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Cristianização

Embora o midsommar seja originalmente um feriado pagão, no cristianismo ele é associado ao


nascimento de João Batista, que é associado ao mesmo dia, 24 de junho, nas igrejas católica,
ortodoxa e em algumas igrejas protestantes. Ocorre seis meses antes do Natal porque o Evangelho
de Lucas (Lucas 01:26 e Lucas 1.36) implica que João Batista nasceu seis meses antes de Jesus,
embora a Bíblia não diga em que época do ano isso aconteceu.[3]

No século VII, Santo Elígio (falecido em 659/60) avisou aos recém-convertidos habitantes de
Flandres contra as antigas celebrações pagãs do solstício, ao dizer: "Nenhum cristão deve
participar da festa de São João ou da solenidade de qualquer outro santo e realizar solestitia [ritos
do solstício de verão] ou dançar, pular ou entoar cantos diabólicos".

Conforme o cristianismo se propagou por regiões de tradição pagã, as celebrações do midsommar


foram transformadas em novos feriados cristãos, muitas vezes resultando em celebrações que
misturavam tradições cristãs com tradições derivadas de festividades pagãs.[4]

A religiosidade popular absorveu de forma muito profunda essa mistura das festividades pagãs
com a doutrina cristã. Nas regiões do Sul da Europa, sobretudo na Península Ibérica, onde o
catolicismo desenvolveu-se com muita força no fim da Idade Média, essas tradições tornaram-se
plenamente arraigadas. Com a colonização do Brasil pelos portugueses a partir do século XVI, as
festividades juninas aqui foram se estabelecendo, sem maiores dificuldades, e ganhando um feitio
próprio.

As comemorações das festas juninas no Brasil, além de manterem as características herdadas da


Europa, como a celebração dos dias dos santos, também mesclaram elementos típicos do interior
do país e de tradições sertanejas, forjadas pela mescla das culturas africana, indígena e europeia.
Sendo assim, as comidas típicas (como a pamonha), as danças, o uso de instrumentos musicais
(como a viola caipira) nas festas, etc., tudo isso reflete milênios de tradições diversas que se
imbricaram.

Com a filha de João/Antônio ia se casar/mas Pedro fugiu com a noiva/na hora de ir


para o altar."

Esta e outras cantigas de roda são característica marcante das Festas


Juninasrealizadas em todo o país. Especialmente no interior, as homenagens a
Santo Antônio, São João Batista e São Pedro mobilizam a população e levam
visitantes às pequenas e grandes cidades, nos dias 13, 24 e 29 de junho.
Que tal conhecer o que diz a tradição católica sobre esses santos?

Santo Antônio
Para seguir a ordem cronológica das festas, pode-se começar por Santo Antônio.
Ele nasceu em Lisboa, em data incerta, entre 1190 e 1195. Seu nome de batismo
era Fernando. Pertencia a uma família de posses, chamada Bulhão ou Bulhões.
No entanto, abdicou da riqueza por volta de 1210, ingressando na ordem dos
franciscanos.

Seguiu para o atual Marrocos para desenvolver trabalho missionário, mas sua
saúde não se adaptou ao clima africano. Adoeceu e regressou à Europa, fixando-
se na Itália. Lá, demonstrou grande talento para a oratória, o qual desenvolveu
praticando ao máximo durante nove anos.

Possuía grande conhecimento da Bíblia e seus sermões impressionavam tanto os


intelectuais quanto as pessoas simples. Alguns de seus escritos foram
conservados e são conhecidos ainda hoje. Seu carisma conquistava multidões. A
saúde, porém, continuava frágil e ele morreu com cerca de 35 anos, em 13 de
junho de 1231, sendo canonizado no ano seguinte. Está enterrado em Pádua
(Itália) e sobre seu túmulo ergueu-se uma basílica, que é lugar de grande
peregrinação.

São João Batista


Em geral, os dias consagrados aos santos são aqueles em que eles morreram. No
caso de São João Batista, acontece o contrário: comemora-se o seu nascimento,
que teria sido em 24 de junho de ano desconhecido. João Batista foi profeta e
precursor de Jesus Cristo. Era filho de Zacarias, um sacerdote de Jerusalém, e de
Isabel, parente da mãe de Jesus.

João apareceu como pregador itinerante em 27 d.C. Aqueles que confessavam


seus pecados eram por ele lavados no rio Jordão, na cerimônia do batismo.
Atualmente, Israel e a Jordânia disputam a posse do local exato do rio onde São
João batizava, já que isso atrai uma imensa quantidade de peregrinos e turistas.

