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Aula 03

Jurisprudências STF e STJ: Leis Penais, Direito Penal e Processo Penal p/ Carreiras
Policiais

Professores: Alexandre Herculano, Vinicius Silva


Jurisprudências (STF e STJ) L. Penais, D. Penal e D. Processual Penal p/ Carreiras Policiais.
Teoria e Exercícios
Professores - Alexandre Herculano e Vinícius Silva Aula 00

Aula 03 – Teoria Geral do Crime (parte 2), Competência

(parte 1) e Estatuto do Desarmamento (Lei n.º

10.826/03).

SUMÁRIO PÁGINA

1. Teoria Geral do Crimes (parte 2) 1

2. Competência (parte 1) 6

3. Estatuto do Desarmamento 10

4. Questões propostas 19

5. Questões comentadas 28

5. Gabarito 50

1. Teoria Geral do Crime (parte 2)

1.1 Introdução

Vamos dar continuidade ao estudo dos aspectos mais importantes da

teoria geral do crime por meio da jurisprudência do STF e do STJ,

ressaltando aquilo que mais vem caindo em concursos públicos.

Vamos comentar 2 informativos na aula de hoje, que versam sobre

assuntos dentro da temática relativa ao iter criminis e arrependimento

posterior, assuntos que reiteradamente caem em concursos públicos.

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Antes, porém, vamos trabalhar uma súmula importante, que não foi

trabalhada na aula passada, mas que tem uma forte ligação com o

assunto de crime impossível, tratado na aula 02.

1.2 Crime impossível

Ainda sobre o crime impossível, temos de ressaltar uma súmula que

costuma ser cobrada em concursos das carreiras policiais.

SÚMULA 145 - STF

Não há crime, quando a preparação do flagrante

pela polícia torna impossível a sua consumação.

O flagrante preparado ocorre quando a polícia “arma” toda a situação

flagrancial, sem que ela exista, ou seja, não existe flagrante, nenhuma

dessas situações previstas no art. 302, sendo o flagrante uma situação

totalmente forjada por um terceiro, que no caso de ser um agente

policial, e enseja a aplicação da súmula.

Assim, se a polícia forjar a situação flagrancial, de modo que torne

impossível a consumação do crime, estaremos diante de um crime

impossível.

Esse aspecto faltou ser comentado na última aula.

Muitas questões de concursos envolvem a literalidade dessa súmula,

portanto, a memorização desse dispositivo é fundamental para o seu bom

desempenho em uma questão de prova.

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Bom, vamos dar continuidade ao estudo da teoria do crime sob o

aspecto da jurisprudência do STF e do STJ. Vamos analisar um importante

informativo que foi previsto no Info 542, do STF que fala do crime tentado

e do iter criminis quando da aplicação da causa de diminuição da pena.

A crime tentado é uma ficção jurídica, a chamada norma de

extensão, por meio da qual a pena do crime consumado é aplicada com

uma causa de diminuição que pode variar de um a dois terços.

A dúvida que pode surgir é de quanto deve ser essa redução no caso

concreto e de que ela depende.

Cogitação Atos Preparatórios Atos Executórios Consumação

Iter criminis

Próximo da consumação Distante da consumação

Fator de redução de 1/3 Fator de redução de 2/3

Não custa nada lembrar que o crime tentado é aquele em que a sua

consumação não ocorre devido a circunstâncias alheias a vontade do

agente.

Art. 14 - Diz-se o crime: (Redação dada pela

Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Tentativa

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II - tentado, quando, iniciada a execução,

não se consuma por circunstâncias alheias à

vontade do agente.

O segundo tema a ser tratado nessa aula é o arrependimento

posterior, que se trata de um instituto jurídico da Teoria Geral do Crime

previsto no art. 16, do CP.

Vamos inicialmente relembrar o teor do instituto.

Arrependimento posterior

Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência

ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano

ou restituída a coisa, até o recebimento da

denúncia ou da queixa, por ato voluntário do

agente, a pena será reduzida de um a dois

terços.

Percebeu que temos alguns requisitos para aplicação do instituto,

que na verdade prevê uma causa de diminuição de pena, assim como a

da tentativa, ou seja, caso ocorra o arrependimento posterior, deve ser

feita uma redução da pena na terceira fase do critério trifásico (Nelson

Hungria) da dosimetria da pena.

Vamos ver quais são os requisitos:

 Crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa

 Deve haver reparação do dano, ou restituição da coisa

 Deve ocorrer até o recebimento da denúncia ou queixa.

 Por ato voluntário do agente

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Entendido o instituto, do ponto de vista conceitual-legal, vamos ver o

que o STF previu no informativo 608.

Em resumo, o que mais importa nesse julgado é o seguinte:

”A incidência do arrependimento posterior,

contido no art. 16 do CP (“Nos crimes cometidos

sem violência ou grave ameaça à pessoa,

reparado o dano ou restituída a coisa, até o

recebimento da denúncia ou da queixa, por ato

voluntário do agente, a pena será reduzida de um

a dois terços”) prescinde da reparação total do

dano e o balizamento, quanto à diminuição da

pena decorrente da aplicação do instituto, está na

extensão do ressarcimento, bem como na

presteza com que ele ocorre.”.

Assim, a reparação total do dano não é necessária, assim como o

quantum relativo à diminuição da pena está inserido dentro da extensão

do ressarcimento e na presteza, ou seja, quando ocorre a

reparação/ressarcimento.

Após esses dois julgados e do comentário da súmula sobre crime

impossível, vamos entrar na parte de competência da nossa aula.

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2. Competência (parte 1)

O tema acima é por demais rico em jurisprudência, vamos nos ater

às principais dentro dessa temática.

A competência é a chamada medida da jurisdição, pois é ela que

limita o poder jurisdicional dos órgãos do poder judiciário. Ela está

prevista na CF88, no CPP e em várias normas esparsas de direito penal e

processual penal.

Vamos iniciar com um informativo de 2014, do STF 1ª Turma.

Em regra, os crimes cometidos contra as

sociedades de economia mista federal são

julgados pela Justiça Estadual.

Excepcionalmente, competirá à Justiça Federal

julgar o delito praticado contra sociedade de

economia mista federal quando ficar

demonstrado que existe interesse jurídico da

União no fato. Isso ocorre nos casos em que os

delitos praticados contra a sociedade de

economia mista estiverem relacionados com:

a) os serviços de concessão, autorização ou

delegação da União; ou

b) se houver indícios de desvio das verbas

federais recebidas por sociedades de economia

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mista e sujeitas à prestação de contas perante o

órgão federal.

STF. 1ª Turma. RE 614115 AgR/PA, Rel. Min. Dias

Toffoli, julgado em 16/9/2014 (Info 759)

Bom, esse tema é muito importante para você dentro da temática

que envolve questões para Polícia Federal, Rodoviária Federal e demais

cargos afetos às carreiras federais.

