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ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO

PROJETO DE FINAL DE CURSO

ANÁLISE DE IMPLANTAÇÃO E
DESEMPENHO DE UMA USINA SOLAR
FOTOVOLTAICA – ESTUDO DE CASO
USINA SOLAR DA ARENA
PERNAMBUCO

por

GUILHERME RIBEIRO WALTER

Recife, junho de 2014.


UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

ANÁLISE DE IMPLANTAÇÃO E DESEMPENHO DE UMA


USINA SOLAR FOTOVOLTAICA – ESTUDO DE CASO
USINA SOLAR DA ARENA PERNAMBUCO

por

GUILHERME RIBEIRO WALTER

Monografia apresentada ao curso de


Engenharia Elétrica – modalidade Eletrotécnica
- da Universidade de Pernambuco, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do grau
de Engenheiro Eletricista.

ORIENTADOR: REIVE BARROS DOS


SANTOS, MSc.
CO-ORIENTADOR: THIAGO MOREIRA
FIGUEIREDO.

Recife, junho de 2014.

© Guilherme Ribeiro Walter, 2014.


UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE
ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

No dia 11 de julho de 2014, às 12h00min, reuniu-se para deliberar a defesa de


Monografia de Conclusão de Curso de Engenharia Elétrica-Eletrotécnica, do aluno
GUILHERME RIBEIRO WALTER, orientado pelo professor REIVE BARROS DOS
SANTOS, sob título ANÁLISE DE IMPLANTAÇÃO E DESEMPENHO DE UMA
USINA SOLAR FOTOVOLTAICA – ESTUDO DE CASO USINA SOLAR DA ARENA
PERNAMBUCO, a banca composta pelos professores:

1. PROFESSOR ORIENTADOR: REIVE BARROS DOS SANTOS, MSc.


2. PROFESSOR CONVIDADO: ALCIDES CODECEIRA NETO, DSc.

Após a apresentação da monografia esta foi julgada e APROVADA, sendo-lhe


atribuída nota _______________________________________

Recife, 11 de julho de 2014.

___________________________________________________________________
_______
Prof. Luciano Rodrigues Lins
Professor da disciplina Projeto de Final de Curso

___________________________________________________________________
_______
Prof. Reive Barros dos Santos, MSc.
Professor Orientador

___________________________________________________________________
_______
Prof. Alcides Codeceira Neto, DSc.
Professor Convidado
Dedico este trabalho as pessoas mais
importantes de minha vida, meus pais, Sr.
Sergio Walter e Sra. Cândida Ribeiro.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais Sergio e Cândida e ao meu irmão Felipe

e demais familiares pelo apoio incondicional.

Agradeço a minha namorada Fernanda pela paciência e compreensão.

Agradeço aos professores de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica pela

oferta do conhecimento fazendo com que sempre perseguisse o meu melhor.

Agradeço a equipe de Eficiência Energética da Celpe pelo apoio e amizade.

Aos meus amigos da turma de Engenharia pelo companheirismo nessa árdua

jornada.
“Não sei, só sei que foi assim.” (Ariano
Suassuna, O Auto da Compadecida)
Resumo da Monografia apresentada ao curso de Engenharia Elétrica da Escola
Politécnica de Pernambuco.

ANÁLISE DE IMPLANTAÇÃO E DESEMPENHO DE UMA


USINA SOLAR FOTOVOLTAICA – ESTUDO DE CASO
USINA SOLAR DA ARENA PERNAMBUCO
Guilherme Ribeiro Walter

06/2014

Orientador: Reive Barros dos Santos, MSc.


Co-orientador: Thiago Moreira Figueiredo.
Área de Concentração: Fontes Alternativas de Energia
Palavras-chave: Geração Fotovoltaica, Sistemas Conectados à Rede, Usina
Solar fotovoltaica da Arena Pernambuco.
Número de Páginas: 057

O presente trabalho apresenta três atividades macro: a análise e abordagem


do processo de implantação, alguns parâmetros de desempenho energético e
procedimentos de Operação e Manutenção da Usina Solar Fotovoltaica da Arena
Pernambuco, projeto este concebido pela Chamada técnica nº 013/2011 da ANEEL.
Resume alguns conceitos básicos deste tipo de geração, além de apresentar
conceitos e características técnicas, comerciais e econômicas, abordando o sistema
de faturamento de energia através da compensação de energia Resolução
Normativa nº 482/2012.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 Evolução da Potência instalada em sistemas fotovoltaicos no mundo. ... 13
Figura 2.1 - Curva característica I-V de uma célula fotovoltaica ............................... 18
Figura 2.2 - Componentes de um módulo fotovoltaico de silício cristalino. ............... 20
Figura 2.3 - Célula, módulo , série e arranjo fotovoltaico .......................................... 21
Figura 2.4 - Curvas I-V para conexões em série de módulos idênticos..................... 21
Figura 2.5 - Curvas I-V para conexões em paralelo de módulos idênticos................ 22
Figura 2.6 - Curva I-V para diferentes níveis de irradiação com temperatura
constante............................................................................................................ 23
Figura 2.7 - Razão entre potência máxima real e potência máxima calculado
considerando uma relação linear de irradiância ................................................. 23
Figura 2.8 - Influência da irradiância e da temperatura da célula na Curva I-V ......... 24
Figura 2.9 - Percentual de instalações fotovoltaicas - sistemas não conectados e
sistemas conectados à rede ............................................................................... 25
Figura 3.1 - Localização Usina Solar Fotovoltaica da Arena PE ............................... 32
Figura 3.2 - Investimento do Convênio ...................................................................... 33
Figura 3.3 - Perspectiva da Planta Fotovoltaica ........................................................ 35
Figura 3.4 - Planta baixa USF da Arena Pernambuco .............................................. 36
Figura 3.5 – Dados de input do software ................................................................... 36
Figura 3.6 - Gerador Fotovoltaico .............................................................................. 37
Figura 3.7 – Diagrama Unifilar (Módulos e Inversores) ............................................. 37
Figura 3.8 - String Box do Sistema Central ............................................................... 38
Figura 3.9 – Exemplo de String Box do Sistema Campo........................................... 39
Figura 3.10 – Inversor de 840 kW, com 4 blocos (Sistema Central) ......................... 41
Figura 3.11 - 5 Inversores de 10 kW (Sistema Campo)............................................. 41
Figura 3.12 - Diagrama Unifilar de Conexão à Rede da USF.................................... 42
Figura 3.13 - Estação Solarimétrica .......................................................................... 43
Figura 3.14 - Principais atividades do processo de Implantação da USF da Arena PE
........................................................................................................................... 46
Figura 3.15 - Dias de instalação por atividade desenvolvida..................................... 47
Figura 3.16 - Evolução da Instalação das Bases Estruturais .................................... 48
Figura 3.17 - Evolução da Instalação dos Módulos ................................................... 48
Figura 3.18 - Tela inicial do SCADA .......................................................................... 50
Figura 3.19 - Irradiância no Plano do gerador fotovoltaico ........................................ 52
Figura 3.20 - Temperatura da célula do gerador fotovoltaico .................................... 53
Figura 3.21- Consumo e Geração Estimadas ........................................................... 54
Figura 3.22 - Consumo e Geração Reais .................................................................. 54
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Reduções Esperadas através do Sistema net metering ........................... 34
Tabela 2 - Especificações do Gerador Fotovoltaico do Sistema Central ................... 39
Tabela 3 - Especificações dos Geradores Fotovoltaicos do Sistema Campo ........... 40
Tabela 4 - Resumo Cronograma de Atividade .......................................................... 44
Tabela 5 - Produtividade dos Sistemas Central e Campo no mês de Maio de 2014 . 50
LISTA DE ABREVIATURAS / SIGLAS
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
P&D – Pesquisa e Desenvolvimento
USF – Usina Solar Fotovoltaica
EPC – Engineering, Procurement and Construction
SFCR – Sistema Solar Fotovoltaico Conectado à Rede
SCADA – Supervisory Control and Data Acquisition
RDO – Relatório Diário de Obra
EPIA – European Photovoltaic Industry Association
IEA – Internacional Energy Agency
IEEE - Institute of Electrical and Electronics Engineers
PWM - Pulse Width Modulation
EE – Energia Específica
AM – Air Mass
FV - Fotovoltaico
O&M – Operação e Manutenção
SISCOMEX – Sistema de Comercio Exterior
FV - Fotovoltaico
LISTA DE SÍMBOLOS

