1ª Edição
Belo Horizonte
Poisson
2018
Editor Chefe: Dr. Darly Fernando Andrade
Conselho Editorial
Dr. Antônio Artur de Souza – Universidade Federal de Minas Gerais
Dra. Cacilda Nacur Lorentz – Universidade do Estado de Minas Gerais
Dr. José Eduardo Ferreira Lopes – Universidade Federal de Uberlândia
Dr. Otaviano Francisco Neves – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Dr. Luiz Cláudio de Lima – Universidade FUMEC
Dr. Nelson Ferreira Filho – Faculdades Kennedy
Formato: PDF
ISBN: 978-85-93729-48-5
DOI: 10.5935/978-85-93729-48-5.2018B001
CDD-370
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CAPÍTULO 1 ..................................................................................................................................................................................................................9
A AQUISIÇÃO DO SISTEMA DE ESCRITA ALFABÉTICA NO CONTEXTO CONTEMPORÂNEO: UM CAMINHO
ATRAVÉS DA TEORIA SÓCIO INTERACIONISTA
MARIA BEATRIZ DE FARIAS DOS SANTOS
ÉRIKA PALOMA DANTAS DE SOUSA TORRES
EDNILSON MEDEIROS DE BRITO FILHO
CAPÍTULO 2 ............................................................................................................................................................................................................... 18
A FORMAÇÃO MATEMÁTICA DO PROFESSOR POLIVALENTE: UMA EXPERIÊNCIA COM GRANDEZAS
GEOMÉTRICAS
AMANDA BARBOSA DA SILVA
ANA PAULA NUNES BRAZ FIGUEIREDO
CAPÍTULO 3 .............................................................................................................................................................................................................. 25
AS RELAÇÕES ENTRE O SABER E O FAZER DA JUVENTUDE RURAL NO CHACO PARAGUAIO E NO SERTÃO DE
PERNAMBUCO
DINABEL ALVES CIRNE VILAS-BOAS DOS SANTOS
MARTA AYALA MOLAS
CAPÍTULO 4 .............................................................................................................................................................................................................. 34
COMO CONCILIAR LIMITES E POSSIBILIDADES NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS MATEMÁTICOS NA EDUCAÇÃO
DE JOVENS E ADULTOS DE PERNAMBUCO?
JOÃO PAULO DA SILVA SANTOS
MARILENE MONTEIRO ALVES DA SILVA
CLÁUDIA RENATA DA SILVA SANTOS
LUCIANA BRAINER DE LIMA SILVA
CAPÍTULO 5 ............................................................................................................................................................................................................... 41
COMUNICAÇÃO ENTRE TODOS E PARA TODOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA
ADRIJANE ALVES DE AMORIM
IVÂNIA TIBÚRCIO CAVALCANTI
MANUEL AUGUSTO DE OLIVEIRA AGUIAR
CAPÍTULO 6 ............................................................................................................................................................................................................... 47
CONTRIBUIÇÕES DE UM JOGO DIDÁTICO PARA O ENSINO DE DOENÇA DE CHAGAS NO ENSINO MÉDIO
LUCIANA APARECIDA SIQUEIRA SILVA
AMANDA SANTANA VIEIRA
CHRISTINA VARGAS MIRANDA E CARVALHO
CAPÍTULO 7 ............................................................................................................................................................................................................... 54
DESENVOLVIMENTO DE JOGOS PARA ESTIMULAR A APRENDIZAGEM DE ALGORITMOS: RELATO DE
EXPERIÊNCIA NO INSTITUTO FEDERAL DO MATO GROSSO DO SUL CAMPUS PONTA PORÃ
RICARDO AUGUSTO LINS DO NASCIMENTO
CAPÍTULO 8 ....................................................................................................................................................................................... 59
ENSINO DE BIOLOGIA COM RECURSOS DIDÁTICOS TÁTEIS: UM PLANO DE AÇÃO COLABORATIVA NO
INSTITUTO DE CEGOS DO RECIFE
LÍGIA MARIA PEREIRA LIMA
SYLLAS NASCIMENTO DE MELO
MICHELINE BARBOSA DA MOTTA
CAPÍTULO 9 .............................................................................................................................................................................................................. 66
ENSINO DE CIÊNCIAS: A UTILIZAÇÃO DA PRODUÇÃO FOTOGRÁFICA POR ESTUDANTES DO FUNDAMENTAL II,
PARA REGISTROS ENTOMOLÓGICOS
EMMELYNE KETLLEN SOARES LUZ DA COSTA
ELLEN SOARES LUZ DA COSTA
ALLEN KINSEN SOARES LUZ DA COSTA
TÁCIA GRACIELE DE ALBUQUERQUE SILVA
CAPÍTULO 10 ............................................................................................................................................................................................................. 74
ENTRE O RATO, O MOUSE E UMA PROFISSÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIA COM APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA
CLAUDIO PEREIRA DA SILVA
ANGÉLICA VIER MUNHOZ
IEDA MARIA GIONGO
SUZANA FELDENS SCHWERTNER
CAPÍTULO 11 ..................................................................................................................................................... 78
ESTÁGIO SUPERVISIONADO: PERCEPÇÕES ACERCA DA PRÁTICA DOCENTE EM CURSOS DE LICENCIATURA
CHRISTINA VARGAS MIRANDA E CARVALHO
JULIENY BATISTA DE MESQUITA
LUCIANA APARECIDA SIQUEIRA SILVA
DÉBORA ASTONI MOREIRA
JOSÉ ANTONIO RODRIGUES DE SOUZA
CAPÍTULO 12 ............................................................................................................................................................................................................ 85
FACEBOOK, PROFESSORES E APRENDIZAGEM: INSTANTES DE UMA PESQUISA EM CURSO
JOELCI MORA SILVA
SÔNIA DA CUNHA URT
CAPÍTULO 13 ............................................................................................................................................................................................................ 92
MODALIDADES DIDÁTICAS DIFERENCIADAS COMO ALTERNATIVAS PEDAGÓGICAS ÀO TRADICIONAL ENSINO
DE BIOLOGIA
ROSANA FERREIRA DE ALENCAR
MARIA EUNICE DINIZ PEREIRA
ANTONIA ARISDÉLIA FONSCECA MATIAS AGUIAR FEITOSA
CAPÍTULO 14 ........................................................................................................................................................................................................... 99
NÚCLEO DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA DA FUNESA: A PERSISTÊNCIA DE TRABALHADORES COMPROMETIDOS
COM O FAZER
TÂNIA SANTOS DE JESUS
KENYA IDAMARA MENDONÇA DA NÓBREGA
JOSÉ FRANCISCO DE SANTANA
FLÁVIA PRISCILA SOUZA TENÓRIO
CAPÍTULO 15 .......................................................................................................................................................................................................... 104
O GEOGEBRA COMO FERRAMENTA TECNOLÓGICA PARA O ENSINO DE CÔNICAS
ANA PAULA NUNES BRAZ FIGUEIREDO
AMANDA BARBOSA DA SILVA
CAPÍTULO 16 .......................................................................................................................................................................................................... 109
O USO DE UM QUEBRA-CABEÇA PODE MELHORAR O APRENDIZADO DE ESTUDANTES DO ENSINO SUPERIOR,
SOBRE A FISIOLOGIA DO CORAÇÃO
FERNANDA KLEIN MARCONDES
LAIS TONO CARDOZO
KELLY CRISTINA GAVIÃO LUCHI
CAPÍTULO 17 ............................................................................................................................................................................................................ 117
PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO: ESTRATÉGIAS INOVADORAS PARA AULAS DE YOGA
SILVIA DEUTSCH
LAISSA PIEROTTI AVALLONE
MARCELA PEDERSEN
AMANDA CRISTINA FARIA
JULIANA LODDER MARTINS DOS SANTOS
CAPÍTULO 18 .......................................................................................................................................................................................................... 123
RODAS COMUNITÁRIAS, ESPAÇO DE PALAVRA, ESCUTA E CONSTRUÇÃO DE VÍNCULOS: A TECNOLOGIA
SOCIAL NO TRABALHO EDUCATIVO COM VÍTIMAS DE EXPLORAÇÃO SEXUAL
AKISTENIA ELZA SANTOS FERREIRA
FABIANA DE OLIVEIRA ANDRADE
ALESSANDRA CONCEIÇÃO MONTEIRO ALVES
SANDRA COSTA PINTO HOENTSCH ALVARENGA
EMERSON DOS SANTOS LIMA
CAPÍTULO 19 .......................................................................................................................................................................................................... 129
TDICS E MEDIAÇÃO NO PROCESSO EDUCATIVO
MARIA ANGELA LIMA ASSUNÇÃO
CAPÍTULO 20.......................................................................................................................................................................................................... 136
USO DE TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO: PERSPECTIVAS E DESAFIOS PARA O ENSINO
FRANCISCA NEIRILAND TURBANO DOS SANTOS
LUIZ ALBERTO RIBEIRO RODRIGUES
CAPÍTULO 21 .......................................................................................................................................................................................................... 144
UMA PROPOSTA PARA MEDIR O ÍNDICE DE INFLUÊNCIA DO ALUNO DENTRO DO AMBIENTE ESCOLAR
WESLLEY MOURA
ISABELA ALEXANDRE SOUZA
IZABELLA SOCI
LUIS FERNANDO ARAUJO
MILENA BASSO
WELLINGTON OLIVEIRA
CAPÍTULO 22 .......................................................................................................................................................................................................... 152
O USO DAS MÍDIAS DIGITAIS NO ENSINO NA ÁREA DE LINGUAGENS E CÓDIGOS DA EJA DA EEM LICEU DE
ITAREMA VALDO DE VASCONCELOS RIOS: UMA FERRAMENTA PEDAGÓGICA E INSTRUMENTO DE COMBATE À
EVASÃO ESCOLAR
ROBSON OLIVEIRA DA SILVA
ANA RAQUEL DOS SANTOS SOUZA
FRANCISCO RICARDO MIRANDA PINTO
CAPÍTULO 23.......................................................................................................................................................................................................... 159
A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DOCENTES
AÍRES DA SILVA BAROZA
EMANUELLA PEDROSA DE LIMA E SILVA
ODOLINA FRANCELINA DE CARVALHO
CAPÍTULO 24 .......................................................................................................................................................................................................... 164
DESCONTINUIDADE DO APRENDER: UMA ABORDAGEM NO ENSINO DE FILOSOFIA
RAMIRES FONSECA SILVA
CAPÍTULO 25.......................................................................................................................................................................................................... 169
PRÁTICAS EDUCATIVAS EM ONG NO SEMIÁRIDO - A EXPRESSÃO DA EDUCAÇÃO PLANETÁRIA
ANTONIA ARISDELIA FONSECA MATIAS AGUIAR FEITOSA
FRANCISCO JOSÉ PEGADO ABÍLIO
CAPÍTULO 26........................................................................................................................................................................................................... 178
O TELEFONE MÓVEL NA EDUCAÇÃO BÁSICA: POSSIBILIDADES?