A primeira pergunta que deve ser respondida é que os crimes que

atentam contra sociedades de economia mista federais (Banco do Brasil,

Petrobrás, etc.) não são julgados pela Justiça Federal, e sim pela justiça

estadual.

Isso pode ser entendido pela simples leitura do art. 109, da CF/88:

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e

julgar:

(...)

IV - os crimes políticos e as infrações penais

praticadas em detrimento de bens, serviços ou

interesse da União ou de suas entidades

autárquicas ou empresas públicas, excluídas as

contravenções e ressalvada a competência da

Justiça Militar e da Justiça Eleitoral;

Veja que o dispositivo constitucional não previu que os crimes contra

as sociedades de economia mista seriam julgados pela Justiça Federal.

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Essa regra possui uma exceção, que é a que foi explicitada no

informativo acima mencionado.

Quando serão julgados pela JF, os crimes contra sociedades de

economia mista federais:

Quando ficar demonstrado que existe interesse

jurídico da União no fato. Isso ocorre nos casos

em que os delitos praticados contra a sociedade

de economia mista estiverem relacionados com:

a) os serviços de concessão, autorização ou

delegação da União; ou

b) se houver indícios de desvio das verbas

federais recebidas por sociedades de economia

mista e sujeitas à prestação de contas perante o

órgão federal.

Portanto, fiquem ligados na exceção prevista.

Vamos seguindo, agora comentando um informativo do STJ, o de número

536, da 3ª Turma.

As juntas comerciais subordinam-se

administrativamente ao Governo Estadual e,

tecnicamente, ao Departamento Nacional de

Registro do Comércio (órgão federal). Os crimes

envolvendo a Junta Comercial somente serão de

competência da Justiça Federal se houver ofensa

DIRETA a bens, serviços ou interesses da União,

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conforme o art. 109, IV, CF/88. Nos demais

casos, a competência será da Justiça Estadual.

STJ. 3a Seção. CC 130.516-SP, Rel. Min. Rogerio

Schietti Cruz, julgado em 26/2/2014.

A competência para julgar crimes envolvendo a Junta Comercial será

da Justiça Federal ou Estadual?

Depende:

 Justiça Federal: se houve ofensa DIRETA a bens, serviços ou

interesses da União (art. 109, IV, da CF/88);

 Justiça Estadual: nos demais casos.

Ou seja, você deve ficar ligado nesses detalhes.

Vamos agora verificar um crime que ocorre muito dentro das

carreiras federais e são importantes dentro das carreiras policiais

federais.

O informativo 744 traz um tema muito relevante que são os crimes

de incitação à discriminação pela internet.

Vejamos o que previu o informativo:

Compete à justiça ESTADUAL processar e julgar

crime de incitação à discriminação cometido via

internet, quando praticado contra pessoas

determinadas e que não tenha ultrapassado as

fronteiras territoriais brasileiras. STF. 1a Turma.

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HC 121283/DF, Rel. Min. Roberto Barroso,

julgado em 29/4/2014.

Veja que esse é um crime muito comum de ocorrer com o

crescimento da internet e das redes sociais.

A competência é da justiça estadual para julgar esse tipo de crime,

ou seja, veja que estamos diante de um crime que aparentemente

poderia dar uma ideia de que fosse julgado pela justiça federal, mas

nesse caso o simples fato de ter sido cometido pela internet não gera a

atração de competência para a justiça federal

O simples fato de o suposto delito ter sido cometido por meio da rede

mundial de computadores não atrai, por si só, a competência da Justiça

Federal. É preciso que o crime ofenda a bens, serviços ou interesses da

União ou esteja previsto em tratado ou convenção internacional em que o

Brasil se comprometeu a combater, como por exemplo, mensagens que

veiculassem pornografia infantil, racismo, xenofobia, dentre outros,

conforme preceitua o art. 109, incisos IV e V, da CF/88.

Verificando-se que as ofensas possuem caráter exclusivamente

pessoal, a competência será da justiça estadual.

3. Estatuto do Desarmamento

3.1 Atipicidade da conduta de posse ilegal de arma de fogo

de uso permitido com registro vencido

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Segundo o STJ não configura o crime de posse ilegal de arma de fogo

(art.12) a conduta do agente que mantém sob guarda, no interior de sua

residência, arma de fogo de uso permitido com registro vencido. Se o

agente já procedeu ao registro da arma, a expiração do prazo é mera

irregularidade administrativa que autoriza a apreensão do artefato e

aplicação de multa. A conduta, entretanto, não caracteriza ilícito penal.

E quais foram os argumentos utilizados pela corte? Vejamos:

 Não há dolo do agente que procede ao registro e, depois de

expirado o prazo, é apanhado com a arma nessa circunstância;

 Trata-se de uma irregularidade administrativa. Isso porque

se a pessoa possui o registro da arma de fogo de uso

permitido, significa que o Poder Público tem completo

conhecimento de que ele possui o artefato em questão,

podendo rastreá-lo, se necessário. Logo, inexiste ofensividade

na conduta;

 A mera inobservância da exigência de recadastramento

periódico não pode conduzir à incriminação penal. Cabe ao

Estado apreender a arma e aplicar a punição administrativa

pertinente, não estando em consonância com o Direito Penal

moderno deflagrar uma ação penal para a imposição de pena

tão somente porque o indivíduo devidamente autorizado pelo

Poder Público a possuir a arma, diga-se de passagem deixou de

ir de tempos em tempos efetuar o recadastramento do

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artefato. Portanto, até mesmo por questões de política

criminal, não há como submeter o paciente às agruras de uma

condenação penal por uma conduta que não apresentou

nenhuma lesividade relevante aos bens jurídicos tutelados pela

Lei n° 10.826/2003, não incrementou o risco e pode ser

resolvida na via administrativa;

 O direito penal possui caráter subsidiário e de ultima ratio.

3.2 Porte de arma de fogo por vigia após o horário de

expediente

O fato de o empregador obrigar seu empregado a portar arma de

fogo durante o exercício das atribuições de vigia não caracteriza coação

moral irresistível (art. 22 do CP) capaz de excluir a culpabilidade do crime

de "porte ilegal de arma de fogo de uso permitido" (art. 14 da Lei nº

10.826/2003) atribuído ao empregado que tenha sido flagrado portando,

em via pública, arma de fogo, após o término do expediente laboral, no

percurso entre o trabalho e a sua residência.

O STJ entendeu, em um julgado, que não se deve aceitar o

argumento de que o réu estivesse sob influência de coação moral

irresistível, até porque, quando praticou a conduta proibida, estava fora

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do horário e de seu ambiente de trabalho, livre, portanto, da relação

de subordinação que o obrigava a portar arma de fogo de modo ilegal.

A inexigibilidade de conduta diversa somente funciona como causa de

exclusão da culpabilidade quando proceder de forma contrária à lei se

mostra como única alternativa possível diante de determinada situação.

Se há outros meios de solução do impasse, a exculpante não se

caracteriza.