YF – Produtividade do Sistema
PR – Performance Ratio
PRSTC – Desempenho Global Padrão
GW – gigawatt
kW – quilowatt
kWh – quilowatt.hora
Wp – Watt pico
VMP – Tensão de Máxima Potência de um gerador Fotovoltaico
IMP – Corrente de Máxima Potência de um Gerador Fotovoltaico
PMP – Potência Máxima de um Gerador Fotovoltaico
ISC - Corrente de Curto-Circuito de um Gerador Fotovoltaico
VOC – Tensão de Circuito Aberto de um Gerador Fotovoltaico
PSaída – Potência de Saída do Módulo Fotovoltaico
PFV – Potência Nominal do Módulo Fotovoltaico
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO _________________________________________________ 13
1.1 Contextualização ___________________________________________ 13
1.2 Motivação do trabalho _______________________________________ 15
1.3 Objetivos__________________________________________________ 15
1.3.1 Objetivo Geral_____________________________________________ 15
1.3.2 Objetivos específicos _______________________________________ 15
1.4 Metodologia utilizada ________________________________________ 15
1.5 Estrutura da monografia _____________________________________ 16
2. CONCEITOS E DEFINIÇÕES ______________________________________ 17
2.1 Histórico __________________________________________________ 17
2.2 Gerador Fotovoltaico ________________________________________ 17
2.2.1 Células Fotovoltaicas _______________________________________ 17
2.2.2 Módulos Fotovoltaicos ______________________________________ 19
2.2.3 Fatores externos que modificam as características elétricas _________ 22
2.3 Inversor ___________________________________________________ 24
2.4 Sistemas fotovoltaicos ______________________________________ 25
2.4.1 Produtividade do Sistema (YF) ________________________________ 26
2.4.2 Desempenho global (PR) do sistema; __________________________ 27
2.5 Sistema de supervisão e aquisição de dados ____________________ 27
2.6 Projeto Estratégico: Chamada nº 013/2011 ______________________ 28
3. ESTUDO DE CASO _____________________________________________ 31
3.1 Modelo Econômico e Arranjo Comercial ________________________ 32
3.1.1 Modelo econômico _________________________________________ 32
3.1.2 Arranjo Comercial __________________________________________ 33
3.2 Especificação Técnica da Usina _______________________________ 34
3.2.1 Layout___________________________________________________ 34
3.2.2 Gerador Fotovoltaico _______________________________________ 36
3.2.3 Estrutura _________________________________________________ 40
3.2.4 Inversores e Transformadores ________________________________ 40
3.2.5 Linha de Distribuição e Ponto de Conexão ______________________ 42
3.2.6 Estação Solarimétrica _______________________________________ 42
3.3 Implantação _______________________________________________ 43
3.3.1 Cronograma e Pontos Críticos ________________________________ 44
3.3.2 Produtividade _____________________________________________ 46
3.4 Avaliação de Desempenho ___________________________________ 49
3.4.1 Produtividade dos Sistemas __________________________________ 49
3.4.2 Desempenho global padrão (PRSTC) ___________________________ 51
3.4.3 Desempenho Comercial _____________________________________ 53
3.5 Procedimentos de Operação e Manutenção _____________________ 54
CONCLUSÃO _____________________________________________________ 56
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ____________________________________ 57
ANEXO A – MODELO DE CONTA DE ENERGIA (COMPENSAÇÃO DE ENERGIA)
_________________________________________________________________ 59
ANEXO B – DATA SHEET (MÓDULOS FOTOVOLTAICOS) _________________ 60
13

1. INTRODUÇÃO

1.1 Contextualização

O mercado fotovoltaico tem crescido ao longo da última década a um ritmo


notável e está no caminho para se tornar uma importante fonte de geração de
energia para o mundo. Em 2013 foram instalados aproximadamente 38,4 gigawatts
(GW) de energia solar fotovoltaica, este valor fez com que a capacidade mundial
chegasse a 138,9 GW. Em comparação com os dois anos anteriores em que a
capacidade instalada oscilou, anualmente, apenas um pouco acima dos 30 GW, o
mercado de energia fotovoltaica progrediu notavelmente em 2013 (EPIA, 2014). A
Figura 1.1 demonstra um grande crescimento da capacidade instalada desta fonte
de energia nos últimos 3 anos.

Figura 1.1 Evolução da Potência instalada em sistemas fotovoltaicos no mundo.1


Fonte: EPIA (2014)

O Brasil vem se apresentando como um dos mais promissores mercados da


América Latina para a produção de energia solar fotovoltaica. A potencialidade e o

1
As abreviaturas: ROW vem do inglês Rest of World; MEA vem do inglês Middle East and Africa;
APAC cem do inglês Asia Pacific.
14

crescimento, deste mercado se dão em função de um conjunto de fatores técnicos,


econômicos e políticos advindos desde a disponibilidade de recursos, maturidade do
mercado fotovoltaico, taxas de tarifa de eletricidade à eficácia das políticas
instituídas. No Brasil, tanto o recurso solar como a tarifa de energia apresentam-se
como um dos mais altos níveis e a combinação de vários fatores poderá resultar
favorável à implantação de grandes centrais solares a curto e médio prazo.
(BARBOSA, et. al., 2014)
Segundo Almeida (2012), nos últimos anos, diversos fatores tem colaborado
para a consolidação da geração solar fotovoltaica conectada à rede (on Grid) no
Brasil. Dentre eles pode-se destacar: a diminuição do preço dos módulos
fotovoltaicos no mercado global; Apresentação da Tecnologia, ainda que em maior
intensidade nos meios acadêmicos e empresarial, por meio de seminários,
congressos, workshops; o empenho do governo em criar um marco regulatório no
setor, tendo como exemplos a Resolução Normativa nº 482/2012 (ReN Nº
482/2012), e a Chamada de Projeto de P&D Estratégico nº 013/2011 da Agência
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL); a criação de Normas Técnicas nacionais para
conexão à rede e instalação elétrica de sistemas fotovoltaicos; e o interesse da
indústria em nacionalizar a produção de equipamentos.
No ano de 2012 a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), determinou
as diretrizes para a regulamentação da microgeração e minigeração distribuída no
Brasil. Através da Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012, onde foram
estabelecidas algumas regras para a instalação de sistemas de microgeração e
minigeração distribuídas conectadas à rede de distribuição. Nota-se que a ReN Nº
482/2012 inaugurou um novo modelo para o sistema elétrico brasileiro, criando as
condições para que as distribuidoras de energia aceitem a instalação e operação de
sistemas de energia em paralelo a suas redes de distribuição. (NETO, et. al.,2014)
O Brasil apresenta grande interesse quanto à inserção da geração solar
fotovoltaica na matriz elétrica brasileira, pois o país apresenta elevados índices de
radiação, favorecendo a eficiência do sistema de geração. De acordo com a
Associação Brasileira de Indústria Elétrica e Eletrônica, a potência acumulada de
sistemas fotovoltaicos aumentou aproximadamente 54% em relação ao ano de
2011. Este aumento pode ser justificado pelos incentivos regulatórios, entre os
principais a Resolução Normativa da ANEEL n° 482/12 e a Chamada ANEEL Nº
13/2011 que visa incentivar a criação de propostas estratégicas relativas à inserção
15

da geração solar fotovoltaica na matriz energética brasileira. A energia solar que


atinge a superfície da Terra pode ser utilizada diretamente de duas maneiras, por
conversão direta em eletricidade por meio de energia solar fotovoltaica e por meio
de aquecimento, através da utilização de coletores solares para aplicações de
aquecimento para baixas temperaturas. (COSTA, et. al, 2014)

1.2 Motivação do trabalho

Contribuir com a disseminação e desenvolvimento de Sistemas Fotovoltaicos


conectados à Rede no Brasil, apresentando como estudo de caso o primeiro sistema
desse tipo no estado de Pernambuco.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Analisar o processo de implantação e desempenho de uma Usina Solar


Fotovoltaica (USF), adotando como objeto de estudo o projeto de geração
fotovoltaica presente na Arena Pernambuco, situada no município de São Lourenço
da Mata.

1.3.2 Objetivos específicos

 Abordar e analisar as etapas de implantação da USF, observando os pontos


críticos do processo;
 Realizar estudo de desempenho;
 Abordar procedimentos de Operação e Manutenção da Usina Solar
Fotovoltaica.

1.4 Metodologia utilizada

Para analisar e abordar as etapas de implantação da Usina Solar Fotovoltaica


da Arena Pernambuco, foi utilizado o acervo técnico, atas de reunião e relatório
16

diários de obra (RDO’s) fornecidos pelas empresas responsáveis pelo projeto e


também visitas técnicas à Usina. A análise de desempenho da usina foi realizada
através de dados coletados no Sistema de Supervisão e Aquisição de Dados (do
inglês Supervisory Control and Data Acquisition - SCADA). Os procedimentos de
Operação e Manutenção foram constatados através de visitas técnicas e conversas
informais.

1.5 Estrutura da monografia

Esta monografia é estruturada em quatro capítulos, como é descrito abaixo:


No Capítulo 1 são apresentados o contexto da pesquisa, as justificativas do
estudo, os seus objetivos e a organização do trabalho.
No Capítulo 2 é feita uma breve introdução a sistemas fotovoltaicos
apresentando alguns conceitos e principais definições e informações, para um
melhor entendimento do trabalho.
No Capítulo 3 é apresentado o estudo de caso, da Usina Solar Fotovoltaica
da Arena Pernambuco. Além da realização do estudo de desempenho da usina.
17

2. CONCEITOS E DEFINIÇÕES

Alguns conceitos e definições necessárias para uma melhor compreensão


deste trabalho serão apresentados neste capítulo.

2.1 Histórico

A palavra “fotovoltaico” vem do grego photos, que significa luz, e de Volta,


nome do físico italiano que em 1800, descobriu a pilha elétrica. A descoberta da
conversão fotovoltaica ocorreu em meados do século XIX, onde estudiosos
observavam fenômenos físicos que permitiam a conversão da luz em energia
elétrica. Alexandre-Edmond Becquerel, em 1839, percebe que uma solução de um
eletrólito com eletrodos de metal, quando exposta a radiação luminosa, obtinha um
aumento de condutividade. Em 1873, Willoughby Smith comprova que selênio sólido
possuía a propriedade de transformar energia luminosa em energia elétrica, efeito
da fotocondutividade. Em 1876, Adams e Day percebem que uma junção de selênio
e platina desenvolve o efeito fotovoltaico quando exposta à luz solar.
A partir do século XX, a tecnologia dos semicondutores se desenvolveu
tornando possível o crescimento da indústria fotovoltaica, o crescimento no mercado
mundial foi acelerado com a utilização dessa tecnologia em aplicações militares,
aeroespaciais e, em seguida, para a geração de eletricidade, tanto de forma
distribuída como em grandes centrais.