JOSENILDA MARTINS DE SOUZA
RICARDO JOSÉ ROCHA AMORIM
CAPÍTULO 27 .......................................................................................................................................................................................................... 185
A LINGUAGEM FOTOGRÁFICA NO ENSINO DA GEOGRAFIA: UMA EXPERIÊNCIA INCLUINDO ALUNOS SURDOS
LUCAS LOBATO FERREIRA
SOLANGE FERNANDES SOARES COUTINHO
CAPÍTULO 28.......................................................................................................................................................................................................... 193
A IMPORTÂNCIA DO AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
DOS ALUNOS DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DO IFS
EMERSON DOS SANTOS LIMA
ANDRÉA KARLA FERREIRA NUNES
AKISTENIA ELZA SANTOS FERREIRA
ALESSANDRA CONCEIÇÃO MONTEIRO ALVES
SANDRA COSTA PINTO HOENTSCH ALVARENGA
CAPÍTULO 29.......................................................................................................................................................................................................... 201
A INCLUSÃO DE ALUNOS PORTADORES DE DEFICIÊNCIAS VISUAIS NO ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA:
CONFECÇÃO DE MODELOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE CITOLOGIA
MARTHA MENIN
LUCIANA BOROWSKI PIETRICOSKI
CAPÍTULO 30 ......................................................................................................................................................................................................... 207
BONECA DE LUXO: UM PROJETO QUE UNE HISTÓRIA, CONHECIMENTOS E HUMANIZAÇÃO NUM PROJETO
SOCIAL LUXURY DOLL: A PROJECT THAT UNITES HISTORY, KNOWLEDGE AND HUMANIZATION IN A SOCIAL
PROJECT
DANIELLE S. SIMÕES-BORGIANI
ANETE SALES DA PAZ RAMOS DA SILVA
DARIO BRITO ROCHA JÚNIOR
KARINA CARLA DE ARAÚJO FERNANDES
PAAVA DE BARROS DE ALENCAR CARVALHO FILGUEIRA
CAPÍTULO 31 .......................................................................................................................................................................................................... 214
FORMANDO GESTORES EM UMA METODOLOGIA PÓS-INDUSTRIAL: INOVANDO A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
NOS FUNDAMENTOS ÉTICO- PROFISSIONAIS NO SENAI PE
JOSÉ PAULO DE SOUSA
GLEIKA RODRIGUES BARBOSA DE AGUIAR
CAPÍTULO 32..........................................................................................................................................................................................................222
LEVANTAMENTO DAS TECNOLOGIAS E MÍDIAS UTILIZADAS, POR ESTUDANTES DO FUNDAMENTAL II, NO
ESTUDO DA ENTOMOLOGIA
EMMELYNE KETLLEN SOARES LUZ DA COSTA
ELLEN SOARES LUZ DA COSTA
ALLEN KINSEN SOARES LUZ DA COSTA
TÁCIA GRACIELE DE ALBUQUERQUE SILVA
CAPÍTULO 33.......................................................................................................................................................................................................... 227
YOGA NA ESCOLA: A EXPERIÊNCIA SEGUNDO OS ALUNOS DE GRADUAÇÃO DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
DA UNESP RIO CLARO-SP
AMANDA CRISTINA FARIA
JULIANA LODDER MARTINS DOS SANTOS
MARCELA PEDERSEN
LAISSA PIEROTTI AVALLONE
SILVIA DEUTSCH
AUTORES ................................................................................................................................................................................................................ 232
CAPÍTULO 1
1 INTRODUÇÃO
Durante décadas o debate sobre as conceitual quanto ao processo de ensino e
metodologias para se alfabetizar tem se aprendizagem na alfabetização, trazendo à
tornado o centro de atenções e pesquisas em tona a “reinvenção da alfabetização” com os
salas de aula de todo o Brasil. Essas estudos de Ana Teberosky e Emília Ferreiro,
discussões trazem à reflexão, o fato de não com a publicação da Psicogênese da Língua
haver uma fórmula mágica para se alfabetizar, Escrita, que vieram contribuir não somente
ou o melhor método para fazer isso acontecer, para uma perspectiva teórica de ensino e de
mas por outro lado, é sabido que temos ao aprendizagem da língua escrita (o
nosso alcance uma diversidade de teorias construtivismo) – mas que também influenciou
pedagógicas que podem contribuir nessa nos questionamentos sobre os métodos que
tarefa tão escolar e sistemática que é o ensino até então eram utilizados para se alfabetizar.
da leitura e da escrita.
Até então, o modelo tradicional era o
Entretanto, é importante salientar que por trás determinado para um contexto de Pós
de qualquer método de ensino e Segunda Guerra Mundial, no processo de
aprendizagem, existe uma teoria sobre o que alfabetização. Pautado numa perspectiva
é o objeto de conhecimento a ser aprendida, associacionista /empirista, revelava que a
no nosso caso, a escrita alfabética, e há um aquisição da linguagem escrita se constituía
sujeito que busca a aquisição desse de imitativo e adultocêntrico. Ou seja, o adulto
conhecimento e se propõe a solucionar selecionava o que para ele era o correto e a
criando estratégias próprias. Essa perspectiva criança imitava. Baseado na soletração de
nos instiga a ideia de encontrar uma proposta sílabas, o intuito é que a criança ao aprender
didática de ensino da escrita alfabética que falar pequenos pedaços e juntá-los de forma
seja eficaz e norteie a prática pedagógica correta, iria ler e escrever facilmente e
docente, que possibilite alcançar as corretamente. Esse modelo de ensino divide-
expectativas previstas para o primeiro ano do se em: analíticos e sintéticos, sendo que o
ensino fundamental. grupo dos sintéticos a ênfase era partir das
partes para o todo, enquanto que o grupo dos
Quanto a isso, a década de 80 se constituiu
analíticos a ênfase seria partir do todo para as
numa época de avanços e de revolução
partes.
Sintéticos Analíticos
Alfabéticos: o aprendiz já compreendendo Palavração: o aprendiz é levado a
que as letras substituem sons, memorizariam os nomes identificar e copiar um repertório de palavras para
das letras, podendo ler sílabas, para formar palavras e só depois decompô-las e sílabas, letras e fonemas.
um dia ler textos; Sentenciação: o aprendiz memoria
Silábicos: o aprendiz decorando as sílabas e sentenças completas, para depois isoladamente
juntando-as, chegaria a ler palavras e um dia leria tratar as palavras em unidades menores (sílaba,
textos; letra, fonema).
Fônico: Fonemas são unidades que existem Global: a partir de narrativas artificiais,
na mente do aprendiz, que seria treinado a pronunciar trabalho isolado com frases, seleção de palavras
fonemas isolados e decorar as letras que a eles para a ênfase nas relações grafo-fonêmicas.
equivalem, para juntar correspondências fonema-
grafema, para ler palavras e um dia ler textos.
Fonte: morais, (2012, p. 28).
“partes escritas” de uma palavra (e, caso sim comum com a de Vygotsky. Um dos aspectos
como faz tal relação), e se observarem a em que coincide é a consideração da escrita
interpretação, ou seja, a leitura que realiza do como um sistema de representação da
que escreve. Além disso, realidade e do processo de alfabetização
como o domínio progressivo do sistema (e
Ao aplicarmos os ditados de palavras para
não como aquisição de uma habilidade
avaliar o nível de escrita, devemos buscar
mecânica de correspondência (letra-som)).
detectar o que a criança tem como resposta
Dessa forma Emília Ferreiro e Ana Teberosky
para nossas duas perguntas básicas: 1- O
(1999) descrevem o processo de construção
que a escrita representa? Como a escrita cria
da escrita pela criança, afirmando que há
representações? Portanto ao olhar o que o
uma psicogênese desse domínio e que, para
menino ou a menina escreve; devemos
a criança compreender o sistema de escrita
descobrir que respostas ele (a) está adotando
alfabética, deve resolver problemas de
por essas questões. (MORAIS, 2012, p. 167)
natureza lógica.
