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Maria Cristina / Viviam: 15, 16, 17, 18, 19, 20, 22, 23, 24, 25, 26, 27
Makson: 28, 29, 30, 32, 33, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41
Silvério: 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 47, 50, 51, 52, 54
Vládia: 60, 61, 62, 63, 65, 66, 69, 70, 71, 73, 75
Juliana: 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97, 99, 100, 101, 102, 103
Larissa: 104, 107, 108, 109, 113, 114, 115, 116, 117, 118, 119
Breno: 121, 122, 123, 124, 125, 126, 127, 128, 129
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49. Crimes de menor potencial ofensivo. Juizado especial criminal (Lei nº 9.099/95) __ 111
51. Crimes de trânsito (Lei nº 9.503/97) ______________________________________ 113
52. Crimes ambientais (Lei nº 9.605/98) ______________________________________ 115
55. Violência doméstica (Lei nº 11.340/06). ___________________________________ 117
56. A lei antidrogas (Lei nº 11.343/06) ________________________________________ 118
PROCESSO PENAL ____________________________________________________ 125
1. Princípios constitucionais do processo penal. ________________________________ 125
2. Aplicação da lei processual no tempo, no espaço e em relação às pessoas. ________ 129
3. Inquérito policial. ______________________________________________________ 131
4. Ação penal: conceito, condições, pressupostos processuais. Ação penal de iniciativa
pública. Titularidade, condições de procedibilidade. Denúncia: forma e conteúdo;
recebimento e rejeição. Ação penal de iniciativa privada: Titularidade. Queixa. Renúncia.
Perdão. Decadência. Perempção. Extinção da punibilidade. ______________________ 134
5 - Ação civil ex delicto. ____________________________________________________ 138
7. Das questões e processos incidentes. ______________________________________ 139
8. Da prova: conceito, princípios básicos, objeto, meios, espécies, ônus, procedimento
probatório, limitações constitucionais das provas, sistemas de apreciação. __________ 140
9. Sujeitos processuais: do juiz, do Ministério Público, do acusado e defensor, dos
assistentes e auxiliares da Justiça. Vítima no processo penal. _____________________ 144
10. Da prisão, das medidas cautelares e da liberdade provisória. __________________ 145
12. Das citações e intimações. Forma, lugar e tempo dos atos processuais. __________ 149
13. Processo e procedimento. Pressupostos processuais. Formas procedimentais.
Procedimento comum. Instrução criminal. Procedimento ordinário. Procedimento
sumário. Procedimento sumaríssimo. Juizados Especiais Criminais. Procedimento relativo
ao Tribunal do Júri. Procedimentos especiais, inclusive de leis especiais. ____________ 151
18. Das nulidades. ________________________________________________________ 164
19. Dos recursos em geral: princípios, modalidades, recursos em espécie e fungibilidade.
_______________________________________________________________________ 167
21. Das ações de impugnação. Da revisão criminal. Do habeas corpus. Do mandado de
segurança. Das exceções. Do desaforamento. __________________________________ 173
22. Lei n.º 7.210/84. Da execução das penas em espécie. Dos incidentes da execução
penal. __________________________________________________________________ 182
29. Ação Penal ___________________________________________________________ 191
CIVIL ______________________________________________________________ 193
1. Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro; Aplicação da Lei no Tempo e no
Espaço. Interpretação e Integração da Lei. Analogia. Princípios Gerais do Direito e
Equidade. Usos e Costumes. ________________________________________________ 193
2. Das pessoas. Das pessoas naturais. Das pessoas jurídicas. Do domicílio. __________ 199
3. Ausência. Direitos da Personalidade. _______________________________________ 202
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4. Dos bens. Dos bens considerados em si mesmo. Dos bens reciprocamente considerados.
Dos bens públicos. Do bem de família. _______________________________________ 206
5. Dos fatos jurídicos. Do negócio jurídico. Dos atos jurídicos lícitos. Dos atos ilícitos. Da
prescrição e da decadência. Da prova. ________________________________________ 212
6. Do direito das obrigações. Das modalidades das obrigações. Da transmissão das
obrigações. Do adimplemento e extinção das obrigações. Do inadimplemento das
obrigações ______________________________________________________________ 228
7. Dos contratos em geral. Das várias espécies de contrato. Dos atos unilaterais. _____ 239
8. Dos títulos de crédito. ___________________________________________________ 261
9. Da responsabilidade civil em geral. Responsabilidade subjetiva e objetiva. Abuso do
direito. _________________________________________________________________ 263
12. Da posse: aquisição, efeitos, perda. Os interditos possessórios. Usucapião. _______ 269
13. Dos direitos reais. Da propriedade. Do condomínio. Da superfície. Das servidões. Do
usufruto. Do uso. Da habitação. Do direito do promitente comprador. Do penhor, da
hipoteca e da anticrese. ___________________________________________________ 272
14. Do direito de família. Casamento. Do direito pessoal. Do direito patrimonial. Da união
estável. Da tutela e da curatela. _____________________________________________ 287
15. Do direito das sucessões. Da sucessão em geral. Da sucessão legítima. Da sucessão
testamentária. Do inventário e da partilha ____________________________________ 321
17. Legislação Especial: Registros públicos. (Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973). Da
alienação fiduciária (Decreto-Lei nº 911, de 1º de outubro de 1969). Lei nº 9.514, de 20 de
novembro de 1997. Do condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias (Lei nº
4.591, de 16 de dezembro de 1964), Lei nº 10.931, de 2 de agosto de 2004. Do Estatuto do
Idoso (Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003). Da locação de imóveis urbanos (Lei nº
8.245, de 18 de outubro de 1991). Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078, de 11 de
setembro de 1990. _______________________________________________________ 342
EMPRESARIAL _______________________________________________________ 352
1. Do Direito de Empresa. Do Empresário. Da caracterização e da inscrição. Da capacidade.
_______________________________________________________________________ 352
2. Da Sociedade. Disposições gerais. Da sociedade não personificada. Da sociedade em
comum. Da sociedade em conta de participação. Da sociedade personificada. Da
sociedade simples. Da sociedade em nome coletivo. Da sociedade em comandita simples.
Da sociedade limitada. Da sociedade anônima. Da sociedade em comandita por ações. Da
sociedade cooperativa. Das sociedades coligadas. ______________________________ 354
3. Da liquidação da sociedade. Da transformação, da incorporação, da fusão e da cisão das
sociedades. Da sociedade dependente de autorização. __________________________ 372
4. Do Estabelecimento. Disposições gerais. ____________________________________ 379
5. Dos Institutos Complementares: Do registro. Do nome empresarial. Dos prepostos. Da
escrituração. ____________________________________________________________ 383
7. Da Recuperação Judicial, Extrajudicial e a Falência do Empresário e da Sociedade
Empresária (Lei nº 11.101, de 09 de fevereiro de 2005). __________________________ 391
8. Da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (Lei Complementar nº 123, de 14 de
dezembro de 2006) _______________________________________________________ 393
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1. Dos órgãos da Justiça Eleitoral. Do Tribunal Superior Eleitoral. Dos Tribunais Regionais
Eleitorais. Dos Juízes Eleitorais. Das Juntas Eleitorais. Composição e atribuições. Do
Ministério Público Eleitoral. ________________________________________________ 822
2. Do Alistamento Eleitoral: ato e efeitos da inscrição, transferência e encerramento.
Cancelamento e exclusão do eleitor. Do domicílio eleitoral. ______________________ 822
3. Do Sistema Eleitoral: Sistema Majoritário e Sistema Proporcional. _______________ 824
4. Do registro de candidatos. Elegibilidade e inelegibilidade. Impugnação de registro de
candidatos. _____________________________________________________________ 825
5. Da votação: atos preparatórios, início e encerramento. Dos lugares de votação, das
seções eleitorais e das mesas receptoras. Da polícia e da fiscalização perante as mesas
receptoras. Da apuração. __________________________________________________ 826
6. Das impugnações perante as juntas eleitorais. Da proclamação e da diplomação dos
eleitos. _________________________________________________________________ 827
7. Dos recursos eleitorais. Pressupostos de admissibilidade. Efeitos e prazos. Recursos
perante as Juntas e Juízos Eleitorais e Tribunais Regionais. _______________________ 828
8. Dos partidos políticos: registro e funcionamento partidário. Da filiação partidária. Das
finanças e contabilidade dos partidos. Prestação de contas _______________________ 830
10. Da ação de impugnação de mandato eletivo. Da investigação judicial eleitoral. Do
Mandado de Segurança. ___________________________________________________ 831
11. Dos crimes eleitorais. Conceito, natureza e classificação. Tipos previstos na legislação
eleitoral. _______________________________________________________________ 832
12. Do Processo Penal Eleitoral. Investigação criminal eleitoral. Ação Penal. Competência
em matéria criminal eleitoral. Rito processual penal eleitoral. Invalidação e nulidade de
atos eleitorais. ___________________________________________________________ 832
13. Lei nº 9.504, de 30.9.97 (Lei das Eleições). __________________________________ 833
14. Condutas vedadas aos agentes públicos em campanhas Eleitorais. ______________ 833
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PENAL
* O examinador dessa matéria foi Dr. Vico Mañas
A - Explícitos: B - Implícitos:
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Para deixar nítido o entendimento deste principio o Professor Aury Lopes Júnior,
com genialidade que lhe é peculiar apresenta a seguinte observação:
Fica evidente que o juiz deve absorver os inocentes e apresentar a pena aos
considerados “culpados” sempre de forma adequada e proporcional, com a
observância da tripla função punitiva:
1- Prevenção geral: está presente antes da prática da infração penal, reparem nos
tipos penais incriminadores em abstrato.
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A missão do Direito Penal moderno consiste em tutelar os bens jurídicos mais relevantes.
Em decorrência disso, a intervenção penal deve ter o caráter fragmentário, protegendo
apenas os bens jurídicos mais importantes e em casos de lesões de maior gravidade.
Mas não é só. Ao operador do Direito exige não proceder à operação de tipicidade
quando constatar que a pendência pode ser satisfatoriamente resolvida com a atuação
de outros ramos do sistema jurídico, em que pese a criação, pelo legislador, do tipo
penal incriminador.
É utilizado para amparar a corrente do direito penal mínimo. Vale ressaltar, contudo,
que a compreensão daquilo que se entende por intervenção mínima varia de acordo
com as correntes penais e com a interpretação dos operadores do Direito.
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Segundo o aplaudido Prof. Fernando Capez, nosso Código Penal, quanto ao momento
do crime, abraçou a teoria da atividade, que tem como consequência primordial a
imputabilidade do agente que deve ser aferida no exato momento da prática do delito,
pouco importando a data em que o resultado venha se efetivar (CAPEZ, Fernando.
Curso de direito penal - parte geral. Volume I. 11ª Edição rev. e atual. - São Paulo:
Saraiva, 2007, p. 67).
Ainda assim há que se atentar para o fato de que essa teoria, trazida pelo CP, somente
se aplica aos chamados crimes à distância, isto é, aqueles em que a conduta criminosa
é praticada em um país, e o resultado vêm a ser produzido em outro.
Desta feita, a regra do artigo 6º, do CP, aplica-se a situações em que a prática do
crime começa em um país e termina em outro. Vale dizer, pode a ação criminosa
começar no Brasil e terminar em outro; ou começar em outro país e terminar no
Brasil.
A título de exemplo, imagina-se a clássica hipótese em que o agente desfere dois tiros
na vítima em solo brasileiro, sendo que esta atravessa a Ponte da Amizade e vem a
falecer no Paraguai.
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Ainda sobre o prazo decadencial, sua natureza é peremptória (art. 182 CPC), ou
seja, é fatal e improrrogável e não está sujeito a interrupção ou suspensão. Assim,
esse lapso temporal não pode ser dilatado (a pedido do ofendido ou do Ministério
Público) e não prorroga para dia útil (caso termine em final de semana ou feriado).
Ao contrário do prazo prescricional, não há causas interruptivas ou suspensivas na
decadência.
Se o período de prova termina sem que haja ocorrido motivo para a revogação, não
mais se executa a pena privativa de liberdade, art. 82. Assim, expirado o prazo de
suspensão ou de prorrogação, sem que tenha havido motivo para a revogação o juiz
deve declarar extinta a pena privativa de liberdade. Trata-se de sentença declaratória
da extinção parcial da punibilidade, não de natureza constitutiva. Em face disso, a
extinção da pena ocorre na data do termino do período de prova e não na em que o
juiz profere a decisão, ainda que seja muito tempo depois.
Ocorrido o termino deverá o juiz declarar a extinção. Se não o fizer, já que a extinção
independe de despacho judicial, a pena estará igualmente extinta.
Uma vez extinta a pena pelo decurso do prazo, ainda que se venha a constatar que o
beneficiário não fazia jus ao período de prova obtido, não será revogável a suspensão.
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Espécies de Interpretação
O intérprete não amplia nem A lei disse menos do que A lei disse mais do que
restringe o conteúdo da lei, desejava, por isso amplia-se desejava, por isso restringe-
mas apenas declara a sua o seu alcance, buscando se o seu alcance, buscando
vontade. amoldar-se a real vontade do amoldar-se a real vontade do
legislador. legislador.
Ex: Art. 141, III do CP –
“várias pessoas” significam Ex: Art. 157, §2º, I do CP – Ex: Art. 28, II do CP –
pelo menos 3 pessoas. “arma” compreende não só quando se diz que a
instrumentos bélicos, mas embriaguez, voluntária ou
quaisquer artefatos aptos a culposa, não extingue a
causar danos à integridade culpabilidade, não está se
física do ser humano. referindo à embriaguez
patológica.
A interpretação de uma norma não depende de ela ser benéfica ou não ao réu, pois
em ambos os casos quaisquer espécies interpretativas podem ser utilizadas. Por
exemplo, segundo a doutrina e a jurisprudência majoritária, não há problema em
utilizarmos a interpretação extensiva contra o réu, pois o que se veda é a analogia in
malam partem.
Para se chegar a real vontade do legislador, o intérprete deverá agir de acordo com o
princípio da proporcionalidade e da razoabilidade, sob pena de chegarmos a
interpretações arbitrárias, como na hipótese de aplicarmos a majoração do crime de
roubo pelo emprego de arma na hipótese o agente possuir unhas grandes.
[TJCE]. É possível combinação de leis penais? Qual a razão jurídica para isso? O
que a súmula do STJ inovou na nova lei de drogas, na combinação de eis?
NÃO. Não se admite combinações de leis, nem mesmo para beneficiar o réu, a
combinação de dispositivos de leis diversas, criando uma terceira norma (lex tertia)
não estabelecida pelo legislador, sob pena de violação aos princípios da legalidade,
da anterioridade da lei penal (art. 1º do Código Penal) e da separação de poderes. A
matéria se encontra sumulada.
Súmula 501 do STJ: “É cabível a aplicação retroativa da Lei 11.343/2006, desde que o
resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do
que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis”.
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A punibilidade vem como resultado da responsabilidade penal do réu pelo crime que
cometeu, dela decorre o direito de o Estado fazer cumprir a pena. “A punição é a
consequência natural da realização da ação típica, antijurídica e culpável. Porém,
após a prática do fato delituoso podem ocorrer as chamadas causas extintivas, que
impedem a aplicação ou execução da sanção respectiva.” (BITENCOURT, Cezar
Roberto. Código Penal Anotado, 2.ª Ed., Editora Revista dos Tribunais, pág. 394,
1999).
[TJCE]. É correto dizer que, para a teoria finalista, a culpabilidade não é elemento
do crime?
A teoria finalista possui duas vertentes. Prevalece no Brasi a teoria tripartite finalista,
cuja culpabilidade faz parte do tipo. Para a teoria bipartite, a culpabilidade não integra
a estrutura do crime. A culpabilidade não é substrato do crime, mas sim um juízo de
censura, pressuposto de aplicação da pena.
[TJCE]. Quem criou o princípio da adequação social? Casos que foi reconhecida a
exclusão da culpabilidade por adequação social? Admissão da inexigibilidade de
conduta diversa.
De acordo com esse princípio, não pode ser considerado criminoso o comportamento
humano que, embora tipificado em lei, não afrontar o sentimento social de Justiça. É
o caso, exemplificativamente, dos trotes acadêmicos moderados e da circuncisão
realizada pelos judeus.
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Exemplo: 'A', com intenção de matar, desfere uma facada no coração de 'B',
resultando em ferimentos que o levaram à morte. Esse fato (matar alguém
dolosamente) se amolda ao art. 121 do CP (tipicidade formal); a conduta criou um
risco proibido e se materializou em lesão ao bem jurídico vida (tipicidade material).
"A tipicidade material surgiu para limitar a larga abrangência formal dos tipos penais,
impondo que, além da adequação formal, a conduta do agente gere também relevante
lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico tutelado"
(Magistratura/MG/2009); "O princípio da insignificância revela uma hipótese
de a tipicidade material da conduta" (Delegado de Polícia/RJ/2009); "A
tipicidade material do fato depende, dentre outros requisitos, da existência de
resultado jurídico relevante e da imputação objetiva da conduta"
(Promotor/MPG0/2010).
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Lesividade: Não há infração penal quando a conduta não tiver oferecido ao menos
perigo de lesão ao bem jurídico. Este princípio atende a manifesta exigência de
delimitação do Direito Penal, tanto em nível legislativo como no âmbito
jurisdicional.
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[TJCE]. Pode ser absolvido réu reincidente por crime que estejam caracterizados
como insignificantes?
A reincidência, por si só, não impede a aplicação do princípio da insignificância,
segundo o STJ/STF. No entanto, caso se verifique que a habitualidade criminosa, não
prevalecerá a aplicação do princípio.
No STJ, o ministro Sebastião Reis Júnior entendeu pela concessão do habeas corpus.
Segundo ele, para o reconhecimento da insignificância devem ser levadas em
consideração todas as peculiaridades do caso concreto.
A Turma, por unanimidade, votou pela concessão da ordem para extinguir a ação
penal. Com informações da Assessoria de Comunicação do Superior Tribunal de
Justiça.
[TJCE]. O que se entende por tipo objetivo? Qual o elemento do tipo que o
caracteriza? E o que é o verbo? E o que é o elemento normativo? No furto há
elemento normativo?
Trata-se do elemento objetivo do tipo (conduta, resultado nexo de causalidade). O
mesmo se compõe de:
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[TJCE]. Por que o furto de uso não é crime? Falta qual elemento ao tipo?
Para a configuração do crime de furto é imprescindível a presença do elemento
subjetivo diverso do dolo “para si ou para outrem”. Nossa lei penal comum não
tipifica o furto de uso.
5. Relação de causalidade.
[TJCE]. Qual a teoria adotada no CP para imputar uma infração penal?
Ao dispor que causa é a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido,
nota-se que Código adotou a teoria da equivalência das condições ou conditio sine
qua non. Assim, em regra, o art. 13, caput, do CP adota a teoria da causalidade
simples, que generaliza as condições, é dizer, todas as causas concorrentes se põem
no mesmo nível de importância, equivalendo-se em valor. Excepcionalmente, o CP
adota, no §1º do art. 13, a teoria da causalidade adequada (causa seria o antecedente
não só necessário, mas adequado à produção do resultado).
[TJCE]. Relação de causalidade diz respeito a qual tipo de crime? Aplica aos crimes
omissivos?
A relação de causalidade diz respeito aos crimes materiais. O nexo causal só tem
relevância nos crimes cuja consumação depende do resultado naturalístico. Aplica-
se aos crimes omissivos impróprios, pois apesar de não haver um nexo causal físico,
a omissão é um nada e o nada não causa coisa alguma; entretanto, para fins de
responsabilização penal, por uma ficção jurídica, a lei considera existir um elo entre
o omitente e o resultado naturalístico sempre que estiver presente o dever jurídico de
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agir, de modo que, havendo dolo ou culpa, responderá pelo evento. (ou seja, há
relação causal porque há o dever de agir).
[TJCE]. Como eu sei se uma ação foi causa? O que o intérprete deve fazer para
identificar se é causa ou não ?
Para se aferir se determinada conduta é causa ou não de um resultado, deve-se fazer
o juízo hipotético de eliminação, que consiste na supressão mental de determinada
ação ou omissão dentro de toda a cadeia de condutas presentes no contexto do crime.
Se, eliminada, o resultado desaparecer, pode-se afirmar que aquela conduta é causa.
Caso contrário, ou seja, se a despeito de suprimida, o resultado ainda assim existir,
não será considerada conduta.
Atente-se para o fato de que ser causa do resultado não é bastante para ensejar a
responsabilização penal. É preciso, ainda, verificar se a conduta do agente
considerada causa do resultado foi praticada mediante dolo ou culpa, pois nosso
Direito Penal não se coaduna com a responsabilidade objetiva. (Finalismo)
[TJCE]. Qual teoria exige a criação de um risco proibido? Se o risco for permitido?
A teoria da imputação objetiva exige além do nexo causal, o nexo normativo, que é
composto de: criação ou incremento de um risco não permitido, realização do risco
no resultado, abrangência do resultado pelo tipo penal.
Se o risco criado for permitido, haveria tipicidade de acordo com essa teoria.
Tal teoria, que reduz sobremaneira a cadeia do nexo causal, além de não ter sido
adotada por nosso Código Penal, ainda não se encontra total e seguramente
construída, haja vista a falta de consenso entre seus próprios defensores, recebendo,
por isso, a conotação de arbitrária por alguns. Sua aplicação é muito tímida pelos
Tribunais.
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No Brasil o Código Penal em seu artigo 14, inciso II (o crime se diz tentado quando
iniciada a execução, esta não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente), adotou a teoria objetiva ou formal para tentar diferenciar atos executórios de
atos preparatórios. Assim, exige-se que o autor tenha realizado de maneira efetiva
uma parte da própria conduta típica, adentrando no núcleo do tipo. É punivel como
tentativa.
Podem ser de três espécies: por erro de tipo (o agente acredita ofender lei penal
incriminadora, mas na sua conduta faltam elementos da definição típica), por erro de
proibição (erro recai sobre a ilicitude do fato, não há previsão legal) e por obra do
agente provocador (ou crime de ensaio/crime de experiência/flagrante provocado,
ocorre quando alguém insidiosamente, induz outra pessoa a cometer uma conduta
criminosa e, simultaneamente, adota medidas para impedir sua consumação.
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Diferentemente ocorre nos crimes omissivos impróprios ou impuros, cujo tipo penal
descreve uma ação, mas a inércia do agente, que podia e devia agir para impedir o
resultado naturalístico, conduz à sua produção. São crimes materiais e se consumam
quando o resultado naturalístico ocorre.
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Logo, o fato de ser crime de mera conduta (o qual o tipo penal não contém resultado
naturalístico), por exemplo, não obsta a tentativa.
7. Arrependimento posterior.
[TJCE]. Defina e dê a natureza jurídica do arrependimento posterior. Cabe para
crimes culposos?
MASSON, 2015 - Arrependimento posterior é a causa pessoal e obrigatória de
diminuição da pena que ocorre quando o responsável pelo crime praticado sem
violência à pessoa ou grave ameaça, voluntariamente e até o recebimento da denúncia
ou queixa, restitui a coisa ou repara o dano provocado por sua conduta.
Conforme dispõe o art. 16 do Código Penal: “Nos crimes cometidos sem violência
ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento
da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de 1
(um) a 2/3 (dois terços)”.