2.2 Gerador Fotovoltaico

O gerador fotovoltaico nada mais é que um conversor estático que transforma


luz em eletricidade. Fisicamente corresponde a uma variedade de dispositivos
capazes de realizar a conversão, como as células fotovoltaicas, os módulos
fotovoltaicos ou algum tipo de combinação elétrica dos módulos. (ALMEIDA, 2012)

2.2.1 Células Fotovoltaicas

A conversão de energia solar em energia elétrica ocorre, nas células


fotovoltaicas, dispositivo elementar especificamente desenvolvido para realizar a
18

conversão direta de energia solar em energia elétrica através do efeito fotovoltaico,


conversão direta da radiação eletromagnética (luz) em eletricidade através dos
efeitos fotoelétrica em um material semicondutor polarizado por um campo elétrico
próprio (junção PN). Entre os distintos materiais utilizados para a fabricação destas
células, destacam-se o silício monocristalino, o silício policristalino, e os chamados
filmes finos, como silício amorfo, o silício microcristalino o telureto de cádmio (CdTe),
o disseleneto de cobre-índio-gálio (CIGS), o disseleneto de cobre-índio (CIS), e o
arseneto de gálio (GaAs). Existem outras tecnologias mais modernas, como as
células orgânicas, porém sua utilização comercial ainda é limitada. (ALMEIDA, 2012)
Segundo Zilles et.al. (2012), a curva característica corrente versus tensão é
definida como a “representação dos valores da corrente de saída de um conversor
fotovoltaico em função da tensão, para condições preestabelecidas de temperatura e
radiação”. A curva característica I-V de uma célula de Silicio típica, Figura 2.1, é
mostrada em função de alguns parâmetros básicos. O ponto onde há o encontro
entre a tensão de máxima potência e a corrente de máxima potência (VMP,IMP)
corresponde àquele no qual o produto V x I confere à célula a máxima potência
(PMP). A corrente de ISC2 e a tensão VOC3 correspondem respectivamente, à corrente
de curto-circuito e à tensão de circuito aberto da célula.

Figura 2.1 - Curva característica I-V de uma célula fotovoltaica


Fonte: (PINHO; GALDINO, 2014)

2
Corrente de Curto-Circuito, ISC: medida do fluxo dos portadores de corrente quando os terminais da
célula estão no mesmo nível de referência, ou seja, curto-circuitados. (ZILLES, et. al., 2012)
3
Tensão de Circuito Aberto, VOC: É a tensão quando não a carga conectada à célula. (ZILLES, et. al.,
2012)
19

A potência nominal de uma célula ou módulo fotovoltaico é a potência de pico


(ou potência máxima) obtida sob as condições-padrão de ensaio. Daí vem o fato da
inclusão do sufixo “pico” (ou “p”) à unidade de potência utilizada.
Para células fotovoltaicas de uso terrestre sem concentração da energia solar,
a curva I-V é medida em condições-padrão de ensaio: irradiância de 1.000 W/m²,
espectro solar AM1,54 e temperatura da célula fotovoltaica de 25ºC.

2.2.2 Módulos Fotovoltaicos

Um módulo fotovoltaico é composto por células fotovoltaicas conectadas em


arranjos para produzir tensão e corrente suficientes para a utilização prática da
energia, ao mesmo tempo em que promove a proteção das células (PINHO;
GALDINO, 2014). A tensão de uma célula fotovoltaica é da ordem de 0,6 V e 0,5 V
para circuito aberto e potência máxima, respectivamente. Como tais valores não são
apropriados para a maioria das aplicações práticas, é comum juntar várias células
em série, para aumento de tensão. Há casos onde duas ou mais dessas séries são
associadas em paralelo para elevar a potência através do aumento da corrente.
Os módulos fotovoltaicos protegem as células solares, estas conectadas em
série e às vezes em paralelo, por pequenas tiras metálicas que fornecem também
contatos externos, encapsulando-as em materiais plásticos, normalmente acetato de
vinil-etila (EVA). O lado exposto ao Sol é coberto com vidro temperado e anti-
reflexivo e a parte posterior com plástico Tedlar, vidro ou substrato. Uma caixa de
junção é fixada normalmente na parte posterior do módulo. Finalmente, o módulo é
enquadrado com uma estrutura de alumínio anodizado, que lhe dá rigidez e proteção
contra as intempéries, este processo de montagem é demonstrado na Figura 2.2.
Normalmente os fabricantes dão garantia de 90% da potência inicial com 10 anos de
uso e 80% após 25 anos. (ABINEE, 2012)

4
O espectro solar da radiação é alterado pela interação com atmosfera. Fora desta a Massa de Ar
(AM, do inglês Air Mass) é nula, por isso denominado de AM0. O espectro da radiação solar
perpendicular à superfície terrestre com raios solares atravessando uma atmosfera é denotado AM1.
AM1,5 é o espectro da radiação solar que interage com uma espessura de 1,5 atmosferas, o que
equivale a um ângulo zênite de 48 graus. (COGEN, 2012)
20

Figura 2.2 - Componentes de um módulo fotovoltaico de silício cristalino5.


Fonte: (ABINEE, 2012)

a) Associações de células e módulos;

Um único módulo fotovoltaico não possui tensão nem potência suficientes


para suprir a demanda de um sistema fotovoltaico conectado à rede. Pinho e
Galdino (2014) definem que os módulos podem ser conectados em ligações série
e/ou paralelo, como mostrado na Figura 2.3, dependendo da corrente e da tensão
desejadas, para formar painéis fotovoltaicos com potência elevada.

5
Há módulos de filmes finos sem molduras, em sanduíche vidro-vidro
21

Figura 2.3 - Célula, módulo , série e arranjo fotovoltaico


Fonte: (ALMEIDA, 2012)

 Módulos Fotovoltaicos conectados em série;

A conexão entre o terminal positivo de um módulo com o terminal negativo de


outro é chamada de conexão série. O efeito desta conexão em módulos idênticos
pode ser observado na Figura 2.4, nota-se que à medida que se conecta módulos
em série há um aumento gradual da tensão de saída. Uma vez realizada a conexão
série, as correntes que fluem por cada módulo são sempre iguais entre si, mas para
que a corrente não seja afetada em função à corrente de um único módulo, é
considerado que todos os módulos sejam idênticos e que estejam sobre mesma
condição de temperatura e radiação.

Figura 2.4 - Curvas I-V para conexões em série de módulos idênticos.


Fonte: (PINHO; GALDINO, 2014)
22

 Módulos Fotovoltaicos conectados em paralelo;

A conexão entre os terminais positivos de todos os módulos entre si e


procedendo do mesmo modo com terminais negativos é chamada de conexão em
paralelo. O efeito desta conexão em módulos idênticos pode ser observado na
Figura 2.5. Esta conexão é dada o somatório das correntes sem a alteração da
tensão de saída.

Figura 2.5 - Curvas I-V para conexões em paralelo de módulos idênticos


Fonte: (PINHO; GALDINO, 2014)

2.2.3 Fatores externos que modificam as características elétricas

As características elétricas das células fotovoltaicas podem ser alteradas em


razão de fatores ambientais como irradiância solar6 e temperatura da célula.

a) Intensidade de irradiância;

O aumento da radiação solar provoca um ganho em toda a curva I-V de um


dispositivo fotovoltaico, como pode ser visto na Figura 2.6 (ZILLES et. al.,2012). A

6
O termo “radiação solar” é usado de forma genérica e pode ser referenciado em termos de fluxo de
potência, quando é especificamente denominado de irradiância solar, ou em termos de energia por
unidade de área, denominado, então de irradiação solar. (PINHO; GALDINO,2014)
23

corrente cresce em proporção direta da radiação solar, à medida que a tensão


cresce logaritmicamente.

Figura 2.6 - Curva I-V para diferentes níveis de irradiação com temperatura constante.
Fonte: (ALMEIDA, 2012)

A potência possui uma relação com a irradiância que combina os


comportamentos de tensão e corrente (Figura 2.7). Para níveis de irradiância acima
de 500 W/m² (considerado níveis elevados), é possível aproximar a relação de uma
reta, mas para níveis baixos (menos de 200W/m²) a redução de irradiância provocas
quedas cada vez mais acentuadas. (ALMEIDA, 2012)

Figura 2.7 - Razão entre potência máxima real e potência máxima calculado considerando uma
relação linear de irradiância.
Fonte: (ALMEIDA, 2012)
24

b) Influência da temperatura;

A temperatura ambiente é um fator que determina a temperatura de operação


das células fotovoltaicas, a qual tem um papel significativo na geração. (SKOPLAKI
e PALYVOS, 2009).
O aumento da irradiância incidente e/ou da temperatura ambiente produz um
aumento da temperatura da célula e, como consequência, reduz a sua eficiência.
Isto se deve pelo fato de que a tensão das células diminui significativamente com o
aumento da temperatura, enquanto que a corrente sofre uma pequena elevação,
quase que desprezível. (PINHO; GALDINO, 2014)
A Figura 2.8 mostra o comportamento de uma célula fotovoltaica em função
da variação da irradiância e da temperatura da célula.