A seguir podemos observar os avanços Assim, a linha de evolução da escrita pelas
apresentados nas duas turmas durante o crianças, pode ser identificada em quatro
mesmo espaço de tempo, utilizando didáticas níveis distintos entre si e em cada um desses
diferentes pautadas em duas vertentes momentos, revela-se a hipótese da criança
teóricas.
diante da escrita, constatando-se que a
aprendizagem da criança é uma construção
progressiva que não se dá de fora linear,
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO conforme descrito abaixo:
A teoria de Emília Ferreiro e de seus
colaboradores sobre a escrita tem pontos e
Fonte: Imagens da evolução de uma criança do 1o ano, coletadas entre Fevereiro e Abril de 2015 / Escola SESC
Barreiras.
É, pois, com base na teoria da psicogênese sessenta e cinco dias, sobre a prática de
que se analisa os gráficos que comparam os duas metodologias diferentes.
avanços das duas turmas em um período de
Evolução da Escrita - A
Quantidade de Crianças por
11
12 9
10 7 7 7
Nível-Mês
8 6 6
5 5
6 4
3
4 2 Fevereiro
1 1
2 0
0 Março
alfabetico silabico silábico c silabico s pré Abril
alfabetico valor valor
sonoro sonoro
Níveis de Escrita
Fonte: Dados coletados entre Fevereiro e Abril de 2015 / Escola SESC Barreiras
Evolução da Escrita - B
15
alfabético 8
0
4
silábico alfabético 9
0
Níveis de Escrita
4
silábico c valor sonoro 4
10 Abril
Março
0
silábico iniciando a correspondencia 0 Fevereiro
sonora 6
0
silabico s valor sonoro 1
0
1
pré silábico 1
7
0 5 10 15
Fonte: Dados coletados entre Fevereiro e Abril de 2015 / Escola SESC Barreiras.
De acordo com os gráficos acima, foi possível Dessa forma, observou-se que a vertente
perceber a diferença nos avanços de níveis tradicional aplicada à turma A, embora
de escrita que ocorreu nas duas turmas frente estivesse respaldado à algumas práticas da
a opostas metodologias de ensino. teoria construtivista, trouxe resultados, mas
não apresentou avanços tão satisfatórios, com
Temos na turma A, até o final do primeiro
relação à turma B. Contudo, a proposta
bimestre, no mês de Abril, um quantitativo de:
conhecida como método fônico, o qual se
11/00 pré-silábico, 05/09 silábicos com valor
estuda as sílabas por sequência, para só
sonoro, 06/02 silábicos sem valor sonoro,
então, começar a ler textos, consistia num
00/00 iniciando uma correspondência sonora,
processo lento e que limitava a turma
01/07 silábico-alfabéticos e 01/07 alfabéticos.
conhecer mais do que a sua capacidade
A turma B, no espaço de tempo demostrou os
pretendia.
seguintes resultados: 07/01 pré-silábicos, 10/
04 silábicos com valor sonoro, 00/00 silábicos Outro aspecto a ser revelado, seria o fato de
sem valor sonoro, 06/00 iniciando uma ao final do ao letivo, algumas crianças
correspondência sonora, 00/04 silábico- apresentar-se na fase silábica, não
alfabéticos e 00/15 alfabéticos conseguindo alcançar de maneira progressiva
correspondência sonora. como os demais o sistema de escrita
alfabética.
Podemos perceber que no mesmo espaço de
tempo, a turma B, embora iniciado o ano letivo O que se percebe é que o principio do
num quadro de evolução mais avançado que método fônico é justamente ensinar um par de
a turma A, demonstrou uma aprendizagem fonemas por vez, e só avançar quando este
com relação ao SEA mais significativa, estiver fixado. Dessa forma a prática da leitura
apresentando um ganho de 50% no final do e da escrita faz-se mecanizada, onde,
bimestre, comparado à turma A. portanto ler é decodificar o escrito em som e
para tanto é preciso técnica para decifrar o Sabe-se que muito antes de chegar à escola,
texto. Esse tipo de ênfase do método fônico a criança procura entender as situações de
não permite à criança pensar sobre as escrita a sua volta, observando sinais,
diversas formações de palavras com letreiros, nomes de lojas, de brinquedos,
estruturas diversas de sílabas (CV, CCV, CVV, marcas de produtos, ou seja, ela está inserida
CVC, V, VC, VCC, CCVCC) e limita-a a espontaneamente em um universo no qual a
conhecer muito além do que é proposto linguagem escrita é utilizada constantemente
ensinar em sequências gradativas, salientado e este contato possibilita-lhe efetuar uma
que não concebe que o aprendiz poderá ler e “pseudo leitura”.
produzir textos reais, com todas as palavras
de que precise.
Segundo Vygotsky, todo aprendizado é
O método fônico é de base empirista /
necessariamente mediado – e isso torna o
associacionista e por muito tempo foi aplicado
papel do ensino e do professor mais ativo do
e escolas de todo país. Esteve muito válida no
que o previsto por Piaget. Logo, o foco da sua
período de Pós Segunda Guerra Mundial,
teoria é a interação que se dá entre aluno-
quando o foco era a alfabetização de jovens e
professor e aluno-aluno, e é nessa relação
adultos que migraram do campo para a
que se produz o conhecimento.
cidade. O governo federal criou várias
campanhas de alfabetização para jovens e O processo de desenvolvimento cognitivo
adultos cujo objetivo maior era ensinar e está baseado na possibilidade do sujeito ser,
decifrar palavras e frases simples. provocado constantemente, posto a desafios
(CARVALHO, 2007) que influenciem a construção do
conhecimento e de conceitos. Ou seja, a
Sessenta e cinco anos depois é ainda uma
criança precisa usar seus conhecimentos já
metodologia muito utilizada, inclusive por
consolidados, para se desestabilizar por
programas de erradicação do analfabetismo
novas informações, que serão processadas,
no país, porém não abarca mais a sociedade
reconstruídas na relação com os outros
que atualmente que é tecnológica
conhecimentos de outros sujeitos, para então
computadorizada e midiática, com sujeitos
se consolidar um novo conhecimento. É um
interativos que necessitam da leitura e da
processo dinâmico onde a ação do outro irá
escrita para interagir com e dialogar essas
interferir na forma de pensar e agir
informações que são velozes e estão
contribuindo na elaboração e apropriação do
disponíveis por todo lado.
conhecimento a ser consolidado.
Como a literatura psicolinguística tem
Portanto, para que tudo isso aconteça é
demostrado (cf. HEATH, 1982; MOREIRA,
preciso traçar metas. Cada professor precisa
1988; REGO, 1988; COLOMBER, 2003),
se perguntar, qual a meta para o primeiro
sabemos que, antes mesmo de terem se
ano? Somente delineando objetivos, e
apropriado do sistema alfabético, se as
conhecendo quais as metas são previstas
crianças têm a oportunidade de participar de
para uma criança dessa turma é que se
práticas de leitura e de produção de textos,
conseguirá que a totalidade da turma tenha
aprendem uma série de características dos
compreendido o funcionamento do SEA,
gêneros textuais escritos (não só relativas à
chegado à hipótese alfabética e iniciado a
estrutura ou organização composicional dos
compreensão das convenções entre letra-
mesmos, as também sobre suas finalidades,
som.
usos sociais e esferas de circulação).
(MORAIS, 2012, p. 119). CONCLUSÃO
Enfim, a busca pelos métodos para se
alfabetizar são incansáveis, porém é
Saber quem são as crianças concretas que
importante salientar que não é nossa intenção
pretendemos alfabetizar permite propor
apresentar uma fórmula mágica ou criticar e
atividades com SENTIDO, com SIGNIFICADO,
desmerecer outros métodos, que deem conta
para professores e alunos, de tal modo que
dessa tarefa tão sistemática que é o ensino da
não fiquemos restritos a valorizar as diferentes
escrita alfabética, mas demonstrar as teorias
manifestações das crianças, mas busquemos
que apresentam resultados mais significativos
ampliar progressivamente seus
e coerentes com o contexto histórico atual no
conhecimentos e garantir a aquisição da
qual estamos inseridos.
leitura e da escrita, com significado.
Percebe-se que o que antes consistia apenas experimentando escrever, ousando escrever,
no domínio do código escrito, hoje perpassa fazendo uso de seus conhecimentos prévios
esse limite, para uma prática mais usual e sobre a escrita, levantando e testando
significativa para o sujeito, ou seja, o uso hipóteses sobre as correspondências entre o
social desse instrumento que é hoje interativo oral e o escrito, independente de uma
e que está em intensa relação com o sujeito sequência e progressão dessas
onde quer que ele esteja. Nessa perspectiva, correspondências que até então eram
se encontra o letramento, que no contexto de impostas a ela, como controle do que podia
contemporaneidade é aprendizagem escrever, porque só podia escrever depois de
essencial e está intrinsicamente aliada ao já ter “aprendido”.
processo de alfabetização, sendo, portanto o
Portanto, não importa como, mas é necessário
uso de didáticas que estejam baseadas na
que o professor ensine. Que não oculte
teoria sócio interacionista as que estão mais
informações, e saiba usar os conhecimentos
próximas das propostas de alfabetizar
que as crianças trazem consigo a favor da
letrando.
sua prática em sala de aula, em atividades
Aprender a ler e a escrever é apropriar-se do interativas e reflexivas. Que, sobretudo não
código linguístico gráfico para tornar-se, de espere para ensinar o que for necessário para
fato, um usuário da leitura e da escrita, essas o aluno avançar e se tornar o quanto mais
práticas são instrumentos básicos para o rápido e de forma significativa um leitor e
ingresso e a participação na sociedade escritor. Sabe-se, porém que os caminhos
letrada; são ferramentas para a compreensão para se chegar à resultados satisfatórios e às
da sociedade e para a comunicação entre as expectativas de aprendizagem de uma turma
pessoas, enfim, é a chave para a apropriação de 1 ano são vários, por isso faz-se
dos saberes já conquistado pela humanidade. necessário optar pela metodologia que mais
Essa aprendizagem abrange dois grandes se aproximar do ritmo das crianças que serão
aspectos: conhecimentos a cerca do o publico.