Segundo a corte o acusado em questão era "vigia" e não "vigilante

armado". O "vigia" não pode usar arma no exercício de suas

funções. Já o vigilante é um profissional contratado por estabelecimentos

financeiros ou por empresa especializada em prestação de serviços de

vigilância e transporte de valores, sendo categoria regulamentada pela Lei

nº 7.102/83, possuindo o direito de portar armas de fogo, quando em

efetivo exercício da profissão.

3.3 Atipicidade da conduta de porte ilegal de arma de fogo

ineficaz

Primeira coisa, que o aluno tem que saber neste tópico, é que a

posse ou o porte de arma de fogo configura crime mesmo que ela

esteja desmuniciada. Trata-se, atualmente, de posição pacífica tanto no

STF como no STJ. Para a jurisprudência, a simples posse ou porte de

arma, munição ou acessório de uso permitido sem autorização e em

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desacordo com determinação legal ou regulamentar configura os crimes

previstos nos arts. 12 ou 14 do Estatuto do Desarmamento.

E porque essa posição? Por serem delitos de perigo abstrato, é

irrelevante o fato de a arma apreendida estar desacompanhada de

munição, pois o bem jurídico tutelado é a segurança pública e a paz

social.

Seguindo, a posse ou o porte apenas da munição configura crime.

Isso porque tal conduta consiste em crime de perigo abstrato, para cuja

caracterização não importa o resultado concreto da ação. O objetivo do

legislador foi o de antecipar a punição de fatos que apresentam potencial

lesivo à população, prevenindo a prática de crimes.

Outra informação importante, falando em porte ou posse de arma

ineficaz, é que não é necessária a perícia na arma apreendida, para que

haja condenação pelo crime de posse ou porte. Isso mesmo! É irrelevante

a realização de exame pericial para a comprovação da potencialidade

lesiva do artefato, pois basta o simples porte de arma de fogo, ainda que

desmuniciada, em desacordo com determinação legal ou regulamentar.

Mais uma vez, trata-se de crime de mera conduta ou perigo abstrato, cujo

objeto jurídico imediato é a segurança coletiva.

Para fecharmos esta parte, a posse ou porte de arma quebrada não

configura crime. Vimos acima, não é preciso que seja realizada perícia

na arma de fogo apreendida. Todavia, se o laudo pericial for

produzido e ficar constatado que a arma não tem nenhuma

condição de efetuar disparos, não haverá crime.

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A pessoa pode ser condenada por posse ou porte de arma de fogo

mesmo que não tenha havido apreensão e perícia.

3.4 Uso de munição como pingente

Vimos acima, que a posse ou o porte apenas da munição

configura crime. Isso porque tal conduta consiste em crime de perigo

abstrato, para cuja caracterização não importa o resultado concreto da

ação. O objetivo do legislador foi o de antecipar a punição de fatos que

apresentam potencial lesivo à população, prevenindo a prática de crimes.

Outra coisa, estudamos nas aulas anteriores o princípio da

insignificância. Assim, pergunto a vocês: aplica-se esse princípio ao crime

de posse ou porte de munição? Regra geral, não!

O STJ possui posição consolidada no sentido de que o princípio da

insignificância não é aplicável aos crimes de posse e de porte de arma de

fogo, por se tratarem de crimes de perigo abstrato, sendo irrelevante

inquirir a quantidade de munição apreendida.

Mas cuidado quando a banca mencionar que a munição destinava-se

para uso como pingente. Pois, em um caso concreto, o STF reconheceu a

incidência do princípio da insignificância para o crime de porte ilegal

de munição de uso restrito. A corte afirmou que as peculiaridades do caso

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concreto justificavam a flexibilização do entendimento tradicional da

jurisprudência.

É atípica a conduta daquele que porta, na forma de pingente,

munição desacompanhada de arma.

3.5 Porte ilegal de arma de fogo e o crime de homicídio

Se o agente, utilizando arma de fogo, atira e mata alguém, o que

acontece? Acontecem duas situações! Primeiramente, o crime de porte

não será absorvido se ficar provado nos autos que o agente

portava ilegalmente a arma de fogo em outras oportunidades

antes ou depois do homicídio e que ele não se utilizou da arma tão

somente para praticar o assassinato. Outra situação, que caberá a

absorção, é se não houver provas de que o réu já portava a arma antes

do homicídio ou se ficar provado que ele a utilizou somente para

matar a vítima.

3.6 Posse e porte de arma de fogo de uso restrito

O Estatuto do Desarmamento define uma série de regras e tipifica

alguns crimes relacionados com armas de fogo. O crime de posse ou

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porte ilegal de arma de fogo de uso restrito está tipificado no art. 16 da

Lei.

O que vocês precisam saber, para prova de vocês, é que o

Conselheiro do Tribunal de Contas Estadual que mantém sob sua guarda

arma ou munição de uso restrito não comete o crime do art. 16 da Lei n°

10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento).

Como assim? Isso mesmo! Segundo o STJ, sendo Conselheiro do

Tribunal de Contas Estadual, o agente está equiparado, por simetria

constitucional, a magistrado. E a LC 35/79 garante aos magistrados o

direito ao porte de arma de fogo. Mas não deveria ser de uso permitido?

Segundo o mesmo tribunal o dispositivo não faz distinção entre armas de

uso permitido e as de uso restrito. Logo, é atípica a conduta de um

magistrado que mantenha sob sua guarda arma ou munição de uso

restrito.

3.7 Policial civil aposentado e o porte de arma

O porte de arma de fogo a que têm direito os policiais civis, segundo

o STJ, não se estende aos policiais aposentados. Isso porque, de acordo

com o art. 33 do Decreto 5.123/2004, que regulamentou o art. 6° da Lei

10.826/zoo3, o porte de arma de fogo está condicionado ao efetivo

exercício das funções institucionais por parte dos policiais, motivo pelo

qual não se estende aos aposentados. Para ter o porte da arma o policial

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deve, no entanto, cumprir outros requisitos adicionais em relação aos

policiais da ativa.

De acordo com o artigo 33 do Decreto Federal 5.123/2004, que

regulamentou o artigo 6° da Lei 10.826/2003, o porte de arma de fogo

está condicionado ao efetivo exercício das funções institucionais por parte

dos policiais, motivo pelo qual não se estende aos aposentados.

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4. Questões propostas

01. (CESPE – UNB – TRF5 – Juiz Federal – 2011) Com referência

aos crimes contra a pessoa, o patrimônio e a propriedade

imaterial e aos crimes de manipulação genética, assinale a opção

correta.

O critério para a fixação do percentual previsto no art. 14, II, do

CP (que trata da tentativa), inclusive quanto ao homicídio, baseia-

se apenas no quantum percorrido do iter criminis, de forma que a

diminuição da pena será menor se o agente tiver ficado próximo

da consumação do delito.

02. (CESPE – DPE/PE – Defensor Público – 2015) A respeito do

conflito aparente de normas penais, dos crimes tentados e

consumados, da tipicidade penal, dos tipos de imprudência e do

arrependimento posterior, julgue o item seguinte.