Figura 2.8 - Influência da irradiância e da temperatura da célula na Curva I-V


Fonte: (ALMEIDA,2012)

2.3 Inversor

É definido pela norma IEEE 929-2000 como sendo o equipamento que


converte corrente contínua (c.c.) em corrente alternada (c.a). Porém, em sistemas
fotovoltaicos conectados à rede (SFCR), não são utilizados apenas equipamentos
que fazem apenas a conversão de corrente contínua em alternada, mas conversores
estáticos de potência com diversas funções utilizadas para fazer o acoplamento
entre a rede elétrica e o gerador fotovoltaico. (PINTO NETO, 2012)
25

Os inversores são compostos por componentes semicondutores como chaves


estáticas para realizar a comutação responsável pela conversão c.c./c.a. Estes
componentes atuam em dois estados, ligado ou desligado, desta forma o sinal de
saída é formado por ondas quadradas, cujo valor médio segue a forma de onda
senoidal da rede elétrica, através de técnicas de PWM7. O sinal de saída tem forte
conteúdo de harmônicos, sendo imprescindível o uso de filtros para obter uma onda
senoidal pura.
O processo de processo de filtragem de harmônicos é realizado por grandes
capacitores e indutores, que reduzem a eficiência do inversor. Uma solução para
obter sinais de saída com baixa incidência de harmônico é aumentar a frequência
do chaveamento e filtrar de maneira adequada o sinal de saída.
O inversor deve apresentar dispositivos de proteção contra condições
anormais da rede elétrica e também pode oferecer o seguimento do ponto de
máxima potência do gerador fotovoltaico, fim de fornecer a máxima potência
disponível. (PINTO NETO, 2012)

2.4 Sistemas fotovoltaicos

As primeiras aplicações terrestres da tecnologia fotovoltaica ocorreram


principalmente com sistemas isolados, estes eram capazes de abastecer cargas que
estavam distantes das redes elétricas de energia. Ao final da década de 1990,
porém, a conexão de SFCR passa a ocupar um lugar cada vez mais expressivo
entre as aplicações desta tecnologia, como pode ser visto na Figura 2.9.

Figura 2.9 - Percentual de instalações fotovoltaicas - sistemas não conectados e sistemas


conectados à rede. Fonte: (IEA 2013)

7
Do inglês Pulse Width Modulation
26

Zilles et. al. (2012) define que o fato de um SFCR ser conectado diretamente
à rede elétrica dispensa a necessidade do uso de armazenadores de energia,
conhecidos como baterias. Os sistemas que possuem armazenadores de energia,
dependendo do dimensionamento realizado, podem desperdiçar capacidade de
geração nos momentos em que os acumuladores estiverem carregados, porque o
controlador de carga desconecta os geradores nesses momentos. Isso não ocorre
nos sistemas conectados à rede, pois esta pode ser encarada como um acumulador
infinito de energia. Como consequência, além de economizar na compra de baterias
o desempenho do sistema aumenta.
As grandes centrais fotovoltaicas seguem o mesmo princípio das plantas de
geração convencionais: envolvem a produção de energia em larga escala, em
grandes plantas solares, de acordo com a disponibilidade do recurso solar.
Experiências demonstram que o custo da energia produzida em centrais
fotovoltaicas não diminui em função da maior capacidade de produção, a exemplo
do que ocorre, por exemplo, nas centrais hidrelétricas. Nota-se que a queda do
preço da energia fotogerada está mais ligada à melhoria da eficiência das células e
aos ganhos de economia de escala no processo de fabricação dos módulos (LISITA,
2005 apud BENEDITO, 2009).
Com o objetivo de avaliar o desempenho da Usina Solar Fotovoltaica da
Arena Pernambuco, será apresentado dois indicadores de desempenho.

2.4.1 Produtividade do Sistema (YF)

Zilles et.al. (2012) denomina a produtividade do sistema em um determinado


intervalo de tempo de tempo (t2 – t1), a relação entre o valor médio da energia
entregue à carga e a potência nominal do gerador (Eq. 2.1).

(2.1)

onde:
Psaída representa a potência de saída (entregue) pelo sistema no instante t, em
kW;
PFV representa a potência nominal do sistema, em kW P.
27

O valor da YF é expressa em kWh/kW ou simplesmente em horas. Em um


sistema totalmente livre de perdas, cujo gerador opere sempre com as células à
temperatura de 25ºC e no ponto de máxima potência, o valor de YF coincidiria
numericamente com o valor médio da energia solar.

2.4.2 Desempenho global (PR) do sistema;

Entendido o conceito de YF, defini-se outro parâmetro bastante difundido nas


aplicações de uma maneira geral, conhecido como rendimento global do sistema
(em inglês, performance ratio – PR). O PR considera todas as perdas envolvidas em
um SFCR (no gerador, no sistema de condicionamento ou no resto do sistema) e é
definido de acordo com a relação dada pela Eq. 2.2.

(2.2)

onde:
Ht representa a irradiação no plano do arranjo, em kW/m²;
Href representa a irradiação nas condições-padrão, 1 kW/m²

Observa-se que YF pode ser interpretado como tempo de operação com


potência nominal do gerador fotovoltaico, de modo a produzir a mesma quantidade
de energia média entregue à carga. De modo análogo, o denominador da Eq. 2.2,
também conhecido como produtividade de referência (do inglês, reference yield –
YR), é interpretado como o número de horas de irradiância de 1.000 W/m².

2.5 Sistema de supervisão e aquisição de dados

O SCADA é projetado de forma integrada, sendo capaz de se comunicar com:


a) Todos os inversores da usina, para monitorar as variáveis relevantes do fluxo de
energia (correntes c.c. e c.a.; tensão c.c. e c.a., potência c.c. e c.a., fator de
potência, estado dos alarmes);
28

b) Todas as caixas de conexão dos geradores, para monitorar o estado dos fusíveis,
dos interruptores e das características elétricas (tensão e corrente) das caixas de
junção (strings boxes);

c) A estação meteorológica, para monitorar todas as variáveis medidas;

d) Todos os medidores de energia;

e) Todas as células de média tensão, para monitorar o estado dos interruptores e


das proteções;

f) O sistema de segurança.
O SCADA ainda inclui medição e registro em memória de massa de
grandezas elétricas, além de transmissão dos dados via internet.

2.6 Projeto Estratégico: Chamada nº 013/2011

Em 2011, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) por meio da


Superintendência de Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética (SPE),
realizou através da Chamada Pública Nº 013/2011 um projeto estratégico
denominado: “Arranjos Técnicos e Comerciais para a Inserção da Geração
Fotovoltaica na Matriz Energética Brasileira”, com as seguintes perspectivas
(BRASIL, 2011):
a) Facilitar a inserção da geração solar fotovoltaica na matriz energética
brasileira;
b) Viabilizar economicamente a produção, instalação e monitoramento da
geração solar fotovoltaica para injeção de energia elétrica nos sistemas de
distribuição e/ou transmissão;
c) Incentivar o desenvolvimento no país de toda a cadeia produtiva da indústria
solar fotovoltaica com a nacionalização da tecnologia empregada;
d) Fomentar o treinamento e a capacitação de técnicos especializados neste
tema em universidades, escolas técnicas e empresas;
e) Propiciar a capacitação laboratorial em universidades, escolas técnicas e
empresas nacionais;
f) Identificar possibilidades de otimização dos recursos energéticos,
considerando o planejamento integrado dos recursos e a identificação de
complementaridade horossazonal e energética entre a fonte solar fotovoltaica
e as fontes disponíveis;
29

g) Estimular a redução de custos da geração solar fotovoltaica com vistas a


promover a sua competição com as demais fontes de energia; e
h) Propor e justificar aperfeiçoamentos regulatórios e/ou desoneramentos
tributários que favoreçam a viabilidade econômica da geração solar
fotovoltaica, assim como o aumento da segurança e da confiabilidade do
suprimento de energia.
Para que os projetos sejam caracterizados como pesquisa e
desenvolvimento, foram adotadas algumas premissas básicas tais como (BRASIL,
2011):
 O projeto deverá incluir:
a) Instalação de uma usina solar fotovoltaica, conectada direta ou indiretamente
por meio de unidades consumidoras à rede de distribuição e/ou transmissão
de energia elétrica, com capacidade instalada entre 0,5 MWp e 3,0 MWp;
b) Instalação de estação solarimétrica com sistema de aquisição, monitoração e
análise de dados capaz de fornecer dados indispensáveis à avaliação do
desempenho técnico-econômico do projeto, tais como, no mínimo, dados de
irradiância global e difusa (estimar direta), temperatura e pressão;
 Análise das tecnologias atuais de geração solar fotovoltaica, incluindo o
estado da arte desse tipo de geração de energia elétrica;
 Análise da legislação pertinente, incluindo geração, conexão e uso da rede e
comercialização de energia gerada, bem como as possibilidades e
implicações socioeconômicas e ambientais de mudança no marco regulatório;
 Intercâmbio com especialistas de países com notório conhecimento técnico-
científico em geração e comercialização solar fotovoltaica de energia elétrica;
 Adequação e/ou adaptação de tecnologias existentes às condições de
operação de plantas solares fotovoltaicas localizadas em território nacional;
 Análise dos custos dos componentes de uma planta de geração solar
fotovoltaica, considerando todos os encargos de fabricação em território
nacional, do Mercosul, e de importação de outros países;
 Análise dos custos de formação de tecnologia nacional para geração solar
fotovoltaica com treinamento e capacitação de técnicos especializados em
universidades e empresas nacionais; e,
30