João teve muitos discípulos e batizou o próprio Jesus. Porém, logo depois, foi
atirado na prisão por haver censurado o rei Herodes Antipas, quando este se
casou com Herodíades, a mulher de seu meio-irmão.

De acordo com a Bíblia, Herodes prometeu à jovem Salomé, filha de Herodíades e


execelente dançarina, o que ela lhe pedisse, depois de tê-la visto dançar.
Instigada pela mãe, Salomé pediu a cabeça de João Batista, que lhe foi entregue
numa bandeja. O episódio teria ocorrido em 29 d.C.

São Pedro
São Pedro também tem parte de sua vida registrada pelo Novo Testamento. Era
um pescador no mar da Galiléia, casado, irmão de Santo André. Juntamente com
este, foi chamado por Cristo para tornar-se "pescador de homens". Seu nome
original era Simão, mas Jesus deu-lhe o título de Kephas, que, em língua
aramaica, significa "pedra", e cujo equivalente grego tornou-se Pedro.

O nome se origina quando Simão declarou "Tu és Cristo, o filho de Deus vivo", ao
que Jesus respondeu "Tu és Pedro e sobre essa Pedra edificarei minha Igreja",
entregando-lhe as "chaves do reino do Céu" e o poder de "ligar e desligar". Os
evangelhos dão testemunho da posição de destaque ocupada por Pedro entre os
discípulos de Jesus. No entanto, mesmo assegurando que jamais trairia Cristo,
negou conhecê-lo por três vezes, quando seu mestre foi preso. Após a
ressurreição, Pedro foi o primeiro apóstolo a quem Cristo apareceu e, depois
disso, ele se tornou chefe da comunidade cristã.

A tradição, que não está relatada explicitamente no Novo Testamento, conta que
Pedro teria sido crucificado em Roma. O fato tem sido muito questionado, mas as
pesquisas arqueológicas têm contribuido para confirmar a tradição, deixando claro
que Pedro foi martirizado a mando de Nero.

Conta-se que ele pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, para não
igualar-se a Jesus. No local onde foi sepultado, segundo a tradição, ergueu-se a
basílica do Vaticano, mas as escavações feitas no local não são conclusivas
quanto ao fato de ali ser ou não o túmulo do santo.

Quo vadis?
Das várias histórias que surgiram em torno de São Pedro, uma delas conta que o
santo, fugindo da perseguição, estava deixando Roma, quando encontrou-se com
Cristo e perguntou-lhe: "Onde vais, Senhor?" (em latim, Quo vadis, Domine?).
Jesus disse que voltava para Roma, onde seria novamente crucificado. Pedro
então voltou para Roma e acabou martirizado.

Este episódio deu origem ao romance "Quo Vadis", do escrito polonês Henrik
Sienkiewicz, Prêmio Nobel de 1905, adaptado pelo cinema norte-americano num
filme de 1951, dirigido por Mervin LeRoy, que se tornou um clássico de Hollywood.

Para encerrar, uma curiosidade linguística. Você sabe o que significa


comemoração? Comemorar, junta o prefixo latino "co" (uma redução de "com")
com "memorar" que significa trazer à memória, lembrar. Ou seja, trata-se
de lembrar comos outros alguma pessoa ou fato importante para a comunidade.

Conheça mais sobre os santos de junho

· Santo Antônio, o casamenteiro:


Nasceu em Lisboa, em 1195, e foi batizado com o nome Fernando
de Bulhões. Em 1220, trocou o nome para Antônio, ingressando na
Ordem Franciscana. Padroeiro dos pobres e considerado o santo
casamenteiro, também é invocado para achar objetos perdidos.
· São João Batista, protetor dos doentes:
Diz a Bíblia que foi ele quem batizou Jesus. É o mais famoso dos
três santos de junho, tanto que as festas juninas são conhecidas como
festas joaninas ou festas de São João. É protetor dos casados e
enfermos, protegendo contra dor
de cabeça e de garganta.
· São Pedro, dono da chuva:
Nascido com o nome de Simão, foi chamado de Cefas (pedra, em
aramaico) por Jesus, por sua liderança. É visto como o primeiro
papa da Igreja, e, segundo a tradição católica, foi nomeado chaveiro
do céu. É atribuída a ele a responsabilidade de fazer chover e mudar
o clima.
Você sabia?
O pão de Santo Antônio, que a Igreja Católica oferece no dia 13 de
junho, deve ficar guardado com os outros mantimentos na cozinha
para que nunca falte comida em casa.

