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(1) Seguidora de Jesus: Maria realiza as três qualidades básicas do discípulo fiel. Ela
acolhe a palavra de Deus com fé (relato da anunciação: Lc 1,28-38), conserva a palavra
no coração e a medita, confrontando-a com os fatos (Lc 2,19 e Lc 2,51) e frutifica esta
palavra viva; sendo uma pessoa de intensa fé (“feliz de você que acreditou”: Lc 1,40) e
a mãe do messias (“bendito é o fruto do teu ventre” em Lc 1,42). Somente Lucas relata
a cena da mulher na multidão que grita: “Feliz o ventre que te gerou e o seio que te
amamentou”, em claro elogio à maternidade biológica. Mas Jesus lhe responde: “Antes,
felizes os ouvem a palavra de Deus e a realizam” (Lc 11,27). Antes de ser uma crítica à
Maria, este texto revela sua real importância. A maternidade é conseqüência e expressão
de sua fé. Neste sentido também, Lucas refaz a expressão final do (des)encontro de
Jesus com os familiares, com a expressão: “Minha mãe e meus irmãos são os que
ouvem a Palavra de Deus e a realizam”(Lc 8,21). Há portanto uma prioridade da fé,
enquanto adesão à Jesus e à sua causa, sobre o simples fato de ser mãe de Jesus.
(2) Peregrina na fé: Somente Lucas relata as palavras de Simeão a Maria: “Quanto a ti,
uma espada transpassará tua alma” (Lc 2,25). Não se trata de uma alusão ao sofrimento
de Maria na hora da cruz, pois nos evangelhos sinóticos Jesus morre sozinho e Maria
não está incluída entre as mulheres que o observam, de longe. A espada tem um sentido
metafórico. Alude a Jesus, que é a palavra-gesto do Pai, conforme Hb 4,12s: “A Palavra
de Deus é viva, eficaz e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes. Julga as
disposições e as intenções do coração. E não há criatura oculta à sua presença”. Maria,
como os outros aprendizes de Jesus, não sabia tudo. Foi fazendo descobertas no correr
de seu caminho espiritual. Neste sentido, o relato da perda no templo confirma que
Maria e José não entendem naquele momento as palavras e os gestos de Jesus (Lc 2,41-
50). Por isso mesmo, ela precisa refletir e buscar o sentido dos fatos. A interpretação
nova que Jesus dá à Lei, ao sábado, ao templo e às tradições questionava seus
seguidores, trazia conflitos e lhes provocava mudanças na sua visão religiosa. Era uma
espada! Maria passou pelo crivo da espada da Palavra, e cresceu com isso.
(3) Sinal da opção de Deus pelos pobres: Lucas é o evangelista que mais desenvolve a
dimensão social da Boa Nova de Jesus. Coerente com esta orientação, Maria é
apresentada por ele como uma mulher pobre, da desconhecida terra de Nazaré da
Galiléia. Jesus nasce num lugar sem recursos e é envolvido em faixas (Lc 2,12). Como
são pobres, os pais de Jesus oferecem pássaros no templo, em vez do cordeiro (Lc 2,24).
O cântico de Maria, chamado “Magnificat” resume, de forma poética, a proposta de
Jesus nas Bem-Aventuranças (Lc 2,46-55 em comparação com Lc 6,20s). Sinaliza, com
clareza, que a Boa Nova de Jesus propõe uma mudança nas atitudes das pessoas e nas
estruturas sociais. Deus se volta sobretudo para os mais pobres, pois são os que mais
necessitam. Sua misericórdia permanece para sempre.
(4) Mulher contemplada pelo Espírito Santo: Em Lucas, Jesus começa a missão
recordando a profecia de Isaías: “O Espírito de Deus está sobre mim” (Lc 4,14). É o
Espírito que age em Jesus e nos seus seguidores, após pentecostes. Maria é apresentada
então como a mulher sobre a qual “a sombra do altíssimo” se estende, para possibilitar a
concepção de Jesus. Ela também participa da comunidade que prepara a vinda do
Espírito (At 1,14). Portanto, Maria é “contemplada” duplamente pelo Espírito Santo: no
nascimento de Jesus e no nascimento da comunidade cristã, após a ressurreição de
Jesus.
Já se fala sobre Maria no Antigo testamento? Grande parte dos estudiosos da Bíblia
está de acordo neste ponto: não há nenhum texto nas escrituras judaicas, ou primeiro
testamento, com a intenção explícita de fazer um anúncio antecipado sobre Maria. Na
realidade, depois que Maria se tornou reconhecida na comunidade cristã, a partir do
século 3, aconteceu uma releitura dos textos bíblicos. Ampliou-se o sentido original.
Assim, algumas imagens e alegorias, como “a descendência da mulher que esmaga a
cabeça da serpente” (Gn 3,15), passaram a ser compreendidas em relação à mãe de
Jesus.
Nos escritos de Paulo não há referência direta a Maria. Somente o texto de Gálatas 5,5
faz uma ilusão à mãe de Jesus, ao falar que Deus “enviou seu filho, nascido de uma
mulher”.
