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Capítulo II - Elementos de Fotogrametria e Sensoriamento Remoto 17

CAPÍTULO II

2 CÂMARAS FOTOGRAMÉTRICAS

2.1 Introdução

De todos os tipos de sistemas utilizados no processo de gravação de dados para medidas fotogramétricas, o
sistema de câmara é o mais empregado. Quando utilizada em plataforma aérea é denominada de câmara aérea,
quando fixada em uma estação terrestre é denominada câmara terrestre e aerotransportada por um veículo
espacial denomina-se câmara espacial. Este capítulo descreverá os aspectos gerais no que concerne as câmaras
aéreas.
O marco inicial da evolução das câmaras aéreas se deve ao desenvolvimento do processo fotográfico e
posteriormente à invenção das aeronaves. A partir deste instante, os tecnólogos iniciaram suas pesquisas em
busca de tecnologia mais avançada, com a finalidade de melhorar os sensores para a aquisição dos dados, corrigir
os efeitos de perspectiva, borramente provocado pelo arrastamento das imagens, resolução espacial, espectral,
radiométrica, entre outros aspectos. A Figura 2-1 apresenta um breve histórico da evolução das câmaras aéreas
métricas convencionais.

FIGURA 2-1 : Evolução das câmaras aéreas

As câmaras aéreas tiveram sua primeira funcionalidade na I e II Guerra Mundial, com a finalidade da tomada
de fotografias para fins de estratégia militar. A câmara do tipo handheld era utilizada de forma que um operador a
segurava com as mãos para a tomada das fotografias. Percebe-se que, o uso desta câmara somente poderia ser
útil para finalidades de reconhecimento, sendo totalmente desconsiderado seu uso para mapeamento cartográfico
de precisão.

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Em 1922 surgiu a primeira câmara RMK C1, com dispositivos mecânicos mais avançados e um sistema de
lentes superior à primeira câmara aérea desenvolvida. Com isto, o avanço graduado da tecnologia influenciou cada
vez mais a melhoria dos sistemas de lentes e desta forma, câmaras aéreas com melhor qualidade geométrica e
radiométrica estão sendo desenvolvidas. Em 1999, na semana fotogramétrica (Photogrammetric Week), foi
anunciado o desenvolvimento da câmara digital de arranjo matricial DMC-Z/I e em 2002 ocorreu seu lançamento no
mercado de mapeamento.
Atualmente, existem três classificações de câmaras utilizadas na aquisição de imagens para mapeamento,
isto é:
• Câmara métrica convencional;
• Câmara não métrica de pequeno formato (câmara digital amadora); e
• Câmara métrica digital com sensor linear e matricial (ADS-40 e DMC-Z/I, por exemplo).

Uma câmara métrica convencional é projetada especialmente para aquisição de fotografias para fins
cartográficos, pois fornece precisão geométrica adequada para mapeamento. Uma câmara aérea com esta
capacidade é denominada de câmara cartográfica. Esta classificação é empregada na produção de mapas e
cartas. As câmaras métricas são aquelas que possuem as denominadas marcas fiduciais, que materializam o
sistema de coordenadas fotográfica e garante rigidez geométrica, pois o plano focal destas câmaras são muito
estáveis.
Este tipo de câmara utiliza rolos de filme para gravação dos objetos físicos e do meio ambiente, no modo
pancromático ou colorido, de forma que o mesmo sofre um processo de sensibilização dos grãos de brometo de
prata no contato com a luz. A Figura 2-2 apresenta algumas câmaras aéreas baseada em filmes.

FIGURA 2-2 : Câmaras aéreas baseadas em filmes.

Fotografias tomadas com câmaras métricas convencionais são denominadas de fotografias analógicas e o
processo de transformação de uma fotografia analógica para uma imagem digital ocorre por meio de um processo

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chamado rasterização ou digitalização, via scanner fotogramétrico. Os scanners fotogramétricos são instrumentos
de alta resolução geométrica (5µm/5080dpi à 30µm/846dpi: dpi - dot per inch), Fig. 2-3.1).