Simpatias para ter sorte no amor


Santo Antônio é a esperança para quem quer ser feliz a dois.
Conheça 4 simpatias que atraem ou fortalecem um grande amor!
· Arrumar namorado
No dia 13 de junho compre um copo. Encha-o com água, adicione
três pitadas de sal e um botão de rosa vermelha. Deixe a flor lá até
que murche. Tome um banho com essa água, repetindo 13 vezes a
frase: “ Santo Antônio, Santo Antônio, mande um Antônio para
mim” .
· Ser pedida em casamento
No dia 13 de junho coloque uma fita vermelha no sutiã, entre os
seios, e use-a por sete dias. Retire e guarde-a dentro de um envelope
e leve-o fechado ao altar de Santo Antônio. Peça ao santo que
realize seu desejo e acenda uma vela vermelha de sete dias.
· Encontrar a cara-metade
Esta simpatia pode ser feita em qualquer dia deste mês. Antes de ir a
uma festa junina, coloque uma rosa vermelha em 1 litro de água e
deixe ferver por cinco minutos. Espere esfriar e adicione uma colher
de mel puro. Jogue a água pelo seu corpo, inclusive na cabeça.
Depois, tome um banho. O amor da sua vida estará nessa festa!
· Nunca perder quem você ama
Escreva o nome do amado na sola do pé esquerdo do sapato que
estiver usando na noite do dia 12 de junho. Antes de se deitar, pise
com força e repita três vezes: “ Debaixo do meu pé eu te prendo
(diga o nome dele), eu te amarro (nome dele), eu te mantenho (nome
dele) pelo poder das 13 almas benditas” .

As festas juninas nasceram da tradição católica de homenagear três


santos populares que são lembrados neste mês. Você os conhece?

Santo Antônio
Um dos santos mais queridos no Brasil e em Portugal. Fernando de
Bulhões nasceu em Lisboa em 15 de agosto de 1195 e morreu em 13
de junho de 1231, em Pádua, na Itália. Foi quando mudou da ordem
de Santo Agostinho para a ordem de São Francisco, em 1220, que
Fernando passou a ser chamado de Antônio. Esse santo normalmente
é representado carregando o menino Jesus em seus braços.

Santo Antônio é conhecido por ser casamenteiro. É a ele que moças


solteiras recorrem para achar um noivo. E como o santo sofre! A
imagem dele é colocada de cabeça para baixo pelas jovens, que
dizem que só o colocam na posição normal se um namorado aparecer.
Na madrugada do dia 13 são feitas várias simpatias com essa
intenção. Mas Santo Antônio também é conhecido por ajudar-nos a
encontrar objetos perdidos e por ser protetor dos soldados e dos
comerciantes varejistas.
Ouça o radioteatro que conta a história do Santa Casamenteiro

São João
Não é à toa que junho e festa junina são nomes em homenagem a
esse santo. Conhecido por ser festeiro, São João nasceu em 24 de
junho, com o nome de João Batista. Ele foi primo de Jesus Cristo e
faleceu em 29 de agosto do ano de 31 depois de Cristo, na Palestina.
Antes mesmo de Jesus, ele já pregava às margens do rio Jordão.

São João instituiu o batismo, pela prática da purificação, por meio da


imersão das pessoas na água. Por isso, uma tradição muito comum é
a lavagem do santo, que é feita por seu padrinho, pessoa que está
pagando por alguma graça alcançada. O ritual acontece geralmente à
meia-noite da véspera do dia 24.

Outra lenda muito comum é a de que São João adormece no dia do


seu aniversário pois, se estivesse acordado, não resistiria aos festejos
e desceria à Terra, podendo se queimar na fogueira. Esse é um dos
motivos dos fogos de artifício, justamente para acordá-lo.

Radioteatro conta quais são as simpatias de São João


São Pedro
Outro santo festejado em junho, no dia 29, é São Pedro, um homem
de origem humilde, apóstolo de Cristo e fundador e primeiro Papa da
Igreja Católica. Ele é considerado protetor dos pescadores e das
viúvas. Segundo a tradição católica, depois de morrer, São Pedro foi
nomeado chaveiro do céu, ou seja, para alguém entrar lá, o santo tem
de abrir as portas. Também lhe é atribuída a responsabilidade de
fazer chover. Por isso dizemos às crianças que quando está aquele
aguaceiro, com trovão e tudo, é porque São Pedro está lavando o céu
e mudando os móveis de lugar.

Ouça radioteatro que conta a história de São Pedro e São Paulo

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