Já Mateus acrescenta um dado novo. Ele prepara o anúncio da vida pública de Jesus
com os “relatos de infância”, que estão centrados na figura de José, o homem justo que
sempre age de acordo com o apelo de Deus. Assim, José acolhe a Maria como sua
esposa e não tem relações intimas com ela até o nascimento. Adota Jesus como seu
filho, mesmo não sendo o pai biológico e protege a ambos dos perigos que surgem.
Maria é apresentada como aquela que concebe pela ação do Espírito e está unida ao
filho, como mostra a expressão “o menino e sua mãe”, repetida 5 vezes.
Este é perfil de Maria em Lucas: perfeita discípula, peregrina na fé, sinal da opção de
Deus pelos pobres, mulher contemplada pelo Espírito Santo.
O evangelho que mais se refere a Maria é Lucas. A começar pela quantidade dos relatos
nos quais ela aparece ou se diz algo sobre a mãe de Jesus: anunciação, visita a Isabel,
cântico do Magnificat, nascimento de Jesus, apresentação no templo, profecia de
Simeão, desencontro no templo aos 11 anos, a vida em Nazaré, as palavras de Jesus
sobre a família, o diálogo com a mulher na multidão, a presença de Maria na
comunidade nascente, preparando a vinda do Espírito Santo. Através de todos estes
relatos, Lucas nos apresenta Maria como a figura da/o perfeito discípulo de Jesus, que
ouve a Palavra de Deus, guarda-a no coração e dá frutos na perseverança.
Além disso, Maria trilha um caminho na fé. Totalmente entregue aos projetos de Deus,
ela não entende tudo o que lhe acontece, e por isso mesmo precisa continuamente
meditar o sentido dos acontecimentos. Passa por momentos belos e difíceis, alegres e
sofridos. O fato de ter que aprender o “jeito novo” de ver o mundo que Jesus propõe
causa-lhe conflitos, que lhe atravessam o coração como uma espada. Como mulher
proveniente de Nazaré da Galiléia, Maria vive e anuncia a opção preferencial de Deus
pelos pobres, tal como Jesus o vive e anuncia no sermão da planície.
Por fim, Maria é uma pessoa especialmente contemplada pelo Espírito Santo, que a
cobre com sua sombra na concepção de Jesus e atua na comunidade dos discípulos em
Pentecostes, como línguas de fogo. “Nuvem” e “fogo” são os símbolos da presença de
Deus junto de seu povo peregrino, desde a libertação do Egito. Nuvem quer dizer
proteção e fecundidade. Já o fogo alude a energia, amor e vitalidade. Este é perfil de
Maria em Lucas: perfeita discípula, peregrina na fé, sinal da opção de Deus pelos
pobres, mulher contemplada pelo Espírito Santo.
Marcos indica que a verdadeira família de Jesus não é a de ordem carnal e que a ela
pertencem todos os filhos do Reino. Assim, Maria, Mãe de Jesus é fundamental
testemunho dos verdadeiros laços que criam comunhão com Jesus. Depois de ter levado
Jesus, seu filho no ventre, era preciso que ela o gerasse no coração, cumprindo a
vontade de Deus (cf. Mc 3,35), que se manifestava naquilo que Jesus dizia e realizava.
Neste sentido, a figura de Maria “mãe” se harmoniza e se completa com a figura da
“discípula” (SERRA, 1995).
Mt 1,3 fala sobre a concepção de Jesus, diz que esta se realizou “para que se cumpra o
oráculo do Senhor, por meio do profeta [...]” e cita Is7, 14, aplicando a Jesus a realidade
do “Emanuel” e a Maria a de “virgem”. (Mateus quando) Ao falar do nascimento de
Jesus, Mateus recorrendo ao texto de Isaías, não somente assume a interpretação dos
LXX, mas ele mesmo interpreta teologicamente esse nascimento: Jesus é o Emmanuel e
nasce de Maria Virgem. Neles dois se realiza plenamente o oráculo do profeta: Jesus é o
Messias, e Maria é a Mãe-Virgem e, este fato maravilhoso somente pode ser entendido
como a obra do Espírito Santo (ALVAREZ, 2005).
Nos escritos de Paulo não há referência direta a Maria. Somente o texto de Gálatas 5,5
faz uma ilusão à mãe de Jesus, ao falar que Deus “enviou seu filho, nascido de uma
mulher”.
Já Mateus acrescenta um dado novo. Ele prepara o anúncio da vida pública de Jesus
com os “relatos de infância”, que estão centrados na figura de José, o homem justo que
sempre age de acordo com o apelo de Deus. Assim, José acolhe a Maria como sua
esposa e não tem relações intimas com ela até o nascimento. Adota Jesus como seu
filho, mesmo não sendo o pai biológico e protege a ambos dos perigos que surgem.
Maria é apresentada como aquela que concebe pela ação do Espírito e está unida ao
filho, como mostra a expressão “o menino e sua mãe”, repetida 5 vezes.
Este é perfil de Maria em Lucas: perfeita discípula, peregrina na fé, sinal da opção de
Deus pelos pobres, mulher contemplada pelo Espírito Santo.