funcionamento do sistema de representação
Ressalta-se, ainda, que a conquista da
alfabética e conhecimentos sobre a
escrita alfabética não garante que o aluno
linguagem que se usa para escrever. Ou seja,
esteja alfabetizado. A alfabetização envolve a
para aprender a escrever, os alunos precisam
possibilidade de compreender e produzir
compreender o que escreverão e como o
textos em linguagem escrita. Portanto, para a
farão.
concepção de ensino sócio interacionista, a
Desse modo, é importante que, durante as alfabetização é considerada, um processo de
atividades, no cotidiano escolar, os alunos construção de hipóteses sobre o
interajam uns com os outros e com o funcionamento e as regras de geração do
professor: conversem, brinquem, joguem e SEA; por isso, a estratégia necessária para os
cantem, pois será através dessas interações alunos se alfabetizarem é a reflexão sobre a
que o conhecimento será construído e a escrita – suas características e seu
aprendizagem terá avanços. Contudo, essas funcionamento.
vivências não podem privilegiar meramente o
exercício da coordenação motora, da Dessa forma, à medida que forem
discriminação visual, da memória auditiva, e convidados á escrever e refletir sobre a
serem desenvolvidas por meio de copias de escrita, pensarão como escrever seus textos e
vogais e consoantes umas de cada vez, para como criar estratégias para ler textos e outros
que os alunos relacionem som e escrita, materiais disponíveis, constituindo-se numa
levando-os a memorizarem as associações proposta de processo de ensino e
realizadas, esses exercícios não levam a aprendizagem focados no sujeito do ato de
criança a compreender o que a escrita aprender (alunos), o objeto a ser aprendido
representa e como é representada. Ou seja, (SEA) e o sujeito do ato de ensinar (o
essa forma de encaminhamento didático não professor).
oferece elementos suficientes e necessários Contudo, novas metodologias surgem para
para garantir a construção de leitores e aprimorar antigas práticas e torna-las
escritores. Segundo Magda Soares (2001, análogas ao contexto e que estamos inseridos
p.53) para que se possam desenvolver habilidades
A criança aprende a escrever agindo e que serão necessárias e calcadas às
interagido com a língua escrita, exigências da sociedade atual.
REFERÊNCIAS
[1]. CARMO, Elisabete do. CHAVES, Maria [6]. MORAIS, Artur Gomes de. Sistema de
Eneida. Análise das Concepções de Escrita Alfabética. São Paulo: Ed. Melhoramentos,
Aprendizagem de uma alfabetizadora bem 2012.
sucedida. Caderno Ceres. São Paulo, n. 114, p. [7]. SMOLKA, Ana Luiza Bustamante. A
121-136 nov./2011. criança na fase inicial da escrita: a alfabetização
[2]. CARVALHO, Marlene. Guia prático do como processo discursivo. 6ª ed. São Paulo:
alfabetizador: Um diálogo entre a teoria e a prática. Cortez, 1993.
5a ed. São Paulo: Ática, 2007. [8]. SOARES, Magda Becker. Alfabetização e
[3]. CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e Letrar: letramento. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 2001.
Um diálogo entre a teoria e a prática. 11a ed. Rio [9]. VYGOTSKI, L.S. A formação social da
de Janeiro: Vozes, 2014. mente. 6ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
[4]. FERREIRO, Emília & TEBEROSKY, Ana. [10]. __________. LEONTIEV, A.N. LURIA, A.R.
Psicogênese da Língua Escrita. São Paulo: Artmed, Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 7ª
1999. ed. São Paulo: Ícone, 2001.
[5]. KRAMER, Sonia. Alfabetização, leitura e
escrita: formação de professores em curso. São
Paulo: Ática, 2010.
CAPÍTULO 2
Amanda Barbosa da Silva
Ana Paula Nunes Braz Figueiredo
conhecimento sobre grandezas, ela ainda não forma individual. As cinco questões presentes
apresenta, principalmente nos primeiros anos, na atividade contemplam cinco grandezas
uma compreensão de seu significado. São geométricas (área, comprimento, perímetro,
comuns as confusões, quando se considera ângulo e volume), a primeira questão se refere
um objeto, entre seus diversos “tamanhos”, ao cálculo de área e apresenta o recurso da
que ora é o comprimento, ora é a área ou até malha quadriculada. Segundo Lima e
mesmo o volume. (PERNAMBUCO, 2012, Bellemain (2010) “trabalho com malhas é um
p.67) excelente contexto para o estudo do conceito
de área e está muito presente nos livros
didáticos”. Na questão sobre área foi
Com base no trecho acima, observamos que
considerado como unidade de medida o
o trabalho com grandezas nos anos iniciais do quadrado da malha, daí é possível contar
ensino fundamental, além de ser de
unidades inteiras e meias unidades para obter
fundamental importância para a formação dos
a área, sem o uso de fórmulas, pois não é
alunos, recomendado para o trabalho com área nos
também exige do professor(a) uma formação anos iniciais. Além disso, conforme
adequada para evitar possíveis confusões constatamos no PCPE (2012), o uso em
conceituais sobre o conteúdo. excesso de conversão de unidades e o ensino
de grandezas apenas limitado ao uso de
3 METODOLOGIA unidades padronizadas, como metro
É importante salientar que a atividade foi quadrado (m2), quilometro quadrado (Km2),
realizada quando os estudantes ainda não não são suficientes e não favorecem a
tinham estudado o tópico de grandezas aprendizagem das grandezas. A figura 1
geométricas na disciplina. Para iniciar a abaixo apresenta a questão sobre área
atividade foi explicado o que são grandezas proposta na atividade e foi resolvida
geométricas, em seguida a atividade foi corretamente pela aluna A12.
distribuída para cada aluno, sendo feita de
Figura 1: Grandeza Geométrica - área.
Fonte: GAY, Maria Regina Garcia. Projeto Buriti, Matemática. 5º ano, p. 236. Ed. Moderna, 2011.
Fonte: GAY, Maria Regina Garcia. Projeto Buriti, Matemática. 4º ano, p. 161. Ed. Moderna, 2011
Fonte: GAY, Maria Regina Garcia. Projeto Buriti, Matemática. 4º ano, p. 155. Ed. Moderna, 2011.
Fonte: GAY, Maria Regina Garcia. Projeto Buriti, Matemática. 5º ano, p. 245. Ed. Moderna, 2011.
Em relação a grandeza ângulo, Segundo Lima discussão com ideia de giros e foi com essa
e Bellemain (2010), o uso do grau como ideia que trabalhamos a questão de ângulo na
unidade de medida de ângulo geralmente não atividade. A figura 5 abaixo apresenta a
é facilmente percebido pelos alunos dos anos grandeza geométrica ângulo com a resolução
iniciais. Por isso, uma das recomendações correta da aluna A2.
para o trabalho com ângulos é iniciar a
Fonte: GAY, Maria Regina Garcia. Projeto Buriti, Matemática. 5º ano, p. 72. Ed. Moderna,2011
RESULTADOS unidade de medida de ângulo e mesmo não
sendo solicitado na questão, cinco alunos
Os resultados apontam que dos vinte e quatro
usaram o grau na resposta. Em relação à
alunos apenas dois acertaram as cinco
grandeza comprimento, é importante salientar
questões. Em relação à grandeza área, quatro
que as respostas erradas são aquelas que
alunos erraram a contagem dos quadrados,
apresentaram erro na resposta da letra a e/ou
mas a maioria conseguiu resolver a questão.
na resposta da letra b. Foi constatado que o
A grandeza perímetro apresentou erro em
aluno A17 errou apenas a letra a, o aluno A24
treze atividades, a figura 2 acima demonstra o
errou os dois itens e os demais onze
erro que esses alunos cometeram, eles
licenciandos erraram apenas a letra b e
consideram como contorno todos os lados do
usaram a estratégia apresentada na figura 6
quadrado, o que leva a respostas erradas e
abaixo.
demonstra a falta de compreensão sobre a
ideia de perímetro. A questão sobre ângulo, A aluna A2 não relacionou corretamente as
figura 5, não apresentou erro em nenhum dos unidades de medida palmo e polegadas, a
protocolos, mas é interessante observar que estratégia seria multiplicar 96 por 8 e obter
os alunos optaram por responder a questão 768 como resposta na letra b, a aluna
escrevendo a resposta usando representação resolveu corretamente o item a.
fracionária e não usando o grau como
Fonte: as autoras
Sobre a grandeza volume, a figura 4 representa a estratégia que os alunos usaram para acertar a
questão. As seis respostas erradas foram relacionada à contagem errada dos cubos. A tabela
abaixo apresenta um resumo das respostas certas, erradas e não respondidas, após a análise dos
vinte e quatro protocolos.
Certas 20 9 22 11 16
Erradas 4 13 0 13 6
Não respondeu 0 2 2 0 2
REFERÊNCIAS
[1]. BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros [4]. PERNAMBUCO. Secretaria Estadual de
Curriculares Nacionais. Matemática, 1997. Educação. Parâmetro Curricular de
[2]. LIMA, Paulo Figueiredo.; CARVALHO, João Matemática (PCPE). 2012.
Bosco Pitombeira Fernandes de Coleção [5]. GAY, Maria Regina Garcia. Projeto Buriti:
Explorando ensino. Geometria, 2010, p. 135- Matemática. 5º ano. Ed. Moderna, 2011.