FIGURA 2-3.1 : Scanner fotogramétrico.

Uma imagem digital é uma matriz bidimensional de pixels dispostas em um sistema de coordenadas Coluna
e Linha (C,L) (ver capítulo 1), ao qual para cada coordenada é atribuído um valor de cinza ou as três componentes
RGB, quando colorida. Um pixel (Picture x Element) representa o menor elemento em um dispositivo de exibição,
ou seja, é o menor ponto que representa uma imagem digital. Um conjunto de milhares de pixels forma uma
imagem completa. A Figura 2-3.2 apresenta a representação de um pixel.

FIGURA 2-3.2 : Pixel e seus atributos. (A) Cores atribuídas à um pixel; (B) Representação de um pixel em
uma matriz de números; (C) Tons de cinza armazenados em uma matriz de pixels.

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(C)

Sendo assim, as imagens podem ser utilizadas em aplicativos de Fotogrametria Digital para o tratamento
adequado e realização das etapas fotogramétricas para a geração dos produtos finais de interesse para
mapeamento cartográfico.
Câmaras digitais não métricas e métricas fornecem imagens digitais como produto de aquisição de dados,
por meio de um dispositivo de carga acoplado (CCD - Charge Coupled Device), que utiliza um sensor para a
gravação de imagens, formado por um circuito integrado contendo uma matriz de capacitores ligados (acoplado).
Sob o controle de um circuito externo, cada capacitor pode transferir sua carga elétrica para um outro capacitor
vizinho. A Figura 2-3.3 mostra o esquema de funcionamento de um CCD.

FIGURA 2-3.3 : Sensor CCD. (A) Corte esquemático de um sensor; (B) Exemplo de um CCD de uma câmara digital
Kodak DC40 (Fonte: www.kodak.com).

As câmaras digitais amadoras não possuem marcas fiduciais nos dispositivos de gravação da imagem.
Porém, têm sido bastante utilizadas para fins práticos, desde que a precisão requerida não seja restritiva, e
também para trabalhos de cunho científico. As câmaras digitais métricas possuem sensores CCDs mais estáveis e
garantem rigidez geométrica com melhor confiabilidade, porém não alcançam a precisão das câmaras métricas
convencionais. No entanto, apresenta grandes vantagens em função da resolução radiométrica, fornecem imagens
multiespectrais, diminuição de custo, aumento na produtividade, entre outros fatores. A diferença básica entre as
duas classes de câmaras será entendida futuramente após o estudo deste capítulo.

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2.2 Tipos de câmaras aéreas

Atualmente, existem cinco tipos de câmaras aéreas utilizadas para fotogrametria e fotointerpretação, são
elas:
• Quadro fotográfico;
• Faixa contínua;
• Panorâmica;
• Digital Linear; e
• Digital Matricial.

2.2.1 Quadro fotográfico

A frame câmara ou câmara de quadro fotográfico expõe um quadro de área do terreno em cada tomada de
fotografia em um dado instante. Isto requer que as lentes forneçam uma cobertura angular adequada para que seja
gravada a porção da área de interesse. A Figura 2-4 apresenta um esquema gráfico de uma câmara de quadro
fotográfico.

FIGURA 2-4 : (A) Esquema gráfico de uma câmara de quadro fotográfico; (B) Quadro de área no terreno.

(A) (B)

Este tipo de câmara fornece fotografias de tamanho 23x23 cm e permite recobrimento longitudinal de 60% à
90% e lateral de 10% à 30%, com uma resolução geométrica de 2.5 µm. As principais partes de uma câmara aérea
métrica convencional de quadro fotográfico são:
• Cone;
• Corpo; e
• Magazine.
A Figura 2-5 mostra as partes de uma câmara aérea métrica convencional.

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FIGURA 2-5 : Partes de uma câmara aérea métrica convencional.

2.2.1.1 Cone

O cone de uma câmara é utilizado como suporte para o sistema de lentes fixado em relação à superfície
inferior do cone (Fig. 2-6).

FIGURA 2-6 : Cone de uma câmara aérea.