O STJ tem firmado entendimento de que, na tentativa incruenta de

homicídio qualificado, deve-se reduzir a pena eventualmente

aplicada ao autor do fato em dois terços.

03. (CESPE – MPE – RO – Promotor de Justiça – 2013) No que se

refere ao crime consumado e ao tentado, ao crime impossível, ao

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arrependimento posterior, à desistência voluntária e ao

arrependimento eficaz, julgue o item abaixo.

Para a configuração do arrependimento posterior, o agente deve

agir espontaneamente, e a reparação do dano ou a restituição do

bem devem ser integrais

04 (CESPE – DPF – 2013 – TODOS OS CARGOS) No que concerne a

infração penal, fato típico e seus elementos, formas consumadas e

tentadas do crime, culpabilidade, ilicitude e imputabilidade penal,

julgue o item que se segue.

Considere que Aldo, penalmente capaz, após ser fisicamente

agredido por Jeremias, tenha comprado um revólver e, após

municiá-lo, tenha ido ao local de trabalho de seu desafeto, sem,

no entanto, o encontrar. Considere, ainda, que, sem desistir de

seu intento, Aldo tenha se posicionado no caminho habitualmente

utilizado por Jeremias, que, sem nada saber, tomou direção

diversa. Flagrado pela polícia no momento em que esperava por

Jeremias, Aldo entregou a arma que portava e narrou que

pretendia atirar em seu desafeto. Nessa situação, Aldo responderá

por tentativa imperfeita de homicídio, com pena reduzida de um a

dois terços.

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05. (CESPE – TJSE – CARTÓRIO – 2014) Com relação ao direito

processual penal e considerando a jurisprudência do STJ, assinale

a opção correta.

Compete à justiça estadual processar e julgar suposta prática de

delito de falsidade ideológica praticado contra junta comercial.

Com fundamento na jurisprudência dominante nos tribunais

superiores, assinale a opção correta em relação à competência.

06. (CESPE – TJES – CARTÓRIO – 2013) Compete à justiça

estadual o julgamento dos acusados da prática de contravenções

penais, ainda que praticadas em desfavor da União, de suas

autarquias ou empresas públicas, salvo se houver conexão entre a

prática da contravenção penal e a prática de delitos cujo agente

deva ser julgado pela justiça federal, a quem caberá o julgamento

de ambos os fatos.

07. (CESPE – DPF – DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL – 2013) É

apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a

ser julgada em relação ao inquérito policial e suas peculiaridades,

às atribuições da Polícia Federal e ao sistema probatório no

processo penal brasileiro.

Uma quadrilha efetuou ilegalmente diversas transações bancárias

na modalidade de saques e transferências eletrônicas em contas

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de inúmeros clientes de determinada agência do Banco do Brasil.

A instituição financeira ressarciu todos os clientes lesados e arcou

integralmente com os prejuízos resultantes das fraudes

perpetradas pelo grupo. Nessa situação hipotética, cabe à Polícia

Federal a instauração do inquérito policial, porquanto a ela

compete, com exclusividade, a apuração de crimes praticados

contra bens e serviços da União.

08. (CESPE – TJPI – CARTÓRIO – 2013) Considerando o

entendimento sumulado dos tribunais superiores a respeito da

competência em matéria criminal, assinale a opção correta.

Será da competência da justiça federal processar e julgar os

acusados da prática de crimes em detrimento de sociedade de

economia mista.

09. (CESPE – MPE/RR – Promotor de Justiça – 2012) Acerca da

ação penal, da ação civil ex delicto e da competência, assinale a

opção correta com base na legislação de regência, na doutrina e

na jurisprudência.

A competência para conhecer, processar e julgar crime contra a

honra, com ofensas de caráter exclusivamente pessoal e praticado

por meio da rede mundial de computadores, em páginas

eletrônicas hospedadas em provedores estrangeiros, é da justiça

federal, consoante entendimento consolidado no STJ.

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10. (CESPE – PROCURADOR – ALES – 2011) Assinale a opção

correta a respeito da competência no âmbito do direito processual

penal.

Crimes contra a honra praticados por meio de reportagens

veiculadas pela Internet ensejam a competência do juízo do local

onde for divulgada a ação delituosa, independentemente de onde

se encontre o responsável pela veiculação e divulgação de tais

notícias.

11. (CESPE – ALES - PROCURADOR – 2011) Acerca da competência

no direito processual penal, assinale a opção correta.

Crime contra a honra praticado por meio de reportagem veiculada

na Internet enseja a competência do juízo do local onde tenha

sido concluída a ação delituosa, ou seja, o local onde a mensagem

tenha se tornado pública, ainda que em estado-membro distinto

daquele em que se encontrava o responsável pela veiculação e

divulgação da notícia.

12. (CESPE – JUIZ FEDERAL 2ª REGIÃO – 2009) Acerca de

aplicação da lei penal e da competência, assinale a opção correta.

Compete à justiça federal processar e julgar as causas relativas a

crimes praticados em detrimento de sociedade de economia mista.

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13. (2015 - FUNCAB - PC-AC - Perito Criminal) No que se refere ao

Estatuto do desarmamento, é correto afirmar que:

A) o porte ilegal de arma de fogo de uso permitido é inafiançável,

sendo irrelevante o fato de a arma de fogo estar registrada em

nome do agente.

B) o agente que importa ou exporta arma de fogo de uso

permitido, sem autorização da autoridade competente, comete o

delito de contrabando.

C) a conduta de portar arma de uso permitido é equiparada a de

portar arma de uso restrito para efeito da aplicação da pena,

quando a referida arma estiver com a numeração, marca ou

qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou

adulterado.

D) o crime de deixar de observar as cautelas necessárias para

impedir que menor se apodere de arma de fogo que esteja sob sua

posse admite tentativa.

E) será responsabilizado apenas administrativamente o

proprietário ou diretor de empresa de segurança que não registrar

ocorrência policial e não comunicar à Polícia Federal nas primeiras

vinte e quatro horas depois de ocorrido a perda, o furtou ou roubo

de arma de fogo, acessório ou munição, que estejam sob sua

guarda.

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14. (2016 - CESPE - TRE-PI - Analista Judiciário - Judiciária)

Acerca dos crimes em espécie, julgue os itens.

A apreensão de arma de fogo na posse do autor dias após o

cometimento de crime de roubo não constitui crime autônomo,

sendo fato impunível.

15. (2015 - MPDFT - Promotor de Justiça Adjunto) Aponte a

alternativa CORRETA. O proprietário de um bar mantinha, sob sua

guarda, há semanas, no referido estabelecimento comercial, arma

de fogo de uso permitido, municiada e funcionando perfeitamente,

em desacordo com autorização legal e regulamentar. Para fazer

uma demonstração do funcionamento da arma a seus clientes, o

proprietário do bar a disparou em direção à via pública, situada do

lado de fora do bar, praticando, assim:

A) Crimes de posse irregular de arma de fogo de uso permitido e

disparo de arma de fogo, em concurso.