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Uma vez reparado o dano integralmente por um dos autores do delito, a causa de
diminuição de pena do arrependimento posterior, prevista no art. 16 do CP, estende-se
aos demais coautores, cabendo ao julgador avaliar a fração de redução a ser aplicada,
conforme a atuação de cada agente em relação à reparação efetivada. De fato, trata-se
de circunstância comunicável, em razão de sua natureza objetiva. Deve-se observar,
portanto, o disposto no art. 30 do CP, segundo o qual “não se comunicam as
circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”.
REsp 1.187.976/SP, rel. Min. Sebastião Reis Júnior, 6.ª Turma, j. 07.11.2013,
noticiado no Informativo 531.
Nas infrações penais em que a reparação do dano ou restituição da coisa por um dos
agentes inviabiliza igual atuação por parte dos demais, a todos se estende o benefício.
Na receptação (CP, art. 180), a propósito, entendimento diverso prejudicaria o autor
do crime antecedente, que estaria impossibilitado de reparar um dano já satisfeito.
[TJCE]. Para reduzir a pena, quais os critérios que devem ser adotados pelo juiz?
MASSON, 2015 - A redução da pena dentro dos parâmetros legais (um a dois terços)
deve ser calculada com base na celeridade e na voluntariedade da reparação do dano
ou da restituição da coisa. Quanto mais rápida e mais verdadeira, maior será a
diminuição da pena (2/3); quanto mais lenta – desde que até o recebimento da
denúncia ou queixa – e menos sincera, menor a diminuição (1/3).
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8. Dolo e culpa.
[TJCE]. A culpa integra qual elemento do crime? Representa qual elemento do
crime?
Para a Teoria Clássica ou Causal, o dolo e a culpa integram a culpabilidade. Já pela
Teoria Finalista, o dolo e a culpa integram o fato típico, pois inerentes à conduta.
Welzel, em sua concepção finalista da ação, teve o mérito de levar para o tipo penal
o aspecto subjetivo do crime, retirando o dolo e a culpa da culpabilidade, passando a
integrar o fato típico. Essa é a teoria majoritariamente aceita pela doutrina nacional.
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Elementos da culpa:
• Conduta – pode ser uma ação ou omissão. Na conduta dolosa, como regra, existe
uma finalidade ilícita, e na conduta culposa a finalidade é quase sempre lícita – os
meios escolhidos e empregados pelo agente para atingir a finalidade lícita é que
foram inadequados ou mal utilizados;
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No crime formal, o tipo descreve a conduta mais o resultado naturalístico, sendo este
dispensável (o crime já se consumou com a conduta – crime de consumação
antecipada – acontecendo o resultado, ocorrerá mero exaurimento, ex.: extorsão).
No crime de mera conduta, o tipo descreve apenas uma conduta (não há resultado
naturalístico descrito), ex.: violação de domicílio.
Exceção (crime culposo que dispensa resultado naturalístico): art. 38 da lei de drogas
– prescrição de droga errada ou em alta dose, por médico – FLÁVIO MONTEIRO
DE BARROS – consuma-se independentemente da ingestão da droga pelo o
paciente;
• Nexo causal;
Exceção de crime culposo que não tem previsibilidade: culpa consciente (conhece-
se o perigo, mas acha que poderá evitar, logo, há algo mais do que previsibilidade;
há previsão). Se o fato escapar totalmente à previsibilidade do agente, o resultado
não lhe poderá ser atribuído, mas sim ao caso fortuito ou à força maior. É previsível
o fato, sob o prisma penal, quando a previsão do seu advento, no caso concreto, podia
ser exigida do homem normal, do homo medius, do tipo comum de sensibilidade
ético-social. Tal previsibilidade leva em conta critérios comuns de experiência
(coisas que normalmente acontecem – quod plerumque accidit). É “objetiva” porque
indica um padrão que não é outro senão aquele conhecido (padrão de uma pessoa de
mediana prudência e discernimento).
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Culpa imprópria - É aquela em que o agente, por erro evitável, fantasia certa situação
de fato, supondo estar acobertado por uma excludente de ilicitude (descriminante
putativa), e, em razão disso, provoca intencionalmente o resultado ilícito, apesar de
a ação ser dolosa, o agente responde por culpa por razões de política criminal (art.
20, parágrafo 1º, segunda parte, do CP).
No crime culposo o agente não direciona sua conduta para a prática do ato ilícito;
não há dolo de consumação. O agente não persegue o resultado, isto é, não se pode
tentar o que não se quer.
Na culpa imprópria há uma conduta dolosa em que houve erro, a exemplo do caçador,
que pensando atirar em um animal para matar, atira em um ser humano, mas não o
mata. A depender do caso o erro de tipo exclui o dolo e permite a condenação a título
culposo, mas percebe-se que há intenção da prática do ato, da forma como ele ocorreu
(mesmo que induzido por erro).
A doutrina nacional admite a coautoria nos crimes culposos, desde que dois ou mais
indivíduos, agindo vinculados subjetivamente, atuem de forma negligente,
imprudente ou imperita. No caso, o liame subjetivo não envolve, obviamente, o
resultado, não querido, mas a própria conduta.
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"Os princípios mostram ser possível a cooperação no crime culposo. Com efeito, neste a
ação causal é voluntária e o evento previsível. Ora, se se admite isso para um agente,
por que não se admitir para outro ? Suponha-se o caso de dois pedreiros que, numa
construção, tomam uma trave e a atiram à rua, alcançando um transeunte. Não há falar
em autor principal e secundário, em realização e instigação, em ação e auxílio etc.
Todos respondem pelo evento lesivo, por força da teoria da conditio sine qua non.
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Ex. de dolo alternativo quanto à pessoa: o agente, a certa distância, efetua disparos
com sua arma de fogo contra duas pessoas, querendo matar uma ou outra. Como se
percebe, aqui também encontramos um misto de dolo direto com eventual;
CONSCIÊNCIA VONTADE
Exemplo comum na doutrina é o caso do sujeito que foi ao bar com a família e se
embriagou. Não obstante, foi dirigir, causou um grave acidente no qual foram vitimas
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A tendência de tipificar esses casos como dolo eventual me parece perigosa, visto
que o julgador não se pode deixar levar pelos clamores da população, que, em sua
maioria, não entende as particularidades necessárias para o enquadramento jurídico
adequado, se deixando levar apenas pelo apelo emocional do caso.
Para Luiz Flávio Gomes e Antonio Molina, deve ser observada pelo juiz "a posição
do agente frente ao bem jurídico violado: (a) de menosprezo total (que se dá no dolo
direto); (b) de indiferença (que ocorre no dolo eventual) e de (c) descuido (que está
presente nos crimes culposos)" (Direito Penal. Parte Gera/. Vai. 2, p. 5 14).
No que tange à intensidade do dolo, a Quinta Turma do STJ decidiu que "A valoração
negativa da culpabilidade não se mostra idônea, porque o fato de o paciente ter tido
intenso dolo no momento da prática do crime não serve para elevar a pena-base como
circunstância judicial do art. 59 do Código Penal, por se referir à própria tipicidade
do delito" (HC 161.389/PE, Quinta Turma, julgado em 17/06/2010). A Sexta Turma,
por sua vez, já decidiu que "Não há ilegalidade se a magistrada fundamentou a
valoração negativa da culpabilidade, dos antecedentes e da conduta social do réu,
demonstrando concretamente a intensidade do dolo, os maus antecedentes e a
conduta social desfavorável, por ser o paciente pessoa violenta" (HC 83.242/PB,
Sexta Turma, julgado em 20/05/2010).
No STF: "A culpabilidade deve ser analisada em sua intensidade quando se trata de
verificar a profundidade e extensão do dolo, segundo autoriza o caput do art. 59 do
Código Penal" (HC 100902, ia T, j. 09/03/2010).
[TJCE]. A expressão técnica seria valoração das circunstâncias judiciais do art. 59,
do CP?
Sim.
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- elemento subjetivo geral (dolo): ocorre quando o agente quer o resultado ou assume
o risco de produzi-lo.
Exemplos: para si ou para outrem; com o fim de obter; em proveito próprio ou alheio;
por motivo de; para fim libidinoso etc.
Exemplo na EXTORSÃO:
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É divergente. Grande parte da doutrina não admite a tentativa nestes crimes, pois o
art. 14 fala em vontade de produzir o resultado e no dolo eventual o agente apenas
assume o risco, não tem vontade.
Rogério Sanches, 2015 - Apesar de haver doutrina lecionando não ser possível
tentativa no dolo eventual, argumentando que, nessa espécie, o agente não tem
vontade de realizar o resultado (apenas o aceita como possível), prevalece a tese em
sentido contrário. A lei equiparou, em termos de vontade, o dolo eventual ao dolo
direto, sendo possível o conatus nos dois casos. Nesse sentido, explica Hungria: "Se
o agente aquiesce no advento do resultado específico do crime, previsto como
possível, é claro que este entra na órbita de sua volição: logo, se, por circunstâncias
fortuitas, tal resultado não ocorre, é inegável que o agente deve responder por
tentativa. É verdade que, na prática, será difícil identificar-se a tentativa no caso de
dolo eventual, notadamente quando resulta totalmente improfícua (tentativa branca).
Mas, repita-se: a dificuldade de prova não pode influir na conceituação de tentativa".
[TJCE]. Aqueles que ocorrem crimes específicos, é possível tentativa por dolo
eventual em lesão corporal culposa?
Não é possível tentativa em qualquer crime culposo. O dolo eventual é incompatível
com o crime culposo, onde estiver presente o dolo (mesmo eventual), há crime
doloso.
[TJCE]. Para a teoria finalista da ação, é correto dizer que a culpabilidade não é
elemento do crime?
Para a teoria finalista dissidente, crime é fato típico e ilícito, sendo que a
culpabilidade não integra seu conceito, sendo considerada pressuposto de aplicação
da pena.
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1) imputabilidade;
- Menoridade
- obediência hierárquica
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A coação moral se apresenta sob forma de ameaça feita pelo coator ao autor, que é
compelido a praticar ação a delituosa, sob pena de suportar um prejuízo maior.
Para que a culpabilidade do autor não se estabeleça, contudo, a coação deve ser
irresistível, invencível.
Sua forma putativa ocorre quando o agente imagina encontrar-se sob coação moral
irresistível por erro. Neste caso, haverá exclusão da culpabilidade.
Exemplo: Um trabalhador recebe um bilhete que consta uma ameaça exterminar seu
filho, que supostamente fora sequestrado, obrigando-o a colaborar num roubo contra
a empresa; posteriormente descobre que o bilhete era endereçado a um colega.
[TJCE]. O que é obediência hierárquica? Qualquer pessoa pode suscitar (se sujeitar)
se houver excessos à ordem?
A ordem de superior hierárquico é a manifestação de vontade de um titular de função
a um funcionário que lhe é subordinado, no sentido de que realize uma determinada
conduta, omissiva ou comissiva.
Quando a ordem for ilegal, mas não manifestamente, o subordinado que a cumpre
não agirá com culpabilidade, por ter avaliado incorretamente a ordem recebida,
incorrendo numa espécie de erro de proibição.
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É o que ocorre nos crimes de sequestro ou cárcere privado (art. 148, do CP), violação
de domicílio (art. 150, do CP) e estupro (art. 213, do CP), entre outros.
[TJCE]. Quais os requisitos da legítima defesa? Qualquer bem jurídico pode ser
protegido pela da legítima defesa? Qual a diferença entre legítima defesa e estado
de necessidade? Estado de Necessidade o perigo pode ser outras ofensas sem ser
humano?
No estado de necessidade há conflito entre vários bens jurídicos diante de uma
situação de perigo, que não pode ser prevista, em que o perigo decorre de
comportamento humano, animal ou ainda por evento da natureza. Deste modo, o
perigo não tem destinatário certo e os interesses em conflito são legítimos. Encontra
previsão legal no artigo 23, I, do Código Penal, sendo exemplificado no artigo 24 do
mesmo Código. Portanto, o estado de necessidade exclui o caráter antijurídico de
uma conduta criminosa.
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Certo é que, na legítima defesa temos uma ação defensiva com aspectos agressivos,
enquanto que no estado de necessidade a ação é agressiva com o intuito defensivo.
O art. 28, inciso I, estabelece que o criminoso que, movido pela emoção ou paixão,
praticar crime, não terá sua imputabilidade penal excluída. Cuida a legislação de uma
pena especialmente diminuída, se se tratar de homicídio privilegiado (CP, art. 121,
§1º) ou atenuada, se o crime for cometido sob a influência de violenta emoção
provocada por ato injusto da vítima (CP, art. 65, III, c, última parte).
No excesso doloso, o agente só será punido pelo ato que gerou o excesso. O excesso
da legítima defesa culposa faz com que o agente responda pelo crime cometido,
contudo há redução obrigatória da pena.
[TJCE]. O que são ilicitudes e quais as suas causas de exclusão? A lei define o que é
ilícito? Tudo que é ilícito é tipo? Quais as excludentes que a lei prevê para a exclusão
da ilicitude? Quais as hipóteses extralegais?
São contrariedades entre uma conduta e o ordenamento jurídico, viabilizando,
consequentemente, a incidência dos requisitos do crime. É o segundo substrato
jurídico do crime.
Exclusão de ilicitude:
I - em estado de necessidade;
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II - em legítima defesa
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A emoção é uma alteração afetiva importante, mas temporária, passageira, que pode
consistir no susto, na raiva, na alegria etc.
A paixão, por sua vez, é uma alteração duradoura do estado psíquico da pessoa, tem-
se como exemplo o ciúme, o amor, o ódio etc.
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A coação moral irresistível se apresenta sob forma de ameaça feita pelo coator ao
autor, que é compelido a praticar ação a delituosa, sob pena de suportar um prejuízo
maior.
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Neste caso não existe participação, mesmo sendo previsível o resultado mais grave.
Respondendo de forma autônoma pelo crime que queria cometer, mesmo que de
forma aumentada.
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[TJCE]. Pode o juiz fixar acima do mínimo e aplicar o regime mais gravoso em vez
daquele previsto?
Sim, desde que seja com fundamentação idônea.
[TJCE]. O réu reincidente com condenação inferior a quatro anos deve iniciar em
que regime prisional?
Cumprirá no regime semiaberto se favoráveis às circunstancias judiciais. Súmula 269
do STJ.
“Art. 33, CP: A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou
aberto. A de detenção, em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de
transferência a regime fechado.”
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R: - Requisitos
Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser
superior a 30 (trinta) anos.
Súmula 715 do STF: “A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de
cumprimento, determinado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a
concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais favorável
de execução”.
4) Oitiva do MP;*
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Art. 33, § 4o: O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão
de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à
devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais.
Lei 10.729/03
Antes Depois
Art. 118. A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva,
com a transferência para qualquer dos regimes mais rigorosos, quando o condenado:
a) Objetivos
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- Cumprimento:
mais de 2/3 da pena (crime hediondo ou equiparado, desde que não reincidente
específico).
b) Subjetivos
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos,
poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
Prisão domiciliar do art. 117, LEP Prisão domiciliar do art. 318, CPP
Hipóteses de cabimento
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I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada,
se o crime for culposo;(Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
II – o réu não for reincidente em crime doloso; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
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I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena
aplicada, se o crime for culposo; (Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
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[TJCE]. É possível ao juiz fixar regime menos gravoso do que o cominado para a
condenação?
Sim, através da aplicação da detração penal quando cabível.
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Requisitos:
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[TJCE]. O que são crimes de mesma espécie? Nos crimes contra a dignidade sexual
se aplica?
A doutrina e a jurisprudência se dividem ao conceituar o que são crimes da mesma
espécie, existindo duas correntes em torno do assunto. A primeira corrente defende
que são crimes da mesma espécie aqueles previstos no mesmo tipo legal. Dessa
forma, seriam da mesma espécie, por exemplo, os delitos de homicídio simples,
homicídio qualificado, homicídio privilegiado e homicídio culposo, vez que todos se
encontram previstos no artigo 121 do Código Penal. Por outro lado, os delitos de
aborto provocado pela gestante, aborto provocado por terceiro sem o consentimento
da gestante, e aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante não
poderiam configurar a continuidade delitiva, pois que previstos em artigos diversos
do CP (124,125 e 126, respectivamente).
Outros argumentam que o próprio texto, ao admitir crimes a que são cominadas
“penas diversas”, não estaria cingindo-se a crimes previstos no mesmo tipo penal,
pois, aos previstos no mesmo tipo, as penas cominadas seriam as mesmas. Podem
ocorrer de crimes não previstos no mesmo tipo legal, mas praticados contra o
mesmo bem jurídico, pela mesma pessoa, e que se assemelham pelas mesmas
circunstâncias de tempo, lugar e maneira de execução, os quais deveriam ser havidos
como da mesma espécie, para aplicação da regra do crime continuado.
Luiz Regis Prado observa que “O Código Penal brasileiro adota a teoria da ficção
jurídica para efeitos de aplicação da pena. Por medida de política criminal, é aceita
essa teoria – embora haja pluralidade de crimes, a lei presume a existência de crime
único. Essa presunção, entretanto, só tem relevância na aplicação da pena” (...)
“Crimes da mesma espécie: por crimes da mesma espécie entendem-se aqueles que,
embora não necessariamente descritos pelo mesmo tipo legal, ofendem o mesmo
bem jurídico”.
Tanto o STJ quanto o STF vem admitindo continuidade delitiva no crime de estupro,
mesmo com a nova redação, basta imaginarmos o agente que teve conjunção carnal
com a vítima em um determinado dia e posteriormente praticou atos de libidinagem.
É claro que a decisão dependerá da análise dos requisitos subjetivos e objetivos do
art. 71, do CP. Assim diante das decisões e de uma análise teorizada, podemos
concluir que o crime de estupro é crime de ação plurinuclear, ou seja, a prática de um
ou de vários núcleos do tipo penal resultará na prática de delito único. Senão vejamos:
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[TJCE]. Quando se aplica a regra do artigo 71, parágrafo único, crime continuado
específico?
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com
violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os
antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as
circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se
diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75
deste Código.
[TJCE]. Primeira conduta em uma lei e segunda conduta em outra lei mais gravosa,
qual lei deve aplicar?
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No contexto da continuidade delitiva, deve-se aplicar a lei mais gravosa. Sumula 711
do STF: a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.
1ª) Lei estrita: a competência para criar crimes e cominar penas é do Poder
Legislativo (CF, a rt. 22, I), por meio de lei.
2ª) Lei escrita: os costumes não têm a força de criar crimes e cominar
sanções penais, uma vez que a lei deve ser escrita, ou seja, é proibido o
costume incriminador;
3ª) Lei certa: os tipos penais devem ser de fácil entendimento pelo cidadão,
justamente para que possa se orientar daquilo que é certo ou errado. Desse
modo, decorre a proibição da criação de tipos penais vagos e
indeterminados.
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade
em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de
detenção, executa-se primeiro aquela.
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de
liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição
de que trata o art. 44 deste Código.
Concurso formal:
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Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais,
somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas
aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes
concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69
deste Código
Adotado pelo art. 70, caput, 1ª parte. No caso de desígnios autônomos, art. 70, caput,
2ª parte, há a aplicação do sistema do cúmulo material.
[TJCE]. Que critério deve nortear o juiz para aumentar a pena no concurso formal?
O critério de aumento varia de acordo com a quantidade de crimes. Nesse sentido:
STJ-HC 162.306/DF, 5ª T., j. 15/02/201i. Geralmente se utiliza a seguinte técnica:
[TJCE]. Caso: Um agente entra e uma loja e pratica um roubo. Na saída, ele se
desentende com um cliente e mata 2 pessoas. Responderá por quantos crimes?
VLÁDIA: Responderá por roubo e homicídio em concurso material, pois acredito
que não ser aplicável o concurso formal, já que, a meu ver existem duas ações
independentes, sem liame fático.
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Ocorre quando o agente, mediante uma só ação ou om1ssao, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou não, desde que a ação ou omissão não seja dolosa e os crimes
concorrentes não resultem de desígnios autônomos (art. 70, caput, 1ª parte).
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[TJCE]. Que critérios deve ser utilizado pelo juiz para aplicação do concurso
formal? deve ser aplicada a pena de multa?
Deve ser utilizado o número de infrações.
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genérico, prevalece o específico. O tipo penal específico (que pode estar contido no
Código Penal ou na legislação penal especial) contém todos os elementos do tipo
penal genérico e outros que caracterizam a especialidade. Existe urna relação de
gênero e espécie. Esses elementos específicos são chamados de especializantes, os
quais podem tornar o fato mais grave ou mais benéfico ao agente. É possível a
aplicação ao homicídio culposo. Ex: Tipo geral: homicídio culposo (art. 121, §3º do
CP); Tipo especial: homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302 do
CTB)
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V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo,
prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o
apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave
ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação
de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.
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são os seguintes os lapsos de pena cumprida a serem observados pelo condenado para
a obtenção do benefício: a) Condenado não reincidente em crime doloso e com bons
antecedentes: É suficiente o cumprimento de mais de um terço de pena, operando-se
aqui o chamado livramento condicional simples (art. 83, I, do CP). b) Condenado
reincidente em crime doloso: É necessário o cumprimento de mais da metade da
pena, operando-se nesse caso o denominado livramento condicional qualificado (art.
83, II, do CP). A exigência de lapso maior de pena cumprida decorre da consideração
de que o condenado reincidente em crime doloso revela maior periculosidade, sendo
exigível, portanto, maior rigor penal, já que a condenação anterior não foi suficiente
para reprimir a prática de novo delito. c) Condenado pela prática de crime hediondo
ou equiparado (tráfico de drogas, tortura e terrorismo): Exige-se o cumprimento de
mais de dois terços da pena, desde que não se trate de indivíduo reincidente específico
em crimes dessa natureza, operando-se aqui o chamado livramento condicional
específico (art. 83, V, do CP). 4) Reparação do dano causado pela infração.
1) Bom comportamento carcerário: Muito embora o art. 83, III, 1ª parte, do Código
Penal refira-se à necessidade de “comportamento satisfatório durante a execução da
pena”, o art. 112, caput e § 2º, da LEP, alterado pela L. 10.792/2003, faz menção à
necessidade de ostentar o preso “bom comportamento carcerário” (há maior rigor,
portanto, nessa aferição).
Esse requisito deve ser comprovado mediante atestado emitido pelo diretor do
estabelecimento prisional com base no agir do apenado após o início da execução de
sua pena. Ressalte-se, entretanto, a existência de posição no sentido de que é
suficiente o “comportamento satisfatório”, tal como regrado no art. 83, III, do CP, o
que implica exigir menos rigor na apreciação da conduta do sentenciado.
2) Bom desempenho no trabalho que lhe for atribuído: O requisito está previsto
no art. 83, III, 2ª parte, do Código Penal. Partiu o legislador do princípio de que o
trabalho do preso é obrigatório (art. 31, caput, da LEP). A recusa injustificada em
prestá-lo, além de importar no cometimento de falta grave (art. 50, VI, c/c o art. 39,
V, ambos da LEP), acarreta vedação à concessão do benefício da liberdade
condicional. Muito embora o dispositivo refira-se ao bom desempenho no trabalho
que lhe for atribuído (o que sugere a prestação de trabalho interno pelo preso), parece
evidente que a regra abrange também o trabalho externo, vale dizer, aquele prestado
extramuros pelo preso.