 Análise das alternativas de receita, com venda ou comercialização de


energia, ou de redução de despesas, com consumo ou intercâmbio de
energia, para compensação dos gastos com o investimento em geração solar
fotovoltaica de energia elétrica.
31

3. ESTUDO DE CASO

A primeira Usina Solar Fotovoltaica (USF) do estado de Pernambuco foi


inaugurada em dezembro de 2013 e encontra-se localizada no município de São
Lourenço da Mata, região metropolitana do Recife. Possui capacidade de geração
de 1 MWp e integra a Chamada Nº 013/2011 do programa de Pesquisa e
Desenvolvimento da ANEEL para a inserção da geração solar fotovoltaica na matriz
elétrica brasileira. A viabilidade deste empreendimento é dada numa visão de médio
e longo prazo, que enxerga nos aspectos estratégicos a ele vinculados, a
possibilidade de novas oportunidades de negócios, redução de custos e melhoria
significativa na qualidade e segurança do fornecimento de energia elétrica no país.
Os recursos aprovados para este projeto de P&D são da magnitude de 24
milhões de reais, onde aproximadamente R$ 10 milhões foram investidos para a
construção da USF, objeto de estudo do presente trabalho. Além da implantação da
Usina piloto, o projeto de P&D contempla a instalação de um Laboratório de
Certificação de Energia Solar na Bahia, além de promover o desenvolvimento de
Tecnologia Nacional, baseada em transformadores eletrônicos, para conexão de
sistemas fotovoltaicos ao sistema elétrico, capacitação de recursos humanos de
concessionárias e instituições de pesquisa, criando as condições para o aumento da
participação da energia solar fotovoltaica na matriz energética brasileira.
A USF está localizada à Oeste (08°02’35’’ S e 35°00’09’’ W), como mostrado
na Figura 3.1, da Arena Pernambuco, arena multiuso de uma das sedes da Copa do
Mundo de 2014.
32

Figura 3.1 - Localização Usina Solar Fotovoltaica da Arena PE

A Usina ainda conta com uma estruturada sala de inversores, subestação


elevatória, estação meteorológica, além de um centro de visitação.
Com um investimento de aproximadamente 10 milhões de reais, a planta
solar foi concebida para fornecer energia ao estádio. O sistema foi conectado à
Arena PE e à rede de distribuição da Concessionária local, permitindo a exportação
da energia gerada, caso esta não esteja sendo consumida instantaneamente pelo
beneficiado.
Ao final de cada período de medição, e em concordância com o conceito de
compensação de energia (net metering), regulamentada pela Resolução Normativa
Nº482/2012, a energia total gerada pela Usina atenderá aproximadamente 35% do
consumo elétrico do estádio.

3.1 Modelo Econômico e Arranjo Comercial

3.1.1 Modelo econômico

A viabilização do projeto ocorreu através de um convênio firmado entre um


dos maiores grupos de energia do mercado nacional, denominado de empresa A e a
empresa responsável pela administração do estádio, aqui chamada de empresa B.
33

O convênio, com duração de 42 meses, finalizando em junho/2015, prevê aportes


conforme modelo abaixo.

Figura 3.2 - Investimento do Convênio

Conforme apresentado na Figura 3.2, 91% do capital investido (CAPEX –


Capital Expenditure) estão sendo aportado pelas distribuidoras de energia elétrica
da empresa A, através do recurso de P&D, regulado pela ANEEL (conforme
Resolução Normativa nº 316/2008), e 9% sendo aportado pela empresa B, esta
podendo usufruir o beneficio da geração (100% da Receita) e responsabilizando-se
pelo custo de Operação e Manutenção (O&M) durante a vida útil da USF. Ao término
do convênio, todos os bens tangíveis do empreendimento são doados à empresa B.

3.1.2 Arranjo Comercial

Atualmente no Brasil, um dos grandes desafios para a inserção de geração


distribuída no Sistema Elétrico, especificamente Energia Solar Fotovoltaica, passa
pela construção de um Modelo Comercial mais adequado aos diferentes tipos de
negócio. O modelo adotado na USF da Arena Pernambuco é o modelo de net
metering, por ser considerada como um minigerador, onde a Empresa B se beneficia
direta e exclusivamente da energia gerada, com a consequente redução na conta de
energia.
Inicialmente, deve-se ter em mente a definição de: microgeração (igual ou
inferior a 100 kW) e minigeração (superior a 100 kW e menor ou igual a 1MW)
distribuída, são gerações com base em energia hidráulica, solar, eólica, biomassa ou
34

cogeração qualificada, conforme regulamentação da ANEEL, conectada na rede de


distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras. (BRASIL, 2011)
O sistema de compensação ou net metering é um modo de incentivar o
consumo das micro e minigeração distribuídas, que consiste na injeção do excesso
de eletricidade gerada pelo consumidor na rede, através de crédito de energia ativa
(kWh). Tal crédito é utilizado para compensar o consumo de energia da rede quando
não está havendo geração.
Abaixo podemos verificar os resultados percentuais esperados para a
Empresa B:
Tabela 1 - Reduções Esperadas através do Sistema net metering
Conta de energia (MR$/ano) 100%
Redução na conta de energia (MR$/ano) 17,5%
2% (até 2015)
O&M (MR$/ano)
5,67% (a partir 2015)
Seguro operacional (MR$/ano) 1,1%
Resultado final de Economia de Custo de 14,4% (até 2015)
Energia (MR$/ano) 10,73% (a partir 2015)

O modelo de faturamento deste processo encontra-se no Anexo A, onde é


detalhada a aplicação do sistema net metering.

3.2 Especificação Técnica da Usina

3.2.1 Layout

A USF da Arena Pernambuco, está instalada em uma área de 15 mil m²,


possui dois sistemas um denominado Sistema Central, composto por módulos
fotovoltaicos de Silício Monocristalino, que corresponde a 95% da geração da planta,
e outro denominado Sistema Campo responsável pelos outros 5% da geração, onde
existem 5 (cinco) tecnologias diferentes (Silício Monocristalino, Silício Policristalino,
Silício Policristalino de fabricação nacional, Silício Amorfo, Disseleneto de Cobre-
Índio-Gálio, este sistema permite realizar estudos de desempenho comparativos
entre as diversas tecnologias. O Anexo B apresenta o datasheets dos módulos
utilizados.
As estruturas proporcionam aos módulos um ângulo de 10º em relação ao
solo.
35

Figura 3.3 - Perspectiva da Planta Fotovoltaica

Esta usina tem uma característica peculiar, como pode ser visto na Figura 3.3,
pois sistemas solares geralmente possuem ângulo de azimute 8 de 0º, porém esta
planta possui um ângulo de azimute de -29º este ângulo foi escolhido para uma
melhor adequação do sistema de drenagem e aproveitamento da área. Este arranjo
(Figura 3.4) permite a USF uma geração anual estimada de 1.666,2 MWh. Caso a
planta obtivesse o ângulo de azimute 0º a geração anual estimada seria de 1.671,1
MWh, ou seja, houve uma redução de geração de 0,29%, quase desprezível,
quando comparado com o arranjo atual da planta fotovoltaica.

8
É o ângulo entre a projeção da normal à superfície no plano horizontal e a direção Norte-Sul. O
deslocamento angular é tomado a partir do Norte (0º) geográfico, sendo, por convenção positivo
quando a projeção se encontra à direita do Sul (a Leste) e negativo quando se encontra à esquerda
(a Oeste). (PINHO; GALDINO, 2014)
36

Figura 3.4 - Planta baixa USF da Arena Pernambuco

Para a simulação, estimativas de geração e consequentemente estudo de


viabilidade o mercado disponibiliza ferramentas computacionais. Dentre as opções
disponíveis foi utilizada uma ferramenta chamada de PVSyst, software de
dimensionamento e simulação de sistemas fotovoltaicos, que apresenta resultados
sob a forma de relatório, com gráficos, tabelas e dados de exportação.
(TARGETWARE, 2012)
Na Figura 3.5 são demonstrados os dados de entrada utilizados no PVSyst
realizar as simulações e gerar relatórios sobre o sistema central.
Principais Parâmetros do Sistema Tipo de Sistema Conectado
⁰ à Rede ⁰
Sombreamento Próximo Sombreamento linear
Orientação da Planta FV Inclinação 10 Azimute -29
Módulos FV Modelo YL265C-30b Pnom 265 Wp
Arranjo FV Nº de Módulos 3260 Pnom total 959 kWp
Inversor Modelo Ingecon Sun 840 M360 Indoo Pnom 917 kW ac
Necessidades do Usuário Carga Ilimidada (rede)

Figura 3.5 – Dados de input do software

3.2.2 Gerador Fotovoltaico

A planta fotovoltaica (Figura 3.6), em estudo, possui um total de 3900


módulos fotovoltaicos, fornecendo uma potência nominal de 1.010,57 kWp.
37

Figura 3.6 - Gerador Fotovoltaico


Fonte: (Neoenergia, 2013)

Para possibilitar a interligação entre os painéis e os inversores, conforme


diagrama unifilar da Figura 3.7 abaixo, mais de 30 km de cabos foram instalados.