166. [6]. _______. Projeto Buriti: Matemática. 4º ano. Ed.
[3]. LIMA, Paulo Figueiredo.; BELLEMAIN, Paula Moderna, 2011.
Moreira Baltar. Coleção Explorando ensino.
Grandezas e Medidas, 2010, p. 167-200.
CAPÍTULO 3
produtivos que recebem assistência integral consideradas as que mais afetam a produção
dos estudantes ao longo de seu processo agrícola (Gráfico 1).
formativo.
Na análise com os estudantes da Escola
Os projetos produtivos das duas escolas agrícola do Serta, sobre as dificuldades no
possibilitam que os estudantes coloquem em desenvolvimento da agricultura em sua região
prática teorias estudadas e discutidas em sala de origem, foi destacado como principal
de aula, e do mesmo modo, levam suas problema a escassez de água,
experiências práticas para a discussão correspondendo a 88% dos entrevistados, e
teórica. as queimadas como desafio menos citado
(Gráfico 2).
A produção agrícola de ambas as escolas
sofre oscilações em virtude de um conjunto O diálogo acerca dos problemas vivenciados
de adversidades que influenciam pelos estudantes na produção agrícola e a
sobremaneira seus resultados, mobilizando os busca de alternativas e soluções, contribuem
estudantes na busca de alternativas. para valorização do esforço individual e do
espirito colaborativo dos estudantes.
Os espaços para o dialogo acerca dos
problemas vivenciados e a proposição de A busca de alternativas pelos estudantes da
alternativas estimulam relações de cuidado, Escola San Francisco se insere dentro da
responsabilidade, liderança e participação da proposta “aprender fazendo”, em que os
juventude em processos decisórios, refletindo estudantes a partir de suas aprendizagens
em uma experiência acerca da melhoram a qualidade das unidades
sustentabilidade em diferentes perspectivas. produtivas da escola (Quadro 1).
Diegues (2003) considera que a oportunidade Ao longo do seu processo formativo, os
educativa para o envolvimento dos sujeitos na estudantes do Serta têm a oportunidade de
busca de soluções é catalisadora na conhecer, criar e implantar um conjunto de
transformação de saberes e práticas em tecnologias que possibilitem a convivência
experiências concretas na construção de com as dificuldades enfrentadas em sua
comunidades sustentáveis. região (Quadro 2).
Entre as dificuldades vivenciadas no cotidiano As alternativas propostas pela Escola agrícola
da Escola San Francico informadas pelos do Serta se inserem no contexto da
estudantes, as mudanças climáticas, a agroecologia e da permacultura e refletem as
escassez de água e pobreza do solo são atividades desenvolvidas pelos estudantes
nas Unidades Pedagógicas de Produção.
Quadro 1 - Atividades desenvolvidas pelos estudantes da Escola San Francisco para mitigação dos
problemas enfrentados na produção agrícola/2013
DIFICULDADES Atividades Desenvolvidas
Uso racional, armazenamento, controle e manutenção dos
Escassez de água
equipamentos de uso da água
Insetos e pragas/ Uso de agrotóxicos Armadilha biológica
Estudo das relações entre os problemas climáticos com a produção
Clima leiteira, agrícola e avícola
Plantio de árvores
Trabalho exaustivo da agricultura Uso de energia solar
Uso de cobertura morta;
Rotação de cultivo e;
Pobreza do solo Reciclagem da matéria orgânica para produção de adubo e de
biofertilizante
Monitoramento da umidade do solo
Plano de negócios,
Recursos materiais Atividades de marketing
Investimento na venda de serviços e produtos
Fonte: Dados da Pesquisa de Doutorado/2013
Quadro 2 - Principais dificuldades enfrentadas e alternativas vivenciadas na escola do Serta –
Campus Ibimirim
DIFICULDADES PROJETOS
Escassez de água Irrigação por gotejamento, lago artificial, cisterna.
Insetos e pragas/Uso de agrotóxicos Armadilhas biológicas.
Defensivos naturais.
Clima Barreiras naturais (cercas vivas com árvores e arvoredos.
Falta de Conhecimento Estudo e análise dos ecossistemas.
Comparação entre um ecossistema e área de cultivo.
Atividades de pesquisa.
Trabalho exaustivo da agricultura Aproveitamento eficiente dos espaços (plantio de espécies
considerando seu tempo de colheita e plantio de espécies
considerando sua diversificação.
Utilização eficiente dos insumos naturais (minhocas, insetos, pedras,
sol, vento, temperatura, entre outros).
Utilização eficiente das energias (gravidade, vento, sol, matéria
orgânica e animais).
Pobreza do solo Barreira natural (fileiras de capim).
Queimadas Aproveitamento máximo da matéria orgânica, reaproveitamento
máximo de materiais não recicláveis.
Fonte: Dados da Pesquisa de Doutorado/2013
Os problemas se tornam oportunidades de A interação com e no ambiente também
aprendizagem para os estudantes na medida reflete sobre as percepções dos sujeitos
em que são estimuladas a propor, elaborar e como afirma, Trajber e Sato (2010) e colabora
executar soluções. para ressignificação dos modos de se
relacionar com o meio e com o outro; e para
CAPÍTULO 4
Outro dado importante é que de 2003 a 2013, A seguir veremos a importância dos
a média de matrículas foi de Parâmetros Curriculares Estaduais,
aproximadamente 262.038 matrículas na EJA, documento esse que fundamenta a educação
mostrando que a procura por essa no estado e que orientam a EJA.
modalidade é grande. Nesse período no
Estado de Pernambuco, diversas empresas
começam a se instalar no Porto de Suape e 2.2 OS PARÂMETROS CURRICULARES PARA
na construção da Refinaria Abreu e Lima A EJA EM PERNAMBUCO
sendo exigidas qualificações profissionais dos
Em Pernambuco, vamos observar um forte
candidatos as vagas de emprego ofertadas
impacto nessa modalidade de educação, a
naquele período. Isso pode ter
partir dos parâmetros curriculares estaduais.
influenciado na procura maciça pela escola, Esses parâmetros orientam a educação
principalmente na Região Metropolitana do básica de todo o estado e visam fornecer
Recife. subsídios para agregar esforços na condução
da educação básica.
outros propostos pelo professor. No entanto, complexos para lidar com uma realidade em
isso não configurava propriamente em que os alunos oriundos da sociedade, não ou
aprendizagem, pois, o aluno tornava-se pouco escolarizada traz consigo um
limitado apenas àquela situação específica, conhecimento prévio que deve ser
sem pensar na solução encontrada e nem contemplado no Projeto Político Pedagógico.
tampouco articulá-la com sua realidade Esses conhecimentos prévios serão úteis para
social. Esses eram o que chamava de construção do conhecimento a partir de uma
problemas fechados. proposta inovadora de trabalhar com a
resolução de problemas principalmente para
O documento aponta para uma forma
quebrar o paradigma da educação totalmente
diferenciada de trabalhar conteúdos, o que
tradicional que ainda existe nas aulas de
ele chama de problemas abertos. Esses
Matemática.
problemas fazem do estudante, um indivíduo
capaz de “realizar tentativas, estabelecer No exemplo apresentado em que é citado o
hipóteses, testar essas hipóteses e validar estado de Pernambuco, percebemos que a
seus resultados, provando que são procura por essa modalidade de ensino de
verdadeiras ou, em caso contrário, mostrando 2003 a 2013 é grande motivada pela
algum contraexemplo” (PERNAMBUCO-SEED, necessidade de qualificação devido ao
2012, p.31). desenvolvimento da região. Essa procura
também está relacionada ao tempo de
Assim mudanças acontecem de forma a
conclusão do curso que é de
propiciar, aos sujeitos envolvidos no processo
aproximadamente 18 meses sendo oferecida
de aprendizagem, alunos e professores, uma
em blocos de disciplinas no horário noturno.
relação mais fraterna, de solidariedade na
Sendo assim oferecendo condições ao aluno
construção do conhecimento. O aluno então
trabalhador de cursá-lo.
deve perceber que o conhecimento
matemático construído é parte integrante da Também se percebe analisando o documento
sociedade, é um elemento natural de seu que rege a educação do estado para essa
ambiente social. Essa ênfase que o modalidade, que há ênfase no ensino de
documento dá a resolução de problemas matemática através de resolução de
abertos faz do estudante um ser social capaz problemas, pois permite ao aluno autonomia,
de conduzir sua própria aprendizagem. colaboração na construção da solução que é
coletiva e faz parte do convívio social do
aluno quebrando assim diversas dificuldades
3 CONCLUSÕES que levariam esse aluno ao fracasso escolar.
Diante do que vimos até agora fica claro que Logo, os limites dos alunos nesta modalidade
a EJA nasce num contexto histórico da podem ser superados pelas possibilidades de
educação brasileira marcada por aprender a construir conhecimento dentro de
necessidades próprias, que consolidaram ao uma proposta sócio interacionista que faz o
longo do tempo o que hoje conhecemos aluno refletir sobre sua própria prática dentro
dessa modalidade. de um contexto escolar metacognitivo que
promova o ensino reflexivo na busca de
Inicialmente, apesar do processo de
construir soluções mais apropriadas para os
marginalização a que essa proposta foi
problemas do dia a dia do aluno.
submetida, tornou-se uma modalidade
consolidada na educação Brasileira que
requer do professor, conhecimentos
[6]. FONSECA, M.C.F. R.. Educação [9]. PERNAMBUCO. SEED. Parâmetros para a
Matemática de Jovens e Adultos - Especificidades, Educação Básica do Estado de Pernambuco
desafios e contribuições. 2ª ed. – 3 imp. Belo Educação de Jovens e Adultos. Recife, 2012.