B) Crime de disparo de arma de fogo, sendo a manutenção da

arma de fogo considerada fato anterior impunível.

C) Crimes de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e

disparo de arma de fogo, em concurso.

D) Crime de posse irregular de arma de fogo, sendo o disparo de

arma de fogo considerado fato posterior impunível.

E) Crime de porte ilegal de arma de fogo, sendo o disparo de arma

de fogo considerado fato posterior impunível.

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16. (CESPE - 2008 - PC-TO - Delegado de Polícia) Considere a

seguinte situação hipotética.

Alfredo, imputável, transportava em seu veículo um revólver de

calibre 38, quando foi abordado em uma operação policial de

trânsito. A diligência policial resultou na localização da arma,

desmuniciada, embaixo do banco do motorista. Em um dos bolsos

da mochila de Alfredo, foram localizados 5 projéteis do mesmo

calibre. Indagado a respeito, Alfredo declarou não possuir

autorização legal para o porte da arma nem o respectivo

certificado de registro. O fato foi apresentado à autoridade policial

competente.

Nessa situação, caberá à autoridade somente a apreensão da

arma e das munições e a imediata liberação de Alfredo, visto que,

estando o armamento desmuniciado, não se caracteriza o crime de

porte ilegal de arma de fogo.

17. (CESPE - 2009 - PC-RN - Escrivão de Polícia Civil - adaptada)

Em relação às disposições da Lei n.º 10.826/2003 (Estatuto do

Desarmamento), julgue os itens abaixo.

É amplamente admissível a consideração da arma desmuniciada

como majorante no delito de roubo, porquanto, ainda que

desprovida de potencialidade lesiva, sua utilização é capaz de

produzir temor maior à vítima.

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18. (CESPE - 2009 - PC-RN - Escrivão de Polícia Civil - adaptada)

Em relação às disposições da Lei n.º 10.826/2003 (Estatuto do

Desarmamento), julgue os itens abaixo.

A utilização de arma de brinquedo durante um assalto acarreta a

majoração, de um terço até metade, da pena eventualmente

aplicada ao criminoso.

19. (CESPE - 2011 - PC-ES - Escrivão de Polícia) Com relação à

legislação especial, julgue o item que se segue.

De acordo com entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o

simples fato de portar arma de fogo de uso permitido com

numeração raspada viola o previsto no art. 16, da Lei n.º

10.826/2003, por se tratar de delito de mera conduta ou de

perigo abstrato, cujo objeto imediato é a segurança coletiva.

20. (2016 - CESPE - TRE-PI - Analista Judiciário - Judiciária)

Acerca dos crimes em espécie, julgue os itens.

A nulidade do exame pericial na arma de fogo descaracteriza o

crime de porte ilegal, mesmo diante de conjunto probatório

idôneo, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal.

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5. Questões Comentadas

01. (CESPE – UNB – TRF5 – Juiz Federal – 2011) Com referência

aos crimes contra a pessoa, o patrimônio e a propriedade

imaterial e aos crimes de manipulação genética, assinale a opção

correta.

O critério para a fixação do percentual previsto no art. 14, II, do

CP (que trata da tentativa), inclusive quanto ao homicídio, baseia-

se apenas no quantum percorrido do iter criminis, de forma que a

diminuição da pena será menor se o agente tiver ficado próximo

da consumação do delito.

Comentários:

É exatamente essa a ideia que estamos passando nessa aula, no início,

falamos que a tentativa possui uma causa de diminuição de pena que

varia de acordo com o caminho percorrido pelo crime.

Cogitação Atos Preparatórios Atos Executórios Consumação

Iter criminis

Próximo da consumação Distante da consumação

Fator de redução de 1/3 Fator de redução de 2/3

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Gabarito: C.

02. (CESPE – DPE/PE – Defensor Público – 2015) A respeito do

conflito aparente de normas penais, dos crimes tentados e

consumados, da tipicidade penal, dos tipos de imprudência e do

arrependimento posterior, julgue o item seguinte.

O STJ tem firmado entendimento de que, na tentativa incruenta de

homicídio qualificado, deve-se reduzir a pena eventualmente

aplicada ao autor do fato em dois terços.

Comentários:

Esse é o entendimento sedimentado no STJ no julgado abaixo, que vem a

corroborar a tese daquele que foi explicado durante a parte teórica da

nossa aula.

HABEAS CORPUS. SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. CRIME DE

TENTATIVA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO, COMETIDO MEDIANTE

RECURSO QUE DIFICULTOU A DEFESA DA VÍTIMA (ART. 121, § 2.º, IV

DO CÓDIGO PENAL). PACIENTE PARTICIPOU DA EMPREITADA CRIMINOSA

COMO MOTORISTA DO ATIRADOR. TENTATIVA BRANCA OU INCRUENTA.

AUSÊNCIA DE LESÕES. DIVERSOS DISPAROS DE ARMA DE FOGO. MÁ

PONTARIA. ITER CRIMINIS NÃO CONCLUÍDO. REDUÇÃO NA FRAÇÃO

MÁXIMA DE 2/3 (DOIS TERÇOS). PRECEDENTES. ALEGAÇÃO DE

PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO.

ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.

[...]

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III - É fato incontroverso nos autos que a vítima não foi atingida pelos

disparos de arma de fogo, o que demonstra tentativa branca ou incruenta

de homicídio qualificado. IV - A 5.ª Turma do Superior Tribunal de Justiça

tem orientação firmada no sentido de que no crime de homicídio, em que

a vítima não é atingida por circunstâncias alheias à vontade do agente,

escapando ilesa ou sem graves lesões, o iter criminis percorre seu estágio

inicial, o que impõe a fixação da redução pela tentativa em sua fração

máxima de 2/3 (dois terços). Precedentes.

[...]

(STJ, Relator: Ministra REGINA HELENA COSTA, Data de Julgamento:

17/12/2013, T5 - QUINTA TURMA)

Gabarito: E.

03. (CESPE – MPE – RO – Promotor de Justiça – 2013) No que se

refere ao crime consumado e ao tentado, ao crime impossível, ao

arrependimento posterior, à desistência voluntária e ao

arrependimento eficaz, julgue o item abaixo.

Para a configuração do arrependimento posterior, o agente deve

agir espontaneamente, e a reparação do dano ou a restituição do

bem devem ser integrais

Comentários:

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Opa! Vimos na parte teórica que para o arrependimento posterior ser

configurado, não é necessária a reparação integral do dano ou a

restituição também integral.

Portanto, o item está incorreto.

Gabarito: E.

04. (CESPE – DPF – 2013 – TODOS OS CARGOS) No que concerne a

infração penal, fato típico e seus elementos, formas consumadas e

tentadas do crime, culpabilidade, ilicitude e imputabilidade penal,

julgue o item que se segue.