O sistema de lentes é um conjunto de lentes côncavas e divergentes, com a finalidade de convergir os raios
de luz para o plano focal da câmara. Possui alto poder de resolução ótica e basicamente, forma a imagem dos
objetos fotografados no terreno. Algumas das lentes utilizadas em câmaras aéreas de precisão cartográfica são
mostradas na Figura 2-7.

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FIGURA 2-7 : Sistema de lentes. (A) distância focal de 152 mm; (B) distância focal de 300 mm.

85o-95o 50o-75o

Ao visualizar a Figura 2-7 verifica-se que, quanto maior a distância focal menor o ângulo de abertura da
câmara para o recobrimento aéreo. O campo angular de uma lente é diretamente associada à distância focal da
câmara.
As lentes de alta performance utilizadas em câmaras métricas convencionais são desenhadas para corrigir
as aberrações cromáticas, de tal forma que, qualquer tipo de filme poderá ser utilizado para a aquisição das
imagens. As lentes são classificadas como:
• Normal: distância focal de 200 e 300 mm. Utilizada em aplicações de fotointerpretação,
mapeamento, mosaicos, grande variação de terrenos e alta densificação predial;
• Grande angular: distância focal de 152 mm.Tipo de câmara mais comum em aerolevantamentos; e
• Super grande angular: distância focal de 88 mm. Usada para mapeamento de áreas de pequena
variação de terreno.

A superfície superior do cone de uma câmara contém o plano focal que possui marcas de referência,
denominadas marcas fiduciais, que materializam o sistema de coordenadas da fotografia resultante, ou sistema
fotográfico.
As marcas fiduciais são localizadas no meio de cada um dos quatro lados ou nos cantos do quadro focal
(Figura 2-8), juntamente com as informações marginais do altímetro, número da câmara, distância focal, número da
fotografia, nível da bolha, hora e dia da tomada da exposição etc. Estas informações são registradas em cada
exposição e o registro das marcas fiduciais ocorre no contato do filme com a placa de metal onde estão gravadas
as marcas fiduciais.

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FIGURA 2-8 : Marca fiducial.

(A) (B)

O cone é feito de um metal com um coeficiente relativamente baixo de expansão termal, de forma que as
lentes, o plano focal e as marcas fiduciais são gravados na mesma posição relativa em qualquer temperatura ao
qual as mesmas sejam expostas. A posição relativa dos componentes mencionados acima fixa os elementos de
orientação interior da câmara (f, k1, k2, k3, P1, P2), sendo:
• f: distância focal da câmara;
• k1, K2 e k3: parâmetros de distorção radial das lentes; e
• P1 e P2: parâmetros de distorção descentrada das lentes.

2.2.1.2 Corpo da câmara

O corpo da câmara é constituído do cone externo (a função do cone externo é receber o cone interno e o
mecanismo de avanço motorizado do filme e servir de interface para o magazine) e de outras peças, tais como,
suportes, alavancas de comando e dispositivos de controle automático do ciclo de funcionamento da câmara. O ciclo
de funcionamento da câmara pode ser resumido em 4 etapas: (1) avançar o filme; (2) aplainar o filme, que é feito por
um dispositivo de sucção fixado no plano focal ou no magazine; (3) armar o obturador (4) disparar o obturador.
Existem vários dispositivos para manter o filme plano, sendo o dispositivo de vácuo-sucção o mais comum (Fig.
2-9). Outras possibilidades não tão eficientes são: (1) a colocação de duas placas de vidro, que podem provocar riscos
no negativo; (2) placa com eletricidade estática, que pode danificar os circuitos elétricos da câmara; (3) aplicar tensão
entre as extremidades, de modo que o filme fique “esticado”; (3) usar negativos com base de vidro ou cristal, o que é
inviável para Aerofotogrametria.

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FIGURA 2-9: Dispositivo de vácuo-sucção para aplainar o filme (FONTE: TOMASELLI, 2001).

