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Neoclassicismo

Tendência artística de recuperação de formas e valores greco-romanos da Antiguidade Clássica


desenvolvida na segunda metade do século XVIII. Surge na Itália, Alemanha e França e se espalha por
outros países europeus e pelos EUA, repercutindo no Brasil. É a segunda vez na história em que os
artistas buscam inspiração nos padrões estéticos gregos e romanos. Dos séculos XIV ao XVI, essa
mesma tendência foi chamada de classicismo, que representou uma reação à religiosidade e à
subjetividade da arte medieval. Já o neoclassicismo se opõe ao exagero emocional do barroco e a sua
ligação com a Monarquia absolutista. Baseia-se na visão científica de mundo vigente em meados do
século XVIII e nas idéias racionalistas do iluminismo e da Revolução Francesa.
A música vive essas tendências de modo defasado em relação às artes plásticas, à literatura e ao
teatro. Nessa época, na segunda metade do século XVIII, está em seu período clássico. O que se chama
de neoclassicismo musical acontece no início do século XX.
Artes plásticas –A arte neoclássica busca inspiração no espírito de equilíbrio e na simplicidade
que são a base da criação na Antiguidade. Um exemplo de pintura neoclássica é O Juramento dos
Horácios, do francês Jacques-Louis David (1748-1825). Outro pintor de destaque é Dominique Ingres
(1780-1867), de A Banhista. Entre os italianos, sobressai Tiepolo (1696-1770). Na escultura domina o
italiano Antonio Canova (1757-1822), que retrata personagens contemporâneos como divindades
mitológicas. Um exemplo é a obra Pauline Borghese como Vênus.
Literatura –Os textos possuem linguagem clara, sintética, gramaticalmente correta e nobre. A
forma liberta-se um pouco do rigor do classicismo anterior. A principal expressão do movimento na
literatura é o arcadismo, que se manifesta na Itália, em Portugal e no Brasil.
Na França, os novos ideais iluministas são a base dos textos. Os principais autores são
Montesquieu (1689-1755) e Voltaire. O primeiro escreve Do Espírito das Leis, entre outras obras.
Voltaire experimenta vários gêneros: tragédia (A Morte de César), poesia (Discurso sobre o Homem),
contos fantásticos (Zadig) e romance de fundo moral (Cândido). No final do século, uma visão crítica da
aristocracia é dada por Choderlos de Laclos (1741-1803), em As Relações Perigosas, e pelos romances
eróticos do marquês de Sade (1740-1814) e de Restif de la Bretonne (1734-1806). Na Inglaterra
destacam-se Robinson Crusoé, de Daniel Defoe (1660-1731), e As Viagens de Gulliver, de Jonathan
Swift (1667-1731).
Música –O neoclassicismo recebe esse nome na música em 1918. Na época, o mundo das artes
vive o que se chama genericamente de modernismo. A música neoclássica exibe muitas ornamentações e
passagens melódicas simples. A linguagem musical é simplificada para ser ouvida pelo público não
especializado.
O iniciador do neoclassicismo é o russo Ígor Stravínski (1882-1971), que explora melodias do
passado medieval, da música do Renascimento, de canções populares e do jazz norte-americano. Um
exemplo é a peça A História de um Soldado.
O neoclassicismo repercute na França, nos EUA, na Alemanha e na Rússia. Neste último país se
destaca o compositor Prokofiev (1891-1953), internacionalmente conhecido por sua obra orquestral com
narração Pedro e o Lobo, dirigida ao público infantil, e por sua parceria com o cineasta russo Serguei
Eisenstein (1898-1948) no filme Alexandre Nevski.
Teatro –A racionalidade predomina nas peças. Há revalorização do texto e da linguagem poética.
A tragédia mantém o padrão solene da Antiguidade. Entre os principais autores está Voltaire. A comédia
revitaliza-se com o francês Pierre Marivaux (1688-1763), autor de O Jogo do Amor e do Acaso. Os
italianos Carlo Goldoni (1707-1793), de A Viúva Astuciosa, e Carlo Gozzi (1720-1806), de O Amor de
Três Laranjas, estão entre os principais dramaturgos do gênero. Outro importante autor de comédias é o
francês Caron de Beaumarchais (1732-1799), de O Barbeiro de Sevilha e Bodas de Fígaro, que são
retratos da decadência do Antigo Regime e servem de inspiração para as óperas de Mozart (1756-1791)
e Rossini (1792-1868).
Numa linha que já prenuncia o romantismo trabalha o dramaturgo e filósofo francês Denis
Diderot (1713-1784), um dos organizadores da Enciclopédia. Entre suas peças se destaca O Filho
Natural. O italiano Metastasio (1698-1782) aproxima o teatro da música, como no melodrama A
Olimpíada.
NEOCLASSICISMO NO BRASIL –Nas artes plásticas, no início do século XIX, o espírito do
neoclassicismo inspira a Missão Francesa, encarregada por dom João VI de fundar a Academia Imperial
de Belas-Artes. No país, a tendência torna-se mais visível na arquitetura. Seu expoente é Grandjean de
Montigny (1776-1850), que chega com a Missão Francesa. Suas obras, como a sede da reitoria da
Pontifícia Universidade Católica no Rio de Janeiro, adaptam a estética neoclássica ao clima tropical. Na
pintura, a influência neoclássica está submetida ao romantismo. A composição e o desenho seguem os
padrões de sobriedade e equilíbrio, mas o colorido reflete a dramaticidade romântica. Um exemplo é
Flagelação de Cristo, de Vítor Meirelles (1832-1903).
Na literatura, a principal expressão é o arcadismo, que se caracteriza por um estilo mais simples
e objetivo e temática voltada para a natureza.
Na música, a obra de Heitor Villa-Lobos exibe alguns traços neoclássicos, como os fraseados
melódicos da série Bachianas Brasileiras.

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