandas repetitivas; norma revogada.
IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 e
932; Art. 15. Na ausência de normas que regulem pro-
V - o julgamento de embargos de declaração; cessos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as
VI - o julgamento de agravo interno; disposições deste Código lhes serão aplicadas suple-
VII - as preferências legais e as metas estabelecidas tiva e subsidiariamente.
pelo Conselho Nacional de Justiça;
VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicio- ************************************************************
nais que tenham competência penal; Site: sabrinadourado.com.br
IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim Instagram: @sabrinadourado
reconhecida por decisão fundamentada. Facebook: https://www.facebook.com/profsabrina-
dourado
§ 3o Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á Twitter: @binadourado
a ordem cronológica das conclusões entre as prefe- Periscope: @profsabrinadourado
rências legais.
§ 4o Após a inclusão do processo na lista de que trata
o § 1o, o requerimento formulado pela parte não al-
tera a ordem cronológica para a decisão, exceto
quando implicar a reabertura da instrução ou a con-
versão do julgamento em diligência.
§ 5o Decidido o requerimento previsto no § 4o, o pro-
cesso retornará à mesma posição em que anterior-
mente se encontrava na lista.
§ 6o Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no §
1o ou, conforme o caso, no § 3o, o processo que:

I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo


quando houver necessidade de realização de diligên-
cia ou de complementação da instrução;
II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II.

Está em curso o PL 168/15, pendente apenas de san-


ção presidencial, que altera a redação dos arts. 12 e
153 do NCPC. De acordo com ele a ordem cronoló-
gica de julgamento não seria obrigatória. Seria prefe-
rencial. Vejamos: “Art. 12. Os juízes e os tribunais
atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica
de conclusão para proferir sentença ou acórdão.” No
mesmo sentido o artigo 153 passará a rezar com a
seguinte redação, vejamos: “Art. 153. O escrivão ou

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