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Trata-se de regra prescrita no artigo 83, V , do Código Penal que dispõe: O juiz
poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liberdade
igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
(...)V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime
hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo,
se o apenado não for reincidente em crimes dessa natureza.
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Art. 132 da LEP: Deferido o pedido, o Juiz especificará as condições a que fica
subordinado o livramento.
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o trabalho;
Art. 141da LEP: Se a revogação for motivada por infração penal anterior à vigência do
livramento, computar-se-á como tempo de cumprimento da pena o período de prova,
sendo permitida, para a concessão de novo livramento, a soma do tempo das 2 (duas)
penas.
Art. 88 do Código Penal: Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido,
e, salvo quando a revogação resulta de condenação por outro crime anterior àquele
benefício, não se desconta na pena o tempo em que esteve solto o condenado.
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V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo,
prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o
apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave
ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação
de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.
[TJCE]. Primário e Maus antecedentes: qual o tempo que tem cumprir para o
livramento? Que critério a se adotar?
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa
de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
Súmula 491 STJ: É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional.
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As MS têm uma finalidade diversa da pena, pois se destinam à cura, ou, pelo menos,
ao tratamento daquele que praticou um fato típico e ilícito. Tem por pressuposto a
periculosidade do agente. Aquele que for reconhecidamente declarado inimputável
deverá ser absolvido porque diz o art. 26 do CP que é isento de pena o agente que,
por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. A sentença que absolve
o agente, mas lhe deixa a sequela da MS, é conhecida como sentença absolutória
imprópria. A doutrina estrangeira entende que há condenação.
Contudo, segundo Tourinho Filho, não há razão, para, no nosso CP, dizer o mesmo,
já que nele a MS está entre as sentenças absolutórias, ou absolutórias impróprias. Em
relação ao semi-imputável, há uma condenação com pena diminuída, que pode ser
substituída pela MS, quando a perícia constatar sua periculosidade e necessidade de
especial tratamento curativo. A Lei das Contravenções Penais não dispõe acerca das
medidas de segurança; então, pelo artigo 12 do Código Penal, aplica-se a regra geral
subsidiariamente. Logo, contravenção penal admite medida de segurança.
A medida de segurança, embora não seja uma pena, é espécie de sanção penal. De
acordo com o STJ, embora a medida de segurança não seja pena, ela tem caráter
sancionatório, logo deve obedecer aos critérios de prescritibilidade aplicáveis às
penas, previstas no código penal.
ATENÇÃO:
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Entendeu por bem, ainda, o legislador colocar como inimputável aquele que pratica
uma infração sob os efeitos da embriaguez. Assim, restando comprovado que o
indivíduo praticou uma infração penal dominado por um estado de embriaguez, no
seu sentido lato, acidental e completa, é perfeitamente possível que o agente, neste
caso inimputável, seja absolvido sumariamente na forma que prevê o artigo 397,
inciso II do CPP c/c artigo28, inciso II, § 1º do CP.
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Apenas por cautela é que ela deve ser colhida por termo.
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- art. 74, parágrafo único: nos crimes de iniciativa privada ou de ação pública
condicionada à representação, de competência dos juizados especiais, a composição
civil extingue a punibilidade do autor do fato;
- art. 89, §5º: término do período de prova, sem revogação, da suspensão condicional
do processo.
- a Lei nº 12.382/11 alterou o art. 83, §4º, da Lei nº 9.430/96 conferindo-lhe a seguinte
redação: “Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos no caput (arts. 1º e 2º da
Lei 8.137/90) quando a pessoa física ou a pessoa jurídica relacionada com o agente
efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos, inclusive acessórios,
que tiverem sido objeto de concessão de parcelamento” .
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A clemência estatal é concedida por meio de lei ordinária editada pelo Congresso
Nacional (CF, arts. 21, XVII, e 48, VIII) e sancionado pelo Presidente da República.
[TJCE]. Diferença entre graça e indulto. Qual o juiz que concede, o da execução?
O indulto é modalidade de clemencia concedida a todo o grupo de condenados
que preencherem os requisitos apontados pelo decreto. Não depende de provocação
da parte interessada
A graça (ou indulto individual), por outro lado, visa o benefício de pessoa
determinada. Em regra, depende de provocação da parte interessada.
Racismo.
Art. 5º.
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Essas são as duas exceções, devendo-se levar em conta, ademais, que o legislador
ordinário não pode criar outras espécies de crimes imprescritíveis.
Mas atente: o STJ e STF, no âmbito cível (reparação dos danos pela Ditadura
Militar), entende ser a tortura imprescritível.
O exemplo clássico é o do réu que, processado por bigamia, questiona no juízo cível
a validade do primeiro casamento.
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O rol do artigo 116 não comporta analogia (que seria, necessariamente, in malam
partem, vedada entre nós). Por outro lado, não podemos caracterizá-lo como rol
taxativo já que há outras causas suspensivas em nosso ordenamento jurídico, a
exemplo do:
• artigo 89, §6°, da lei no 9.099/95, que trata da suspensão condicional do processo e
consequente suspensão da prescrição, nos casos que especifica;
• artigo 366 do CPP, que regula a citação por edital no processo penal, devendo ficar
suspenso o curso prescricional durante este lapso (entende o STJ, conforme súmula
n° 415, que este período de suspensão é regulado pelo máximo da pena cominada);
• artigo 386 do CPP, que regula a suspensão do prazo prescricional em caso de carta
rogatória, quando o acusado se encontra no estrangeiro;
• artigo 87, da Lei n° 12.529/2011, que prevê como causa suspensiva o acordo de
leniência, nos crimes contra a ordem econômica tipificados na Lei n° 8.137/90 e nos
demais crimes diretamente relacionados à prática de cartel, tais como os tipificados
na Lei n° 8.666/93 e os tipificados no Código Penal.
• artigo 83, §2°, da lei n° 9.430/96, (redação dada pela Lei n° 12.382/2011), que
determina a suspensão da pretensão punitiva estatal em caso de parcelamento dos
débitos tributários relativos aos crimes contra a ordem tributária (arts. 1 ° e 2° da Lei
n° 8 . 1 37/90) e contra a previdência social (arts. 168-A e 337-A, CP) .
O parágrafo único do artigo 116 disciplina outra causa suspensiva da prescrição, que
se aplica à prescrição da pretensão executória.
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:
Art. 367 - citação ou intimação pessoal: se o acusado não comparecer, será decretada
a sua revelia. A revelia, no processo penal, não tem o efeito de presunção de
veracidade dos fatos alegados. O único efeito prático da revelia, no processo penal,
é a desnecessidade de intimação dos acusados para a prática dos atos processuais,
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Segundo o artigo 366 do CPP, que regula a citação por edital no processo penal:
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado,
ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar
a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão
preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
- CPP, art. 366: processos em que o acusado, citado por edital, não comparece nem
constitui advogado. Já decidiu o STF que a suspensão da prescrição se dá por prazo
indeterminado (RE 46o971/RS, 13.2.2007).
O STJ, por sua vez, possui decisão em sentido diverso, veja-se: “o período máximo
de suspensão da fluência do prazo de prescrição, na hipótese do art. 366 do CPP,
corresponde ao que está fixado no art. 109 do CP, observada a pena máxima
cominada para a infração penal." (RT 754/575). Foi editada Súmula nesse sentido:
"O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena
cominada" (Súmula 415 do STJ). Após este prazo a prescrição volta a correr. Na
prática está se dobrando o prazo de prescrição.
[TJCE]. No artigo 366 do CPP volta ao início o começa de onde parou? Considera o
período anterior?
Considerando que se trata de hipótese de suspensão do prazo prescricional, o prazo
recomeça a correr de onde havia parado, considerando-se o período anterior.
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado,
ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar
a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão
preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
II - pela pronúncia;
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VI - pela reincidência.
Se, porventura, a primeira sentença penal condenatória vier a ser anulada pelo
tribunal, deixará de interromper a prescrição. Neste caso, a interrupção ocorrerá com
a publicação da nova decisão.
Segundo Rogério Greco, a sentença concessiva do perdão judicial, por ter uma
natureza meramente declaratória de extinção da punibilidade, nos termos da súmula
18 do STJ, não interrompe a prescrição.
CPP. Art. 389. A sentença será publicada em mão do escrivão, que lavrará nos autos o
respectivo termo, registrando-a em livro especialmente destinado a esse fim.
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STJ: A publicação em diário oficial deflagra o prazo recursal, mas não tem interfere na
contagem do prazo prescricional (Info 521).
É preciso deixar claro que, diferentemente do que ocorre nos crimes da competência
do júri popular, a confirmação da sentença condenatória pelo tribunal não representa
nova interrupção da prescrição, ainda que o acórdão altere a pena imposta na decisão
monocrática. Tal não se confunde com a hipótese de a condenação surgir em segundo
grau, em face de recurso voluntário da acusação, caso em que a prescrição será
interrompida.
"O acórdão confirmatório da condenação, ainda que modifique a pena fixada, não
interrompe o curso do prazo prescricional”. STJ - Sexta Turma - AgRg no REsp 901.292
- Rel. Min. Assusete Magalhães - DJe 01/03/2013.
O tema, todavia, não é pacífico. Parte dos doutrinadores, dentre os quais PAULO
Queiroz, entende que o acórdão interrompe a prescrição, ainda quando confirmatório.
Dissertando sobre a divergência doutrinária, explica GUILHERME DE Souza Nucci:
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[TJCE]. Reconhecida a prescrição, caso o réu volte a delinquir, pode ser considerado
reincidente?
A extinção da punibilidade é a perda do direito do Estado de punir o agente autor de
fato típico e ilícito, ou seja, é a perda do direito de impor sanção penal. Neste sentido,
uma vez que o estado não pode punir sequer a conduta objeto da extinção da
punibilidade, não poderá considerar o réu reincidente, uma vez que não há
condenação anterior.
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Art. 74: A composição civil dos danos será reduzida a escrito e, homologada pelo juiz
mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado o juízo civil
competente.
Há duas espécies de renúncia (CP, 104): i) expressa é aquela realizada por declaração
inequívoca do ofendido (CPP, 50); ii) tácita decorrente da prática de ato incompatível
com a vontade de processar (convite para ser padrinho de casamento).
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O perdão do ofendido não se confunde com o perdão judicial apesar de ambos serem
causas extintivas da punibilidade. Contudo, o perdão judicial é concedido pelo juiz
quando as consequências do crime atingirem o acusado de forma tão grave que a
sanção penal se torne desnecessária. Não é cabível em qualquer crime, uma vez que
se faz necessário expressa previsão legal para que o juiz possa aplicar o perdão
judicial.
Motivo de relevante valor moral: o valor moral deve ser avaliado a partir do ponto
de vista interno do agente, dos motivos pessoais que o levaram a cometer o crime;
Motivo de relevante valor social: valor social é a motivação externa ao agente que o
leva a cometer o homicídio, tal como a morte de uma pessoa que tenha praticado
crime de grande apelo negativo na sociedade;
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A sentença de pronúncia, à luz do art. 408 do CPP, deve, sob pena de nulidade, cingir-
se, motivadamente, à materialidade e aos indícios de autoria, visto se tratar de mero
juízo de admissibilidade da acusação.
Cumpre observar ainda que, consoante preceitua o art. 416 do Código de Processo
Penal, a sentença de pronúncia "especificará todas as circunstâncias qualificativas do
crime e somente poderá ser alterada pela verificação superveniente de circunstância
que modifique a classificação do delito", razão pela qual o juiz não está autorizado,
nesse momento processual, a emitir juízo de valor acerca de circunstâncias do crime,
tais como agravantes e atenuantes.
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Não se trata de crime hediondo, já que a Lei nº 8.072/90 não o previu. Lembrar que,
no Brasil, se adotou o critério formal para a taxação de determinada conduta
tipificada como hedionda.
Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou que possa representar perigo comum: trata-se de qualificadora que prevê
meios de execução diferenciados e agravadores.
Emprego de veneno: venefício. Deve ser inoculado na vítima sem que ela o perceba.
Se ela perceber ou se o veneno for inoculado forçadamente, ocorre o meio cruel.
Poderá ser considerada venenosa a substância inofensiva ao homem comum, mas que
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não o seja para a vítima, desde que o agente o saiba (por exemplo, dar açúcar
conscientemente ao diabético para que esse morra).
Emprego de fogo: se, além de causar a morte da vítima, o fogo ou explosivo danificar
bem alheio, o agente só responderá por homicídio qualificado, desde que o dano não
advenha de desígnio autônomo.
Emprego de tortura ou qualquer meio insidioso ou cruel: meio cruel é o que causa
sofrimento desnecessário à vítima ou o que revela uma brutalidade incomum. É o
sadismo do agente. Não se configurará se a vítima já estiver morta quando do
emprego, pois deve ser o meio causador do óbito. Também tem-se caso aqui de
interpretação analógica.
Tortura não se confunde com o crime de tortura com resultado morte. A diferença
está no elemento subjetivo. No homicídio qualificado, o agente quer a morte da
vítima e se utiliza do meio cruel para alcançá-la. No crime de tortura com resultado
morte, esta é culposa (preterdolosa).
A qualificadora será afastada sempre que o agente não lograr esconder o seu
propósito criminoso.
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Qualquer outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima: trata-se
de qualificadora genérica, como matar a pessoa que está dormindo. Também lança o
Código Penal, aqui, mão da interpretação analógica.
Ambos são casos de concurso material com o outro crime, já que são delitos
autônomos. Se o agente visa à garantia da execução, a ocultação, a impunidade ou
vantagem de uma contravenção, será aplicada a qualificadora do motivo fútil.
Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos
outros, a agravação da pena decorrente da conexão.
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Motivo fútil não se confunde com motivo injusto. O motivo injusto é elemento
integrante de todo e qualquer crime.
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As lesões graves são qualificadas pelo resultado, podendo o evento ser querido ou
aceito pelo agente do crime (dolo direto ou eventual) ou ser culposamente provocado
(culpa), hipótese em que se configura o delito preterdoloso. Porém, um dos resultados
agravadores é punido somente a título de preterdolo, pois, se doloso, outro será o
crime praticado (é o que ocorre com o resultado PERIGO DE VIDA).
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D) Aceleração de parto – Nesse caso, o feto é expulso, COM VIDA, antes do tempo
normal. Se o feto é expulso sem vida, ou mesmo se com vida logo vem a morrer em
razão das lesões corporais, o crime será de natureza gravíssima. O abortamento deve
ser sempre praticado a título de culpa, havendo nesse caso um crime preterdoloso
(dolo na lesão corporal e culpa no aborto). Se o neonato falecer posteriormente ao
parto, mas em decorrência das lesões sofridas por sua genitora, o agente responderá
por homicídio culposo e lesão grave. Se o agente desde sempre quis a morte do feto,
provocando sua morte, responde por lesão corporal e pelo crime de aborto. Para que
se configure a qualificadora em tela, é indispensável que o agente saiba ou pudesse
saber estar a mulher grávida. Caso não tenha ciência da condição da ofendida,
responde pelo crime de lesão corporal leve.
Motivo de relevante valor social diz respeito aos interesses de toda uma coletividade,
sendo, portanto, nobre e altruístico. Exp: Lesionar um traidor da pátria. O relevante
valor moral, por sua vez, liga-se aos interesses individuais, particulares do agente,
entre eles o sentimento de piedade, compaixão, misericórdia.
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Por fim, sabe-se que a responsabilidade penal não fica afastada pela emoção ou
paixão. Entretanto, em caso de lesão corporal praticada sob o domínio de violenta
emoção, em que o agente, logo em seguida a injusta provocação da vítima, reage, sob
choque emocional intenso, capaz de anular sua capacidade de autocontrole durante o
cometimento do crime, pode haver a incidência da minorante prevista no §4º do
artigo 129 do CP.
Sabe-se que no caso de lesão corporal dolosa de natureza leve ou lesão corporal
culposa, como dito acima, a ação deixou de ser pública incondicionada e passou a ser
pública condicionada à representação da vítima ou de seu representante legal, em
face do artigo 88 da Lei 9099/95. Entretanto, a Lei Maria da Penha (Lei 11340/06),
proíbe, aos crimes contra a mulher, praticados no ambiente doméstico e familiar, a
aplicação dos dispositivos da Lei 9099/95. Diante da diferença de tratamento, uma
primeira corrente vai sustentar que, ainda que a vítima da lesão corporal leve ou
culposa praticada no ambiente doméstico e familiar seja mulher, a ação penal será
pública condicionada. Defende essa corrente que, em casos de violência doméstica e
familiar, deve se aguardar a consciente manifestação de vontade da vítima, pois, na
maioria das vezes, se percebe rápida conciliação entre os envolvidos. Uma segunda
corrente, majoritária, e hoje completamente pacificada na jurisprudência dos
Tribunais Superiores, sustenta que, após o advento da Lei Maria da Penha, a lesão
corporal, praticada contra a mulher, no ambiente doméstico e familiar, ainda que leve
ou culposa, deve ser perseguida mediante AÇÃO PENAL PÚBLICA
INCONDICIONADA.
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[TJCE]. Crimes contra a honra: qual a diferença entre eles? Qual deles exige que a
imputação seja de fato certo? A relação que exclui o dolo nos crimes contra a honra?
Qualquer palavra ofensiva é danosa à honra? É imprescindível que chegue ao
conhecimento de terceiros? Quais admitem exceção da verdade? É possível
retratação? Qual a natureza da ação penal nesses crimes?
O CP aparece como Norma Geral no que diz respeito aos Crimes Contra a Honra,
havendo Leis Especiais que dizem respeito a tais crimes, senão vejamos: Lei nº
7.173/83: Lei de Segurança Nacional que traz Crimes Contra a Honra com Motivação
Política; Lei nº 4.735/65: Código Eleitoral: Aqui é necessário mencionar que, os
crimes contra a honra (Calúnia; Difamação e Injúria) no CE são de Ação Penal
Pública Incondicionada e terão lugar quando houver motivação eleitoral; Decreto-
Lei nº 1.001/69: Código Penal Militar (se houver interesse militar).
OBS: Como a Lei de Imprensa foi considerada Não Recepcionada pelo STF, os
Crimes Contra a Honra (Calúnia, Injúria e Difamação), por meio da Imprensa, caem
no disciplinamento da Regra Geral do CP.
Os crimes contra a honra são calúnia (art. 138, CP), difamação (art. 139, CP) e
injúria (art. 140, CP). Na calúnia, tem-se a imputação de fato determinado previsto
como crime, sabidamente falso – protege-se a honra objetiva; na difamação, tem-se
a imputação de fato determinado desonroso (não criminoso), não importando se
verdadeiro ou falso – também se protege a honra objetiva; já a injúria é a atribuição
de qualidade negativa à vítima – protege-se a honra subjetiva.
Prevalece na doutrina que, nos crimes contra a honra, além do dolo, os tipos penais
exigem o elemento subjetivo especial do tipo (também chamado pelos doutrinadores
clássicos de dolo específico), consistente no firme propósito de ofender (animus
caluniandi; animus diffamandi; e animus injuriandi).
Desse modo, não configura o delito quando o agente possui apenas animus narrandi
(intenção de narrar o fato), criticandi (intenção de criticar de forma justa), defendendi
(intenção de defender-se), corrigendi (intenção de corrigir, como ocorre na educação
dada aos filhos pelos pais) ou jocandi (intenção de gracejar).
OBS.: Por outro lado, se o agente está convencido da veracidade da imputação, não
responde pelo crime de calúnia, havendo, no caso, erro de tipo essencial. Portanto,
trata-se de fato atípico.
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social). Deve-se registrar que, por ser a honra um bem jurídico disponível, eventual
consentimento do ofendido excluirá o crime.
Nos termos do art. 143 do CP, o querelado que, antes da sentença, se retrata
cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. Assim, a retratação
somente é possível nos crimes de calúnia e difamação, já que somente nesses há a
imputação de fatos. Na injúria, é incabível, pois eventual reconsideração poderia
acarretar danos ainda maiores à honra subjetiva do ofendido.
A retratação é causa de extinção de punibilidade (art. 107, VI, do CP) e para ser
aplicada deve ser cabal, ou seja, completa e inequívoca.
Conforme art. 145 do CP, nos crimes contra a honra a regra é a ação penal de
iniciativa privada (Queixa Crime). Exceções:
Cuidado: Injúria Real + Vias de Fato continua a ser processada por Ação Penal de
Iniciativa Privada, já que o artigo fala apenas em “lesão corporal”.
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O objeto material do delito é a coisa alheia móvel. Prevalece que deve ser dotada de
valor econômico, excluindo-se a de valor meramente sentimental.
Entende-se por coisa móvel aquela que pode ser deslocada. Assim, ainda que para o
Direito Civil alguns bens passíveis de deslocamento sejam considerados imóveis,
para o direito penal são considerados bens móveis pelo princípio da especialidade,
sendo objeto de furto. Ex: Navio, aeronave, objetos temporariamente separados da
construção para emprego posterior.
De acordo com o STF (HC 97261), o sinal de TV a cabo não é energia, concluindo
pela atipicidade da conduta de ligação clandestina de sinal de TV a cabo. Ressaltou-
se não ser admitido em direito penal a analogia “in malam partem”.
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No caso de abuso de confiança, presume-se que haja, antes do crime, uma relação de
confiança entre o agente e a vítima.
O simples fato de haver vínculo empregatício entre agente e vítima não gera o abuso
de confiança. O abuso de confiança estará caracterizado quando a função exercida
pelo empregado, por sua natureza, pressupõe ser necessária a existência de confiança
nele depositada (ex: chefe do estoque de uma loja).Se o agente estabeleceu uma
relação de confiança com a vítima com a finalidade de se aproveitar dessa relação e
praticar o furto, não haverá abuso de confiança, e sim fraude.
2ª corrente: a lei se refere a fato previsto como crime. O ato infracional não deixa
de ser um fato previsto como crime praticado por menor infrator. A receptação de
ato infracional é crime (Noronha).
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Diante disso, concluem os mesmos autores que, tendo “por diretriz o princípio da
proporcionalidade, não há como admitir, sob o enfoque constitucional, que o
legislador ordinário estabeleça um preceito sancionatório mais gravoso para a
receptação qualificada quando o agente atua com dolo eventual e mantenha, para a
receptação do 'caput' do art. 180, um comando sancionador sensivelmente mais
brando, quando, no caso, o autor pratica o fato criminoso com dolo direto. As duas
dimensões de subjetividade 'dolo direto' e 'dolo eventual' podem acarretar reações
iguais, ou até mesmo, reações penais menos rigorosas em relação ao 'dolo eventual'.
O que não se pode reconhecer é que a ação praticada com 'dolo eventual' seja três
vezes mais grave é o mínimo legal que detecta o entendimento do legislador sobre a
gravidade do fato criminoso do que quase a mesma atividade delituosa, executada
com dolo direto. Aí, o legislador penal afrontou, com uma clareza solar, o princípio
da proporcionalidade” (op. cit., p. 2.816).
Dessa forma, a despeito de a conduta do réu ajustar-se ao disposto no art. 180, § 1º,
do Código Penal, a ele deveriam ser aplicadas, em obediência ao princípio
constitucional da proporcionalidade, as sanções previstas no “caput” do mesmo
dispositivo.