Inversor 840 kW

Figura 3.7 – Diagrama Unifilar (Módulos e Inversores)

A abordagem deste projeto de P&D se dá de forma diferenciada nos dois


sistemas. O Sistema Central tem por objeto análise do arranjo comercial e de
impacto na rede, enquanto no Sistema Campo é possível realizar análise
38

comparativa das diferentes tecnologias, com suas interfaces com o estudo do estado
da arte e análise de viabilidade comparativa.

a) Sistema Central;

Este sistema é composto por 3620 módulos Yingli Solar de Si-Monocristalino


de 265 Wp, divididos em 181 séries de 20 módulos. A área total ocupada pelo
gerador fotovoltaico do sistema central (incluindo o espaçamento entre fileiras) é de
aproximadamente 11.900 m². Apesar da terraplanagem do terreno, este não é
completamente plano, logo a estrutura de fixação ao solo é ajustável, tornando
possível fazer o nivelamento dos módulos fotovoltaicos com a horizontal.
Para uma melhor operação do sistema, os módulos são dispostos em grupos,
separados por caixas de conexões, conhecidas como string boxes, como pode ser
visto na Figura 3.8. As saídas (polos positivo e negativo) serão direcionadas até a
sala elétrica, para conexão com o inversor, por via subterrânea. Além dos
dispositivos de seccionamento e proteção contra sobrecorrente e surtos, as string
boxes também são equipadas com sensores de tensão e corrente por série
fotovoltaica, sinalizador do estado dos dispositivos de proteção contra surto e meio
de comunicação remoto via fibra ótica integrável ao sistema SCADA da usina
fotovoltaica.

Figura 3.8 - String Box do Sistema Central

Os módulos do Sistema Central, apresentados na Tabela 2 possuem as


seguintes especificações:
39

Tabela 2 - Especificações do Gerador Fotovoltaico do Sistema Central


Qtd. de Potência por
Gerador Fabricante/País Eficiência
Módulos Módulo [Wp]
Si- Monocristalino Yingli Solar/China 3620 265 16,20%

b) Sistema Campo;

O sistema campo é composto por cinco unidades geradoras de 10 kWp cada


e ocupa uma área de aproximadamente 800 m², e possui 4 tecnologias distintas de
células.
Todas as séries de um mesmo gerador fotovoltaico (mesma tecnologia) são
conectadas em paralelo em string boxes instaladas sob os arranjos, como mostrado
na Figura 3.9. As saídas (polos positivo e negativo) são direcionadas até os
inversores.

Figura 3.9 – Exemplo de String Box do Sistema Campo

Além dos dispositivos de seccionamento e proteção contra sobrecorrente e


surtos, as string boxes são equipadas com sensores de tensão e corrente por série
fotovoltaica, sinalizador do estado dos dispositivos de proteção contra surto e meio
de comunicação remoto via fibra ótica integrável ao sistema SCADA da usina
fotovoltaica.
Este sistema é de extrema importância, pois possibilita testes operacionais
em condições reais para diversas tecnologias, sem maiores interferência técnicas no
40

funcionamento da Central. A expectativa é que a análise da operação de sistemas


de diferentes tecnologias fotovoltaicas, nas mesmas condições climáticas e
operacionais e no mesmo intervalo de tempo, poderá fornecer importantes subsídios
técnicos para a tomada de decisão sobre as melhores opções para aplicação e
produção de energia solar fotovoltaica no Nordeste do Brasil.
Na Tabela 3 abaixo, estão apresentadas algumas especificações de cada
unidade geradora:

Tabela 3 - Especificações dos Geradores Fotovoltaicos do Sistema Campo


Qtd. de Potência por
Gerador Fabricante/País Eficiência
Módulos Módulo [Wp]
Si- Monocristalino Yingli Solar/China 40 265 16,2%
Si-Policristalino Yingli Solar/China 42 245 15,0%
Si-Policristalino Tecnometal/Brasil 42 240 14,9%
Si-Amorfo DuPont/EUA 72 142 9,1%
Saint
CIGS 84 120 11,0%
Gobain/França

3.2.3 Estrutura

Os módulos estão fixados em estruturas metálicas (aço carbono


galvanizado), totalizando cerca de 45 toneladas de aço, as estruturas foram
projetadas para resistir a ventos de até 150 km/h, e possuem um tratamento para
suportar um grau de corrosão maior que C4, grau de corrosividade elevado.
Os módulos, estão distribuídos em 4 fileiras no sentido horizontal, enquanto a
quantidade de fileiras no sentido vertical varia entre as mesas. Ao todo, a usina
possui 29 mesas, sendo 4 mesas do sistema campo e 25 mesas do sistema central.

3.2.4 Inversores e Transformadores

Os inversores são alimentados pelas string boxes (polos positivo e negativo).


A energia elétrica em corrente continua (c.c.) gerada pelo Sistema Central é
convertida em corrente alternada (c.a) através de um inversor (Figura 3.10) de 840
kW com 4 blocos, ou seja, subdividindo o sistema em 4 grandes blocos de energia, o
que dá uma certa flexibilidade na planta. Já no Sistema Campo cada tecnologia
41

alimenta 1 inversor de 10 kW (Figura 3.11), total de 5, onde cada tecnologia do


Sistema Campo esta conectada. Desse modo, a usina totaliza 890 kW (c.a)
nominais conectados à rede.
As saídas em c.a. dos inversores são enviadas, pelo subterrâneo, até a
subestação elevatória onde estão localizados o barramento de Baixa Tensão (BT), 1
transformador de potência a Seco 13,8/0,38 kV de 1000 kVA, alimentado pelo
inversor do Sistema Central, e 1 transformador de potência a Seco 13,8/0,40 kV de
50 kVA, alimentado pelos inversores do Sistema Campo.

Figura 3.10 – Inversor de 840 kW, com 4 blocos (Sistema Central)

Figura 3.11 - 5 Inversores de 10 kW (Sistema Campo)


42

3.2.5 Linha de Distribuição e Ponto de Conexão

O escoamento da energia elétrica é feito através de uma linha subterrânea de


1,2 km, com circuito trifásico com 1 cabo de 35mm² por fase, que se conecta ao
barramento de média tensão (13,8 kV) da subestação do estádio, Figura 3.12, após
o medidor de energia utilizado para o faturamento, permitindo a adoção do sistema
de compensação de energia.

Usina Fotovoltaica Subestação do estádio

Medidor de 4 Quadrantes kWh


Linha subterrânea de faturamento do estádio
kWh de interligação da
TRANSFORMADOR usina à subestação
TRIFÁSICO 1000 kVA do estádio
Rede de distribuição
da CELPE

kWh
TRANSFORMADOR
TRIFÁSICO 50 kVA

13,8 kV 13,8 kV

Carga do Estádio

Figura 3.12 - Diagrama Unifilar de Conexão à Rede da USF

3.2.6 Estação Solarimétrica

Nas premissas básicas do Edital ANEEL, Chamada Nº. 013/2011 no que se


refere a concepção e o desenvolvimento do projeto, um dos requisitos a ser
observado é instalação de estação solarimétrica com sistema de aquisição,
monitoração e análise de dados capaz de fornecer dados indispensáveis à avaliação
do desempenho técnico-econômico do projeto, tais como, no mínimo, dados de
irradiância global e difusa (estimar direta), temperatura e pressão.
A estação solarimétrica, mostrada na Figura 3.13, é direcionada ao
monitoramento dos dados relativos ao desempenho da Usina Solar Fotovoltaica da
Arena Pernambuco, e possui os seguintes equipamentos:
 2 piranômetros (irradiação direta e difusa);
43

 1 termômetro;
 1 medidor de umidade relativa;
 1 medidor de pressão atmosférica;
 1 pluviômetro, 1 anemômetro (velocidade do vento);
 1 veleta (direção do vento).

Figura 3.13 - Estação Solarimétrica

3.3 Implantação

O projeto da USF foi dividido nas seguintes etapas:


1ª Etapa: Elaboração do Projeto Executivo;
2ª Etapa: Terraplanagem do terreno;
3ª Etapa: Aquisição de equipamentos e materiais, incluindo estação meteorológica;
4ª Etapa: Construção e Instalação da Usina e instalação da estação meteorológica;
5ª Etapa: Adaptação da subestação da Arena Pernambuco e construção da linha
subterrânea de média tensão;
6ª Etapa: Elaboração de Documentação;
7ª Etapa: Comissionamento;
8ª Etapa: Capacitação;
9ª Etapa: Pós-comissionamento e operação assistida.
44

O estudo deste trabalho será concentrado apenas nas etapas 2, 3 e 4.

3.3.1 Cronograma e Pontos Críticos

O prazo contratual para a execução da obra era de 188 dias a partir da


assinatura do contrato. Porém, ocorreu um atraso de 60 dias para a conclusão da
USF da Arena Pernambuco. A Tabela 4 apresenta um cronograma reduzido,
contendo apenas a duração prevista e realizada de atividades relevantes para o
entendimento deste trabalho. Aqui também trataremos de alguns problemas
enfrentados durante o período da etapa de implantação. Os pontos críticos foram
analisados através de atas de reuniões semanais entre as contratantes e contratada.

