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CORRUPÇÃO E MERITOCRACIA
NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA
Rio de Janeiro
2012
ANTONÊUDO RIBEIRO LIMA
CORRUPÇÃO E MERITOCRACIA
NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA
Rio de Janeiro
2012
C2012
_________________________________
ANTONÊUDO RIBEIRO LIMA
Lima, Antonêudo
Corrupção e Meritocracia na Administração Pública Brasileira/
Policial Rodoviário Federal Antonêudo Ribeiro Lima. - Rio de Janeiro:
ESG, 2012.
50 f.:1 il.
A Deus, aos meus pais e à minha amada esposa Lucilene Lima pelo amor,
compreensão e ajuda nos momentos difíceis.
Rui Barbosa
RESUMO
This paper presents a study on corruption in Brazil, following the federal civil servants
governed by Federal Law 8.112/90, and ultimately, to suggest measures necessary to
achieve a body of public servants facing the purposes that Brazilian society craves.
The author has the time to record some thoughts and about important issues that can
negatively affect even the development of a country and the lives of all its citizens. Its
preparation is based on analytical reading and interpretation of research literature on
the subject, including articles available on the World Wide Web (Internet), also in
personal and professional experiences of the author acquired in the course of about
18 (eighteen) year career in federal highway police, in which approximately ten (10)
years dedicated to the internal affairs. The author, with the analysis and conclusion,
also likes to demonstrate the importance of leaders being appointed to fill the
leadership positions of the institutions, valuing the good public servants, aimed at
transparency and efficiency in the activities offered by the federal government to
Brazilian population.
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 9
5 CONCLUSÃO............................................................................................... 44
ANEXO A ..................................................................................................... 46
ANEXO B ..................................................................................................... 48
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 49
9
1 INTRODUÇÃO
2 HISTÓRICO DA CORRUPÇÃO
2.1 ANTECEDENTES
Não terás dois pesos na tua bolsa, um grande e um pequeno. Não terás
duas medidas em tua casa, uma grande uma pequena. Terás somente
pesos exatos e justos, e medidas exatas e justas, para que se prolonguem
os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá. Pois o Senhor teu Deus
abomina todo aquele que pratica tal injustiça. (Deuteronômio 25:13-16)
[...] E, pois que, Senhor, é certo que tanto neste cargo que levo como em
outra qualquer coisa que de Vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de
mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê,
mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro -- o que
d'Ela receberei em muita mercê. [...] (grifo do autor)
peita, o nepotismo e o peculato não tinham esse sentido até há alguns anos: a peita
estava instituída como um acordo entre os nobres e a plebe nas monarquias para
garantir o pagamento de tributos; o nepotismo era um princípio de autoridade da
Igreja Católica Apostólica Romana, na Idade Média, segundo o qual os parentes
mais próximos do Papa tinham privilégios sociais que não eram questionados pela
sociedade; o termo peculato indicava que o rebanho de gado constituía a base da
riqueza de determinados grupos sociais e, posteriormente, a expressão “receber o
boi” passou a ser usada para designar “troca de favores”, pois o gado era utilizado
como uma forma de moeda de troca em certas regiões. A palavra peculato, hoje, é
utilizada para caracterizar o uso ilícito de dinheiro/bem público.
No Brasil está presente, no seu contexto histórico, a famosa “Lei de Gérson”,
ou seja, o comportamento do brasileiro de querer “tirar vantagem em tudo”,
pressupondo que as pessoas aguardam o máximo possível de benefícios, visando
exclusivamente o beneficio próprio, em detrimento de outros.
As ações corruptas, embora estas sejam executadas por seres humanos e,
por isso mesmo, podem ser efetivamente combatidas pela ação humana. Alguns
seguem os dogmas de que a corrupção é um problema intrínseco da cultura
brasileira, valendo-se de expressões errôneas, generalizando que todos são
corrompíveis e corruptos; tentam justificar a corrupção como um contínuo processo
de trocas entre pessoas, fazendo uma circulação das concessões dos benefícios
mútuos. Um outro ponto importante da cultura brasileira é a forma de “não identificar”
determinados crimes como, por exemplo, o contrabando, o descaminho, a
sonegação fiscal, que são vistos como positivos ou justificáveis. Deste modo, a
corrupção, comumente chamada de “jeitinho brasileiro”, como sendo a “criatividade
de encontrar uma saída para tudo”, passa a ser tolerada e os corruptos são definidos
como pessoas espertas ao invés de criminosas.
Analisando nossa formação histórica, verificamos em suas origens a
percepção de que o poder estatal era de propriedade direta do monarca e indireta
daqueles que ocupavam cargos na Corte. Esse modelo patrimonialista em que os
cargos públicos eram de propriedade do soberano e portanto passíveis de serem por
ele negociados.