Considere que Aldo, penalmente capaz, após ser fisicamente

agredido por Jeremias, tenha comprado um revólver e, após

municiá-lo, tenha ido ao local de trabalho de seu desafeto, sem,

no entanto, o encontrar. Considere, ainda, que, sem desistir de

seu intento, Aldo tenha se posicionado no caminho habitualmente

utilizado por Jeremias, que, sem nada saber, tomou direção

diversa. Flagrado pela polícia no momento em que esperava por

Jeremias, Aldo entregou a arma que portava e narrou que

pretendia atirar em seu desafeto. Nessa situação, Aldo responderá

por tentativa imperfeita de homicídio, com pena reduzida de um a

dois terços.

Comentários:

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No que diz respeito ao momento da caracterização da conduta típica, o CP

adota o critério objetivo-formal (ou formal), que preceitua que a execução

de um delito é iniciada com início da conduta típica, que ocorre com o

começo da realização do verbo descrito no tipo.

Assim, como não houve o início da conduta típica descrita no art. 121 do

CP, não há se falar em tentativa de homicídio.

Gabarito: E.

05. (CESPE – TJSE – CARTÓRIO – 2014) Com relação ao direito

processual penal e considerando a jurisprudência do STJ, assinale

a opção correta.

Compete à justiça estadual processar e julgar suposta prática de

delito de falsidade ideológica praticado contra junta comercial.

Com fundamento na jurisprudência dominante nos tribunais

superiores, assinale a opção correta em relação à competência.

Comentários:

Crime praticado contra junta comercial deve ser julgado pela justiça

estadual, conforme visto na parte teórica.

Lembrando o teor do informativo mencionado na parte teórica:

As juntas comerciais subordinam-se administrativamente ao Governo

Estadual e, tecnicamente, ao Departamento Nacional de Registro do

Comércio (órgão federal). Os crimes envolvendo a Junta Comercial

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somente serão de competência da Justiça Federal se houver

ofensa DIRETA a bens, serviços ou interesses da União, conforme o

art. 109, IV, CF/88. Nos demais casos, a competência será da Justiça

Estadual

Como, no caso acima, não houve ofensa direta a nenhum bem, serviço ou

interesse da União, podemos afirmar que a competência para o caso da

questão será da justiça estadual.

Gabarito: E.

06. (CESPE – TJES – CARTÓRIO – 2013) Compete à justiça

estadual o julgamento dos acusados da prática de contravenções

penais, ainda que praticadas em desfavor da União, de suas

autarquias ou empresas públicas, salvo se houver conexão entre a

prática da contravenção penal e a prática de delitos cujo agente

deva ser julgado pela justiça federal, a quem caberá o julgamento

de ambos os fatos.

Comentários:

É entendimento pacificado no STJ, o de que as contravenções penais são

julgadas pela Justiça Comum Estadual, mesmo se cometidas em

detrimento de bens, serviços ou interesses da União ou de suas

entidades.

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Súmula n.º 38, do STJ:

Compete à Justiça Estadual Comum, na

vigência da CF/88, o processo por

contravenção penal, ainda que praticada em

detrimento de bens, serviços ou interesse da

União ou de suas entidades.

Até mesmo no caso de conexão probatória entre contravenção penal e

crime de competência da Justiça Comum Federal, aquela deverá ser

julgada na Justiça Comum Estadual.

Assim, não incide o entendimento de que que compete à Justiça Federal

processar e julgar, unificadamente, os crimes conexos de competência

federal e estadual (súmula nº. 122, do STJ), pois tal determinação, de

índole legal, não pode se sobrepor ao dispositivo de extração

constitucional que veda o julgamento de contravenções por Juiz Federal

(art. 109, inciso IV, da Constituição da República). Precedentes. (...)"

(STJ; AgRg no CC 118914 SC; Julgamento: 29/02/2012)

Gabarito: E.

07. (CESPE – DPF – DELEGADO DE POLÍCIA FEDERAL – 2013) É

apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a

ser julgada em relação ao inquérito policial e suas peculiaridades,

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às atribuições da Polícia Federal e ao sistema probatório no

processo penal brasileiro.

Uma quadrilha efetuou ilegalmente diversas transações bancárias

na modalidade de saques e transferências eletrônicas em contas

de inúmeros clientes de determinada agência do Banco do Brasil.

A instituição financeira ressarciu todos os clientes lesados e arcou

integralmente com os prejuízos resultantes das fraudes

perpetradas pelo grupo. Nessa situação hipotética, cabe à Polícia

Federal a instauração do inquérito policial, porquanto a ela

compete, com exclusividade, a apuração de crimes praticados

contra bens e serviços da União.

Comentários:

Nesse caso, não competirá à Polícia Federal, tendo em vista que o crime

será julgado pela Justiça Estadual.

Nos termos do Artigo 144, § 1º da Constituição Federal, compete à Polícia

Federal, entre outras atribuições, apurar infrações penais em detrimento

de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas.

Sendo o Banco do Brasil uma sociedade de economia mista, não há que

se falar em atribuição da PF a investigação de crimes praticados em seu

detrimento.

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A respeito da matéria, vide também a Súmula 42 do STJ, que entende ser

competência da Justiça Comum Estadual processar e julgar os crimes

praticados em detrimento de sociedade de economia mista.

Gabarito: E.

08. (CESPE – TJPI – CARTÓRIO – 2013) Considerando o

entendimento sumulado dos tribunais superiores a respeito da

competência em matéria criminal, assinale a opção correta.

Será da competência da justiça federal processar e julgar os

acusados da prática de crimes em detrimento de sociedade de

economia mista.

Comentários:

Mais uma questão sobre a competência para o julgamento dos crimes que

atentam contra as sociedades de economia mista.

A competência, em tese, é da justiça estadual, a não ser que se trate de

uma infração penal em detrimento de bens, serviços e interesses da

União ou de suas entidades autárquicas.

Gabarito: E.

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09. (CESPE – MPE/RR – Promotor de Justiça – 2012) Acerca da

ação penal, da ação civil ex delicto e da competência, assinale a

opção correta com base na legislação de regência, na doutrina e

na jurisprudência.

A competência para conhecer, processar e julgar crime contra a

honra, com ofensas de caráter exclusivamente pessoal e praticado

por meio da rede mundial de computadores, em páginas

eletrônicas hospedadas em provedores estrangeiros, é da justiça

federal, consoante entendimento consolidado no STJ.

Comentários:

Mais uma questão simples, quando resolvida através da leitura do nosso

material. O entendimento do STJ é que o simples fato de ter sido

cometido pela internet, ainda que por meio de páginas eletrônicas

internacionais, não atrai a competência da Justiça Federal.

Segundo o STJ, “é necessário que o crime ofenda a bens, serviços ou

interesses da União ou esteja previsto em tratado ou convenção

internacional em que o Brasil se comprometeu a combater, como por

exemplo, mensagens que veiculassem pornografia infantil, racismo,

xenofobia, dentre outros, conforme preceitua o art. 109, incisos IV e V,

da Constituição Federal.”.