Horizonte: Autêntica, 2007.
[10]. POZO J.I. ; CRESPO M.A.G. in: A Solução
[7]. LEITE, L.; AFONSO, A. Aprendizagem de Problemas-Aprender a Resolver Problemas,
Baseada na Resolução de Problemas. Resolver para Aprender, org. J.I. Pozo. Artmed:
Características, organização e supervisão. Boletim Posto Alegre, 1998.
das Ciências, 48, 253-260,2001.
[11]. STRELHOW, T.B. Breve História sobre a
[8]. PARANÁ. SEED. Documentos Preliminares Educação de Jovens e Adultos. Revista Histedbr
das Diretrizes Curriculares da Educação de Jovens on – line, nº 38, p. 49-59, Campinas, 2010.
e Adultos no estado do Paraná. Curitiba, 2007.
CAPÍTULO 5
Adrijane Alves de Amorim
Ivânia Tibúrcio Cavalcanti
Manuel Augusto de Oliveira Aguiar
esperança de futuros profissionais, agentes e Logo, ampliar o debate a respeito dos direitos
multiplicadores sociais para uma sociedade da pessoa com deficiência significa fortalecer
mais inclusiva. Para os profissionais presentes o segmento nas suas lutas pela efetivação e
na atividade, constituiu-se um momento de consciência dos direitos, bem como contribui
reflexão do seu exercício profissional na ótica para retirar as pessoas com deficiência da
da cidadania. sua invisibilidade e colocá-las como sujeito
histórico e de direitos.
REFERÊNCIAS
[1]. ALTMANN, Elisa. Fissuras Labiopalatinas. [7]. FACION, José Raimundo et al. Breve
São Paulo: Pró-Fono Departamento Editorial, 1997 Histórico da Psicopatologia - Contribuições para
[2]. BRASIL. Decreto n.5.296, de 02/12/2004. uma Sociedade Inclusiva. IN: Transtornos invasivos
Dispõe sobre a prioridade de atendimento, normas do desenvolvimento associados a graves
gerais e critérios básicos para promoção da problemas do comportamento: reflexões sobre um
acessibilidade das pessoas portadoras de Modelo Integrativo/ José Facion- Brasil: Ministério
deficiência ou com mobilidade reduzida, e da da Justiça, Coordenadoria Nacional para
outras providências. Brasília, DF. Integração da Pessoa Portadora de Deficiência,
[3]. BUENO, Carmem e PAULA, Ana Rita. 2002.196p.
Acessibilidade no mundo do trabalho. IN: I [8]. GOMES, Verônica Maria Silva et al.
Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Formação de Conselheiros em direitos humanos.
Deficiência. Acessibilidade: Você também tem Brasília: Secretaria Especial de Direitos Humanos,
compromisso. Subsídios para o conferencista. 2007.
Brasília, 2006, p.49-41 [9]. JORNAL GENTE CIENTE. Direito x
[4]. CAVALCANTI, Ivânia Tiburcio. Assistência Preconceito. Campinas/São Paulo. Ano 15, nº 194,
Social e Previdência: o dilema entre a seguridade e Novembro/2014.
o seguro. 2006. 53 p. Monografia (Especialização [10]. LOPES, Lúcia. 3ª Conferência Nacional
em Ciência Políticas) – Universidade Católica de dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Dia
Pernambuco – UNICAP, Recife, 2006. Internacional da Pessoa com Deficiência: Um longo
[5]. CHAUÍ, Marilena. Brasil: mito fundador e caminho para efetivar direitos. IN: CFESS
sociedade autoritária. 2001. Disponível em: Manifesta. Gestão Tempo de Luta e Resistência
http://www.usp.br/cje/anexos/pierre/brasil_mitofund (2011-2014), Brasília (DF), 2014, p.161-164
ador_e_sociedade_autoritaria_marilena_chaui.pdf. [11]. PAULA, Ana Rita de et al. A Convenção
Acesso em: 13 jun. 2015. sobre Direitos das Pessoas com Deficiência
[6]. DUTRA, Cláudia Pereira. Acessibilidade Comentada. Brasília: Secretaria Especial dos
na Escola: Um compromisso com Educação de Direitos Humanos, 2008.
Qualidade para Todos. IN: I Conferência Nacional [12]. VITAL, Flávia Maria de Paiva et al. A
dos Direitos da Pessoa Deficiência. Acessibilidade: Convenção sobre Direitos das Pessoas com
Você também tem compromisso. Subsídios para o Deficiência Comentada. Brasília: Secretaria
conferencista. Brasília, 2006, p.46-49. Especial dos Direitos Humanos, 2008.
CAPÍTULO 6
Luciana Aparecida Siqueira Silva
Amanda Santana Vieira
Christina Vargas Miranda e Carvalho
Chagas, tendo sido utilizada como referência políticas públicas que visam à promoção da
a metodologia LORBIESKI, et al. (2010). Para saúde junto à população, entretanto para que
elaboração do jogo foram utilizadas cartolinas tais aparatos possam servir como recursos
coloridas nas cores: azul, marrom, amarelo e pedagógicos, é imprescindível que eles sejam
verde, tesoura, fita dupla face, dado, dois elaborados dentro da complexidade do seu
pinos, papel A4 com os textos das perguntas público alvo e da temática (LUZ, et. al, 2005;
impressos. O jogo foi construído na forma de VILLELLA, et. al, 2009).
trilha, separado em vários cartões coloridos
Sobre a questão que abordou a transmissão
contendo os seguintes textos: “Início”,
vetorial, muitos participantes não citaram nas
“escolha um cartão”, “avance uma casa”,
respostas que o barbeiro para transmitir a
“avance duas casas”, “pergunta prêmio”,
doença de Chagas deveria estar infectado
“ponto de interrogação” e “fim”. Foram
pelo protozoário Trypanosoma cruzi, além de
elaboradas 30 perguntas divididas em
ter se alimentado do sangue de animais
objetivas e discursivas nas cores
silvestres como tatu, tamanduá, que são
correspondentes aos cartões da trilha.
reservatórios naturais do parasita ou outro ser
Após o jogo, o questionário que foi aplicado humano infectado pelo protozoário. De acordo
no início da pesquisa, foi reaplicado com o com a questão do questionário pré-jogo
objetivo de comparar as respostas e através 63,4% não souberam responder, 29,3%
do mesmo avaliar se o jogo contribuiu para tiveram respostas incorretas pelo fato de não
que o os estudantes reelaborassem conceitos ter citado que ele deveria estar infectado, e no
relacionados ao tema doença de Chagas. pós-jogo 55,9% cometeram o mesmo
equívoco.
A falta de conhecimento a respeito dos
4 RESULTADOS
vetores da doença de Chagas pode dificultar
Verificou-se que 34,9% (pré-jogo) dos a detecção desses insetos e, em decorrência,
participantes responderam que o nome prejudicar a eficácia da vigilância
científico do agente etiológico era entomológica com a participação da
Trypanosoma cruzi e após a aplicação do população, sendo que a transmissão vetorial
jogo didático 77,7% responderam sempre esteve mais associada aos habitantes
corretamente. Tem sido observada a de zonas rurais (VILLELA, et. al., 2009;
dificuldade dos discentes em escrever MAEDA e GONÇALVES, 2012).
corretamente as palavras, nesta questão
Em relação às formas de transmissão, as mais
foram observadas diferentes formas de se
citadas no pré-jogo foram transmissão vetorial
escrever o nome do agente etiológico. Nota-
(43,09%), oral (7,9%), sanguínea (6,7%),
se que, de alguma forma eles sabiam
congênita (4,4%), transplante de órgãos
pronunciar, no entanto muitos erros foram
(1,1%). No pós-jogo a forma mais citada
cometidos no momento da escrita.
também foi a vetorial (54,02%), sanguínea
Escrever corretamente pode proporcionar a (47,4%), oral (28,3%), congênita (28,3%),
abertura de várias oportunidades no campo transplante de órgãos (5,2%). O curso técnico
profissional ou na vida em geral, para que os integrado em Administração em comparação
discentes se internalizem nas regras com os outros cursos, no pós-jogo obteve um
ortográficas, é fundamental que os docentes melhor desempenho em comparação ao
estejam dispostos a reaprender e se questionário anterior que de 8 respostas 5
dedicarem à utilização de metodologias mais estavam com 0,0%.
eficazes e significativas como jogos,
A infecção pelo protozoário Trypanosoma
dinâmicas, músicas, pois é uma tarefa árdua,
cruzi pode ocorrer por meio da via vetorial,
exige estudo, insistência, flexibilidade e
por contato com excretas de triatomíneos
doação (DIAS, et. al., 2009).
contaminados, através da pele lesada ou de
De acordo com as respostas do questionário mucosas, durante ou logo após o repasto
investigativo, relacionada ao agente etiológico sanguíneo, via transfusional/transplante por
da doença, protozoário foi a opção mais doação de infectados, via vertical ou
citada tanto no pré-jogo com 75,4% das congênita que ocorre pela passagem de
respostas e 100% no pós-jogo. parasitos de mulheres chagásicas para o feto
durante a gestação ou parto, via oral por
Segundo alguns autores, a elaboração de
ingestão de alimentos contaminados com
materiais educativos de qualidade pode servir
protozoários que foram triturados juntamente
como ferramentas auxiliares, contribuindo nas
com o alimento, e por fim via acidental, a consumi-los e cuidados com a transmissão
transmissão acontece pelo contato da pele sanguínea e doações de órgãos.
ferida ou de mucosas com material
A tripanossomíase americana se difunde onde
contaminado durante a manipulação em
espécies de triatomíneos conseguem se
laboratório (RAMOS, et. al., 2010).
adaptar biologicamente, em lugares que
São sinais e sintomas presentes na fase apresentem condições favoráveis como casas
aguda, febre e manchas avermelhadas. No de pau-a-pique, barreadas, à base de
caso de transmissão vetorial, dor de cabeça, madeiras e tábuas mal ajustadas,
mal-estar, e na fase crônica da patologia o proporcionando espaços como frestas que
inchaço de órgãos. A manifestação clínica servem de esconderijo para esses vetores
mais citada tanto no pré-jogo (14,6%) como (BRASIL, 2013b).
no pós-jogo (67,2%) foi a febre. No início, a
Importantes estratégias de prevenção contra
tripanossomíase americana pode apresentar
a transmissão vetorial da doença de Chagas
uma sintomatologia confusa, que passa
merecem destaque, como o uso de
inteiramente despercebida, podendo ser
inseticidas de ação residual, pois esses
confundida com outras patologias. A
insetos não apresentam resistência biológica,
manifestação mais característica é a febre na
melhorias habitacionais uma vez que os
fase aguda, sempre presente, usualmente
triatomíneos não invadem moradias de boa
prolongada, constante e não muito elevada de
qualidade como as de alvenaria (ARAÚJO, et.