Nessa linha, por exemplo, considerando que o “legislador brasileiro, ao cominar pena
mais leve a um delito mais grave (CP, art. 180, caput) e ao punir, com mais
severidade, um crime revestido de menor gravidade (CP, art. 180, § 1º), atuou de
modo absolutamente incongruente, com evidente transgressão ao postulado da
proporcionalidade”, o Ministro Celso de Mello entendeu plausível a tese de
inconstitucionalidade e, em 31.03.08, concedeu liminar nos autos do HC 92.525-
1/RJ, suspendendo os efeitos de condenação criminal.
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viabiliza o devido processo legal (art. 5º, LIV, da Carta Magna) em sua dimensão
substantiva, constitui verdadeiro parâmetro de aferição da constitucionalidade
material das normas. “A jurisprudência constitucional do STF, bem por isso, tem
censurado a validade jurídica de atos estatais que, desconsiderando as limitações que
incidem sobre o poder normativo do Estado, veiculam prescrições que ofendem os
padrões de razoabilidade e que se revelam destituídas de causa legítima,
exteriorizando abusos inaceitáveis e institucionalizando agravos inúteis e nocivos aos
direitos das pessoas”, ressaltou o Ministro.
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o
valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio
criminoso
Quem guarda coisa objeto de furto, pode responder pelo crime de favorecimento real
(art. 349, CP) que é crime formal, se consuma no momento em que recebe a coisa,
independentemente de futura intenção de devolvê-la ao furtador.
[TJCE]. Qual a diferença entre roubo e extorsão? Quais os tipos de objetivos desses
crimes?
R: No roubo, a subtração ocorre mediante violência ou grave ameaça, sendo
irrelevante para a consumação do crime a colaboração da vítima, pois que o delito é
praticado mesmo sem a sua participação. Já na extorsão exige-se a colaboração da
vítima, pois sem ela seria impossível a obtenção da vantagem econômica indevida.
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Para Nucci, apesar de defender que o crime é formal para ele a extorsão tem três
estágios e não se consumaria com o mero constrangimento que é o primeiro estágio
e sim quando a vítima age (segundo estágio), ainda que o agente não consiga a
vantagem almejada. Para ele, com o mero constrangimento haveria apenas tentativa.
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro
Estado ou para o exterior;
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[TJCE]. Após a Lei n.° 12.015/2009, quando o agente pratica, além da conjunção
carnal (coito vaginal), outro ato libidinoso independente (ex: coito anal), no mesmo
contexto fático e contra a mesma vítima, realiza mais de um crime?
NÃO. Trata-se de CRIME ÚNICO. O STJ definiu que o art. 213 do CP, com redação
dada pela Lei n.° 12.015/2009 é tipo penal misto ALTERNATIVO.
Logo, se o agente, no mesmo contexto fático, pratica conjunção carnal e outro ato
libidinoso contra uma só vítima, pratica um só crime do art. 213 do CP.
Vale ressaltar que havia divergência entre as Turmas do STJ sobre o tema, mas já foi
superada, tendo ambas adotado o entendimento do crime único. Nesse sentido: STJ.
5ª Turma. AgRg no REsp 1262650/RS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em
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05/08/2014. STJ. 6ª Turma. HC 212.305/DF, Rel. Min. Marilza Maynard (Des. Conv.
TJ/SE), julgado em 24/04/2014.
[TJCE]. Nos casos com trânsito em julgado, onde se reconheceu o crime continuado
na legislação de crimes contra a dignidade sexual caberá recurso?
É possível reconhecer o crime único, aplicando retroativamente a Lei
n.° 12.015/2009, mesmo que já tenha havido o trânsito em julgado nos termos do
enunciado 611 do STF:
Assim dispõe o art. 216-A do Código Penal: Art. 216-A. Constranger alguém com o
intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da
sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de
emprego, cargo ou função. Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.
Este tipo penal protege a liberdade sexual da pessoa, quando o titular está submetido
a outrem numa relação de poder, em decorrência da relação de trabalho ou
administrativa.
É um crime bipróprio, isto é, exige uma situação especial tanto do sujeito ativo como
do sujeito passivo. Assim ensina o ilustre profº Mirabete: "Para a sua
caracterização, é necessário que o agente seja superior hierárquico ou tenha
ascendência com relação ao ofendido, estando, portanto, em posição de mando com
relação à vítima. É indispensável que haja a referida superioridade, ou seja, de
poder, decorrente de uma relação administrativa ou de uma ascendência própria de
relação trabalhista. O agente pode ser homem ou mulher".( Mirabete, Julio Fabbrini.
Manual de Direito Penal, Vol. II, Atlas, 25º edição, São Paulo 2007. pág. 421).
[TJCE]. Nos crimes contra dignidade sexual, qual a natureza das ações? Há alguma
exceção? E se o fato foi praticado antes da alteração no CP? Quando há emprego de
violência real?
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Lei 12.015/09
Antes Depois
[TJCE]. Hoje é crime manter relação sexual consentida com pessoa de 14 a 18 anos?
R: A conduta de praticar ato libidinoso consistente em conjunção carnal, com vítima
de 14 anos, não se amolda ao delito previsto no art. 213 do CP, face o consentimento
daquela, mas, igualmente, não se enquadra no fato típico delineado no art. 218 do
Estatuto Repressivo (corrupção de menor), dada a referência no acórdão vergastado
de que a vítima já teria, anteriormente, mantido relações sexuais com outras pessoas.
Assim, conforme já decidiu esta Corte: "(...)a anterior inocência moral do menor se
presume iuris tantum como pressuposto fático do tipo. Quem já foi corrompido não
pode ser vítima do delito sob exame. " (REsp 822977/RJ, 5ª Turma, de minha
relatoria, DJ de 12/11/2007). Ex positis, nego provimento ao recurso
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Poderá ser condenado por uso de documento falso. Esse é o entendimento do STF e
STJ (art. 304, CP)
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Art. 316, § 2º: possui a forma qualificada, ocasião em que o funcionário cobra o
indevido ou de forma vexatória e desvia o valor para si. Na prática, sua aplicação é
rara. Sua pena é inconstitucional, por ser desproporcional.
Advocacia administrativa:
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Patrocínio infiel
[TJCE]. Delegado de polícia que não cumpre por determinação do juiz, responde
por desobediência?
R: O funcionário público, porém, também pode ser sujeito ativo quando a ordem não
guarda relação com as suas funções. Nesses casos, ele age como se particular fosse.
Todavia, se a ordem desobedecida guardar relação com as suas funções, não haverá
desobediência, mas eventualmente prevaricação.
Art. 124, LEP. A autorização será concedida por prazo não superior a 7 (sete) dias,
podendo ser renovada por mais 4 (quatro) vezes durante o ano.
I - visita à família;
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Art. 123, LEP. A autorização será concedida por ato motivado do Juiz da execução,
ouvidos o Ministério Público e a administração penitenciária e dependerá da satisfação
dos seguintes requisitos:
I - comportamento adequado;
II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o condenado for primário, e 1/4
(um quarto), se reincidente;
Nos demais casos, as autorizações de saída somente poderão ser concedidas com
prazo mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias de intervalo entre uma e outra. (art. 124,
parágrafos 2 e 3, LEP).
[TJCE]. Quais obrigações são impostas ao preso que terá o benefício da saída
temporária?
Art. 124, § 1o , LEP. Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as
seguintes condições, entre outras que entender compatíveis com as circunstâncias do
caso e a situação pessoal do condenado:
I - fornecimento do endereço onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser
encontrado durante o gozo do benefício; (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
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Art. 122, Parágrafo único. A ausência de vigilância direta não impede a utilização de
equipamento de monitoração eletrônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz
da execução.
Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio da monitoração eletrônica
quando:
I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino
fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação
profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias;
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§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime
fechado. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) (STF no Habeas Corpus nº.
111840 declarou incidentalmente sua inconstitucionalidade).
§ 2o A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo,
dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário,
e de 3/5 (três quintos), se reincidente. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo,
prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o
apenado não for reincidente em crimes dessa natureza.
Art. 44, Lei 11.343/06. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37 desta Lei
são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e liberdade provisória,
vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.
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O art. 44 não faz menção ao 33, §4o. Logo, a contrário sensu, o “traficante” primário,
de bons antecedentes, que não se dedica à atividades criminosas nem integra
organização criminosa, e preso com pequena quantidade de entorpecente (embora
não conste na lei, entendo que a pequena quantidade e a natureza da droga
apreendida é elemento necessário para caracterização do chamado tráfico-
privilegiado) pode ser agraciado com o sursis.
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Art. 76, Lei 9.099/95. Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal
pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá
propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada
na proposta.
§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até
a metade.
I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de
liberdade, por sentença definitiva;
II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação
de pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação
do Juiz.
Art. 41, Lei 11.340/06. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra
a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de
setembro de 1995.
OBS. Apenas lembrei dessas duas hipóteses, mas pode haver outras.
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§ 1º O recurso será julgado por uma turma composta por três Juízes togados, em
exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos,
tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de
menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência. (Redação
dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
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Por consequência, a aplicação das disposições da Lei n. 9.099/95 aos crimes de lesão
corporal culposa na direção de veículo automotor somente será possível se
inexistentes qualquer das hipóteses acima elencadas.
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Art. 22. As penas restritivas de direitos da pessoa jurídica são: I - suspensão parcial ou
total de atividades; II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; III
- proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios,
subvenções ou doações.
§1º A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às
disposições legais ou regulamentares, relativas à proteção do meio ambiente.
- Para pessoa jurídica: Art. 23. A prestação de serviços à comunidade pela pessoa
jurídica consistirá em: I - custeio de programas e de projetos ambientais; II - execução
de obras de recuperação de áreas degradadas; III - manutenção de espaços públicos;
IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.
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- Por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente – o
órgão competente para verificação acerca da nocividade do animal é o IBAMA.
Aliás, será considerado nocivo o animal que atente contra a saúde individual ou
pública, gerando perigo atual ou iminente.
Para Fernando Capez: Animal nocivo é aquele que pode causar danos, prejudicar a
saúde do homem. Importante lembrar que, como bem salientou Carlos Ernani
Constantino: “Só poderão ser exterminados espécimes nocivos, assim caracterizados
pelo órgão competente, quando se aproximarem de áreas urbanas ou outros
agrupamentos humanos, gerando desta maneira, um perigo atual ou iminente à saúde
individual ou pública”.
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P á g i n a | 118
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender,
expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar,
prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente,
sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de
um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o
agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem
integre organização criminosa.
[TJCE]. Qual a natureza jurídica da Lei Antidrogas? Houve abolitio crime quando
no porte ao porte de drogas para consumo pessoal? Quais as penas impostas ao
consumo pessoal?
- A Lei nº 11 .343/06 instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas
-SISNAD -, que tem a finalidade de articular, integrar, organizar e coordenar as
atividades relacionadas com a prevenção do uso indevido, a atenção e a reinserção
social de usuários e dependentes de drogas, assim como a repressão da produção não
autorizada e do tráfico ilícito de drogas. Entre os arts. 3° e 17, a Lei de Drogas trata
não apenas das finalidades do SISNAD, como também de seus princípios e objetivos,
de sua composição e organização, regulamentada pelo Decreto nº 5.91 2/2006, e da
coleta, análise e disseminação de informações sobre drogas.
- Tese de que o art. 28 não seria crime. Assim que a Lei de Drogas foi editada, Luis
Flávio Gomes defendeu a tese de que o porte/posse de droga para consumo pessoal
havia deixado de ser crime. Em outras palavras, LFG sustentou que o art. 28 não
traria a definição de crime já que ele não prevê pena privativa de liberdade nem multa.
Logo, estaria “fora” do conceito de crime trazido pela Lei de Introdução ao Código
Penal (DL 3.914/1941): Art. 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina
pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou
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O STF aceitou essa tese? NÃO. O STF decidiu o art. 28 da Lei de Drogas, mesmo
sem prever pena privativa de liberdade, continua sendo crime. Assim, não houve
uma descriminalização da conduta (abolitio criminis), mas sim uma
despenalização. A despenalização ocorre quando o legislador prevê sanções
alternativas para o crime que não sejam penas privativas de liberdade.
Como se vê, a parte sancionatória do artigo 28 da Lei Antidrogas não prevê mais
qualquer pena corporal. Este tipo penal pune o infrator somente com penas
alternativas (advertência sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à
comunidade e medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo).
[TJCE]. Condenado por isso, pode ser considerado reincidente se cometer outro
consumo?
- A condenação por porte de drogas para consumo próprio (art. 28 da Lei
11.343/2006) transitada em julgado gera reincidência. Isso porque a referida conduta
foi apenas despenalizada pela nova Lei de Drogas, mas não descriminalizada
(abolitio criminis). STJ. 6ª Turma. HC 275.126-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado
em 18/9/2014 (Info 549).
- Associação. Em que consiste o crime: A pessoa comete esse crime quando se junta
com outra(s) pessoa(s), de forma estável e permanente, com o objetivo de praticar:
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Duas ou mais pessoas que se unem para financiar/custear o tráfico (crime do art. 36):
Podem responder pelo art. 35 se essa reunião for para a prática reiterada do art. 36.
“É colaborador aquele que transmite informação relevante, útil ou necessária, para o
êxito das atividades do grupo, associação ou organização criminosa, que visam à
prática de crimes previstos na Lei de Drogas” (Min. Marco Aurélio Bellizze).
Sujeito ativo: pode ser praticado por qualquer pessoa (crime comum).
Crime autônomo: O art. 35 é um crime autônomo. Isso significa que ele pode se
consumar mesmo que os delitos nele mencionados acabem não ocorrendo e fiquem
apenas na cogitação ou preparação. Assim, se João e Antônio se juntam, de forma
estável e permanente, para praticar tráfico de drogas, eles terão cometido o crime do
art. 35, ainda que não consigam perpetrar nenhuma vez o tráfico de drogas.
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[TJCE]. Que critérios como o Juiz permite utilizar para aplicar meios como menor
índice de aumento de pena?
A natureza e a quantidade da droga NÃO podem ser utilizadas para aumentar a pena-
base do réu e também para afastar o tráfico privilegiado (art. 33, § 4º) ou para,
reconhecendo -se o direito ao benefício, conceder ao réu uma menor redução de pena.
Haveria, nesse caso, bis in idem. STF. 2ª Turma. RHC 122684/MG, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 16/9/2014 (Info 759).
"o juiz não está obrigado a aplicar o máximo da redução prevista, quando presentes os
requisitos para a concessão desse benefício, tendo plena discricionariedade para aplicar·
a redução no patamar que entenda necessário e suficiente para reprovação e prevenção
do crime, segundo as peculiaridades de cada caso concreto. Do contrário, seria inócua
a previsão legal de um patamar mínimo e um máximo".
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Para fins de determinar o quantum de diminuição da pena, o juiz deve se valer dos
critérios constantes do art. 42 da Lei de Drogas - natureza e quantidade da droga,
personalidade e conduta social do agente -, tendo plena autonomia para aplicar a
redução no quantum reputado adequado de acordo com as peculiaridades do caso
concreto, desde que o faça de maneira fundamentada.
Nesse caso, não se pode objetar que haveria bis in idem pelo fato de uma mesma
circunstância ser levada em consideração duas vezes, ora na primeira fase de
individualização da pena, ora para fixar o quantum de diminuição da pena-base. Se
o Supremo Tribunal Federal entende que o agravamento da pena pela reincidência
não ofende o princípio da individualização da pena, nem tampouco caracteriza bis in
id em, podendo esta mesma circunstância agravante também ser utilizada para a
vedação de outros benefícios legais (v. g., transação e suspensão condicional do
processo),115 não há dupla valoração quando ocorrer o aumento da pena-base por
um dos fundamentos do art. 42 da Lei de Drogas, sendo estes mesmos fundamentos
posteriormente utilizados para mensurar o quantum de diminuição de pena previsto
no art. 33, §4°, haja vista a diversidade de incidência (primeiro como critério de
aumento da pena-base e, depois, como fixação do quantum de diminuição).
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§ 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida integralmente em regime
fechado.
§ 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime
fechado.
• É possível a progressão de regime cumprido 1/6 da pena (art. 112 da LEP) (Súm.
471-STJ);
• Não existe regime inicial obrigatório. O regime inicial é fixado segundo as normas
do art. 33, § 2º do CP.
Para os crimes posteriores à Lei n.° 11.464/2007 as regras legais são as seguintes:
• A nova redação do § 1º continuou a impor ao juiz que sempre fixe o regime inicial
fechado aos condenados por crimes hediondos e equiparados.
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Segundo entendeu o STF, essa nova redação dada pela Lei n.° 11.464/2007 somente
é válida para os crimes praticados após a sua vigência (29.03.2007).
Assim, a Lei n.° 11.464/2007 é irretroativa considerando que, segundo o STF, trata-
se de lei posterior mais grave. Isso porque depois da decisão do STF reconhecendo a
inconstitucionalidade da vedação de progressão para crimes hediondos (prevista na
redação original do § 1º), os condenados por crime hediondos e equiparados
passaram a poder progredir com o requisito de 1/6, mais favorável que o critério da
Lei n.º 11.464/07 (RHC 91300/DF, rel. Min. Ellen Gracie, 5.3.2009).
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PROCESSO PENAL
* O examinador dessa matéria foi Dr. Vico Mañas
Não está proibida a algema, apenas deve ser justificada, pois, inegavelmente, causa uma
impressão negativa frente aos jurados e, ainda, às testemunhas do processo. Isso é muito
prejudicial à defesa. Ademais é extremamente constrangedor e humilhante.
Ocorre que, após a edição da súmula 343 do STJ, o Supremo Tribunal Federal
manifestou-se no sentido de que, em relação às punições disciplinares, o exercício da
ampla defesa abrange: a) o direito de informação sobre o objeto do processo: obriga
o órgão julgador a informar à parte contrária dos atos praticados no processo e sobre
os elementos dele constantes; b) o direito de manifestação: assegura ao defendente a
possibilidade de se manifestar oralmente ou por escrito sobre os elementos fáticos e
jurídicos contidos no processo; c) o direito de ver os seus argumentos contemplados
pelo órgão incumbido de julgar: exige do julgador capacidade de apreensão e isenção
de ânimo para contemplar as razões apresentadas. Todavia, concluiu a Suprema
Corte que não se faz necessária a presença de advogado no processo administrativo
disciplinar.56 Exatamente em virtude dessa conclusão, foi firmado pelo Supremo
Tribunal Federal o enunciado da Súmula Vinculante n° 5, segundo a qual: “A falta
de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a
Constituição”.
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Esta regra aplica-se apenas aos casos de ação penal privada e destina-se, única e
exclusivamente, ao querelante, não se aplicando aos demais legitimados recursais.
Afinal, em primeiro lugar, quanto ao Ministério Público, obviamente, este não está
sujeito a pagamento de custas em nenhuma das esferas perante as quais atua (cível,
criminal, infância e juventude etc.). No que tange ao assistente de acusação, a
despeito de existirem controvérsias, a verdade é que não existe previsão legal de
preparo.
Por outro lado, quanto ao recurso da defesa, chegou a ser discutida a necessidade
de preparo. Não obstante, na atualidade, a posição majoritária, inclusive no Superior
Tribunal de Justiça, é a de que “a interposição de recurso, nas ações penais públicas,
não está sujeita à deserção por falta de preparo, à luz dos princípios constitucionais
da não culpabilidade e da ampla defesa” (STJ, HC 91.097, DJ 06.04.2009).
Destarte, o réu apenas deverá ser intimado para o pagamento das custas após o
trânsito em julgado da sentença condenatória, isto mesmo se não lhe tiver sido
assegurado, na própria sentença, o benefício da assistência judiciária gratuita
"Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:(...)
Maria Sylvia Zanella Di Pietro esclarece em breves linhas sobre tais princípios,
mostrando que:
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Como bem esclarece Gilmar Ferreira Mendes, o contraditório e a ampla defesa não
se constituem em meras manifestações das partes em processos judiciais e
administrativos, mas, e principalmente uma pretensão à tutela jurídica.
Insere-se nesta tutela, assim como visto na doutrina alemã a pretensão à tutela
jurídica (Anspruch auf rechtliches Gehör), os direitos de informação, de
manifestação e o direito em ver seus argumentos devidamente apreciados.
José Afonso da Silva nos ensina que o devido processo legal está baseado em três
princípios, quais sejam: o acesso à justiça, o contraditório e a plenitude de defesa.
[TJCE]. É possível utilizar prova emprestada? Ainda que o réu não tenha
participado da produção da prova no primeiro processo? Isso fere o princípio do
contraditório?
Em regra, a prova que será utilizada pelas partes e pelo juiz no processo é produzida
dentro do próprio processo. É possível, no entanto, que uma prova que foi produzida
em um processo seja levada (“transportada”) para ser utilizada em outro processo. A
isso a doutrina chama de “prova emprestada”.
A prova que veio de outro processo entra no processo atual como “prova
documental”, independentemente da natureza que ela tinha no processo originário.
Ex1: foi colhido o depoimento de uma testemunha no processo 1. Trata-se de prova
testemunhal. Se essa inquirição for “emprestada” (trasladada) para o processo 2, ela
ingressará no feito como prova documental (e não mais como prova testemunhal).
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ATENÇÃO!
[TJCE]. O que o juiz deve fazer em uma audiência, diante de uma delação entre dois
réus, em que um acusa o outro, não estando o réu acusado presente quando da coleta
da prova? Usar essa prova para embasar condenação fere o princípio do
contraditório?
Professor Guilherme de Souza Nucci aponta a necessidade da existência do
contraditório na situação, e o faz nos seguintes termos, ad litteram" havendo, nas
declarações de co-réu, referência à conduta de co-autor, para existir a possibilidade
de o juiz utilizar tais dados contra quem foi incriminado,é essencial que seja
permitido às partes participarem da colheita de provas. (…) quando um co-réu
incriminar outro, deve ser permitido pelo juiz que as partes façam perguntas
reperguntas e esclareçam. Do contraditório será uma prova totalmente inquisitiva,
que irá produzir danos a quem dela não participar" [08]. Conclui, por fim, de forma
brilhante, admoestando que, in verbis:" melhor afetar a lei ordinária (o Código de
Processo Penal, que não permite reperguntas [09], nem a presença de co-réu em
interrogatório do seu comparsa), do que a Constituição (princípios do contraditório
e da ampla defesa)".
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Art. 399, CPP. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a
audiência, ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e,
se for o caso, do querelante e do assistente. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2o O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença. (Incluído pela Lei nº
11.719, de 2008).
Uma primeira corrente (restritiva) diz que, embora as normas processuais materiais
estejam disciplinadas em diplomas processuais penais, dispõem sobre o conteúdo da
pretensão punitiva, tais como direito de queixa ou de representação, prescrição,
decadência, perempção etc. Assim, a eficácia no tempo deverá seguir o regramento
do artigo 2º, caput e parágrafo único do Código Penal. Em se tratando de uma norma
mais favorável ao réu, deverá retroagir em seu benefício; se prejudicial, aplica-se a
lei já revogada.
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A segunda corrente (ampliativa) diz que as normas processuais materiais são aquelas
que estabelecem condições de procedibilidade, meios de prova, liberdade
condicional, prisão preventiva, fiança, modalidades de execução da pena e todas as
demais normas que produzam reflexos no ius libertatis do agente, aplicando-se então
é o critério da irretroatividade da lei mais gravosa.