Tabela 4 - Resumo Cronograma de Atividade


Duração Duração
Etapas de Implantação
Prevista Realizada
1. Fase de Aquisições e Contratação 90 dias 155 dias
1.1 Aquisição de Materiais 25 dias 120 dias
1.2 Aquisição de Serviços 65 dias 125 dias
2. Fase de Execução 93 dias 158 dias
2.1 Terraplanagem, Pavimentação e
70 dias 100 dias
Drenagem (Obras Civis)
2.2 Edificações USF 20 dias 60 dias
2.3 Construção e Montagem - Linha de
20 dias 28 dias
Média Tensão
2.4 Montagem - Módulos e Estruturas 42 dias 90 dias
2.4.1 Estruturas 20 dias 72 dias
2.4.2 Módulos 15 dias 25 dias
2.4.2.1 Sistema Central 15 dias 20 dias
2.4.2.2 Sistema Campo 15 dias 7 dias

a) Montagem das estruturas metálicas;

Atividade do processo de implantação que mais gerou atrasos devido a


existência rochas só percebido quando iniciou-se o processo de fixação das bases
das estruturas de suporte, pois as mesmas não conseguiam ser fixadas
corretamente ao solo.
A solução deste problema foi a utilização de sapatas de concreto fixadas as
bases, para a base tivesse melhor sustentação.
45

Como lição aprendida do projeto observou-se a necessidade de realizar uma


sondagem do solo antes da elaboração do projeto executivo

b) Licença de importação;

Com a carência de tecnologia nacional de ponta para sistemas fotovoltaicos,


ainda é necessário que grande parte dos equipamentos sejam importados. Porém a
sistemática de importação brasileira compreende uma série de tratamentos
aplicados à importação de produtos e serviços.
Para ocorrer o embarque no exterior é obrigatória a emissão da Licença de
Importação (LI) dos produtos relacionados no Tratamento Administrativo do
SISCOMEX9 por meio do website da receita federal do Brasil. Inclusive, para iniciar o
licenciamento faz-se obrigatório possuir o aval do órgão anuente, somente no caso
de módulos fotovoltaicos, neste caso o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia (INMETRO). (GIZ, 2012)
A etapa de aquisição de materiais atrasou em 15 dias, devido a todos esses
entreves burocráticos, que tornam quase impossível o atendimento de prazos
contratuais.

c) Reposição florestal;

A Reposição Florestal entende-se como o conjunto de ações desenvolvidas


que visam estabelecer a continuidade do abastecimento de matéria prima florestal
aos diversos segmentos consumidores, através da obrigatoriedade da recomposição
do volume explorado, mediante o plantio com espécies florestais adequadas.
(IBAMA, 2013)
Para utilização da área onde hoje está contemplada a USF da Arena
Pernambuco, a empresas são obrigadas a fazer recomposição florestal em uma
área de aproximadamente 15 m². O grande problema deste processo está em
encontrar uma área que atenda as exigências da Agência Estadual do Meio
Ambiente – CPRH/PE, até o momento o local para reposição florestal não foi
definido. A contratação da empresa para executar a recomposição está em

9
Sistema Integrado de Comércio Exterior
46

andamento, inclusive a mesma está sendo responsável pela disponibilização da


área.

3.3.2 Produtividade

A produtividade do período de implantação da USF da Arena Pernambuco foi


analisada através de Relatórios Diários de Obra (RDO’s), documentos onde são
registradas informações importantes como, por exemplo, o avanço das atividades,
fornecidos pelas empresas A e B. Primeiramente, houve um levantamento das
principais atividades desenvolvidas no processo de implantação, como apresentado
na Figura 3.14.

Figura 3.14 - Principais atividades do processo de Implantação da USF da Arena PE


Fonte: V CBENS (2014)

Em seguida, realizou-se um levantamento do período de tempo necessário


para se desenvolver cada atividade, conforme Figura 3.15. Nota-se que as
atividades que demandaram mais tempo não são as atividades especificas da
geração fotovoltaica e sim atividades comuns a vários tipos de empreendimentos,
como, por exemplo, adequação do terreno (terraplanagem, drenagem e cerca) e
obras civis (marcação topográfica/estruturas e construção de edificações).
(BARBOSA, 2014)
47

Figura 3.15 - Dias de instalação por atividade desenvolvida.


Fonte: V CBENS (2014)

Neste trabalho serão apresentados em detalhes os processos de fixação das


bases helicoidais das estruturas e de montagem dos módulos fotovoltaicos da Usina
Solar da Arena Pernambuco.
O período de fixação das bases das estruturas de suporte dos módulos foi a
priori de 17 dias, ao todo foram fixadas 1592 bases, com um valor médio de fixação
de aproximadamente 94 bases/dia. Porém, devido às características do solo, fez-se
necessário reinstalar algumas bases, pois estes estavam cedendo e
consequentemente desalinhando as estruturas. As atividades de terminaram 72 dias
após o início da fixação das bases.
O processo de fixação das bases foi realizado por máquinas com
ritmo/rendimento estabelecidos. A variação das quantidades de bases fixadas é
determinada pelas condições climáticas, gerando um atraso significativo. Como nos
RDOs foram considerados apenas os 17 dias para fixação das bases, como pode
ser constado pela Figura 3.16.
48

Evolução de Montagem das Bases


Estruturais
160 151
139 142 139
Quantidade de Bases

140
120
120 108
94 95 97 97
100
80 66 79 71
63
54 Quantidade de Bases
60 43
34 Média
40
20
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
Dias

Figura 3.16 - Evolução da Instalação das Bases Estruturais

Para a instalação dos 3900 módulos foi necessário um período de 25 dias,


onde se obteve pico de até 393 módulos instalados em um único dia, a média foi de
156,04 módulos/dia. A Figura 3.17 mostra a curva de aprendizado deste processo
de montagem.

Evolução da Instalação dos Módulos


450
393
Quantidade de Módulos

400
350 306 317
Quantidade
instalados

300 280 de Módulos


250 209 Média
200188
200 184 182192
156 156 162 164
150 120 112120 130 111
100 73
58
35 36
50 16
1
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Dias necessários para à excecução
Figura 3.17 - Evolução da Instalação dos Módulos
49

3.4 Avaliação de Desempenho

Os dados aqui apresentados foram coletados do SCADA pertencente à USF


da Arena Pernambuco.

3.4.1 Produtividade dos Sistemas

Para tonar possível uma simples e correta compreensão e comparação entre


SFCRs de diferentes tamanhos, a energia específica (EE) é dada por kWh/kWp.
(HAERBERLIN; BEUTLER, 1997 apud ZILLES et. al. 2012).
No caso dos SFCRs, a EE pode relacionar a energia gerada em um
determinado intervalo de tempo tanto com a potência como com área do arranjo
fotovoltaico. Sistemas de mesma potência nominal apresentam diferentes valores de
energia específica. Trata-se de um bom procedimento, que permite determinar a
qualidade dos diferentes sistemas com equipamentos de fabricantes diferentes.
(ZILLES, 2012)

a) Coleta de dados para o calculo de produtividade do sistema (YF);

Para a realização do estudo foram coletados os dados de energia parcial


diária do SCADA, Figura 3.18 abaixo, estes valores foram agrupados com a
finalidade de obter-se a geração mensal de cada tecnologia. A potência nominal é
igual à potência unitária dos módulos pela quantidade de módulos, por exemplo, 265
Wp x 3620 = 959,3 kWp (Si-m, Sistema Central).
50

Figura 3.18 - Tela inicial do SCADA

b) Resultados;

Tabela 5 - Produtividade dos Sistemas Central e Campo no mês de Maio de 2014


Energia Gerada Produtividade do Sistema
Tecnologia Sistema Pot. Nominal (kW)
(kWh) (kWh/kW)
Si-m Central 110.062,05 959,3 114,73
Si-m Campo 1.178,79 10,6 111,21
Si-p Campo 1.063,52 10,29 103,35
Si-p (Nacional) Campo 813,82 10,08 80,74
Si-a Campo 1.003,60 10,22 98,20
CIGS Campo 1.031,44 10,08 102,33

Realizado o estudo de YF, no período de 01/05 à 31/05/2014 apresentado na


Tabela 5, é perceptível que os módulos de Silício Monocristalino possuem uma
melhor produtividade, seguido pelo módulo de Silício Policristalino Importado. O
módulo CIGS apresenta um bom desempenho, porém o custo- beneficio não chega
a ser atrativo, uma vez que esse sistema precisa de 2 vezes mais placas que os
sistemas de silício cristalino, com um valor por módulo muito próximo. É notório
também que os módulos de tecnologia nacional ainda possuem uma produtividade
muito abaixo da mundial.
51

3.4.2 Desempenho global padrão (PRSTC)

Para a realização desse ensaio foi contratada uma empresar de consultoria


independente, e todo o processo de execução foi acompanhado.

a) Procedimentos do ensaio;

A duração mínima do teste deve ser de cinco dias e o período de registro


deve englobar desde o nascer até o por do Sol. Durante o teste deve ser evitada
qualquer ação que afete o grau de limpeza dos geradores e dos módulos de
referência. Outros esforços de manutenção podem ser feitos, registrando
cuidadosamente os detalhes (causa, tarefa e duração) em um relatório especifico
para o tempo de duração do teste.