2.2.1.4 Magazine

De acordo com TOMASELLI (2001), o magazine é utilizado para armazenar o filme antes e depois da exposição,
avançar a quantidade necessária de filme e aplainá-lo. O magazine pode ser de rolo ou em forma de porta-placas, este
mais comum para Fotogrametria terrestre (Fig. 2-10c). Um magazine de rolo, para fotografias 23x23cm pode
armazenar mais de 120m de negativo, ou o suficiente para tomar mais de 450 fotos.
O dispositivo de planura do filme, normalmente do tipo vácuo-sucção, é uma das peças chaves do processo
fotogramétrico. Caso o filme não esteja exatamente plano, as posições planimétricas dos pontos na foto estarão
prejudicadas, gerando um erro sistemático ao longo de todo o processo. A deformação do filme em relação ao plano,
ou seja, a distância do filme ao plano focal ideal pode chegar a 0.5mm em câmaras 35mm e a 1,0mm em câmaras
70mm (formato 55x55mm) (Donnely, 1990, appud Atkinson, 1996). Este erro pode se propagar para as
fotocoordenadas e geram erros de grande magnitude.
Normalmente os magazines são removíveis, de tal maneira que possam ser preparadas várias unidades para
serem trocadas durante o vôo, sem a necessidade de retirar o filme já exposto.

FIGURA 2-10 : Magazine da câmara UMK: (A) o magazine aberto mostrando o rolo de filme; (B) dispositivo de sucção
de uma placa plana (neste modelo a bomba é externa); (C) porta placas para filme plano. (FONTE: TOMASELLI, 2001)

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Além das marcas fiduciais, algumas câmaras possuem também um reseau, que é uma placa de cristal com
pontos quadriculados gravados em sua superfície. Embora este tipo de dispositivo seja comum em câmaras semi-
métricas, em alguns casos pode ser usado também em câmaras aerofotogramétricas, aumentando sensivelmente a
exatidão do processamento, uma vez que os erros sistemáticos podem ser corrigidos para cada pequena região da
quadrícula. Na maioria das vezes, o usuário e contratante prefere as fotos sem as marcas do reseau, podem atrapalhar
a identificação de algum pequeno detalhe.

2.2.1.3.1 Magazine com compensação de arrastamento

Para TOMMASELLI (2001), o arrastamento é um borramento na imagem provocado pelo movimento relativo
da imagem enquanto o obturador permanece aberto durante o disparo da câmara. Nesta pequena fração de segundo
qualquer ponto estará em movimento, que será registrado como um borrão linear. O arrastamento na imagem pode
ser quantificado através da expressão 1.

V .t. f
Arrastamento = v.t = (1)
Hv
onde:

v : velocidade aparente (relativa) da imagem;


t : tempo de exposição;
V : velocidade da aeronave;
f : distância focal da câmara;
Hv : altura de vôo;

Se a velocidade aparente das imagens (v) for sincronizada com a relação V/Hv então o arrastamento será nulo.
Os dispositivos de compensação de arrastamento (também chamados de computadores V/Hv) provocam um pequeno
movimento sincronizado do negativo, na direção do vôo, enquanto o obturador está aberto (Figura 2-11a). Este
pequeno movimento elimina o arrastamento e melhora significativamente a qualidade da imagem (Figura 2-11b). Na
Figura 2-11b mostra-se um magazine com um dispositivo de compensação, também chamado de FMC (Forward
Motion Compensation), da câmara RMK-Top, Zeiss.

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FIGURA 2-11: Compensação do arrastamento. (A) Esquema de um magazine com FMC; (B) Magazine com FMC
da câmara RMK-Top Zeiss; (C) Borramento na imagem causado pelo arrastamento; (D) Imagem tomada com
câmara com FMC, sem arrastamento (FONTE: TOMASELLI, 2001)

(C) (D)