15
3 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
O Código Penal Brasileiro, em seu artigo 327, conceitua servidor público para
os efeitos penais, a pessoa física, seja transitoriamente ou sem remuneração, que
exerce cargo, emprego ou função pública, inclusive em entidade paraestatal
(autarquia, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista).
A norma jurídica estabelece agravantes de pena, pois esta pode ser aumentada da
terça parte, se os autores dos crimes previstos no código penal forem detentores de
cargo em comissão, ou de função de direção, ou assessoramento de órgãos da
administração direta ou indireta.
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro3, a função pública realiza-se por duas
formas: “a função exercida por servidores contratados temporariamente com base no
artigo 37, IX, para as quais não se exerce concurso público, porque, às vezes, a
própria urgência da contratação é incompatível com a demora do procedimento; e as
funções de natureza permanente, correspondentes a chefia, direção,
assessoramento ou outro tipo de atividade para a qual o legislador não crie o cargo
respectivo; em geral, são funções de confiança, de livre provimento e exoneração”.
Nesse diapasão, Hely Lopes Meirelles4 proclama que: “função pública é a atribuição
ou conjunto de atribuições que a Administração confere a cada categoria profissional,
ou comete individualmente a determinados servidores para a execução de serviços
eventuais”, abrangendo as atividades dos três poderes do Estado.
Celso Antônio Bandeira de Mello5 lembra: “cargo é a denominação dada à
mais simples unidade de poderes e deveres estatais a serem expressos por um
agente”. A doutrinadora Maria Sylvia Zanella Di Pietro² segue: “Com efeito, as várias
competências previstas na Constituição, para a União, Estados e Municípios são
distribuídas entre seus respectivos órgãos, cada qual dispondo de determinado
número de cargos criados por lei, que lhes confere denominação própria, define suas
atribuições e fixa o padrão de vencimento ou remuneração”
3 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 13ª Ed. Atlas. São Paulo. 2001; p.
427. e 429.
4 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 18ª Ed. Malheiros. São Paulo.
1993. p. 381.
5 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 5ª Ed. Malheiros. São
Paulo. 1995. p. 417.
23
3.1.4 Peculato
6 JESUS, Damásio Evangelista. Direito Penal, vol. IV. 2ª Ed. Saraiva. São Paulo. 1989; p. 101.
24
crime o servidor público, conquanto não tendo a posse, subtrai-o ou concorre para
que seja subtraído próprio ou alheio, valendo-se da facilidade que lhe proporciona o
cargo ou função. O sujeito ativo deste crime será sempre um servidor público. Esta
qualidade transfere-se aos coautores, se existentes, daí por que os demais
envolvidos poderão ser não servidores públicos.
No seu artigo 313 prevê o crime de apropriação de dinheiro ou qualquer
utilidade, praticado por quem, no exercício do cargo de serviço público, recebeu por
erro de outrem. Alguns juristas definem com sendo o verdadeiro peculato –
estelionato. O dolo é posterior, pois o crime não se consuma no momento do
recebimento, e sim quando dele se apropria, dispondo da coisa que se dele fosse.
O crime de peculato pode ser doloso ou culposo. O peculato doloso possui os
seguintes tipos, todos do artigo 312: peculato-apropriação ou peculato-malversação
(caput, primeira parte, consiste do servidor apropriar-se de dinheiro, valor, bem
móvel, público ou privado, cuja posse ocorreu em razão do cargo, para proveito
próprio ou alheio); Peculato-desvio (caput, segunda parte, o que muda é apenas a
conduta, que passa a ser desviar, ou seja, alterar a finalidade, o destino); peculato-
furto (§ 1.º, servidor público que, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou
bem, o subtrai ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio,
valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de servidor) e peculato
mediante erro de outrem (esse do art. 313, é erroneamente chamado peculato-
estelionato. Não é um estelionato, pois o erro da vítima não é provocado pelo
agente).
O peculato culposo está descrito no art. 312, § 2.º, do Código Penal. São
requisitos as condutas culposas do servidor público e que terceiro pratique um crime
doloso, aproveitando-se da facilidade provocada por aquela conduta.
3.1.5 Concussão
“parágrafo único” trata do excesso de exação, quando o servidor exige imposto, taxa
ou emolumento que sabe indevido, ou quando devido, emprega na cobrança meio
vexatório ou gravoso. Sendo agravado, se o autor desvia em proveito próprio. O
crime de concussão é diferente do crime de corrupção passiva. A diferença está no
núcleo do tipo. A concussão tem por conduta exigir; é um “querer imperativo”, que
carrega consigo uma ameaça, ainda que implícita. Na concussão, há vítima na
outra ponta.