37,5º a 38,5ºC (BRASIL, 2009a; REY, 2013).
al, 2013).
A questão que abordou sobre o diagnóstico
Ainda que avanços tenham sido alcançados,
laboratorial da doença de Chagas no pré-
é fundamental manter atenta a vigilância
jogo, 91% não souberam responder, sendo
epidemiológica, sendo que benefícios devem
que os participantes do curso Técnico em
ser reforçados por meio de ações de caráter
Administração 100% deixaram em branco a
educativo, desenvolvidas com real
questão, já no pós-jogo 75,3% responderam
comprometimento da população e dos
hemograma como a primeira forma de
serviços locais de saúde (ARGOLO, et. al,
diagnosticar a doença na sua fase aguda.
2008).
Para o diagnóstico laboratorial da infecção
pelo Trypanosoma cruzi, são utilizados os
testes parasitológicos que são definidos pela 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
presença de parasitas circulantes
Por meio dos resultados obtidos, foi possível
demonstráveis no exame direto do sangue
constatar que os discentes envolvidos
periférico, estes são recomendados na fase
aperfeiçoaram o conhecimento acerca da
aguda da doença quando a carga parasitária
doença de Chagas após a participação no
está elevada. Na fase crônica, são utilizados
jogo didático elaborado, observando-se
alguns exames sorológicos, dentre eles
nitidamente o aumento dos índices de acerto
destacam-se os testes HAI (hemaglutinação
no questionário pós-jogo. Foi possível
indireta), IFI (imunofluorescência indireta) e o
observar que os alunos, quando estão
teste ELISA (enzyme-
envolvidos em uma atividade lúdica,
linkedimmunosorbentassay) (BRASIL, 2009a;
demonstram maior interesse e empolgação. O
RAMOS, et. al, 2010).
recurso didático, quando desenvolvido de
Foram citadas como medidas profiláticas da forma que envolva todos os alunos, aumenta o
doença de Chagas, o uso de mosquiteiro na seu potencial e se torna mais eficaz, podendo
hora de dormir para evitar que o inseto vetor auxiliar o professor a favorecer a construção
se aproxime do indivíduo, pois este possui e/ou aperfeiçoamento do conhecimento já
hábito noturno. Evitar construções precárias adquirido.
como casas de pau-a-pique onde o barbeiro
Diversas abordagens como jogos, dinâmicas,
se aloja nas frestas e combater o inseto vetor
textos interativos sobre a doença de Chagas
usando inseticidas, repelentes, dedetizando
podem ser feitas pelos professores de Ensino
casas principalmente onde a região é
Médio, tendo em vista a quantidade de
endêmica. Proteção em portas e janelas para
informações atualmente disponíveis sobre o
evitar que o inseto entre na casa, cuidados
tema. Sendo assim, é possível afirmar que o
com a transmissão oral no caso de alimentos,
desenvolvimento de um tema de tamanha
como caldo de cana e açaí, saber a
importância para a história do Brasil e, ao
procedência desses alimentos antes de
mesmo tempo desafiador, pode apresentar-se
CAPÍTULO 7
Outro jogo desenvolvido foi o JOGO DE QUIZ. jogo de uma disciplina (Geografia, História,
Esse jogo tem o diferencial de ser um Jogo Inglês e Português), cadastrando perguntas e
Educacional. Esse projeto proporcionou duas respostas. As questões foram extraídas do
experiências distintas: a questão da lógica de material que estavam estudando no momento,
programação, no exercício de transcrever para que pudessem utilizar seu próprio jogo
para o código as regras do jogo, o aspecto para estudar.
educacional, pois cada estudante criou um
REFERÊNCIAS
[1]. CORREIA, C. A; OLIVEIRA R.L; [3]. FORBELLONE, André Luiz Villar;
MERRELHO, A; MARQUES A; PEREIRA D.J; EBERSPACHER, Henri Frederico. Lógica de
CARDOSO, V. Jogos digitais: possibilidade e Programação: a Construção de Algoritmos e
limitações o caso do jogo Spore. Cied. 2009. Estrutura de Dados. 3 ed. São Paulo: Prentice Hall,
Disponível em: < 2008.
http://hdl.handle.net/1822/10174>. Acesso em: [4]. Apoio Informática - Linguagem Visualg,
10/06/2015 disponível em: www.apoioinformatica.inf.br, acesso
[2]. FERRAREZI, Luciana Aparecida. A importância em 10/06/2015
do jogo no resgate do ensino de geometria. Anais
do VIII ENEM – UFPE, Recife, 2004.
CAPÍTULO 8
Lígia Maria Pereira Lima
Syllas Nascimento de Melo
Micheline Barbosa da Motta
Ação 2 – Enrolados
3 METODOLOGIA
Na segunda ação buscamos reforçar o tema
O trabalho foi realizado com pessoas com cadeia alimentar e iniciar uma discussão
deficiência visual de faixa etária entre 14 e 35 sobre os impactos negativos da poluição em
anos. Os participantes tinham formação hábitats. Para começar a dinâmica, tiras de
escolar em vários níveis, desde apenas o elástico foram distribuídas para cada aluno,
ensino básico até o superior completo. sendo requisitado que cada um enrolasse o
elástico na mão direita, prendendo os dedos
Foram realizadas seis ações, entre os dias
polegar e mínimo, seguindo o exemplo do
17/11/14 e 03/12/14, com duração de uma
aplicador.
hora cada encontro.
A seguir, foi requisitado que os alunos
A primeira ação consistiu em quatro partes: 1
tentassem retirar, sozinhos, o elástico da mão
– introdução ao assunto tratado, sendo
sem a ajuda da mão livre ou de nenhuma
realizado um levantamento dos
outra parte do corpo. Ninguém conseguiu
conhecimentos prévios dos alunos; 2 –
realizar a tarefa. Após um tempo, o aplicador
realização da dinâmica; 3 – debate e
pediu que os participantes descrevessem o
explanação sobre o assunto; 4 – produção de
que sentiram durante a dinâmica.
texto, em braile, a respeito do assunto tratado.
As demais ações seguiram o mesmo roteiro, Ao final, foi realizada uma discussão sobre
adicionando-se uma parte inicial onde o como a poluição de hábitats pode afetar o
assunto tratado na ação anterior foi bem estar dos seres vivos, realizando um
relembrado pelos alunos. paralelo com a experiência vivida pelos
participantes na dinâmica e o que acontece
As dinâmicas utilizadas nas ações são
com seres marinhos ao se perceberem presos
descritas abaixo:
por algum material lançado inadequadamente
no mar pelo ser humano.
Ação 1 – Círculo
Esta ação objetivou elucidar o conceito de Ação 3 – Relações ecológicas
cadeia alimentar e descrever aspectos
A ação 3 objetivou demonstrar algumas
ecológicos, a dinâmica realizada ilustrou
relações ecológicas intra e interespecíficas
como a cadeia alimentar pode ser
em um ecossistema. As relações escolhidas
prejudicada por processos antrópicos.
foram: parasitismo, predação, mutualismo,
Na dinâmica, os participantes ficaram em pé comensalismo e competição. Foram utilizados
ao centro da sala formando um círculo. Ao pequenos blocos de madeira para simular
longo de uma explanação de como funciona cada relação.
uma cadeia alimentar, alguns componentes
Inicialmente, os participantes foram divididos
do grupo foram indicados como
em duplas, sentados um em frente ao outro
representantes dos seres produtores,
com uma mesa entre eles. Cada dupla
consumidores e decompositores. Foi
recebeu uma quantidade de blocos de
requisitado, então, que todos se abraçassem
madeira. Foi requisitado que os participantes
formando uma cadeia segura o suficiente
tocassem nos blocos para conhecer o
para que todos pudessem ficar em posição
material. Após, foi requisitado que cada dupla
de sentar sem cair ou desfazer a cadeia.
realizasse pequenas atividades com os
Em seguida, um dos componentes foi retirado blocos para encenar o que ocorre nas
do grupo, deixando seu lugar vazio na cadeia, relações, como descrito a seguir:
havendo um rompimento na sequência de
- Parasitismo: um participante utiliza os blocos
componentes. O grupo foi requisitado para
de madeira para construir uma casa. O outro
ficar em posição de sentar novamente. Tal
participante retira um bloco de cada vez da
posicionamento não pôde ocorrer, por conta
construção do parceiro, de modo a prejudicar
da falta de um componente.
o trabalho, demonstrando uma relação Nesta etapa, houve uma pausa para que os
desarmônica. participantes com deficiência visual
percebessem a quantidade da massa que
- Predação: um participante detêm todos os
restou em suas mãos e passassem pelas
blocos de madeira da dupla. O outro
mãos dos colegas para perceber a
participante tenta pegar todos os blocos de
quantidade que coube a cada um. Foi
uma só vez, demonstrando uma relação
iniciada uma discussão sobre a dificuldade ou
desarmônica.
a facilidade de conseguir pegar a massa do
- Mutualismo: os participantes constroem uma vizinho, de maneira a demonstrar que, quanto
única casa de maneira conjunta, mais avança a cadeia alimentar, menos
demonstrando uma relação harmônica. energia está disponível e mais difícil é
conseguir alimento.