Assim, aplica-se o critério da irretroatividade da lei mais gravosa, seja qual for a
corrente adotada.
[TJCE]. Qual lei foi utilizada? (Art.366, CPP). Qual a solução se deu a essa
controvérsia?
O objetivo do art. 366 é garantir que o acusado que não foi pessoalmente citado não
seja julgado à revelia.
A nova redação do art. 366 dispõe que: “Se o acusado, citado por edital, não
comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do
prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada de provas
consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do
art. 312 ”. É notoriamente uma norma de caráter híbrido, pois amalgama aspectos de
direito penal (prescrição) e de caráter processual (suspensão do processo). Aí reside
a grande dificuldade para a aplicação deste artigo, pois ele abraça, na sua
principiologia, aspectos disjuntos como a irretroatividade da lei penal mais gravosa
e o “tempus regit actum” como princípio da aplicação imediata da lei processual.
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Quanto à analogia no Direito Processual Penal, Guilherme de Souza Nucci diz: "No
processo penal, a analogia pode ser usada contra ou a favor do réu, pois não se trata
de norma penal incriminadora, protegida pelo princípio da reserva legal, que exige
nítida definição do tipo em prévia lei." (2014, p. 38).
[TJCE]. Pode o réu requerer nulidade com o não cumprimento da regra da lei de
drogas concedendo o réu para apresentar defesa preliminar?
De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo
Tribunal Federal, a inobservância do rito procedimental previsto no art. 38 da Lei n.
10.409 /2002, que determina a apresentação de defesa preliminar antes do
recebimento da denúncia, constitui nulidade relativa, devendo ser arguida em
momento oportuno e comprovado o prejuízo.
3. Inquérito policial.
[TJCE]. Qual é o prazo de conclusão do Inquérito Policial? Passando o prazo e
estando o réu preso, qual é o resultado prático?
Solto Preso
CPP 30 10
CPPM 40 20
Lei de Drogas 90 + 90 30 + 30
Prisão temporária -
Crimes hediondos e
equiparados Não se aplica 30 + 30
o dia do início não é computado (se o inquérito foi instaurado hoje, o prazo para
conclusão começará a fluir a partir de amanhã);
se o prazo termina em um sábado, domingo ou feriado, será prorrogado até o
próximo dia útil.
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Para o prof. Renato, a segunda posição é mais acertada. Não se pode confundir o
prazo da prisão, que tem natureza penal, com o prazo para a conclusão do inquérito,
que tem natureza processual
[TJCE]. O que se deve fazer com os instrumentos do crime? Delegado pode restituir
coisas apreendidas?
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial
deverá:
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos
criminais;
Art. 120. A restituição, quando cabível, poderá ser ordenada pela autoridade policial ou
juiz, mediante termo nos autos, desde que não exista dúvida quanto ao direito do
reclamante.
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[TJCE]. Qual a natureza jurídica do inquérito policial? Por que existe o inquérito
policial? É dispensável? Como se inicia o inquérito policial? O delegado pode
instaurar inquérito em crime de ação penal privada? O que é indiciamento? Qual a
repercussão na ação penal? É possível indiciamento após a abertura da ação penal?
O ip tem rito? O inquérito é sigiloso?
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O inquérito policial pode ser iniciado por portaria, por meio de flagrante ou
requisição da autoridade competente.
http://www2.tjce.jus.br:8080/esmec/wp-content/uploads/2010/03/inquarito-policial-novo-texto.pdf
[TJCE]. E na ação penal privada? Pode haver renúncia na ação penal privada? E
relacionada a quais tipos de ações? A renúncia pode ser expressa? E tácita? A
renúncia é unilateral? E o perdão? O perdão pode ocorrer antes do oferecimento da
queixa? A renúncia pode ocorrer no curso da ação penal?
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1 - Renúncia
Conceito: É o ato unilateral e voluntário por meio do qual o ofendido abre mão do
seu direito de queixa.
É possível renúncia da representação nos casos de composição civil dos danos (Lei
9.099/95, art. 74, § único).
A renúncia feita por uma das vítimas não prejudica o direito das demais.
Tácita: resulta de ato incompatível com a vontade de processar. Ex.: convidar o autor
para ser padrinho de casamento.
Art. 104, CP: O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou
tacitamente.
2 -Perdão do ofendido
Conceito: É o ato bilateral e voluntário, por meio do qual o querelante resolve não
prosseguir com o processo em andamento, perdoando o querelado.
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Art. 106, § 2º, CP: Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença
condenatória.
Art. 58, CPP: Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado
será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser
cientificado de que o seu silêncio importará aceitação.
O perdão concedido por um dos querelantes não prejudica o direito dos demais.
3 - Perempção
Art. 60, CPP: Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á
perempta a ação penal:
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato
do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação
nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar sucessor.
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que possa refletir em eventual condenação pois, não há negar, que as agravantes
genéricas refletem na aplicação da pena.
[TJCE]. Quando ela é inepta? Casos de autoria coletiva? Quando deve ser rejeitada?
A denúncia e a queixa serão ineptas quando não contiverem os seus requisitos
essenciais, dentre os quais se incluem a descrição do fato criminoso com todas as
suas circunstâncias e a individualização do acusado ou referências pelos quais se
possa identificá-lo (art. 41 do CPP). Trata-se, como se vê, de questões de natureza
processual.
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Raphael: creio que a denúncia não pode ser rejeitada de plano quando verificada
causa extintiva da punibilidade porque os efeitos penais persistem e, como tais,
necessitam do contraditório.
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a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação,
uso, porte ou detenção constitua fato ilícito;
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo
agente com a prática do fato criminoso.
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[TJCE]. Se não for possível identificar o proprietário do bem, o que deve ocorrer?
Em caso de dúvida sobre quem seja o verdadeiro dono, o juiz remeterá as partes para
o juízo cível, ordenando o depósito das coisas em mãos de depositário ou do próprio
terceiro que as detinha, se for pessoa idônea (art. 120, parágrafo 4, CPP).
Se a decisão aprecia mero pedido de restituição, mediante termos nos autos, terá
natureza de decisão interlocutória simples (contra a qual se vislumbra a possibilidade
de mandado de segurança).
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; II - se ele, seu cônjuge,
ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo
caráter criminoso haja controvérsia; III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo,
ou afim, até o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que
tenha de ser julgado por qualquer das partes; IV - se tiver aconselhado qualquer das
partes; V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; Vl - se for
sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.
# DA PROVA.
[TJCE]. O juiz pode colher elementos na fase investigatória?
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Sim, quando a prova for cautelar, não repetíveis e urgentes segundo o art. 155 do
CPP. Nestes casos, não são considerados elementos de informação, pois existe o
contraditório e a ampla defesa.
[TJCE]. Mesmo sem a previsão do art. 155 do CPP, pode ser sustentado o uso de
elementos colhidos no inquérito policial?
Nesta pergunta acho q o examinador estava tentando fazer o candidato responder
certo, com base no contexto das perguntas anteriores, pois esta insistindo na colheita
de prova pelo magistrado na fase do inquérito policial.
O art. 155 é expresso que o juiz pode utilizar elementos colhidos no inquérito policial
desde que não fundamentados exclusivamente neles.
[TJCE]. O juiz pode condenar com base na confissão? O que seria necessário caso
não seja suficiente? E o silencio pode gerar condenação?
Art. 197 do CPP e art. 198 do CPP.
Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros
elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais
provas do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ou
concordância.
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir elemento
para a formação do convencimento do juiz.
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em
contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos
elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não
repetíveis e antecipadas.
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Art. 159, §5º, CPP: Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto
à perícia: II - indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a
ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008).
Por fim, o CPP também disciplina as hipóteses em que a pessoa será impedida de
firmar compromisso. (art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203
aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às
pessoas a que se refere o art. 206.)
[TJCE]. O juiz pode ouvir outras testemunhas além das arroladas pelas partes?
Sim. Nada obsta que o juiz proceda a oitiva das testemunhas não arroladas. Neste
sentido, o art. 209 do CPP expressamente autoriza a ouvida de outras testemunhas
além das arroladas pelas partes. (Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá
ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes). São chamadas de
testemunhas do juízo (art. 209, §1o, CPP). Serão extranumerárias, ou seja, não
contarão para fins de limitação legal e prestarão compromisso regularmente, salvo se
constantes de uma das exceções (art. 208, CPP).
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# SUJEITOS PROCESSUAIS.
[TJCE]. Sujeitos processuais – até que momento se admite o assistente?
O assistente será admitido enquanto não passar em julgado a sentença e receberá a
causa no estado em que se achar (art. 269, CPP).
§ 1o A audiência poderá ser adiada se, por motivo justificado, o defensor não puder
comparecer. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
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§ 1o A audiência poderá ser adiada se, por motivo justificado, o defensor não puder
comparecer. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
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O relaxamento da prisão, por sua vez, incide na prisão ilegal e não só na prisão em
flagrante . Restauração total da liberdade.
Ressalte-se que a revogação de prisão é instituto distinto e ocorre quando uma prisão
legal deixa de ser necessária.
- os requisitos específicos do art. 313 - crimes dolosos punidos com pena provativa
de liberdade máxima superior a 4 anos, reincidente em crime doloso, crime
envolvendo violência doméstica contra mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo
ou deficiente, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência (salvo,
segundo Pacelli, na hipótese de inobservância de cautelares pessoais distintas, em
que se dispensa o art. 313).
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Obs: Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado
ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o
nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. No mesmo prazo,
será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade,
com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas.
- delitos: embora haja decisões do Supremo em sentido contrário, e este seja o nosso
posicionamento, ainda prevalece que o tráfico de drogas não permite liberdade
provisória. Já o relaxamento da prisão e sua revogação podem se dar em qualquer
delito. Neste sentido: Súm. 697, STF – A proibição de liberdade provisória nos
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processos por crimes hediondo não veda o relaxamento da prisão processual por
excesso de prazo.
- competência: a liberdade provisória pode ser concedida pelo delegado ou pelo juiz.
Confira-se a nova redação do artigo 322, CPP:
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração
cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. (Redação
dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48
(quarenta e oito) horas. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
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12. Das citações e intimações. Forma, lugar e tempo dos atos processuais.
Art. 6º, Lei 11.419/06: a citação por meio eletrônico é expressamente vedada para o
processo penal e nos casos de processos por ato infracional do ECA.
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Carta precatória itinerante (355, § 1º): ocorre quando a carta precatória chega em uma
comarca, mas o oficial de justiça toma conhecimento de que o acusado mudou-se
para outra comarca. Não precisa devolver a carta precatória, ela já vai diretamente
para a outra comarca.
[TJCE]. O réu preso tem que ser citado? E se for apenas requisitado, sendo citado
no dia da audiência?
Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado. (Redação dada pela Lei nº
10.792, de 1º.12.2003).
"o réu preso há de ser necessária e obrigatoriamente citado, para que possa preparar a
sua defesa e constituir, se for o caso, defensor... Se admitida apenas e tão somente a
requisição e não a citação do réu preso, estaria este em uma situação processual não
apenas anômala, mas também totalmente diferenciada e inferiorizada processualmente
relativamente ao réu solto." (TJSP, Ap. Crim. 118.395-3/8)
"a surpresa não se coaduna com a moralidade exigida pelo processo penal e ela surge
quando se requisita sem citação." (TACrimSP, Ap. 425-743-1)
"A regra do art. 360, CPP, diz respeito à regularidade da administração penitenciária,
não afastando, em absoluto, a realização da citação por mandado do réu preso,
providência imprescindível para o pleno exercício de defesa, em consonância com o
princípio do devido processo legal." (STJ, Resp 44.153-SP)
[TJCE]. A suspensão deve perdurar por tempo certo ou não tem prazo?
Súmula 415 STJ: “O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo
máximo da pena cominada”.
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- As hipóteses de absolvição sumária estão prevista no art. 397 CPP: Art. 397. Após
o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá
absolver sumariamente o acusado quando verificar: I - a existência manifesta de
causa excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa excludente
da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; III - que o fato narrado
evidentemente não constitui crime; IV - extinta a punibilidade do agente.
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Nos termos do artigo 394, do CPP (Lei 11.719/08), o procedimento será COMUM
ou ESPECIAL: PROCEDIMENTO COMUM – ordinário – sumário ou sumaríssimo;
PROCEDIMENTO ESPECIAL: previsto no CPP (honra, responsabilidade dos
servidores públicos) ou em Lei Especial (Drogas – Tribunais).
Sumário - Cabimento = quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima cominada
for inferior a 4 anos de pena privativa de liberdade (394, § 1º, II). Cabem 5
testemunhas para a defesa e para a acusação
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Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz,
se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para
responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias
(…)
Art. 399. Recebida a denúncia ou queixa, o juiz designará dia e hora para a audiência,
ordenando a intimação do acusado, de seu defensor, do Ministério Público e, se for o
caso, do querelante e do assistente
Porém, cuidado! É preciso ficar atento para o fato de que alguns procedimentos
especiais preveem, aí sim, uma fase de defesa preliminar antes do próprio
recebimento da denúncia, como são as hipóteses dos crimes de responsabilidade dos
funcionários públicos (art. 514, CPP), da Lei de Drogas (art. 54, Lei n. 11.343/06),
dos crimes de responsabilidade de prefeitos (art. 2º, I, Decreto-Lei n. 201/67).
[TJCE]. Pode haver juízo de retratação, ou seja, em vez de absolvição sumária ele
recebe a denúncia?
Conforme entendimento jurisprudencial, não cabe juízo de retratação da decisão que
recebe a denúncia, tendo em vista o exaurimento do poder decisório acerca das
condições e da justa causa da ação penal. Ocorre a chamada preclusão pro judicato.
Uma vez instaurada, a ação penal só pode ser finalizada com a prolação da sentença,
que deve ocorrer no momento oportuno, sob pena de causar insegurança jurídica.
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[TJCE]. Na resposta à acusação o réu pode alegar o quê? Quando cabe absolvição
sumária? Pode absolvição sumária em réus inimputáveis?
Reza o novo artigo 396-A do CPP
"Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo o que
interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas
pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando
necessário."
CPP, Art. 397: Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste
Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar:
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Art. 351, do CPP. A citação via de regra, se fará por mandado, quando o réu estiver
no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado.
[TJCE]. As intimações?
Regra geral as intimações do defensor constituído, do advogado do querelante e do
assistente far-se-á por públicação no órgão incumbido da publicidade dos atos
judiciais da comarca, incluindo sob pena de nulidade, o nome do acusado (art. 370,
§1º, do CPP). A intimação do MP e do defensor nomeado será pessoal. (§ 4º, do art.
370, do CPP).
[TJCE]. Se for pessoas jurídicas quem pode receber por pessoa jurídica?
A citação da pessoa jurídica se dá por seu representante legal, conforme
entendimento do STJ.
[TJCE]. Quem julga esses recursos contra as decisões das turmas recursais?
Contra as decisões das turmas recursais caberia somente recurso extraordinário, se
presente seus pressupostos. Que seria julgado no STF.
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Art. 66. A citação será pessoal e far-se-á no próprio Juizado, sempre que possível, ou
por mandado.
Parágrafo único. Não encontrado o acusado para ser citado, o Juiz encaminhará as
peças existentes ao Juízo comum para adoção do procedimento previsto em lei (Não cabe
citação por edital).
Enunciado 110 – No Juizado Especial Criminal é cabível a citação com hora certa.
[TJCE]. As intimações?
Art. 67. A intimação far-se-á por correspondência, com aviso de recebimento pessoal ou,
tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da
recepção, que será obrigatoriamente identificado, ou, sendo necessário, por oficial de
justiça, independentemente de mandado ou carta precatória, ou ainda por qualquer meio
idôneo de comunicação.
Parágrafo único. Dos atos praticados em audiência considerar-se-ão desde logo cientes
as partes, os interessados e defensores.
[TJCE]. Se for pessoas jurídicas quem pode receber por pessoa jurídica?
Com relação à pessoa jurídica, impende aduzir que a jurisprudência possui
entendimento no sentido de que é válida a citação realizada na pessoa que se
identifica como funcionário da empresa e que a recebe sem qualquer ressalva a
respeito da falta de poderes para tanto (Teoria da Aparência).
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Eventuais atrasos no julgamento que não caracterizem uma demora excessiva e que
não seja provocada por desídia, ou que o atraso seja decorrente da complexidade da
causa ou de excessivo número de processo, não ensejam, por si só, que o processo
seja transferido para outra comarca.
1. Os prazos para a conclusão da instrução criminal não são peremptórios, podendo ser
flexibilizados diante das peculiaridades do caso concreto, em atenção e dentro dos
limites da razoabilidade.
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2. Não se constata indícios de desídia quanto ao processamento da ação penal, que segue
seu curso normal, em que se apura a prática de cinco crimes, envolvendo cinco réus e
com pluralidade de vítimas, em que houve a necessidade de expedição de precatórias,
dado o encarceramento dos acusados em comarca distante, e incidentes processuais,
como o exame do pedido de desaforamento ajuizado, já julgado.
4. Habeas corpus não conhecido, com a recomendação de que seja conferida prioridade
ao julgamento do paciente pelo Júri.
Processo HC 276732 / AM
[TJCE]. Qual é a natureza da decisão que encerra a 1ª fase do Júri? Quais são os
meios de impugnação de cada uma?
R: A decisão que encerra a 1ª fase do Júri pode ser concluída com a prolação de uma
das seguintes decisões: impronúncia, desclassificação, absolvição sumária,
pronúncia.
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3. Concurso de crimes
[TJCE]. Qual a natureza da decisão que encerra a primeira fase do júri? Que cautela
deve ter o magistrado ao proferir essa decisão, em termos de linguagem?
Pronúncia é a decisão interlocutória mista, que julga admissível a acusação,
remetendo o caso à apreciação do Tribunal do Júri. Trata-se de decisão de natureza
mista, pois encerra a fase de formação da culpa, inaugurando a fase de preparação do
plenário, que levará ao julgamento de mérito.
Embora seja uma decisão interlocutória, mantém a estrutura formal de uma sentença
na sua composição, ou seja, deve possuir relatório, fundamentação e dispositivo. A
pronúncia julga apenas a admissibilidade da acusação, sem qualquer avaliação de
mérito. Assim, é indispensável que seja prolatada em termos sóbrios, sem colocações
incisivas, evitando-se considerações pessoais no tocante ao réu e constituindo a
síntese da racionalidade e do equilíbrio prudente do juiz.
Não se pode conceber que a decisão, nesses termos proferida, seja lida pelos jurados,
de modo a influir na formação do seu convencimento.
[TJCE]. Quais as ações que o juiz pode tomar, ao fim da primeira fase? Ele pode
alterar a capitulação da conduta? Pode desclassificar?
O juiz pode pronunciar o réu ou, ausentes os requisitos da prova da existência do fato
descrito como crime e indícios suficientes de autoria ou participação, impronunciar
o réu. Pode ainda absolver sumariamente.
Descreve o art. 418, do CPP, a hipótese prevista no art. 383, caput, do mesmo
Código, ou seja, a emendatio libelli. Não está o magistrado, realmente, adstrito à
classificação feita pelo órgão acusatório, até mesmo por que o réu se defende dos
fatos e não da definição jurídica dada na denúncia ou queixa. Quando ocorre a
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pronúncia, o juiz indica o tipo penal no qual está incurso o réu (ex.: tentativa de
homicídio, homicídio simples, homicídio qualificado).
Pode ser internação, para crimes apenados com reclusão, ou a opção entre internação
e tratamento ambulatorial, para crimes apenados com detenção. Lavrada a sentença,
com todos os presentes em pé, solenemente, o juiz presidente procede à sua leitura
em plenário. Acompanharão o ato as partes e o réu. Este, no entanto, pode ser retirado
de plenário caso se manifeste agressivamente ou resolva interromper o juiz para
protestar. Por outro lado, se alguma das partes, chamada para o ato, não comparecer,
lê o magistrado a sentença para os que estiverem em plenário, sem qualquer
irregularidade. É direito da acusação ou da defesa estar presente, mas não uma
obrigação.
[TJCE]. O jurado recebe cópia da decisão de pronúncia? Qual o prazo máximo para
uso de novas provas no Júri? Qual o momento de arguição do procedimento do Júri?
Nulidade na formulação dos quesitos? Em que momento a parte deve se manifestar
da nulidade no Júri
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Art. 472. Formado o Conselho de Sentença, o presidente, levantando-se, e, com ele, todos
os presentes, fará aos jurados a seguinte exortação: Parágrafo único. O jurado, em
seguida, receberá cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores que
julgaram admissível a acusação e do relatório do processo.
- Judicium Causae: inicia-se essa segunda etapa com a preparação para o julgamento.
No momento em que receber os autos que indicam a necessidade de realização de
julgamento em Plenário, o juiz-presidente intimará o Ministério Público ou o
querelante e o defensor do acusado para, no prazo de cinco dias, arrolar um máximo
de cinco testemunhas para deporem em Plenário, bem como juntar documentos e
requerer diligências, visto que, como bem exige o art. 479, “durante o julgamento
não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido
juntado aos autos com a antecedência mínima de três dias úteis, dando-se ciência à
outra parte”
- Quesitação. Sistema adotado pelo CPP de perguntas formuladas aos jurados acerca
da materialidade, autoria, eventual absolvição do acusado, causa de diminuição de
pena, qualificadoras e causas de aumento de pena.
Nulidades verificadas no curso do julgamento pelo júri deverão ser suscitadas logo
depois que ocorrerem. Aplica-se, in casu, o art. 571, VIII, do CPP64. A título de
exemplo de nulidades previstas no Código de Processo Penal, sujeitas a ocorrerem
no curso da sessão de julgamento, o art. 478 do CPP, introduzido pela Lei
11.689/2008, proibiu às partes de fazerem referência, durante os debates, à decisão
de pronúncia, às decisões posteriores que julgaram admissível a acusação ou à
determinação do uso de algemas, bem como ao silêncio do acusado ou à ausência de
seu interrogatório. Note-se que, neste aspecto, não está pacificada a jurisprudência
quanto à natureza das nulidades decorrentes da infringência à norma legal. Pensamos
que devam ser consideradas relativas, sujeitas, portanto, à arguição oportuna e à
demonstração de efetivo prejuízo para serem declaradas. Por exemplo, se o trecho da
pronúncia lido aos jurados pelo Ministério Público não possuir qualquer autoridade
para interferir no convencimento íntimo dos jurados e prejudicar o réu, não há razão
para ser reconhecida a nulidade do julgamento, o qual poderá manter-se íntegro
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[TJCE]. Como devem ser formulados e quais são os quesitos no Tribunal do Júri?
Conforme redação do Art. 482, o Conselho de Sentença será questionado sobre
matéria de fato e se o acusado deve ser absolvido.
Ordem:
4) Causa de diminuição da pena alegada pela defesa. Essa tese deve ser
individualizada.
As agravantes e atenuantes não são quesitadas aos jurados, sendo sua aplicação da
competência do juiz presidente.
A súmula 156 do STF continua válida, a qual possui o seguinte verbete: “É absoluta
a nulidade do julgamento pelo júri, por falta de quesito obrigatório”.
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[TJCE]. Mesmo que a defesa não peça absolvição, esta deve ser um quesito? O Júri
pode absolver mesmo no caso de não ter sido ventilada a absolvição?