2.2.1.5 ACESSÓRIOS

2.2.1.5.1 Berço

De acordo com TOMASELLI (2001), o berço é o mecanismo usado para fixar a câmara, sobre o orifício na
fuselagem da aeronave. Para evitar a transmissão das vibrações da aeronave para a câmara, o berço é sustentado por
amortecedores, que absorvem impactos. O berço dispõe de um mecanismo de rotação em torno da vertical, que
permite a correção da deriva da aeronave, durante o vôo. A deriva é o desvio na orientação da aeronave em relação à
linha de vôo e é resultado de ventos laterais. Além deste movimento, existem parafusos nivelantes que permitem
nivelar a câmara durante o vôo, embora isto não garanta que os ângulos de orientação sejam nulos.
Para manter a câmara perfeitamente nivelada durante o vôo, o berço deve ser dotado de um dispositivo de
controle ativo, como o mostrado na Figura 2-12b. Este dispositivo é baseado em um conjunto de 3 giroscópios, um
para cada eixo e permite obter fotos perfeitamente verticais.

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FIGURA 2-12: Berços de câmaras fotogramétricas. (A) Berço e câmara UMK 1318; (B) Berço giro-estabilizado de
uma câmara RMK-Top.

2.2.1.5.2 Unidade de controle

Segundo TOMASELLI (2001), a unidade de controle contém vários dispositivos elétricos e eletrônicos que
comandam o funcionamento da câmara. Cada modelo de câmara e cada fabricante implementam diferentes
características e funcionalidades na unidade de controle. Um dos elementos da unidade de controle mais importantes é
o intervalômetro, que controla o intervalo entre as sucessivas exposições, realizando o ciclo da câmara
automaticamente (armar o obturador, ligar o dispositivo de sucção, disparar e mover o filme). Alguns modelos mais
modernos de intervalômetro estão conectados ao visor na câmara, o que permite ao fotógrafo controlar com precisão a
superposição a ser obtida. Também na unidade de controle há um dispositivo de controle da exposição, que é similar
ao fotômetro. Este dispositivo pode manual, como no modelo da figura 2-13a, ou automático. Nos modelos automáticos
o dispositivo automaticamente mede ao brilho da cena e calcula a melhor combinação de abertura do diafragma e de
tempo de exposição, controlando a câmara com estes parâmetros.

FIGURA 2-13: Unidade de controle. (A) Unidade de controle de uma câmara UMK 1318; (B) Unidade de controle de
uma câmara RMK-Top

O modelo de unidade de controle apresentado na Figura 2-13b, por exemplo, possui um microprocessador e
interfaces para GPS e sistemas de navegação.

2.2.1.5.3 Visor com Intervalômetro

O visor é dispositivo ótico externo à câmara que permite ao fotógrafo visualizar a área que está sendo
fotografada. A Figura 2-14a mostra um modelo simples de visor, que permite apenas a visualização da cena.

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Alguns modelos mais recentes, como o mostrado na Figura 2-14b são considerados como uma parte do
intervalômetro e permitem o controle preciso da superposição longitudinal entre duas fotos sucessivas.

FIGURA 2-14: Visor. (A) Visor da câmara UMK 13/18; (B) Visor com intervalômetro da câmara RMK-Top

2.2.1.5.5 Telescópio de navegação

O telescópio é usado para a navegação, para a medição e controle da superposição e deriva lateral. O
telescópio oferece uma cobertura de 85o à frente em relação ao nadir. Para a medida da relação v/h, existem marcas
luminosas móveis que são sincronizadas visualmente com a imagem aparente da cena.

FIGURA 2-15 : Telescópio Zeiss.

2.2.1.5.6 Orientação do vôo por GPS e disparo assistido por GPS

O Sistema de Posicionamento Global (GPS) pode ser usado em fotogrametria de várias maneiras: (a) para a
navegação da aeronave de acordo com o plano de vôo traçado; (b) para o disparo programado das estações, de
acordo com o plano de vôo; (c) para a determinação precisa das coordenadas do centro perspectivo da câmara no
momento da tomada da foto; (d) para a determinação de pontos de apoio em campo. Somente as três primeiras
alternativas podem ser usadas durante o vôo.