O tribunal da cidadania arremata: “Verificando-se que as ofensas

possuem caráter exclusivamente pessoal, as quais foram praticadas pela

ex-namorada da vítima, não se subsumindo, portanto, a ação delituosa a

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nenhuma das hipóteses do dispositivo constitucional, a competência para

processar e julgar o feito será da Justiça Estadual.”.

Gabarito: E.

10. (CESPE – PROCURADOR – ALES – 2011) Assinale a opção

correta a respeito da competência no âmbito do direito processual

penal.

Crimes contra a honra praticados por meio de reportagens

veiculadas pela Internet ensejam a competência do juízo do local

onde for divulgada a ação delituosa, independentemente de onde

se encontre o responsável pela veiculação e divulgação de tais

notícias.

Comentários:

A terceira Seção do STJ já se manifestou acerca do tema tratado no item

acima, da seguinte forma:

"Crimes contra a honra praticados por meio de reportagens veiculadas

pela internet ensejam a competência do Juízo do local onde foi

concluída a ação delituosa, ou seja, onde se encontrava o

responsável pela veiculação e divulgação de tais notícias".(CC

106625/DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves, 3ª Seção do STJ, DJe:

25/05/2010).

Gabarito: E.

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11. (CESPE – ALES - PROCURADOR – 2011) Acerca da competência

no direito processual penal, assinale a opção correta.

Crime contra a honra praticado por meio de reportagem veiculada

na Internet enseja a competência do juízo do local onde tenha

sido concluída a ação delituosa, ou seja, o local onde a mensagem

tenha se tornado pública, ainda que em estado-membro distinto

daquele em que se encontrava o responsável pela veiculação e

divulgação da notícia.

Comentários:

Mais uma questão com o mesmo teor da questão anterior, cobrada pela

mesma banca e no mesmo ano. Portanto, veja como é importante

trabalhar com questões anteriores e ainda mais com exercícios da banca,

para que você possa se acostumar com a tendência.

Segundo o STJ:

“Crime contra a honra praticado por meio de reportagem veiculada na

Internet enseja a competência do juízo do local onde tenha sido concluída

a ação delituosa, ou seja, o local onde a mensagem tenha se tornado

pública, ainda que em estado-membro distinto daquele em que se

encontrava o responsável pela veiculação e divulgação da notícia.

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Segundo o STJ (CC 106625), "Crimes contra a honra praticados por meio

de reportagens veiculadas pela internet ensejam a competência do Juízo

do local onde foi concluída a ação delituosa, ou seja, onde se encontrava

o responsável pela veiculação e divulgação de tais notícias."

Gabarito: E.

12. (CESPE – JUIZ FEDERAL 2ª REGIÃO – 2009) Acerca de

aplicação da lei penal e da competência, assinale a opção correta.

Compete à justiça federal processar e julgar as causas relativas a

crimes praticados em detrimento de sociedade de economia mista.

Comentários:

Crimes contra Sociedade de Economia Mista são julgados pela justiça

estadual.

Gabarito: E.

13. (2015 - FUNCAB - PC-AC - Perito Criminal) No que se refere ao

Estatuto do desarmamento, é correto afirmar que:

A) o porte ilegal de arma de fogo de uso permitido é inafiançável,

sendo irrelevante o fato de a arma de fogo estar registrada em

nome do agente.

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B) o agente que importa ou exporta arma de fogo de uso

permitido, sem autorização da autoridade competente, comete o

delito de contrabando.

C) a conduta de portar arma de uso permitido é equiparada a de

portar arma de uso restrito para efeito da aplicação da pena,

quando a referida arma estiver com a numeração, marca ou

qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou

adulterado.

D) o crime de deixar de observar as cautelas necessárias para

impedir que menor se apodere de arma de fogo que esteja sob sua

posse admite tentativa.

E) será responsabilizado apenas administrativamente o

proprietário ou diretor de empresa de segurança que não registrar

ocorrência policial e não comunicar à Polícia Federal nas primeiras

vinte e quatro horas depois de ocorrido a perda, o furtou ou roubo

de arma de fogo, acessório ou munição, que estejam sob sua

guarda.

Comentários:

Na letra "A", já está mais do que batido que o STF declarou a

inconstitucional a redação do P.U do art. 14. No caso da letra "B", o

agente comete o crime do art. 18 do Estatuto (tráfico internacional de

arma de fogo), pois, aplica-se o princípio da especialidade e não o crime

de contrabando, tipificado no CP. Na letra "D", temos crime omissivo

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próprio, dessa forma não cabe a tentativa. Já na letra "E", o proprietário

responderá criminalmente, assim menciona o P.U do art. 13.

Gabarito: C.

14. (2016 - CESPE - TRE-PI - Analista Judiciário - Judiciária)

Acerca dos crimes em espécie, julgue os itens.

A apreensão de arma de fogo na posse do autor dias após o

cometimento de crime de roubo não constitui crime autônomo,

sendo fato impunível.

Comentários:

Segundo o STJ, poderá haver condenação pelo crime de porte em

concurso material com o roubo se ficar provado nos autos que o agente

portava ilegalmente a arma de fogo em outras oportunidades antes

ou depois do crime de roubo e que ele não se utilizou da arma tão

somente para cometer o crime patrimonial.

Gabarito: E.

15. (2015 - MPDFT - Promotor de Justiça Adjunto) Aponte a

alternativa CORRETA. O proprietário de um bar mantinha, sob sua

guarda, há semanas, no referido estabelecimento comercial, arma

de fogo de uso permitido, municiada e funcionando perfeitamente,

em desacordo com autorização legal e regulamentar. Para fazer

uma demonstração do funcionamento da arma a seus clientes, o

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proprietário do bar a disparou em direção à via pública, situada do

lado de fora do bar, praticando, assim:

A) Crimes de posse irregular de arma de fogo de uso permitido e

disparo de arma de fogo, em concurso.

B) Crime de disparo de arma de fogo, sendo a manutenção da

arma de fogo considerada fato anterior impunível.

C) Crimes de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e

disparo de arma de fogo, em concurso.

D) Crime de posse irregular de arma de fogo, sendo o disparo de

arma de fogo considerado fato posterior impunível.

E) Crime de porte ilegal de arma de fogo, sendo o disparo de arma

de fogo considerado fato posterior impunível.

Comentários:

Não há um julgado dos tribunais superiores sobre o assunto abordado. O

que temos é uma decisão do TJDF aplicando o concurso num caso

parecido a este. Por ter uma arma em desacordo com a autorização legal,

o comerciante irá responder pela posse ilegal (art. 12). Muito cuidado

aqui, pois não há que se falar em porte, ok? Na sequência ocorre o

disparo, assim, responderá, também, pelo crime de disparo (art. 15), pois

foi em direção da via pública. Dessa forma, responderá pelos crimes em

concurso material.

Gabarito: A.

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16. (CESPE - 2008 - PC-TO - Delegado de Polícia) Considere a

seguinte situação hipotética.