Sim. Trata-se de quesito obrigatório, conforme previsão do art. 483, III, CPC.
I – no caso de condenação:
Apesar do texto da lei, o STF e o STJ possuem julgados aceitando que o juiz-
presidente reconheça e aplique a confissão espontânea mesmo sem que a defesa ou o
MP tenha pedido isso expressamente no Plenário:
(...) Pode o Juiz Presidente do Tribunal do Júri reconhecer a atenuante genérica atinente
à confissão espontânea, ainda que não tenha sido debatida no plenário, quer em razão
da sua natureza objetiva, quer em homenagem ao predicado da amplitude de defesa,
consagrado no art. 5º, XXXVIII, “a”, da Constituição da República.
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3. A regra contida no art. 492, I, do Código de Processo Penal, deve ser interpretada em
harmonia aos princípios constitucionais da individualização da pena e da
proporcionalidade. (...) (HC 106376, Rel. Min. Cármen Lúcia, Primeira Turma,
julgado em 01/03/2011)
(...) Esta Corte possui o entendimento de que a Lei 11.689/2008, alterando a redação do
art. 492 do CPP, conferiu ao juiz presidente do Tribunal do Júri a atribuição de aplicar
as atenuantes e agravantes alegadas nos debates.
[TJCE]. E nos casos de aumento de pena? O juiz deve considerar todas as causas de
aumento?
Sim, deve considerar todas. As qualificadoras e as causas de aumento de pena para
poderem ser sustentadas pela acusação em plenário precisam ter sido reconhecidas
na pronúncia, como expressamente exige o art. 413, § 1º.
Também neste caso, como já se destacou acima, não é possível formular um quesito
"genérico" sobre qualificadoras e causas de aumento de pena. Assim, devem ser
quesitadas as qualificadoras e causas de aumento de pena efetivamente reconhecidas
na pronúncia.
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STF Súmula nº 706 - Nulidade Relativa - Competência Penal por Prevenção: É relativa
a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por prevenção.
Nulidade absoluta:
a) Não está sujeita à preclusão. Ou seja: pode ser arguida a qualquer momento.
Porém, em se tratando de sentença condenatória ou absolutória imprópria, a nulidade
pode ser arguida mesmo após o trânsito em julgado, mediante HC ou revisão criminal
(revisão só se for favorável ao réu). Ada Pelegrini entende que a sentença proferida
por juiz incompetente é sentença inexistente. Esse entendimento é minoritário, pois
para a maioria e o STF tal sentença é capaz de transitar em julgado.
Ex: leitura dos quesitos: o juiz pergunta se as partes têm alguma impugnação. Se a
pate ficar calada a jurisprudência entende que haveria preclusão.
A regra é que com o trânsito em julgado não se pode mais arguir nem mesmo a
nulidade absoluta. Mas na sentença condenatória e absolutória imprópria o
ordenamento jurídico coloca instrumentos capazes de questionar essa nulidade
absoluta (exceção à assertiva de que o trânsito em julgado seria uma sanatória geral
em relação às nulidades absolutas).
Súmula 523 do STF: “No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta,
mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu”.
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Lei 10.792/03 alterou o art. 360, que passou a prever que se o acusado está preso,
deverá ser citado pessoalmente.
Atualmente entende-se que deve ser realizada a citação, não sendo suprida pela
requisição. Não obstante, não havendo prejuízo, pode se considerar suprida a citação
pelo comparecimento do réu, devidamente representado.
2. Pena aquém do mínimo legal. Questão não submetida a exame do Superior Tribunal
de Justiça, implicando supressão de instância seu conhecimento nesta Corte. Habeas
corpus conhecido, em parte, denegada a ordem nessa extensão.
(HC 95179, Relator(a): Min. EROS GRAU, Segunda Turma, julgado em 02/09/2008,
DJe-241 DIVULG 18-12-2008 PUBLIC 19-12-2008 EMENT VOL-02346-07 PP-01528)
Defesa inexistente é aquela que nem chegou a ocorrer, diferindo da defesa deficiente,
que existe, mas foi formulada de modo prejudicial aos interesses do réu, por ser
incompleta ou de má qualidade.
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Lei 10.792/03 alterou o art. 360, que passou a prever que se o acusado está preso,
deverá ser citado pessoalmente.
Súmula 351, STF: É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da
federação em que o juiz exerce a sua jurisdição.
Essa súmula deve ser lida com cuidado. O que ela está dizendo é que se o acusado
está preso no Estado de SP, o juiz de SP não pode citá-lo por edital. E se ele estiver
preso em outra unidade da federação? Como fica? Pela súmula, a citação dele pode
ser feita por edital. Mas essa súmula foi criada antes da Lei 10.792/03. A doutrina,
diante da nova redação do art. 360 (que não faz distinção do local em que esteja
preso), diz que se o acusado está preso, deve ser citado pessoalmente, pouco
importando a localidade da prisão. Então, para a doutrina, essa Súmula 351 está
ultrapassada (entendimento do Prof. Renato Brasileiro). O Banco Nacional de
Mandados de Prisão, criado pelo CNJ, ajuda a saber se a pessoa está presa. Mas os
Tribunais Superiores entendem que a Súmula 351 continua válida (HC 162.339,
julgado de 2011).
[TJCE]. O tribunal pode entender de forma mais gravosa sem que altere a pena
codificada?
Não, pois mesmo que não altere a pena não pode haver reformatio in pejus quando o
recurso é apenas da defesa, entendimento esse dado recentemente pela jurisprudência
dos tribunais superiores
[TJCE]. Defesa recorre para questionar a pena para o tribunal, o TJ pode absolver?
Sim, pelo efeito devolutivo dos recursos, a interposição do recurso pela defesa
devolve ao tribunal a análise de toda a matéria referente ao recurso, podendo o TJ
entender pela absolvição do réu. Outro caso que também é possível é que o tribunal
pode aplicar HC de ofício quando entender que se trata de decisão desproporcional e
desarrazoada, absolvendo o réu. Pois o que é vedado é o reformatio in pejus quando
o recurso é apenas da defesa.
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Sim, pelas mesmas razões da questão anterior, pois o que é vedado é o reformatio in
pejus quando o recurso é apenas da defesa. Quando o recurso é do MP, não há
vedação para que o TJ aplique a reformatio in melius.
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;
Obs: os incisos XI, XII, XVII, XIX, XX, XXI, XXII, XXIII e XXIV foram regovados
pelo art. 197, LEP, sendo cabível, nestas hipóteses, agravo em execução.
Ademais, quanto ao inciso XIV, CPP, há entendimento de que não é mais cabível
RESE. Agora, cabe reclamação por qualquer do povo art. 426, caput, CPP).
Difere da apelação, pois esta cabe contra decisão ou sentença contra a qual não caiba
Recurso em Sentido Estrito.
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Art. 593, CPP. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: (Redação dada pela Lei nº
263, de 23.2.1948)
II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos
casos não previstos no Capítulo anterior; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: (Redação dada pela Lei nº 263, de
23.2.1948)
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. (Redação dada
pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
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§ 4o Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito,
ainda que somente de parte da decisão se recorra. (Parágrafo único renumerado pela
Lei nº 263, de 23.2.1948)
Art. 581, CPP. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:
Art. 596, CPP. A apelação da sentença absolutória não impedirá que o réu seja posto
imediatamente em liberdade. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
Art. 597, CPP. A apelação de sentença condenatória terá efeito suspensivo, salvo o
disposto no art. 393, a aplicação provisória de interdições de direitos e de medidas de
segurança (arts. 374 e 378), e o caso de suspensão condicional de pena.
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Quando apenas a acusação recorre para elevação de pena, sem que a defesa se
manifeste, pode o tribunal absolver, melhorar a coordenação? Se fosse decisão do
tribunal de júri?
Quanto ao júri, entendo que, em princípio haveria ressalva, em vista da soberania dos
veredictos assegurada na CRFB/88.
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1. A mais recente jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido deque o art. 617 do
CPP proíbe, apenas, a reformatio in pejus, nãohavendo nenhuma vedação à reformatio
in melius em recurso exclusivoda acusação, uma vez que este devolve toda a matéria ao
Tribunal.
4. A Corte a quo, efetivamente, negou vigência ao art. 61, I, doCódigo Penal, que prevê
a reincidência como circunstância legal quesempre deverá agravar a pena, sendo esta,
portanto, norma denatureza cogente, ou seja, de aplicação obrigatória.
“De outro norte, entendo que, in casu, seja possível a reforma dasentença em benefício
do acusado (reformatio in mellius), ainda que setrate de recurso exclusivo da acusação,
com vistas à sua absolvição.”
'Permissa vênia, em que pese a posição sufragada pela CorteMáxima de que a reformatio
in melius ofende aos princípios dotantum devolutum quantum appelatum e da coisa
julgada para adefesa, entendemos perfeitamente admissível, em recurso exclusivo
daacusação, a reforma da decisão em favor do réu, haja vista que aimpugnação
interposta pelo Ministério Público, a teor do que sesubentende do art. 617 do CPP, tem
efeito devolutivo amplo,devolvendo ao Tribunal a análise de toda a matéria meritória
eprobatória. A bem da verdade, isso se verifica porque o Parquet não éum órgão
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acusador por excelência, mas sim um legítimo representantee defensor da ordem jurídica
e da sociedade (art. 127 da CF/88), tendopor interesse maior a busca de uma solução
justa para a lide penal enão a impreterível condenação do réu'. (Grifo nosso).”
# DA REVISÃO CRIMINAL.
[TJCE]. Quais decisões são objeto de revisão criminal?
Art. 621, CPP. A revisão dos processos findos será admitida:
I - pelo Supremo Tribunal Federal, quanto às condenações por ele proferidas; (Redação
dada pelo Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)
§ 3o Nos tribunais onde houver quatro ou mais câmaras ou turmas criminais, poderão
ser constituídos dois ou mais grupos de câmaras ou turmas para o julgamento de revisão,
obedecido o que for estabelecido no respectivo regimento interno. (Incluído pelo
Decreto-lei nº 504, de 18.3.1969)
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Também se pode requerer indenização pelos prejuízos causados: Art. 630, CPP. O
tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer o direito a uma justa
indenização pelos prejuízos sofridos.
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[TJCE]. Quem julga a revisão criminal? Quando cabe revisão criminal? Em que
momento se produz a prova nova? Cabe produção de prova na revisão criminal?
Como se respeita o contraditório? Utiliza-se ação de justificação?
R: Trata-se de ação da competência originária dos Tribunais, pelo menos em regra.
A decisão do Tribunal substituirá a decisão anterior.
No âmbito dos Juizados Especiais Criminais, apesar de não se admitir ação rescisória,
tem-se admitido revisão criminal. No entanto, nesse caso, a revisão criminal deve ser
apreciada pela Turma Recursal (onde ela esteja constituída; se não tiver Turma
Recursal, quem irá apreciar a revisão criminal será o próprio Tribunal).
“Lei penal”: a doutrina e a jurisprudência dizem que não seria apenas a lei material;
se pode ajuizar revisão criminal também se há contrariedade à lei processual e à
própria CF.
Essa contrariedade tem que ser uma contrariedade manifesta, evidente, porque os
Tribunais dizem que se a discussão disser respeito a uma dúvida, a uma controvérsia,
aí não cabe revisão criminal.
STF, Súmula 343: “Não cabe ação rescisória (nem revisão criminal) por ofensa a literal
disposição de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de
interpretação controvertida nos tribunais”.
Os Tribunais também dizem que, ainda que haja uma interpretação controvertida, se
depois de algum tempo pacificar-se o entendimento jurisprudencial num determinado
sentido, se poderia ajuizar a revisão criminal.
Ex.: Durante muitos anos prevaleceu o entendimento de que era possível que o
acusado fosse privado do duplo grau de jurisdição pelo fato de não ter se recolhido à
prisão para apelar. Então, se o juiz reconhecia que ele não era primário e não tinha
bons antecedentes, se ele não se apresentasse à prisão, ele não tinha direito de
recorrer. Muitos acusados se viam condenados na primeira instância porque eles
estavam foragidos. Então o juiz certificava o trânsito em julgado e ele não tinha o
direito de apelar. Hoje, essa interpretação mudou: entende-se que, ainda que o réu
não seja primário, ainda que não tenha bons antecedentes, tem direito ao duplo grau.
Então, hoje seria cabível a revisão criminal com base nisso, podendo dizer que aquela
decisão condenatória seria manifestamente contrária ao texto do CPP, que passou a
admitir o duplo grau e também ao texto da Convenção Americana, que admite o
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duplo grau, querendo que o Tribunal rescinda o trânsito em julgado, para que se possa
ter direito de interpor uma apelação.
Você pode tentar provar essa falsidade no bojo da própria revisão criminal ou quando
ajuíza uma justificação.
Mas, se visualizarmos que aquela prova falsa não teria sido relevante para o decreto
condenatório, aí não deve ser deferido o pedido na revisão criminal.
Obs.: A prova nova pode ser uma prova capaz de inocentar o acusado, mas ela
também servirá se for uma prova capaz de determinar ou autorizar a diminuição da
pena.
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Os Tribunais e a doutrina têm interpretado que prova nova não é apenas uma prova
nova que não teria constado do primeiro processo, mas também pode ser uma nova
análise da mesma prova que já havia sido produzida. Às vezes, se tem uma prova
produzida no processo sob um ponto de vista, mas depois, com o avanço da
tecnologia, se poderia submeter aquela mesma prova a um reexame, agora sob
técnica mais avançada.
Cuidado: para que seja cabível a revisão criminal, é preciso ter provas novas. A
revisão criminal não se presta à reapreciação do conjunto probatório, pois para isso
é que serviu a apelação.
STJ, REsp 763. 283: a revisão criminal não se presta quando não apresentada
nenhuma nova prova apta a determinar o reexame a nova avaliação do conjunto
probatório (não se pode utilizar a revisão criminal para buscar uma segunda, uma
terceira avaliação do conjunto probatório).
Mesmo um acusado preso pode pedir para que sua decisão condenatória seja revista
e o Tribunal acolherá isso como se fosse uma interposição de uma revisão criminal.
Para assegurar a ampla defesa, nomeia um defensor dativo ou manda os autos para a
Defensoria Pública, para apresentar a motivação dessa revisão criminal.
No caso de morte, se a ação ainda não tiver sido proposta: a legitimação será
transferida ao CADI (cônjuge, ascendente, descendente e irmão).
# DO HABEAS CORPUS.
[TJCE]. O que é o habeas corpus? Qual a natureza jurídica?
É uma ação peal não condenatória, é uma ação constitucional destinada
especificamente à proteção da liberdade de locomoção quando ameaçada ou violada
por ilegalidade ou abuso de poder.
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[TJCE]. E aplicação?
A aplicação de cada uma das espécies já consta na resposta da questão anterior.
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Exemplo:
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder
escrever, e a designação das respectivas residências.
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[TJCE]. O que é HC? Qual a sua natureza jurídica? Qual a diferença entre HC e
MS? É possível concessão de medida liminar em HC? Cabe HC da negativa de HC?
O querelante e ou assistente de acusação pode intervir no HC do querelado? Cabe
HC após o trânsito em julgado? Cabe HC contra ato do MP? Onde se processa?
O habeas Corpus é ação autônoma de impugnação, constituído através de previsão
constitucional – Artigo 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal -, tendo como
objetivo evitar a prática de atos atentatórios à liberdade de locomoção ou restabelecê-
la, quando ilegalmente violada ou ameaçada.
O MS é uma ação judicial, de rito sumário especial, a ser utilizada quando direito
líquido e certo do indivíduo for violado por ato de autoridade governamental ou de
agente de pessoa jurídica privada que esteja no exercício de atribuição do Poder
Público. É sempre ação de natureza civil, ainda quando impetrado contra ato de juiz
criminal, praticado em processo penal.
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22. Lei n.º 7.210/84. Da execução das penas em espécie. Dos incidentes
da execução penal.
[TJCE]. Qual a natureza jurídica da execução penal? Sendo uma atividade
jurisdicional implica em que, no direito do preso?
Não é pacífica na doutrina a natureza jurídica da execução penal, havendo, por um
lado, quem defenda seu caráter puramente administrativo e, por outro, quem sustente
sua natureza eminentemente jurisdicional.
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Considera ele que, “embora não se possa negar tratar-se de atividade complexa, não
é pelo fato de não prescindir de certo rol de atividades administrativas que sua
natureza se transmuda; prevalece a atividade jurisdicional, não só na solução dos
incidentes da execução. Sendo atividade jurisdicional é garantido ao apenado o
acesso ao Poder Judiciário e a todas as garantias que lhe são inerentes (ampla defesa,
contraditório, devido processo, imparcialidade do juiz, direito à produção probatória,
direito de audiência etc.).
Com isso, restou mais uma vez firmado o entendimento de que o instituto da remição,
como prêmio concedido ao apenado em razão do tempo dedicado ao trabalho ou
estudo, está sujeito à cláusula rebus sic stantibus, gerando apenas expectativa de
direito. Sua concessão, em outras palavras, não produz coisa julgada material,
podendo ocorrer revogação de dias remidos diante do reconhecimento da prática de
falta grave pelo apenado.
[TJCE]. Como são apuradas as faltas graves? Sendo uma atividade jurisdicional, a
apuração de falta grave fica a cargo do diretor do presídio?
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Dessa forma, constata-se que a LEP não deixa dúvida ao estabelecer que todo o
"processo" de apuração da falta disciplinar (investigação e subsunção), assim como
a aplicação da respectiva punição, é realizado dentro da unidade penitenciária, cuja
responsabilidade é do seu diretor. Somente se for reconhecida a prática de falta
disciplinar de natureza grave pelo diretor do estabelecimento prisional, é que será
comunicado ao juiz da execução penal para que aplique determinadas sanções, que o
legislador, excepcionando a regra, entendeu por bem conferir caráter jurisdicional.
[TJCE]. Quem determina a anotação da falta grave? O juiz deve ouvir o preso?
Todo o "processo" de apuração da falta disciplinar (investigação e subsunção), assim
como a aplicação da respectiva punição, é realizado dentro da unidade penitenciária,
cuja responsabilidade é do seu diretor. Somente se for reconhecida a prática de falta
disciplinar de natureza grave pelo diretor do estabelecimento prisional, é que será
comunicado ao juiz da execução penal para que aplique determinadas sanções. Na
apuração da falta grave, é indispensável assegurar ao apenado o direito à ampla
defesa e ao contraditório, sob pena de nulidade da punição eventualmente aplicada,
devendo, portanto ser ouvido. No tocante à formalização dessa sequência de atos
concernentes à apuração da conduta faltosa do detento e aplicação da respectiva
sanção, o art. 59 da LEP é expresso ao determinar que: “praticada a falta disciplinar,
deverá ser instaurado o procedimento para a sua apuração, conforme regulamento,
assegurado o direito de defesa”. E mais, mesmo sendo a referida lei do ano de 1984,
portanto, anterior à CF de 1988, ficou devidamente assegurado o direito de defesa do
preso, que abrange não só a autodefesa, mas também a defesa técnica, a ser realizada
por profissional devidamente inscrito nos quadros da OAB. Não por outro motivo o
legislador disciplinou expressamente nos arts. 15, 16 e 83, § 5º, da LEP, a
obrigatoriedade de instalação da Defensoria Pública nos estabelecimentos penais, a
fim de assegurar a defesa técnica daqueles que não possuírem recursos financeiros
para constituir advogado. Ademais, vale ressaltar que o direito de defesa garantido
ao sentenciado tem assento constitucional, mormente porque o reconhecimento da
prática de falta disciplinar de natureza grave acarreta consequências danosas que
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Súmula 441 do STJ: A falta grave não interrompe o prazo para obtenção do livramento
condicional. Entende o STJ que, por ausência de previsão legal, a prática de falta grave
não interrompe o lapso temporal para aferição do requisito objetivo ao deferimento de
comutação de pena.
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Seria, portanto, um verdadeiro contrassenso admitir que o preso que cumpre pena em
estabelecimento penal federal, regido pelo aludido Decreto, possua mais direitos e
garantias em relação àquele que esteja cumprindo pena em presídio estadual.
II - sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em
execução, torne incabível o regime (artigo 111).
§ 1° O condenado será transferido do regime aberto se, além das hipóteses referidas nos
incisos anteriores, frustrar os fins da execução ou não pagar, podendo, a multa
cumulativamente imposta.
Falta Grave.
Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:
II - fugir;
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VII - tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que
permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. (Incluído pela Lei
nº 11.466, de 2007)
[TJCE]. Se soma permitir que continue no mesmo regime, ainda que há outra
condenação em regime menos gravoso?
Ao final, merece destacar que não encontra respaldo legal a medida cautelar em
regressão de regime de cumprimento de pena, pois, tal situação foi uma construção
doutrinária e jurisprudencial e não deve ser repassada pelos magistrados, pois, estes
tem o dever legal de aplicar o comento da lei no caso concreto e a função de um
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Os regimes prisionais são três. O sujeito, cumprindo pena no regime fechado ou, no
semiaberto, a partir de um determinado momento da execução, preenchidos alguns
requisitos, tem direito à progressão de regime, ou seja, tem direito à mudança para
um regime menos gravoso. Isto ocorre por conta do princípio da individualização da
pena, que deve ser ajustada ao condenado desde a sentença até a execução, sofrendo,
inclusive, modificações.
Para os crimes hediondos, desde 2006, após a decisão do STF em controle incidental
(HC. 82.959), admite-se a progressão de regime. Em 2007, após a alteração
legislativa na lei dos crimes hediondos (lei n. 11.464/2007), o prazo para progressão
de regime é de 2/5, para condenados não reincidentes, e 3/5 para os reincidentes.
Ainda falando em progressão de regime, a sumula 439 do STJ veio sanar a dúvida
com relação ao exame criminológico: trata-se de procedimento facultativo, que pode
ser admitido no caso concreto, atendidas as peculiaridades da situação específica.
Pois bem. No caso de cometimento de falta grave, cujo conceito se encontra no artigo
50 da LEP, o condenado perde o direito ao tempo já cumprido da pena. Em outros
termos, reinicia-se a contagem a partir do zero, e o condenado deve cumprir,
novamente, a quantidade necessária da pena para obter a progressão de regime
(1/6, 2/5 ou 3/5, a depender do caso).
[TJCE]. O que é a remição? O preso deve estar em que regime? O preso que está
em regime aberto pode remir a pena por estudo de ensino a distância, não
presencialmente?
R: Art. 126, LEP, “O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou
semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da
pena”
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I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de ensino
fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação
profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias; (Incluído pela Lei nº 12.433, de
2011)
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho. (Incluído pela Lei nº 12.433, de
2011)
- RDD, direitos e Garantias Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso
constitui falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas,
sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime
disciplinar diferenciado, com as seguintes características: I - duração máxima de
trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de
mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada; II - recolhimento em cela
individual; III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com
duração de duas horas; IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias
para banho de sol.
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Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:
II - fugir;
VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar,
que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo.
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao preso provisório.
Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restritiva de direitos que:
III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei.
- Competência para aplicar e oitiva da defesa. Art. 54. As sanções dos incisos I a IV
do art. 53 serão aplicadas por ato motivado do diretor do estabelecimento e a do
inciso V (RDD), por prévio e fundamentado despacho do juiz competente. § 1o A
autorização para a inclusão do preso em regime disciplinar dependerá de
requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra
autoridade administrativa. § 2o A decisão judicial sobre inclusão de preso em regime
disciplinar será precedida de manifestação do Ministério Público e da defesa e
prolatada no prazo máximo de quinze dias.