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A Figura 2-16 apresenta um dispositivo de gerenciamento do vôo apoiado por GPS. Este dispositivo é
composto de um microprocessador, uma tela para o piloto orientar-se durante o vôo e um monitor sensível ao toque,
para o fotógrafo.

FIGURA 2-16 Sistema de orientação ao vôo assistido por GPS. (cortesia Zeiss).

2.2.1.5.7 Sistema Inercial

Os sistemas inerciais são destinados, fundamentalmente, a medir a atitude do sensor, ou seja, os ângulos
de orientação. Os sistemas deste tipo são conhecidos como I.M.U. (Inertial Measurement Unit) e são compostos de
3 giroscópios e 3 acelerômetros, além de sensores auxiliares para a calibração. O sistema inercial é rigidamente
conectado à câmara e registra todas as inclinações que esta sofre durante o vôo. Normalmente, a I.M.U. está
conectada a uma interface que também captura dados GPS, de tal modo que é possível determinar a posição e
orientação da câmara durante a tomada da foto. Embora esta informação não seja precisa o suficiente para
eliminar completamente a necessidade de pontos de apoio medidos em campo, está provado experimentalmente
que podem ser medidos apenas 4 destes pontos em um bloco para obter as precisões compatíveis com o
mapeamento (TOMASELLI, 2001).

2.2.2 Câmaras panorâmicas

A câmara aérea panorâmica realiza a tomada das fotografias em uma direção normal à direção da linha de
vôo e faz a tomada das fotografias de ambos os lados do terreno. A Figura 2-17 apresenta um sistema da ITEK, no
qual prismas giram continuamente com um ângulo de 360º para a aquisição da imagem. O movimento do filme é
intermitente ao longo do plano focal. O movimento contínuo das lentes e do filme reduz o poder de operação e
elimina as perturbações que podem degradar a qualidade do filme.

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FIGURA 2-17: Esquema da câmara panorâmica da ITEK. (A) Funcionamento interno; (B) Varredura lateral.

(A)

(B)

2.2.3 Faixa contínua

Nas câmaras de faixa contínua, o filme se movimenta continuamente em pequenas frações no plano focal.
Neste caso, como a aeronave se movimenta ao longo de uma linha de vôo, o terreno é imageado diretamente ao
longo de uma faixa de vôo com uma determinada largura, que depende exclusivamente da abertura angular da
câmara. A velocidade com que o filme se move está em função da altitude da aeronave em relação ao terreno, a
distância focal e a velocidade da aeronave.

2.2.4 Sensores digitais lineares e matriciais

O sensores lineares ADS-40 -Leica foram lançados no XIX Congresso da ISPRS (International Symposium of
Photogrammetry and Remote Sensing) em julho de 2000, desenvolvida pela LH-System em cooperação com o
Centro Aeroespacial Alemão. A Figura 2-18 mostra uma imagem da câmara instalada em uma aeronave.

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FIGURA 2-18: Câmara ADS40 – LEICA (FONTE: www.esteio.com.br).

Este tipo de câmara utiliza três componentes básicos para o aerolevantamento, tais como, uma
câmara digital de arranjo linear, receptor GPS (Global Positioning System) e um sistema inercial para a
determinação da atitude da aeronave. O sensor digital linear fornece imagens do terreno por meio de
varreduras contínuas com visadas anterior (Fig. 2-19a), posterior (Fig. 2-19c) e nadiral (Fig. 2-19b) da
superfície física da Terra.

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FIGURA 2-19: Varredura do sensor linear. (A) Varredura anterior; (B) Varredura nadiral; (C) Varredura posterior
(FONTE: www.esteio.com.br).

(A) (B) (C)

A câmara digital possui um sistema de lente com 1 ou mais distâncias focais, 3 a 5 sensores lineares
no modo Pancromático (estéreo) e de 3 a 7 sensores multiespectrais (RGB e infravermelho). A Figura 2-20
apresenta a varredura contínua e o esquema de varredura para cada tipo de modo (PAN e Multiespectral).

FIGURA 2-20: Varredura contínua e seus modos de imageamento (FONTE: www.esteio.com.br).