Alfredo, imputável, transportava em seu veículo um revólver de

calibre 38, quando foi abordado em uma operação policial de

trânsito. A diligência policial resultou na localização da arma,

desmuniciada, embaixo do banco do motorista. Em um dos bolsos

da mochila de Alfredo, foram localizados 5 projéteis do mesmo

calibre. Indagado a respeito, Alfredo declarou não possuir

autorização legal para o porte da arma nem o respectivo

certificado de registro. O fato foi apresentado à autoridade policial

competente.

Nessa situação, caberá à autoridade somente a apreensão da

arma e das munições e a imediata liberação de Alfredo, visto que,

estando o armamento desmuniciado, não se caracteriza o crime de

porte ilegal de arma de fogo.

Comentários:

Então, meus caros, para responder essa questão faz-se necessário o

conhecimento das decisões do STF. O STF já se posicionou pela

ocorrência de crime mesmo quando a arma está sem munição. Além

disso, o simples porte de munição, também, caracteriza o delito de porte

ilegal.

Gabarito: E.

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17. (CESPE - 2009 - PC-RN - Escrivão de Polícia Civil - adaptada)

Em relação às disposições da Lei n.º 10.826/2003 (Estatuto do

Desarmamento), julgue os itens abaixo.

É amplamente admissível a consideração da arma desmuniciada

como majorante no delito de roubo, porquanto, ainda que

desprovida de potencialidade lesiva, sua utilização é capaz de

produzir temor maior à vítima.

Comentários:

Não há a majorante! A utilização de arma desmuniciada, como forma de

intimidar a vítima do delito de roubo, caracteriza o emprego de violência,

porém, não permite o reconhecimento da majorante de pena, já que esta

está vinculada ao potencial lesivo do instrumento, pericialmente

comprovado como ausente no caso, dada a sua ineficácia para a

realização de disparos. Assim, etende o STJ.

Entretanto, a posse ou o porte de arma de fogo desmuniciada configura

crime da Lei nº 10.826/03! Trata-se, atualmente, de posição pacífica

tanto no STF como no STJ. Para a jurisprudência, a simples posse ou

porte de arma, munição ou acessório de uso permitido — sem autorização

e em desacordo com determinação legal ou regulamentar — configura os

crimes previstos nos arts. 12 ou 14 da Lei nº 10.826/2003. Isso porque,

por serem delitos de perigo abstrato, é irrelevante o fato de a arma

apreendida estar desacompanhada de munição, já que o bem jurídico

tutelado é a segurança pública e a paz social.

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STJ. 3ª Seção. AgRg nos EAREsp 260.556/SC, Rel. Min. Sebastião Reis

Júnior, julgado em 26/03/2014.

STF. 2ª Turma. HC 95073/MS, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki,

19/3/2013 (Info 699).

Gabarito: E.

18. (CESPE - 2009 - PC-RN - Escrivão de Polícia Civil - adaptada)

Em relação às disposições da Lei n.º 10.826/2003 (Estatuto do

Desarmamento), julgue os itens abaixo.

A utilização de arma de brinquedo durante um assalto acarreta a

majoração, de um terço até metade, da pena eventualmente

aplicada ao criminoso.

Comentários:

O erro está em afirmar essa majorante, já que a súmula 174 foi

cancelada. Assim, não cabe esse aumento. Vejamos o julgado do STJ:

“Em que pese o cancelamento da Súmula no 174, do Superior

Tribunal de Justiça, que preconizava a possibilidade de

aumento de pena na hipótese de intimidação com arma de

brinquedo, ou ainda que se discuta a potencialidade ofensiva

do instrumento utilizado para a realização do crime de roubo,

cabe à Defesa comprovar que a causa especial de aumento da

pena não restou configurada, pois a potencialidade ofensiva

da arma utilizada no roubo é presumida.

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Precedente do STF. (STJ - HC 128383 / RJ – Órgão Julgador:

Quinta Turma - Relatora Min. Laurita Vaz – Data do

Julgamento: 05/05/2009). ROUBO PRATICADO MEDIANTE

CONCURSO DE AGENTES E EMPREGO DE ARMA DE

BRINQUEDO. INCIDÊNCIA DA CAUSA ESPECIAL DE AUMENTO

DE PENA DE 3/8. IMPOSSIBILIDADE. CANCELAMENTO DA

SÚMULA Nº 174 DESTA CORTE. (STJ - HC 30638 /SP –

Relator Min. PAULO GALLOTTI – Órgão Julgador: Sexta Turma

– Data de Julgamento: 23/03/2004 – DJE 08/06/2009).”

Gabarito: E.

19. (CESPE - 2011 - PC-ES - Escrivão de Polícia) Com relação à

legislação especial, julgue o item que se segue.

De acordo com entendimento do Superior Tribunal de Justiça, o

simples fato de portar arma de fogo de uso permitido com

numeração raspada viola o previsto no art. 16, da Lei n.º

10.826/2003, por se tratar de delito de mera conduta ou de

perigo abstrato, cujo objeto imediato é a segurança coletiva.

Comentários:

Perfeito, meus amigos (as)! Aqui, você tem que perceber que mesmo

sendo de uso permitido, enquadra-se nos crimes do parágrafo único do

artigo 16, pois assim decidiu o STJ.

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“Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter

em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente,

emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou

ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido

ou restrito, sem autorização e em desacordo com

determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:

I – suprimir ou alterar marca, numeração ou

qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou

artefato;

II – modificar as características de arma de fogo, de

forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido

ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo

induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;

III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato

explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo

com determinação legal ou regulamentar;

IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer

arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal

de identificação raspado, suprimido ou adulterado;

V – vender, entregar ou fornecer, ainda que

gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo

a criança ou adolescente; e

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VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização

legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou

explosivo.”

Gabarito: C.

20. (2016 - CESPE - TRE-PI - Analista Judiciário - Judiciária)

Acerca dos crimes em espécie, julgue os itens.

A nulidade do exame pericial na arma de fogo descaracteriza o

crime de porte ilegal, mesmo diante de conjunto probatório

idôneo, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal.

Comentários:

É preciso saber, aqui, que o crime de porte ilegal de munição de uso

permitido, assim como o crime de porte ilegal de armas é, conforme se

tem entendido, de mera conduta e de perigo abstrato, que independe da

ocorrência de qualquer prejuízo efetivo para a sociedade, sendo suficiente

para a caracterização da conduta elencada no artigo 14 da Lei nº 10.826

/2003, o simples fato de portar arma, munição ou acessórios de uso

permitido sem autorização A probabilidade de vir a ocorrer algum dano,

pelo mau uso do artefato, é presumida pelo próprio tipo penal, não sendo

necessário que se demonstre eventual perigo concreto para que o crime

reste configurado. A ausência de laudo pericial não descaracteriza o crime

de porte irregular de munição de uso permitido.

Gabarito: E.

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01.C 02.C 03.E 04.E 05.E

06.E 07.E 08.E 09.E 10.E

11.E 12.E 13.C 14.E 15.A

16.E 17.E 18.E 19.C 20.E

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