(3.1)

onde P* representa a potência nominal do gerador, Δt e o período de resolução dos


dados (1 minuto ou menos), o índice “i” engloba todos os registros do teste, o
sobrescrito * representa as Condições Padrão de Medida, ou STC (G*= 1000 W/m2
e TC* = 25ºC), representa o coeficiente de variação da potência com a temperatura,
dado pelo fabricante dos módulos, e c é um parâmetro descritivo da redução de
eficiência dos módulos ao reduzir a irradiância incidente. O valor de c deriva da
relação entre as eficiências dos módulos a 200 W/m² e a 1000 W/m², que também
deve ser dado pelo fabricante. Para módulos de silício cristalino, é frequente que
essa relação de eficiências seja η200/η1000 = 0,95, o que corresponde a c = 0,031.

b) Coleta de dados para o cálculo do PRSTC;

Para a realização do ensaio, utilizou-se o medidor de energia do inversor, pois


o medidor de energia em MT da usina não estava corretamente parametrizado. Uma
vez que o medidor de energia do inversor não contabiliza as perdas no
transformador de baixa para média tensão, considerou-se uma perda de
transformação de 2% sobre a energia gerada.
52

Para a medição da irradiância no plano do gerador e da temperatura de célula


do gerador utilizaram-se módulos de referência calibrados e com o mesmo nível de
sujeira que o gerador fotovoltaico da usina (sendo um módulo em curto-circuito com
um shunt de 150 mV – 10 A e 0,5 % de incerteza e outro em circuito aberto) e um
datalogger, o qual utiliza um multímetro digital de 6,5 dígitos para a aquisição dos
dados. O módulo com número de série 131001057933 foi utilizado para medir
irradiância e o módulo com número de série 131001057994 foi utilizado para o
registro de Voc (que é relacionado com a temperatura de célula).
Os instrumentos de medição foram instalados na noite do dia 19/01/2014 e
retirados na manhã do dia 25/01/2014, totalizando mais de cinco dias de medição. O
período de análise considerado foi de 20/01/2014 às 9h45min do dia 25/01/2014.
Para calcular o PRSTC necessita-se conhecer a potência nominal do gerador,
a irradiância no plano do gerador e a temperatura de célula no período de avaliação.
A irradiância no plano do gerador no período foi medida através do módulo de
referência curto-circuitado, a qual é apresentada na Figura 3.19.

Figura 3.19 - Irradiância no Plano do gerador fotovoltaico

A temperatura da célula no período foi medida através do módulo de


referência em circuito aberto, e é apresentado na Figura 3.20.
53

Figura 3.20 - Temperatura da célula do gerador fotovoltaico

c) Resultados;

O valor do PRSTC foi satisfatório atendendo as expectativas das empresas


contratantes.

3.4.3 Desempenho Comercial

Apesar de ser um projeto de Pesquisa e Desenvolvimento, esta Usina


Fotovoltaica tem por objetivo reduzir os valores da conta de energia da Arena
Pernambuco, através do sistema de compensação de energia já tratado
anteriormente.
Neste tópico serão apresentados comparações entre consumo e geração
prevista, através de simulação no PVSyst, e entre consumo e geração efetiva nos
meses de abril e maio de 2014, levantados através de faturas de energia fornecidas
pela distribuidora local e dados do SCADA.
54

CONSUMO ARENA PE GERAÇÃO USF


%
(MWh) (MWh)
Janeiro 400.0 148.3 37%
Fevereiro 400.0 138.9 35%
Março 400.0 151.0 38%
Abril 400.0 139.9 35%
Maio 400.0 134.1 34%
Junho 400.0 89.6 22%
Julho 400.0 126.2 32%
Agosto 400.0 147.7 37%
Setembro 400.0 129.9 32%
Outubro 400.0 153.5 38%
Novembro 400.0 159.0 40%
Dezembro 400.0 148.1 37%
MÉDIA 4800.0 1666.2 35%

Figura 3.21- Consumo e Geração Estimadas

Nota-se na Figura 3.21 que a geração de energia estimada em programa


computacional da USF é em torno de 35% ao ano, do consumo da Arena PE.
Quando realizado comparações com geração e consumo reais se observa que estes
valores encontram-se próximos aos estimados, onde a geração média dos meses de
estudo corresponde a 33,48% do consumo total da Arena Pernambuco, como pode
ser visto na Figura 3.22.

Energia Consumida Total Er + Eg - Ec


Energia Gerada Eg (kWh) Balanço
(kWh)
Energia Consumida da Previsto Real Energia Compensada Previsto Real Previsto Real
Mês
Rede Er (kWh) (kWh) (kWh) Ec (kWh) (kWh)2 (kWh)2 (kWh)3 (kWh)3

abr/14 228705,12 139900 122902,31 33684 400000 317923,43 35% 38,66%


mai/14 314346,48 134100 115153,21 22693,44 400000 406806,25 34% 28,31%
Média 33,48%

Figura 3.22 - Consumo e Geração Reais

3.5 Procedimentos de Operação e Manutenção

O contrato firmado, na modalidade epcista10, entre as empresas A, B e a


empresa vencedora do processo de licitação para a construção da USF da Arena
Pernambuco, prevê para Operação e Manutenção (O&M) as seguintes
responsabilidade do epcista:

10
Da sigla em inglês EPC (Engineering, Procurement, Construction). Na qual o contratado tem a
responsabilidade de entregar ao contratante o produto pronto para ser utilizado.
55

 Quatro visitas trimestrais programadas a partir do término do


comissionamento, incluindo manutenções preventivas e atualização de
conhecimentos de operação e manutenção;
 Operação assistida durante 18 meses a partir do término do
comissionamento, com emissão de relatórios;
 Manutenção corretiva de 12 meses a partir da conclusão do
comissionamento, utilizando peças sobressalentes previsto no contrato;
 Assegurar durante 12 meses o funcionamento da planta em sua totalidade;
Após esse período contratual, a empresa B terá total responsabilidade sobre
a O&M da usina. A USF foi concebida para operar de forma autônoma, sendo
monitorada através do SCADA. As manutenções preventivas baseiam-se em:
 Limpeza dos módulos é realizada quando os módulos começam a ter perdas
de 5%, neste caso os módulos deverão ser limpos. Esta limpeza poderá ser
feita jogando água sobre os módulos, ou com pano de microfibras com
etanol;
 Inspeção visual dos painéis é realizada semanalmente com a finalidade de
observar se não há módulos com defeitos (vidro trincado). Caso os módulos
apresentem defeitos visuais estes deverão ser trocados utilizando peças
sobressalentes;
 Conservação patrimonial (jardinagem e limpeza), por ser uma área
descampada e afastada da cidade, o crescimento de mato é alto, logo é
necessário um processo de capinagem diário.
56

CONCLUSÃO

Sistemas fotovoltaicos conectados à rede tendem a se tornar cada vez mais


frequentes no Brasil, e garantir a qualidade desses sistemas deve ser uma
preocupação constante. Na etapa de implantação da Usina Fotovoltaica da Arena
PE, foram analisados os pontos críticos e produtividade em atividades especificas de
plantas fotovoltaicas em solo. Através destes foi possível observar que o Brasil
mesmo com a carência de mão de obra especializada os problemas apresentados
na implantação desta usina passaram por: atividades comuns a diversos
empreendimentos (terraplanagem, estudo do solo, drenagem, construção de
edificação, etc.), a burocracia nacional para importação de produtos que por muitas
vezes representam uma barreira impedindo que provedores de tecnologias de mini e
micro-geração fotovoltaica entrem no mercado, e por fim problemas de reposição
florestal uma vez que esta deve ocorrer na mesma região ou mesma microbacia
hidrográfica.
As análises de desempenho global (PR STC) da Usina Solar Fotovoltaica da
Arena Pernambuco, apresentaram resultados esperados e satisfatórios. Através da
produtividade dos sistemas (YF) percebe-se que os módulos de silício monocristalino
apresentam melhor desempenho quando comparado com as demais tecnologias
existentes na planta. Os índices de geração estão próximos aos estimados em
software computacional.
Procedimentos de O&M comprovam que os custos relacionados a essa
atividade são baixos, e que a USF opera de maneira independente, silenciosa e não
poluente, sendo bastante atrativa para o mercado energético atual.
57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Inserção da Energia Solar Fotovoltaica na Matriz Elétrica Brasileira. 2012.

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fotovoltaicas no Brasil. Estudo de Caso – Usina Solar Fotovoltaica São Lourenço da
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BRASIL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Chamada nº013 de agosto de 2011.


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de abril de 2012. Estabelece as condições gerais para o acesso de microgeração e
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Survey report of selected IEA countries between 1992 and 2012. Report IEA-PVPS
T1-23,2013

GIZ – Cooperação Alemã para o Desenvolvimento. Condições de Importação de


Equipamentos de Mini & Micro-Geração Distribuída Fotovoltaica no Brasil. 2012
58

NETO, G.Z; COSTA, W.T.; VASCONCELOS, V.B. A Resolução Normativa Nº


482/2012 da ANEEL: Possibilidades e Entraves para a microgeração Distribuída. In:
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ZILLES, R. et. al.; 2012. Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede Elétrica. 1. Ed.
São Paulo: Oficina de Textos.
59

ANEXO A – MODELO DE CONTA DE ENERGIA (COMPENSAÇÃO DE ENERGIA)


60

ANEXO B – DATA SHEET (MÓDULOS FOTOVOLTAICOS)


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