O evangelho que mais se refere a Maria é Lucas. A começar pela quantidade dos relatos
nos quais ela aparece ou se diz algo sobre a mãe de Jesus: anunciação, visita a Isabel,
cântico do Magnificat, nascimento de Jesus, apresentação no templo, profecia de
Simeão, desencontro no templo aos 11 anos, a vida em Nazaré, as palavras de Jesus
sobre a família, o diálogo com a mulher na multidão, a presença de Maria na
comunidade nascente, preparando a vinda do Espírito Santo. Através de todos estes
relatos, Lucas nos apresenta Maria como a figura da/o perfeito discípulo de Jesus, que
ouve a Palavra de Deus, guarda-a no coração e dá frutos na perseverança.
Além disso, Maria trilha um caminho na fé. Totalmente entregue aos projetos de Deus,
ela não entende tudo o que lhe acontece, e por isso mesmo precisa continuamente
meditar o sentido dos acontecimentos. Passa por momentos belos e difíceis, alegres e
sofridos. O fato de ter que aprender o “jeito novo” de ver o mundo que Jesus propõe
causa-lhe conflitos, que lhe atravessam o coração como uma espada. Como mulher
proveniente de Nazaré da Galiléia, Maria vive e anuncia a opção preferencial de Deus
pelos pobres, tal como Jesus o vive e anuncia no sermão da planície.
Por fim, Maria é uma pessoa especialmente contemplada pelo Espírito Santo, que a
cobre com sua sombra na concepção de Jesus e atua na comunidade dos discípulos em
Pentecostes, como línguas de fogo. “Nuvem” e “fogo” são os símbolos da presença de
Deus junto de seu povo peregrino, desde a libertação do Egito. Nuvem quer dizer
proteção e fecundidade. Já o fogo alude a energia, amor e vitalidade. Este é perfil de
Maria em Lucas: perfeita discípula, peregrina na fé, sinal da opção de Deus pelos
pobres, mulher contemplada pelo Espírito Santo.
A mariologia insere Maria na história da salvação, pois aí ela encontra seu sentido e seu
papel específico. A história da salvação constitui o desenvolvimento da ação salvadora
de Deus através do tempo. É uma série de fatos bem unidos e concatenados entre si que
formam uma linha ininterrupta. O que dá coesão é o projeto de Deus. Cada fato se une
ao outro. Nada fica separado.
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A salvação dá-se na história humana. Por isso, a história da salvação abrange todos os
acontecimentos humanos nos quais Deus quer realizar o seu projeto de amor. No “plano
de Deus não há duas histórias paralelas, isto é, uma história humana e uma história de
salvação. A história humana seria, pois, como um marco, uma ‘ocasião’ onde cada
homem individualmente vai sendo fiel ou infiel à lei de Deus, no caminho da salvação
ultraterrena” (Segundo Galilea, teólogo latino-americano).
Sentido pleno
Maria está intimamente ligada a Jesus Cristo, nosso salvador. No mesmo discurso,
Paulo VI perguntava: “Quem é Cristo, como veio entre nós, qual sua missão, sua
doutrina, seu ser divino e sua influência nos destinos da humanidade? Como veio Cristo
entre nós, veio de si mesmo, veio sem nenhuma relação, sem nenhuma cooperação por
parte dos homens? Pôde ser conhecido, compreendido, considerado, prescindindo das
relações reais, históricas, existenciais, que necessariamente implicam sua aparição no
mundo? Claro que não. O mistério de Cristo está extremado, por desígnio divino, da
participação humana. Veio entre nós palmilhando a senda da geração humana. Quis ter
uma Mãe, encarnar-se mediante o ministério vital de uma Senhora, da Senhora bendita
entre todas”.
Presença real
A salvação humana não é uma conjectura, uma hipótese, mas uma realidade histórica e
verdadeira. Nela nós deparamos com Nossa Senhora e sua missão junto ao Cristo. A
presença de Maria não é uma suposição ou algo que poderia dispensar. Ao contrário, é
um fato real, que marca a história da salvação. Para a teologia cristã séria, não interessa
o que Deus poderia ter feito no passado, mas o que fez e como fez. Jesus Cristo não
veio ao mundo por si mesmo, sem participação humana. Ele se encarnou, tornou-se
pessoa humana real no seio puríssimo de Maria, por ação do Espírito Santo.
Figura bíblica
A história da salvação é narrada nas Sagradas Escrituras, que têm como fio condutor a
aliança de Deus com a humanidade. “Quando lemos a Bíblia, devemos estar atentos
para perceber como ela vai contando a história da aliança entre Deus e os homens. É
como a aliança dos noivos e casais. Nasce da escolha livre de Deus e da resposta livre
do homem. Manifesta-se como relação de compromisso, isto é, de relação em que um e
outro se empenham. Exprime-se através do amor, que gera vida nova em todos os
sentidos; e através da fidelidade, que produz uma relação de liberdade e de libertação”
(Ivo Storniolo e Euclides Martins Balancin, biblistas brasileiros).