De acordo com a Figura 2-21, o campo de visada do modo PAN anterior é de 28.40, enquanto que o
PAN posterior é de -14.20 ambos em relação a visada nadiral. Isto faz com que se tenha uma imagem
estereoscópica e possibilita a visualização tridimensional.

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FIGURA 2-21: Ângulos de visadas do modo PAN (FONTE: www.esteio.com.br).

Para os sensores multiespectrais a visada do infravermelho posterior é de -2.00 e a visada RGB


anterior é de 16.10. A Figura 2-22 apresenta os ângulos de visadas para o modo multiespectral.

FIGURA 2-22: Ângulos de visadas do modo Multiespectral (FONTE: www.esteio.com.br).

Ao visualizar a Figura 2-23 percebe-se que, a Fig. 2-23a apresenta uma imagem da varredura
anterior, a Fig. 2-23b da varredura nadiral e a Fig. 2-23c uma imagem da varredura posterior. A câmara de
sensor linear apresenta essas imagens em um nível 0 de tratamento (imagem bruta), por isso existe a
necessidade de realizar um tratamento das imagens para que se obtenha uma única imagem corrigida com
uso dos dados GPS e do sistema inercial, sendo passível de visão estereofotogramétrica (Fig. 2-23d).

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Capítulo II - Elementos de Fotogrametria e Sensoriamento Remoto 35
FIGURA 2-23: (A) varrredura anterior; (B) varredura nadiral; (C) varredura posterior; (D) imagem corrigida (FONTE:
www.esteio.com.br).

(A) (B) (C)

(D)

Na Figura 2-23d percebe-se que, o topo da edificação apresentada não possui nenhum deslocamento
devido ao relevo, como pode ser visto nas demais imagens acima.
Algumas vantagens deste tipo de sistema em relação às câmaras convencionais são:
• Projeção perspectiva paralela (Fig. 2-24a);
• Número de imagens para o recobrimento aéreo da região de interesse é menor (Fig. 2-24b);
• Resolução multiespectral melhor que as imagens de satélite de alta resolução;
• Produtos ligeiramente mais rápidos;
• Sem a necessidade de rolos de filme, laboratório fotográfico e scanners; e
• Resolução de 8 a 12 bits, permitindo a visualização de objetos obstruídos por sombra (Fig. 2-
24d).

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Capítulo II - Elementos de Fotogrametria e Sensoriamento Remoto 36
FIGURA 2-24: (A) perspectiva paralela; (B) imagem de varredura; (C) imagem com resolução de 8 bits; (D)
imagem com resolução de 12 bits (FONTE: www.esteio.com.br).

(A) (B)

(C) (D)

Sem a intenção de esgotar o assunto, na Tabela 1 serão apresentadas algumas diferenças entre a
câmara digital de sensor linear e de sensor matricial.
ADS – 40 (Airbone Digital Sensor) DMC (Digital Mapping Camera)
Sensor CCD (Charge Couple Device) Sensor CCD arranjo matricial
arranjo linear
PAN (24000 pixels) Pan (13826 x 7680 pixels)
MS – R,G,B e NIR MS – R,G,B e NIR
Tamanho do pixel 6,5 x 6,5 µm Tamanho do pixel 12 x 12 µm
1 lente telecentrica 4 lentes da Zeiss (PAN) + 4 lentes (MS)
Distância focal 62,7 mm Distância focal 120 mm (PAN) e 25,4 mm
(MS)
FOV 640 FOV 740 x 440
12 bits / 8 bits 12 bits
Sistema inercial/GPS Sistema inercial/GPS (opcional)
Mínimo GSD 15 cm Mínimo GSD 5 cm
Memória 540 GB Memória 840 GB (> 2000 imagens)

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Capítulo II - Elementos de Fotogrametria e Sensoriamento Remoto 37
2.3 Laser scanner

ver capítulos I, II, III e IV de DALMOLIN, Q.; SANTOS, D. R. Sistema Laserscanner: conceitos e
princípios de funcionamento. Curitiba, UFPR, 97 pp., 2004.

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