Exigir significa coagir, obrigar. A ameaça pode ser implícita ou explícita e,
ainda assim, será concussão. O servidor público pode exigir direta ou indiretamente,
por meio de terceiro, ou por outro meio qualquer, como, por exemplo, ameaça
velada.
No seu artigo 314, prevê como crime o extravio de livro oficial ou qualquer
documento, de que o servidor tenha a guarda sob sua responsabilidade, se o fato
não constituir crime mais grave.
No seu artigo 315, tipifica um fato delituoso que não era considerado pelo
direito anterior, ou seja, dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da
estabelecida em Lei. A Constituição Brasileira no inciso VI do artigo 167, proíbe
expressamente o remanejamento ou a transferência de recursos do orçamento de
uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia
autorização legal.
No artigo 318, estabelece os crimes de facilitação de contrabando ou
descaminho.
O crime de prevaricação, definido no artigo 319, caracteriza-se pela prática
pelo servidor de retardamento ou omissão na prática de ato ou ofício, ou fazê-lo,
contra disposição de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. As
condutas retardar e deixar de praticar são condutas omissivas (omissão própria).
Praticar é conduta comissiva. A diferença entre retardar e deixar de praticar é que
esse último tem um tom de definitividade. Retardar é protelar, demorar. Ato de ofício
é aquele ato que está inserido na esfera de atribuições ou de compromissos do
agente.
A condescendência criminosa consiste no fato de deixar o servidor de
responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando
lhe falta competência, não levar o fato à autoridade competente.
Também constituem crimes contra a administração: advocacia administrativa,
abandono de função, a violência arbitrária, a violação de sigilo funcional, e o
exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado.
âmbito da referida lei, pois muitas dos atos identificados são de natureza criminal,
estão definidos em outras leis, em especial, o Código Penal. A sanção estabelecida é
de natureza política ou civil, independentemente das outras sanções civis, penais, e
administrativas previstas em norma jurídica própria. O processo judicial e o
procedimento administrativo devem ser sucessivos objetivando a apuração de atos
de improbidade e a aplicação das sanções contra os respectivos agentes, no âmbito
de cada ramo.
A Lei nº. 8.429/92 apresenta-se como um instrumento para assegurar-se a
probidade administrativa brasileira, resguardando-se, assim, a incolumidade do
patrimônio público e o respeito aos princípios da boa administração, com o
ressarcimento do erário, a punição do culpado e seu afastamento temporário do
processo eleitoral.
A Constituição Federal no seu artigo 5.º, LV, assegura aos acusados e aos
litigantes em geral, em processo judicial ou administrativo, o direito a ampla e
contraditório, com todos os recursos a ela inerentes. O Estado deve punir o infrator,
pois age em defesa da sociedade, que por meio de um contrato social concedeu a
certos poderes. Porém, o contrato que foi celebrado não autoriza a presença do
arbítrio, o uso da força desprovido do interesse público. O princípio do contraditório
tornou-se a partir da constituição de 1988 uma regra e não uma exceção. O
funcionário público tem o direito líquido e certo de exercer por meio de profissional
devidamente qualificado a sua ampla defesa. Ao administrador cabe cumprir a lei. E
esta produz todos os efeitos, ou como ensinam os romanos, dura lex sed lex, “dura
é a lei, mas é a lei". O princípio da garantia de defesa está assegurado no inciso LV
do art. 5º da Lex Mater, juntamente com a obrigatoriedade do contraditório, como
decorrência do devido processo legal (CF, art. 5º, LIV), que tem origem no due
process of law do direito anglo-norte-americano. O princípio do contraditório,
assegurado ao acusado a ampla defesa, com a utilização dos meios e recursos
admitidos em direito (Constituição Federal, art. 5º, inc. LV e Lei n.º 8.112/90, arts.
143 e 153).
O Supremo Tribunal Federal sobre o instituto da ampla defesa já se
pronunciou quando decidiu, em seção plena, em 21/03/1990, no julgamento do
Mandado de Segurança nº. 20.999/DF:
8 COSTA, José Armando da. Teoria e prática do processo administrativo disciplinar. Brasília:
Brasília Jurídica, 1999, p. 127.
32
4 POLÍTICAS E ESTRATÉGIAS
4.2 MERITOCRACIA
5 CONCLUSÃO
BOBBIO, Noberto. Dicionário de Política. 13ª Ed. Brasília: UNB, 2007, 1318p.
DE PLÁCIDO E SILVA. Vocabulário Jurídico, Vol. II, Rio de Janeiro: Ed. Forense,
1973. 871p.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 13ª ed. Atlas. São Paulo.
2001. 712p.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 18ª ed. São Paulo.
Malheiros. 1993. 700p.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 5ª ed. São
Paulo. Malheiros. 1995. 1330p.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal, vol. III. 16ª ed. São Paulo.
Atlas. 2001. 1200p.