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Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que conterá dormitório, aparelho
sanitário e lavatório.
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Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá
no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses,
contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do
dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. Art.39. O direito de
representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes
especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério
Público, ou à autoridade policial.
§2o A representação conterá todas as informações que possam servir à apuração do fato
e da autoria.
Art.41.A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas
circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa
identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo
constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso,
salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente
requeridas no juízo criminal.
[TJCE]. Se o lesado optar pela instauração do IP, isso suspende o prazo decadencial?
Não. Por se tratar de prazo decadencial, não se admite a suspensão.
[TJCE]. Se a vítima for menor de 18 anos e o acusado for seu pai, quem irá
representá-lo?
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado
mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele,
o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a
requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal.
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e
o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
Portanto, embora a vítima possa escolher entre propor ou não a ação (oportunidade)
e possa perdoar o querelado (disponibilidade), não lhe é dado escolher a qual dos
ofensores irá processar. Ou a ação é proposta contra todos ou não o é contra nenhum.
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CIVIL
* O examinador dessa matéria foi Dr. Nestor Duarte
▪ A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro é regida pela lei que nele vigorar,
quanto ao ônus e aos meios de produção.
Como exemplo de aplicação da analogia, prevê o art. 499 do CC que é lícita a venda
de bens entre cônjuges quanto aos bens excluídos da comunhão. Como a norma não
é, pelo menos diretamente, restritiva da liberdade contratual, não há qualquer óbice
de se afirmar que é lícita a compra e venda entre companheiros quanto aos bens
excluídos da comunhão. Destaque-se que, em regra, o regime de bens do casamento
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é o mesmo da união estável, qual seja, o da comunhão parcial de bens (arts. 1.640 e
1.725 do CC) (TARTUCE, 2015).
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# ANALOGIA.
[TJCE]. O que é analogia?
Significa julgar pelas semelhanças dos fatos, ou seja, usando essa lógica no direito
seria o mesmo que aplicar a norma existente no ordenamento jurídico a um caso não
previsto na norma jurídica, desde que eles guardem semelhanças reais.
A lei de Introdução do Código Civil em seu art. 4º prevê o uso da analogia como um
meio de integração do direito desde que o caso em concreto obedeça alguns requisitos
tais quais:
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Miguel Reale ensina com clareza “que, se nem sempre traduzem princípios gerais
ainda subsistentes, atuam como ideias diretoras, que o operador de Direito não pode a
priori desprezar” (Lições Preliminares de Direito, Saraiva, p. 315).
É de bom alvitre ressaltar que leis com lacunas, o princípio poderá prevalecer diante
de uma omissão legal (art. 4º da LINDB).
O art. 5º da LINDB estabelece que “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins
sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”. Assim, O magistrado não
está adstrito de forma alguma a subsunção puramente ao texto literal da lei, eis que
não estamos diante de um ciência exata em que uma simples fórmula básica resolve
a questão.
De acordo com o Princípio do livre convencimento motivado, o juiz pode até deixar
de aplicar a norma, sem, contudo, se desgarrar da legalidade de tal decisão, desde
que o fundamente, uma vez que isto é uma exigência constitucional (art. 93, IX da
CF).
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# EQUIDADE
[TJCE]. O que é equidade?
Aristóteles considerava a equidade como o corretivo do justo legal, ou seja,
adequação da norma ao caso concreto da forma mais equânime e razoável possível.
Ou seja, é a correção da norma quando esta se mostra omissa ou não razoável,
fazendo que esta atinja o fim social a que fora destinada. A equidade se manifesta no
plano concreto, no ato de aplicação da norma pelo juiz, que diz o que diria o
legislador se ali estivesse diante do caso particular e concreto.
O ordenamento jurídico brasileiro não faz menção genérica ao uso da equidade, seja
como fonte de direito, seja como instrumento integrador. O já mencionado art. 4º da
LICC não prevê a possibilidade do uso da equidade em casos de omissões
legislativas, restringindo-se ao uso da analogia, costumes e princípios gerais de
direito. No entanto, o art. 5º desse mesmo dispositivo legal diz que, “na aplicação da
lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”.
Então, o legislador tacitamente, ao estabelecer tal norma, conduz o magistrado à
busca de decisões equitativas com o escopo de se atingir o bem comum e aos fins
sociais pretendidos pela ordem jurídica, viabilizando o uso da equidade como
parâmetros de uma decisão razoável.
[TJCE]. O julgamento com equidade precisa sempre ser autorizado pela lei ou é de
aplicação geral?
O julgamento COM equidade é diferente do julgamento POR equidade, apenas nesse
último é necessário a autorização da lei. O juiz sempre deve julgar COM equidade,
ou seja, deve o juiz, por meio da equidade, amoldar os fatos às normas jurídicas de
tal modo que se ajustem perfeitamente, para assim se observar a justiça no caso
concreto.
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# PESSOAS NATURAIS.
[TJCE]. Qual a proteção jurídica dada ao nascituro?
O nascituro é aquele já concebido, mas ainda não nascido. Vale dizer, é o ente
concebido e de vida intrauterina. Neste sentido, o ordenamento jurídico brasileiro
vem em uma evolução no que se refere ao nascituro, protegendo direitos desde a sua
concepção (art. 2, CC/02) e atribuindo, em certos casos, obrigações. Ex:
Responsabilidade tributária decorrente de doação.
Tal discussão ganha relevância no que tange ao momento em que a pessoa adquire
personalidade jurídica, existindo 3 correntes, sendo elas:
Os direitos dos nascituros vêm sendo protegidos pelas cortes brasileiras, conforme
se verifica dos seguintes julgados: i) O STJ admite o direito à reparação por dano
moral em favor do nascituro (REsp 399028SP, REsp 931556RS); ii) o nosso
direito positivo já admite o direito aos alimentos em favor do nascituro (Lei
nº11804/08, dos Alimentos Gravídicos); o ST, no noticiário de 15 de maio de
2011 admite que pais podem ser indenizados pela morte de um nascituro,
razão pela qual teriam direito ao seguro DPVAT (3ª turma do STJ).
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# PESSOAS JURÍDICAS.
[TJCE]. Em que se diferencia fundação de associação?
A associação não prescinde de capital. Nasce da motivação de pessoas em prol de
um determinado objetivo, seja ele social ou não (art. 53 do CC). A fundação nasce
com capital, por meio da dotação de seu(s) fundador (es) e sua vocação
obrigatoriamente terá de ser moral, religiosa, assistencial ou cultural (art. 62),
segundo o novo Código Civil (Lei nº 10.460/02).
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Verifica-se que não está no rol das pessoas jurídicas o condomínio edilício (assim
como também dele não fazem parte o espólio e a massa falida de uma empresa).
Assim, pela lei civil, condomínio edilício não é pessoa jurídica.
Mas continuam não sendo pessoa jurídica, e por isso não declaram e pagam imposto
de renda próprio, assim como não podem comprar imóveis, por exemplo.
# DO DOMICÍLIO
[TJCE]. Quais pessoas têm domicílio necessário? O preso devedor de alimentos terá
domicílio na prisão?
Domicílio necessário ou legal: é o imposto pela lei, a partir de regras específicas que
constam no art. 76 do Código Civil. Deve ficar claro que o domicílio necessário não
exclui o voluntário, sendo as suas hipóteses, de imposição normativa:
Obs: O preso também está sujeito ao domicílio legal, no local onde cumpre a
sentença. Se o preso ainda não tiver sido condenado, seu domicílio será o voluntário.
Em relação ao devedor de alimentos eu não encontrei a resposta, mas deve ser o seu
domicílio voluntario. Questionei no Master Magis e os colegas responderam que o
domicílio do devedor de alimentos segue as regras gerais, podendo ser ainda
necessário; mas não em relação à prisão, mas sim quanto a outros fatores, a exemplo
de um servidor público.
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Ocorre quando uma pessoa tem dois ou mais domicílios. Exemplo: Uma pessoa mora
em São Paulo, porém as primeiras semanas de todo mês e vai trabalhar em Brasília.
Ou seja, ela tem o domicílio que ela mora e o domicílio de Brasília (o local que ela
trabalha).
[TJCE]. Domicílio de pessoa jurídica que realizou contratos com várias agências
bancárias, ela pode escolher qualquer lugar para demandar?
Em regra, o domicílio civil da pessoa jurídica de direito privado é a sua sede, indicada
em seu estatuto, contrato social ou ato constitutivo equivalente. É o seu domicílio
especial.
Se não houver essa fixação, a lei atua supletivamente, ao considerar como seu
domicílio “o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações”, ou,
então, se possuir filiais em diversos lugares, “cada um deles será considerado
domicílio para os atos nele praticados” (art. 35, IV e § 3.º, do CC-16 e art. 75, IV e §
1.º, do CC-02). Aliás, o Supremo Tribunal Federal já assentou entendimento no
sentido de que “a pessoa jurídica de direito privado pode ser demandada no
domicílio da agência ou do estabelecimento em que se praticou o ato” (Súmula
363) (STOLZE, 2015).
Com o desaparecimento não se presume a morte, é necessário que esse estado seja
declarado judicialmente, por meio de procedimento próprio regulado a partir do art.
22 do CC/02. Três são as fases relativas à declaração de ausência: curadoria dos bens
do ausente (arts. 22 a 25 do CC/02); sucessão provisória (arts. 26 a 36 do CC/02); e
sucessão definitiva (arts. 37 a 39 do CC/02). A sentença que reconhece aberta a
sucessão definitiva não é registrada no Livro de Óbito no cartório, mas em livro
especial, no Livro E.
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O procedimento tem início com a fase da curadoria dos bens do ausente. Nesse
sentido, nos termos do art. 22 do CC/02, desaparecendo uma pessoa do seu domicílio
sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem
caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do
MP, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. Também se declarará a ausência,
e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não
possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes (art.
23 do CC/02).
Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão
provisória, cumpre ao MP requerê-la ao juízo competente. Não comparecendo
herdeiro ou interessado para requerer o inventário até 30 dias depois de passar em
julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à
arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823 do
CC/02 (herança jacente).
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Por sua vez, preceitua o art. 38 do CC/02 que 10 anos depois de passada em
julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os
interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas.
Pode-se requerer, também, provando-se que o ausente conta 80 anos de idade, e que
de 05 datam as últimas notícias dele (art. 39 do CC/02).
Se, nos referidos 10 anos, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover
a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do
DF, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da
União, quando situados em território federal.
Atenção: a morte também pode ser presumida sem a declaração de ausência nas
hipóteses do art. 7º do CC/02: I – se for extremamente provável a morte de quem
estava em perigo de vida; II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito
prisioneiro, não for encontrado até 02 anos após o término da guerra. A declaração
da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas
as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
Aqui, também há a necessidade de a morte ser declarada judicialmente, não se dando
com o simples desaparecimento. Essa sentença é registrada no Livro de Óbito.
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Art. 7o, CC - Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for
extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
Art. 88, LRP - Poderão os Juízes togados admitir justificação para o assento de óbito de pessoas
desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe, quando
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Nesta hipótese, em que pese a morte ser presumida, há uma razoável certeza do
evento, uma vez que o juiz decidirá mediante “prova” da presença da pessoa
desaparecida no local do desastre (acidentes, catástrofes, incêndios, terremotos, etc.),
nos termos do art. 88, Lei 6.015/73
Lado outro, tal não ocorre em relação à ausência, em razão da previsão legal de
procedimento trifásico (declaração de ausência, sucessão provisória e sucessão
definitiva).
estiver provada a sua presença no local do desastre e não for possível encontrar-se o cadáver para
exame. (Renumerado do art. 89 pela Lei nº 6.216, de 1975).
Parágrafo único. Será também admitida a justificação no caso de desaparecimento em campanha, provados a
impossibilidade de ter sido feito o registro nos termos do artigo 85 e os fatos que convençam da ocorrência
do óbito.
2 Cristiano Chaves. Código Civil para Concursos, 2ªEd., 2014, p. 1222
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por força da saisine (art. 1.784, CC), ficando a administração do espólio a cargo do
administrador provisório ou inventariante (art. 1.797, CC e art. 985, CPC).
Este critério de classificação leva em conta o liame jurídico existente entre o bem
jurídico principal e o acessório.
- Principal é o bem que possui autonomia estrutural, ou seja, que existe sobre si,
abstrata ou concretamente, ao passo que acessório é aquele cuja existência supõe a
do principal (arts. 58 e 59 do CC-16 e 92 do CC-02).
A regra geral é que o acessório segue sempre a sorte do principal, inclusive no campo
do Direito das Obrigações (o contrato de fiança, por exemplo, é acessório em face do
contrato principal de compra e venda). Cuida-se da aplicação da máxima accessorium
sequitur suum principale. Por isso também o acessório adquire a natureza da coisa
principal. São bens acessórios: a) os frutos; b) os produtos; c) os rendimentos (frutos
civis); d) as pertenças; e) as benfeitorias; f) as partes integrantes.
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- Pode-se definir a benfeitoria como sendo a obra realizada pelo homem, na estrutura
da coisa principal, com o propósito de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la.
Consideram-se necessárias as benfeitorias realizadas para evitar um estrago iminente
ou a deterioração da coisa principal (ex.: reparos realizados em uma viga). Úteis,
aquelas empreendidas com o escopo de facilitar a utilização da coisa (ex.: a abertura
de uma nova entrada que servirá de garagem para a casa). E, finalmente, voluptuárias,
quando empreendidas para mero deleite ou prazer, sem aumento da utilidade da coisa
(a decoração de um jardim) (arts. 63 do CC-16 e 96 do CC-02)
Pode-se dizer que o direito de retenção seria a permissão, concedida pela norma ao
credor, de conservar em seu poder coisa alheia, que já detém legitimamente, além do
momento em que a deveria restituir se o seu crédito não existisse e, normalmente, até
a extinção deste. Funda-se esse direito num princípio de equidade, que se manifesta
sempre que o crédito do possuidor for conexo com a obrigação de restituir.
DINIZ (v. 3, 2002, p.115): Pode-se dizer que o direito de retenção seria a permissão,
concedida pela norma ao credor, de conservar em seu poder coisa alheia, que já detém
legitimamente, além do momento em que a deveria restituir se o seu crédito não
existisse e, normalmente, até a extinção deste. Funda-se esse direito num princípio
de equidade, que se manifesta sempre que o crédito do possuidor for conexo com a
obrigação de restituir.
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Bens infungíveis são os que não têm o atributo de poder ser substituídos por outros
da mesma espécie, qualidade e quantidade. Isto ocorre porque são encarados de
acordo com as suas qualidades individuais, como o quadro de um pintor célebre, uma
escultura famosa, etc.
Bens consumíveis são os que terminam logo no primeiro uso, havendo imediata
destruição de sua substância (art. 86 do CC). Ex.: Os alimentos, o dinheiro etc.
[TJCE]. O que são bens indivisíveis por natureza? Serve para imóveis urbanos? Há
leis que estabeleçam limitação?
Os bens indivisíveis por natureza são os que se não podem fracionar sem alteração
na sua substância, diminuição considerável de valor ou prejuízo do uso a que se
destinam. São exemplos de bens indivisíveis por natureza, um computador, uma
mesa, um automóvel, etc. A indivisibilidade, nesse caso, é física ou material.
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Ainda que a herança seja composta apenas de móveis (como, p ex, ações), ela será
considerada um bem imóvel. Neste caso, o que se considera imóvel não é o direito
aos bens componentes da herança, mas o direito a esta, como uma unidade.
# BENS PÚBLICOS.
[TJCE]. O que são terras devolutas?
Terras devolutas são aquelas que não estão aplicadas a qualquer uso público ou
inseridas no domínio privado. Porém, são bens, dependendo da localização, da União
ou dos Estados conforme dispõe a Constituição da República nos artigos:
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pois não estão destinados e em razão disso o Estado figura como proprietário desses
bens. Ex: Terras devolutas.
Algumas terras devolutas não são disponíveis, como, por ex, as terras devolutas na
União, que se destinam à defesa das fronteiras e à preservação ambiental.
Herança Vacante é quando o bem é devolvido à fazenda pública por se ter verificado
não haver herdeiros que se habilitassem no período da jacência.
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Art.1.711 § único, CC/02: “O terceiro poderá, igualmente, instituir bem de família por
testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato de aceitação expressa de ambos os
cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada".
O bem de família é impenhorável por dívidas em geral, nos termos da Lei 8.009/90.
Porém essa regra não abrange:
- dívidas tributárias
- dívidas condominiais
- fiança
- hipoteca
- alienação fiduciária
Art. 1.712. O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas
pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá
abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no
sustento da família.
[TJCE]. O bem de família pode integrar o inventário? Como ele fica havendo a
morte de um dos cônjuges? O que ocorre se houver alienação do bem de família?
Art. 1771. Paragrafo único: O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por
testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de ambos os
cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada.
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5. Dos fatos jurídicos. Do negócio jurídico. Dos atos jurídicos lícitos. Dos
atos ilícitos. Da prescrição e da decadência. Da prova.
[TJCE]. Essa ação (sobre nulidades) é declaratória? Está sujeita algum prazo
prescricional? Essa ação é desconstitutiva? Que natureza tem esses prazos?
A ação anulatória é decidida por sentença de natureza desconstitutiva, de efeitos ex
nunc, aproveitando exclusivamente aos que a alegarem, não tendo efeitos erga
omnes, ressalvados os casos de solidariedade ou indivisibilidade;
A anulabilidade somente pode ser arguida pela via judicial, em prazos decadenciais
de 4 (quatro) anos, em regra, ou de 2 (dois) a nos, excepcionalmente.
Exemplo da incidência do artigo 179 acima indicado está no artigo 496 do Código
Civil, o qual aduz ser "anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os
outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido",
sem, contudo indicar o prazo para tanto. Aplica-se, como dito, a regra supletiva,
sendo o prazo decadencial de 2 (dois) anos, contados da conclusão do ato.
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O ato praticado em estado de necessidade é lícito, conforme previsto no art. 188, II,
do CC:
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as
circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do
indispensável para a remoção do perigo.
No entanto, mesmo sendo lícito, não afasta o dever do autor do dano de indenizar a
vítima quando esta não tiver sido responsável pela criação da situação de perigo. É o
que preconiza o art. 929 do CC:
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não
forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram.
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro,
contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver
ressarcido ao lesado.
Repare que se trata de algo bem interessante: o autor do dano agiu de forma LÍCITA,
uma vez que estava sob o manto do estado de necessidade, no entanto, mesmo assim
tem o dever de indenizar. E qual é o fundamento jurídico para este dever?
O Min. Sanseverino (no Resp 1.278.627-SC) explica que o fundamento para essa
opção legislativa é a equidade, aplicando-se a chamada teoria do sacrifício, bem
desenvolvida pelo doutrinador português J.J. Gomes Canotilho (O problema da
responsabilidade do estado por actos lícitos. Coimbra: Almedina, 1974).
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Vale ressaltar, no entanto, que o estado de necessidade, embora não exclua o dever
de indenizar, fundamenta a fixação das indenizações segundo o critério da
proporcionalidade.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes.
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# PRESCRIÇÃO.
[TJCE]. O que é prescrição?
A prescrição consiste na perda da pretensão, em virtude da inércia do seu titular, no
prazo previsto em lei. Por pretensão, entenda-se o “poder de exigir de outrem
coercitivamente o cumprimento de um dever jurídico, vale dizer, é o poder de exigir
a submissão de um interesse subordinado (do devedor da prestação) a um interesse
subordinante (do credor da prestação) amparado pelo ordenamento jurídico”. Não é
recomendável, pois, segundo o critério científico adotado pelo novo Código, dizer-
se que a prescrição ataca a ação, mas sim, a “pretensão” (Pablo Stolze). Nesse
diapasão, e seguindo a melhor técnica, dispõe o novo Código Civil:
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela
prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
Art. 189, CC/02. Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue,
pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206.
Agora, em se tratando de ação declaratória pela qual se busca apenas uma certeza
jurídica, tal ação não está sujeita à prescrição, nem à decadência. Simplesmente tais
ações não sofrem a influência do tempo. Um exemplo disto é a ação que declara nulo
o contrato celebrado por absolutamente incapaz ou nulo um casamento de irmãos
(José Fernando Simão).
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§ 1o A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a
interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros.
Art. 258, CC/02. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa
ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica,
ou dada a razão determinante do negócio jurídico.
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Significa que se o titular do direito permanecer inerte, tem como pena a perda da
pretensão que teria por via judicial.
A prescrição extintiva, fato jurídico em sentido estrito, constitui, nesse contexto, uma
sanção ao titular do direito violado, que extingue tanto a pretensão positiva quanto a
negativa (exceção ou defesa). Trata-se de um fato jurídico stricto sensu justamente
pela ausência de vontade humana, prevendo a lei efeitos naturais, relacionados com
a extinção da pretensão. A sua origem está no decurso do tempo, exemplo típico de
fato natural.
Por fim, as ações meramente declaratórias, como aquelas que buscam a nulidade
absoluta de um negócio, são imprescritíveis, ou melhor, tecnicamente, não estão
sujeitas à prescrição ou a decadência. A imprescritibilidade dessa ação específica está
também justificada porque a nulidade absoluta envolve ordem pública, não
convalescendo pelo decurso do tempo (art. 169 do CC).
Contra o menor de dezesseis anos não corre a prescrição, por ser absolutamente
incapaz (Art. 3º c/c 198, ambos do CC).
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III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não
correrá a prescrição antes da respectiva sentença definitiva.
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; (Notificação extrajudicial
não interrompe prescrição).
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento
do direito pelo devedor.
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# DECADÊNCIA.
[TJCE]. Decadência. Que classe de ações se sujeita à decadência?
Ações constitutivas, uma vez que estas estão ligadas a direitos potestativos.
Existem direitos potestativos sem prazo para o seu exercício, a exemplo do direito de
divórcio. No entanto, sempre que houver prazo para o exercício de um direito
potestativo, este prazo será decadencial. Os prazos de prescrição, como visto, estão
nos arts. 205 e 206. Todos os demais (exceto os da prescrição aquisitiva da
usucapião) são de decadência.
O prazo para a revogação da doação consta do art. 559 do CC, cuja redação merece
transcrição, para os aprofundamentos necessários:
“Art. 559. A revogação por qualquer desses motivos deverá ser pleiteada dentro de um
ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato que a autorizar, e de
ter sido o donatário o seu autor”.
[TJCE]. Pois bem, a grande dúvida que surge do dispositivo é a seguinte: o prazo
decadencial previsto no art. 559 do CC aplica-se tanto à revogação por ingratidão
quanto ao caso de inexecução do encargo?
Flávio Tartuce: Entende que sim, pois o dispositivo, ao mencionar “qualquer desses
motivos”, está fazendo referência ao art. 555 do CC. Reforçando, a ação de revogação
é de natureza constitutiva negativa, fundada em direito potestativo, o que justifica o
prazo decadencial. Isso porque o encargo é um ônus, sendo o contrato unilateral
imperfeito.
De toda sorte, fica o esclarecimento de que se trata de uma das questões mais
controvertidas para o Direito Civil Brasileiro.
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Sendo um prazo decadencial legal, conforme o art. 207 do CC/2002, salvo disposição
legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem
ou interrompem a prescrição.
“Alegam os recorrentes que, à época, por serem menores absolutamente incapazes, não
fluía contra eles prazo, nem de decadência nem de prescrição. Admitido o REsp, o Min.
Relator entendeu que o prazo para o ajuizamento da ação rescisória é de decadência
(art. 495, CPC), por isso se aplica a exceção prevista no art. 208 do CC/ 2002, segundo
a qual os prazos decadenciais não fluem contra os absolutamente incapazes. Esse
entendimento foi acompanhado pelos demais Ministros, que deram provimento ao REsp
e determinaram o prosseguimento da ação rescisória” (STJ, REsp 1.165.735/MG, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, j. 06.09.2011).
Segundo o art. 364 do CPC, o documento público faz prova da sua formação e
também dos fatos que o escrivão, tabelião ou funcionário declarar que
ocorreram em sua presença.
Essa presunção é relativa, podendo ser afastada por outras provas produzidas no
processo. Em relação aos negócios simulados estes são nulos de pleno direito (CC,
167), tal vício pode ser alegado por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público,
quando lhe couber intervir na demanda ou até mesmo de ofício pelo magistrado (CC,
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168 c/c parágrafo único). Vale salientar que o negócio simulado é insuscetível de
confirmação ou convalidação pelo decurso do tempo (CC, 169). Sendo assim,
havendo provas que o negócio jurídico descrito na escritura pública é simulado, deve
o magistrado declará-lo nulo e desconstituir o negócio jurídico.
Importante salientar que é admissível ação declaratória, ainda que tenha ocorrido a
violação do direito (art. 4º, parágrafo único do CPC). Neste caso, tal pretensão é
imprescritível e possui efeitos ex tunc. Entretanto, há de se registrar que a pretensão
condenatória decorrente da violação do direito submete-se a prazo prescricional, uma
vez que estamos diante de uma tutela condenatória.
O Ministério Público, quando lhe competir intervir (a exemplo das ações envolvendo
incapazes), ou qualquer parte interessada poderá requerer a produção probatória.
Entretanto, há de se levar em consideração as regras dispostas no art. 333 do CPC
quanto ao ônus da prova e suas consequências relativamente à procedência dos
pedidos.
A regra do ônus da prova é a regra que atribui a responsabilidade pela falta de prova
de determinado fato. Ou seja, determina quem vai sofrer as consequências se
determinado fato não for provado. Caso o fato não seja provado, quem arca com isso
é quem tinha o dever de provar. Cumpre salientar que quem tem o ônus da prova não
é quem tem que provar, mas sim quem arca com a falta da prova do fato, portanto
estimula a parte a correr atrás da prova.
Ônus da prova é uma regra que só se aplica na hora do julgamento e somente se não
for mais possível produzir prova. O juiz somente pode aplicar o ônus da prova se não
houver prova e não houver mais como produzir, pois, se ainda houver a possibilidade
de produção o juiz deve, de ofício, determinar sua produção. Assim, a regra de ônus
da prova é uma regra de julgamento e de aplicação subsidiária.
Vigora no Brasil a regra Estática do ônus da prova (CPC, 333). É chamado de regra
estática por se tratar de regra fixa, imutável, não flexibilizada pelo legislador. É assim
inclusive nas causas de consumo (a regra de provar é de quem alega). Todavia, há
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[TJCE]. Se alguém se recusa e, em função disso, não se encontre outra prova pode
requerer a procedência do pedido?
De acordo com o art. 231 do CC/02 “aquele que se nega a submeter-se a exame
médico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa”. O Código de Processo
Civil é claro ao tratar do tema das provas que o ônus da prova incumbe ao autor
quanto ao fato constitutivo de seu direito (art. 333, I do CPC), sendo assim, ausente
outros meios de prova, o autor que se recusa a submeter-se à perícia não pode
requerer a procedência do pedido.
A Súmula 301 do STJ induz presunção relativa, de modo que a mera recusa à
submissão ao exame não implica automaticamente reconhecimento da paternidade
ou seu afastamento, pois deve ser apreciada em conjunto com os demais elementos
probatórios.
O sistema de provas no processo civil brasileiro permite que sejam utilizados todos
os meios legais e moralmente legítimos para comprovar a verdade dos fatos. Assim,
o exame genético, embora de grande proveito, não pode ser considerado o único meio
de prova da paternidade. A recusa ao DNA não pode, por si só, resultar na
procedência do pedido formulado em investigação ou negação de paternidade, pois
a prova genética não gera presunção absoluta.
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[TJCE]. Todo negócio jurídico pode ser provado por testemunha? Existe exceção?
Em negócios com valores superiores a 10 salários mínimos exige só testemunha?
Respostas na literalidade do Código Civil:
Art. 227. Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal só se admite nos
negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente
no País ao tempo em que foram celebrados.
Parágrafo único. Qualquer que seja o valor do negócio jurídico, a prova testemunhal é
admissível como subsidiária ou complementar da prova por escrito.
II - a que não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, parente em grau
sucessível, ou amigo íntimo;
[TJCE]. Médico pode ser compelido a depor sobre doença de um paciente? Se ele se
recusasse você obrigará a depor?
Código Civil:
Nesse caso, há dever de não revelar os fatos e quem descumprir esse dever sem justa
causa será responsabilizado criminalmente, além de eventuais consequências cíveis
e sanções administrativas.
Pelo mesmo diapasão vai o CPC quando trata do tema. Primeiro, dispõe em seu artigo
347:
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É vedado ao médico:
Art. 73. Revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão,
salvo por motivo justo, dever legal ou consentimento, por escrito, do paciente.
Parágrafo único. Permanece essa proibição: a) mesmo que o fato seja de conhecimento
público ou o paciente tenha falecido; b) quando de seu depoimento como testemunha.
Nessa hipótese, o médico comparecerá perante a autoridade e declarará seu
impedimento; c) na investigação de suspeita de crime, o médico estará impedido de
revelar segredo que possa expor o paciente a processo penal.
(...)
Art. 89. Liberar cópias do prontuário sob sua guarda, salvo quando autorizado, por
escrito, pelo paciente, para atender ordem judicial ou para a sua própria defesa.
Na área penal há uma maior flexibilidade sobre o tema. Há antigo precedente do STF
(RE 91.218/SP), no seguinte sentido:
Art. 89. Liberar cópias do prontuário sob sua guarda, salvo quando autorizado, por
escrito, pelo paciente, para atender ordem judicial ou para a sua própria defesa.
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Parágrafo único. Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz admitir o
depoimento das pessoas a que se refere este artigo.
Item considerado correto pela CESPE: “Considere que Pedro seja filho de Lúcia e
primo de Maria e que ele pretenda provar determinado fato jurídico. Nessa situação
hipotética, Maria poderá testemunhar, mas Lúcia somente poderá ser testemunha se
for a única conhecedora do fato além de Pedro.”.
São suspeitos para depor como testemunhas: o condenado definitivo por crime de
falso testemunho; o que, por seus costumes, não for digno de fé; o inimigo capital ou
amigo íntimo da parte, e não do juiz ou do advogado; o que tiver interesse no litígio,
entendendo-se que o interesse deve ser jurídico.
Sendo estritamente necessário, o que significa dizer que a prova não tem outra forma
de ser produzida, o art. 405, § 4.º, do CPC permite ao juiz a oitiva dos sujeitos
impedidos e suspeitos de depor, hipótese na qual estarão dispensados de prestar
compromisso e seus depoimentos serão apreciados com o valor que possam merecer.
No novo CPC não há mais necessidade de o inimigo da parte ser seu “inimigo capital”
para ser suspeito de depor.
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“Segundo o art. 1.865 do CC, quando o testador não souber ou não puder assinar (v.g.,
por estar com o braço fraturado), o tabelião ou substituto legal fará menção de tal
circunstância no ato e providenciará que uma das testemunhas instrumentárias assine a
rogo, ou seja, a pedido do testador.”
“Ao contrário do que sucede com o testamento feito por quem não sabe ou não pode
assinar, em que uma terceira pessoa, diversa das testemunhas, deve ler o ato, o
testamento feito pelo cego deverá ser lido por uma das testemunhas instrumentárias,
escolhida pelo testador.”
Tartuce: Superado tal aspecto, se o testador não souber, ou não puder assinar, o
tabelião ou seu substituto legal assim o declarará, assinando, neste caso, pelo
testador, e, a seu rogo (pedido), uma das testemunhas instrumentárias (art. 1.865 do
CC)
# DA PROVA: CONFISSÃO.
[TJCE]. O que significa confissão?
A confissão é um meio de prova. Materialmente, tem natureza jurídica de ato jurídico
em sentido estrito. Trata-se de um acontecimento emanado da vontade humana –
livre e desembaraçada – que tende a produzir os efeitos desejados e previstos em lei.
A confissão tem sempre por objeto fatos que interessam ao mundo jurídico, não
direitos; somente se a admite quando se tratar de direitos disponíveis.
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Disponibilidade do direito;
Declaração de vontade do confitente, livre, consciente e desembaraçada;
Inexigibilidade de forma especial para a prova do fato que se confessa;
Capacidade civil, genérica e especial: a especial se trata da titularidade do
direito substantivo que se confessa.
A confissão está limitada aos fatos. Se a parte concorda com os fatos e com o direito
alegado pela parte contrária ocorre o reconhecimento jurídico do pedido e não a
confissão. O reconhecimento jurídico do pedido é homologado, acaba com o
processo (artigo 269, II do CPC), enquanto a confissão é um mero substrato para o
juiz decidir o processo.
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P á g i n a | 228
Porém, o CC/02, no art. 214, admite a sua invalidação quando maculada por vício de
consentimento, violando a liberdade da parte. A anulação se dá sempre
judicialmente:
Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida
não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou
relevada.
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[TJCE]. Ajuizada ação de cobrança, pode o credor ajuizar outra ação contra outro
devedor?
R: Neste caso, deve-se analisa se a obrigação é ou não solidária.
Art. 258, CC/02. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa
ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica,
ou dada a razão determinante do negócio jurídico.
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- pode haver obrigação solidária de coisa divisível (ex: dinheiro), de modo que todos
os devedores vão responder integralmente pela dívida, mesmo sendo coisa divisível.
Tal solidariedade nas coisas divisíveis serve para reforçar o vínculo e facilitar a
cobrança pelo credor.
- o devedor de obrigação solidária que paga sozinho a dívida ao credor, vai cobrar
dos demais co-devedores a quota de cada um, sem solidariedade que não se presume
(265 e 283). Então A, B e C devem solidariamente dinheiro a D. Se A pagar a dívida
toda ao credor, A vai cobrar a quota de B e C sem solidariedade entre B e C.
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Art. 263, CC/02. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas
e danos.
[TJCE]. Quando a obrigação for divisível será possível cobrar a dívida toda de um
devedor apenas?
Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível,
esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou
devedores.
Vale lembrar a regra do Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se
opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula
proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar
do instrumento da obrigação.
[TJCE]. Crédito com garantia hipotecária, uma vez cedida, a garantia acompanha?
Art. 287. Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os
seus acessórios.
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[TJCE]. O cessionário que adquire um crédito com essa garantia, o que ele tem que
fazer?
Art. 289. O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no
registro do imóvel.
Assim, o Direito Civil Brasileiro admite três formas de transmissão das obrigações:
a) Cessão de crédito. b) Cessão de débito. c) Cessão de contrato, em que crédito e
débito são cedidos ao mesmo tempo
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P á g i n a | 233
- Não, somente o crédito hipotecado pode ser objeto de cessão por expressa previsão
legal. O adquirente de um imóvel hipotecado poderá assumir o débito garantido pelo
imóvel. Em tal hipótese, se o credor hipotecário, notificado, não impugnar em trinta
dias a cessão do débito, entender-se-á válido o assentimento. Trata-se de uma
exceção, admitida pela própria lei, à regra geral de que o credor deve anuir sempre
de forma expressa. Razões superiores, inclusive sociais — lembre-se do
constitucional direito à moradia —, aconselham, no caso, a assunção do débito,
podendo o cessionário (adquirente do imóvel) pagar a dívida, sub-rogando-se nos
direitos do credor em relação ao cedente (devedor original), consoante já estudamos
(art. 303 do CC-02).
- No caso das garantias e da fiança, o código civil assim trata: Art. 300. Salvo
assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da
assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor.
Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com
todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este
conhecia o vício que inquinava a obrigação.
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Todavia, em sentido oposto, se, após ser devidamente notificado, pagar ao cedente,
o devedor não se desonerará da obrigação, posto que, quem paga mal, paga duas
vezes.
O artigo 292 em análise, ainda traz outra hipótese pela qual o cedido será
exonerado da obrigação, qual seja, no caso de mais de uma cessão notificada, paga
ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida.
Isso quer dizer que, se o cedido receber mais de uma notificação e pagar ao
cessionário que lhe apresente o título comprobatório da obrigação, esse ficará
desonerado.
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P á g i n a | 235
A compensação judicial não recebe esse nome apenas por ser pronunciada por juiz.
A compensação convencional e legal também podem ser pronunciadas por juiz.
Ocorre que nesses casos (convencional e legal) o juiz apenas declara a compensação,
enquanto que na compensação judicial o juiz a constitui, mesmo não havendo a
liquidez dos créditos envolvidos.
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Art. 368, CC/02. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra,
as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.
[TJCE]. Qual o limite para a extinção da obrigação? Até que limites se extinguem
as obrigações?
As obrigações se extinguem até onde se compensarem (art. 368, CC/02).
Compensação judicial é aquela que se opera no próprio processo, por ato do juiz. Ex.:
art. 21 do CPC (a compensação judicial é uma compensação processual, ela se opera
por ato do juiz no trâmite do processo). Ex.: quando duas partes num processo são,
ao mesmo tempo, vencedor e vencida. Nesse caso, o juiz pode determinar a
compensação judicial do ônus e das despesas processuais Essa compensação judicial
interessa mais ao processo civil.
Art. 369, CC/02. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas
fungíveis.
OBS.: O art. 370 do CC determina, para que haja compensação legal, que as
prestações devem ter a mesma natureza, inclusive quanto à qualidade. Ex.: Pablo tem
um crédito com Renata de 100 cabeças de gado nelore e ajuíza uma ação de cobrança
contra Renata. Renata tem um credito contra Pablo de 100 cabeças de gado holandês.
Na contestação, Renata não pode alegar a compensação dessas duas prestações.
Convencionalmente, à luz da autonomia privada, os requisitos da compensação legal
podem ser flexibilizados. Então nada impede que, por meio de um acordo, se
compense um crédito de gado bovino com gado holandês, um crédito de café com
um crédito de soja, mas para isso tem que ter acordo. Só compensa dívidas que não
seja da mesma natureza se houver acordo.
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Art. 369, CC/02. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas
fungíveis.
Art. 370, CC/02. Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das duas
prestações, não se compensarão, verificando-se que diferem na qualidade, quando
especificada no contrato.
Art. 352, CC/02. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um
só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem
líquidos e vencidos.
Art. 353, CC/02. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas
quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a
reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido
violência ou dolo.
Art. 354, CC/02. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros
vencidos, e depois no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a
quitação por conta do capital.
Art. 355, CC/02. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa
quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se
as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na
mais onerosa.
Art. 379. Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas compensáveis, serão
observadas, no compensá-las, as regras estabelecidas quanto à imputação do
pagamento.
Seus requisitos de validade são: Art. 336. Para que a consignação tenha força de
pagamento, será mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo,
todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento.
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Artigo 343-C.C.
Art. 343. As despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão à conta do
credor, e, no caso contrário, à conta do devedor.
Art. 417. Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à outra, a título de
arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão as arras, em caso de execução, ser
restituídas ou computadas na prestação devida, se do mesmo gênero da principal.
Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por
desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu
haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de
advogado.
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Art. 419. A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo,
valendo as arras como taxa mínima.
Pode, também, a parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos,
valendo as arras como o mínimo da indenização. As arras penitenciais, quando
estipuladas, garantem o direito de arrependimento e possuem um condão unicamente
indenizatório. Nas arras penitenciais, exercido o direito de arrependimento, não
haverá direito a indenização suplementar.
Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das
partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu
perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o
equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.
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Quer dizer que o contrato é celebrado dentro de uma situação fática determinada, a
partir da qual é ajustado, de acordo com a vontade das partes. Desse modo, se essa
situação fática se altera profundamente, sem que haja culpa de qualquer das partes e
se se tratar de contrato cujas prestações sejam continuadas ou diferidas, então a base
inicial do negocio desapareceria, ensejando assim, dependendo do caso, sua alteração
ou resolução.
B) Fato superveniente;
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Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.
# VÍCIO REDIBITÓRIO.
[TJCE]. Vício Redibitório: o vício é oculto ou aparente? Sujeita-se a decadência?
Vícios redibitórios são defeitos estruturais em uma coisa adquirida onerosamente,
tornando-a imprópria para o uso ou diminuindo o seu valor econômico. São defeitos
que retiram o valor econômico ou afetam a natureza de um bem adquirido
onerosamente. O CC/02 estabelece alguns requisitos para o reconhecimento dos
vícios redibitórios: [TJCE]. Onerosidade do contrato: só há vício redibitório em se
tratando de contrato oneroso.
1. Existência de um defeito que torna a coisa imprópria para o uso ou subtrai o seu
valor econômico.
5. Reclamação do vício, por meio das ações edilícias. Sujeita-se à decadência. Prazos
decadenciais para a propositura de ações edilícias.
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P á g i n a | 242
Vício redibitório sobre animais: o prazo será previsto em lei especial (federal), que
ainda não foi editada. Como essa lei ainda não foi editada, o prazo será o dos usos e
costumes do lugar, e, não havendo usos e costumes, o prazo será o de difícil
constatação (180 dias, contados da descoberta do vício).
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P á g i n a | 243
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P á g i n a | 244
Dispõe o artigo 839, do CC, que se por negligência do credor, após ter sido requerido o
benefício de ordem, o devedor principal se tornar insolvente, os bens do fiador não
responderão por tal débito, ficando, por consequência, exonerado do encargo. Para ocorrer
tal exoneração, deve-se demonstrar que, ao tempo da penhora, os bens indicados pelo fiador
eram suficientes para a satisfação da dívida. Noutras palavras, se o fiador, valendo-se do
beneficio de ordem, indicar bens do devedor principal para quitação do débito e retardando-
se a execução, estes bens indicados forem dissipados, tornando o devedor principal
insolvente, o fiador restará exonerado da obrigação, vez que cumpriu seu dever de indicar
bens que se fossem excutidos oportunamente, ou seja, no momento em que indicados pelo
fiador, seriam aptos a adimplir integralmente a obrigação.
A fiança pode ser estipulada ainda que sem o consentimento do devedor principal ou
mesmo contra a sua vontade, segundo expressa dicção legal (art. 820 do CC).
[TJCE]. Como se dá a fiança entre pessoas casadas com separação final nos
aquestos?
Nos termos do art. 1647, inc III do CC, a outorga conjugal é necessária para se prestar
fiança nos regimes da comunhão parcial de bens, da comunhão universal de bens e
da participação final nos aquestos. O dispositivo legal apenas descarta tal exigência
para o regime de separação absoluta de bens. Por outro lado, o art. 1.656 do CC
estabelece uma exceção especifica do regime de participação final nos aqüestos,
determinando que no pacto antenupcial poder-se-á convencionar a livre disposição
dos bens imóveis, desde que particulares.
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P á g i n a | 245
A polêmica, porém, está superada com o Código Civil de 2002, que, reconhecendo a
natureza contratual da transação, retira-a do elenco dos meios indiretos de pagamento
para incluí-la no título dedicado às “varias espécies de contratos”.
Em decorrência da indivisibilidade adotada pelo Código Civil no art. 848, sendo nula
qualquer cláusula da transação, nula será toda ela.
Porém, prevê o parágrafo único do art. 848 que, na hipótese em que a transação versar
sobre direitos contestados e independentes entre si, o fato de não prevalecer em
relação a um não prejudicará os demais. Ou seja, a nulidade de um direito não pode
atingir outros havendo independência entre eles.
#Defina transação.
A transação consiste no contrato pelo qual as partes pactuam a extinção de uma
obrigação por meio de concessões mútuas ou recíprocas, o que também pode ser
verificado de forma preventiva (Flávio Tartuce).
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P á g i n a | 246
# Os pais podem transigir sobre direitos dos filhos? O Ministério Público deve
participar?
Não tem capacidade para transigir os absoluta ou relativamente incapazes, salvo se
representados ou assistidos por seus representantes legais, devidamente autorizados
pelo juiz e com intervenção do Ministério Público, tendo em vista a regra do art. 82,
inciso I, do Código de Processo Civil.
Desse modo, os pais podem transigir sobre os direitos dos filhos, na condição de
representantes legais destes, sendo imprescindível a participação do Ministério
Público.
# Erro de direito pode ser arguido para anular transação? Dê exemplo de um erro
de direito na transação.
A transação não poderá ser anulada por erro de direito resultante da não aplicação da
lei por desconhecimento ou interpretação equivocada e relativo à questão que foi
objeto de controvérsia entre as partes. Apenas é anulável transação oriunda de erro
de fato, isto é, de vício do negócio na indicação a que refere a declaração de vontade.
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O contrato de compra e venda trata-se de contrato translativo, mas que por si só não
transfere a propriedade necessitando da tradição, se for bem móvel, ou do registro no
cartório de registro imobiliário, se for bem imóvel.
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P á g i n a | 250
considera-se devida esta. Para que o mútuo de fins econômicos seja gratuito, é
indispensável expressa previsão contratual. A seu turno, o mútuo de fins não
econômicos, presume-se gratuito. O mutuário, então, não deve nenhuma
remuneração pelo empréstimo ao mutuante, exceto se expressamente prevista em
contrato. A remuneração pelo empréstimo de coisa fungível denomina-se juros. Eles
são pagos, normalmente, em dinheiro, mesmo quando o objeto do contrato é coisa
fungível diversa.
- Ação de rescisão poderá utilizada quando não havendo autorização especial para o
tutor no comodato por prazo indeterminado. Art. 580. Os tutores, curadores e em
geral todos os administradores de bens alheios não poderão dar em comodato, sem
autorização especial, os bens confiados à sua guarda.
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P á g i n a | 253
[TJCE]. Se não tiver sido estipulado prazo para a remuneração, a partir de quando
pode ser exigido?
Art. 596. Não se tendo estipulado, nem chegado a acordo as partes, fixar-se-á por
arbitramento a retribuição, segundo o costume do lugar, o tempo de serviço e sua
qualidade. Art. 597. A retribuição pagar-se-á depois de prestado o serviço, se, por
convenção, ou costume, não houver de ser adiantada, ou paga em prestações.
Art. 595. No contrato de prestação de serviço, quando qualquer das partes não souber
ler, nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas
testemunhas.
[TJCE]. É revogável?
É irrevogável, conforme art. 685 do CC.
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P á g i n a | 254
- Diz o Código Civil Brasileiro em seu art. 654, que toda PESSOA CAPAZ é apta
para outorgar procuração, exceto as absolutamente incapazes e os relativamente
incapazes, sendo que estes últimos podem firmar procuração desde que assistidos por
seus pais.