- Comensalismo: um participante constrói uma
casa com alguns blocos de madeira. Em Ao final desta etapa foi inserida no
seguida o outro participante utiliza os blocos experimento a figura do decompositor, que
restantes para construir sua casa, recolheu a massa restante nas mãos dos
demonstrando uma relação harmônica. presentes para demonstrar que os
decompositores conseguem energia ao
- Competição: os blocos de madeira ficam no decompor a matéria de todos os
centro da mesa. Os participantes são componentes da cadeia alimentar. Restaram
requisitados a construírem suas casas pedaços da massa grudados nas mãos de
retirando os blocos da pilha comum o mais todos os participantes, bem como espalhados
rápido possível, demonstrando uma relação pelo chão da sala, estes restos representaram
desarmônica. a parte da energia não assimilada que volta
Ao final de cada atividade, foi pedido aos para o ambiente em forma de calor.
alunos que identificassem o ocorrido como
uma relação harmônica ou desarmônica e
dessem exemplos de como a relação ocorre Ação 5 - Componentes celulares parte 1
na natureza. A quinta ação objetivou apresentar as
estruturas celulares. Para isso, foram
montados três modelos representando células
Ação 4 - Fluxo de energia eucariontes e um modelo representando o
A ação 4 objetivou demonstrar o fluxo de núcleo celular. O primeiro modelo representou
energia que ocorre ao longo da cadeia a aparência externa da célula; neste, a
alimentar. Para isso, foi realizada uma membrana celular e o flagelo foram montados
experiência tátil com a participação dos em tecido, preenchido com algodão,
alunos. formando uma almofada. Foram escolhidos
estes materiais para que os alunos pudessem
Para o experimento, os participantes fizeram perceber a conformação arredondada e
uma roda ao centro da sala, que representou moldável, não rígida, da célula.
a cadeia alimentar. Definiu-se quem era o
representante dos seres produtores e dos O segundo modelo representou a parte
seres decompositores da cadeia, sendo todos interna da célula, sendo montado em uma
os outros representantes dos seres vasilha preenchida com gel, de maneira que
consumidores. os alunos percebessem a consistência fluida
do citoplasma. Algumas organelas celulares
O representante dos seres produtores na foram feitas sendo utilizados tecido,
cadeia começou a sovar uma mistura feita de miçangas, EVA e uma bola de espuma.
farinha e água para simbolizar a produção do
próprio alimento. Esta massa representa a O terceiro modelo representou o núcleo
energia produzida por este ser e foi passada celular, sendo montado em uma pequena
de mão em mão, entre todos os participantes, caixa esférica de isopor. Dentro da esfera
para que percebessem sua quantidade inicial. foram colocados modelos de DNA feitos com
A massa foi então, ‘atacada’ pelo colega ao miçangas.
seu lado, que tentou pegar o máximo de Durante a dinâmica, os alunos foram
massa que pôde de suas mãos convidados a manusear os modelos e
(representando uma situação de predação). A descrever o que estavam tocando enquanto
sequência seguiu até o penúltimo ocorria a explanação sobre a célula e as
componente do círculo. organelas.
dinâmica divertida aprendemos as relações nas faculdades, para que alunos cegos
entre os seres vivos na natureza.” (Aluno I). pudessem perceber a forma do que estudam
e não ficarem restritos à abstração. Segue a
A quarta ação trabalhou o fluxo de energia
transcrição do texto produzido por um dos
dentro de uma cadeia alimentar. Os alunos
alunos, decodificado do Braile:
demonstraram relembrar os assuntos
trabalhados nas ações anteriores e foram “Célula é a menor unidade de um corpo. A
bastante participativos durante a dinâmica e a célula tem mais ou menos uma forma
discussão, exemplificando e respondendo às arredondada. Dentro dela podemos encontrar
questões levantadas. Foi feito um paralelo o núcleo, que é onde se encontra o DNA. O
com os assuntos já vistos, reforçando DNA é onde se encontra a receita do nosso
aspectos de conectividade entre os seres, o bolo, nossa carga genética. [...]” (Aluno H).
que faz com que pequenas interferências nos
A sexta e última ação teve a proposta de
hábitats possam causar grandes danos ao
reforçar o tema anterior, sobre a célula.
ecossistema.
Também trouxe a exploração de diferentes
A dinâmica com a massa de farinha foi muito relevos, formas e texturas, por parte dos
bem recebida pelos alunos. Mesmo agitada, alunos, o que lhe é agradável e importante
demonstrou ser eficiente para a ilustração do para o aprimoramento das suas capacidades
tema, permitindo aos alunos perceberem a perceptivas e organização mental dos objetos
escassez de comida ao longo da cadeia e o do mundo. A maioria dos alunos demonstrou
cansaço dos predadores, assim como o ciclo não lembrar o nome das estruturas (alegando
dos nutrientes. Seguem alguns trechos das serem nomes muito incomuns), mas
produções textuais dos alunos, decodificados lembraram de suas funções, indicando que
do Braile: estrutura representava cada função na
medida em que descreviam sua forma.
“Na dinâmica de hoje foi possível observar e
entender mais um pouco da importância da Os alunos foram muito participativos e
cadeia alimentar.” (Aluno I); demonstraram gostar de trabalhar com a
massa de modelar. Tendo os modelos como
“Hoje estudamos que a energia existe em
parâmetro, replicaram de forma bastante
vários meios.” (Aluno A).
acurada a forma das organelas. A dinâmica,
“Hoje aprendemos a importância de como a de aplicação fácil e economicamente viável,
energia se encontra na natureza.” (Aluno R). se mostrou eficiente em reforçar o tema
trabalhado na ação anterior com os modelos
A quinta ação propôs uma mudança de tema,
de estruturas celulares. Ao final desta
saindo do aspecto amplo da ecologia para a
atividade, os alunos foram solicitados a falar
esfera microscópica da célula. Como ocorrido
de suas percepções das atividades
nas ações anteriores, a participação foi muito
vivenciadas por eles. Segue os trechos das
boa, os alunos demonstraram especial
explanações dos alunos:
curiosidade no tema, principalmente em
relação ao DNA. Durante a discussão, tiraram “Achei interessante e diferente, o método que
dúvidas quanto às funções celulares e quanto usaram para explicar os assuntos. [...]” (Aluno
aos testes de paternidade, como funcionam e A).
de onde vêm as características herdadas dos
“Gostei muito, me ajudou a compreender
pais.
alguns conceitos da biologia. [...]” (Aluno I).
O material em tecido foi muito bem recebido
“Muito importante, porque podemos praticar
pelos alunos, porém reclamaram do modelo
algumas coisas relacionadas com a teoria
gelatinoso, achando-o um pouco nojoso.
trabalhadas. [...]” (Aluno R).
Como o gel foi utilizado para simular a
consistência do citoplasma, os modelos das “É muito importante ilustrar através de
organelas celulares ficavam revestidos em dinâmicas, meter a mão na massa e não ficar
gel, e os alunos tiveram que manusear a só imaginando. [...]” (Aluno H).
todos, sujando sempre as mãos na substância
“Atraiu a atenção da gente, envolveu, tornou o
gelatinosa.
assunto interessante. [...]” (Aluno F).
Apesar disso, o material se mostrou eficiente
para ilustrar o tema. Uma das alunas é A aprendizagem do aluno cego requer
adaptações, que constituem alternativa para
formada em fisioterapia e relatou que os
modelos deveriam ser amplamente utilizados suprir a necessidade deixada pela perda do
sentido da visão. Então ele necessita de um
material palpável ou alguma atividade que Ao final da aplicação do plano de ação, foi
faça com que desperte uma sensibilização percebido que os materiais utilizados
para formar a imagem tátil. Desse modo, o facilitaram o entendimento dos temas
aprendizado mais tangível, passa a fazer trabalhados pelos alunos, tendo sido
sentido para o aluno. Do contrário, ele apenas atingidos os objetivos iniciais deste trabalho.
memoriza, sem contextualizar o conceito que Os participantes demonstraram entender os
foi trabalhado. (CARDINALI, 2012). conceitos ecológicos e as funções das
organelas celulares, apesar de não
lembrarem a nomenclatura utilizada. Os
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS mesmos se mostraram satisfeitos com os
métodos e materiais utilizados.
Durante o estágio, foi percebida a
necessidade de adequação na metodologia A experiência de estágio foi muito agradável,
de ensino de biologia para alunos com desafiante e recompensadora. Mostrou que o
deficiência visual. A utilização de materiais professor de biologia também precisa
táteis e de dinâmicas corporais permite a conhecer as necessidades especiais de
visualização do conteúdo trabalhado, o que alunos portadores de deficiência, para que
facilita a construção do conhecimento pelos possa se preparar melhor para ajuda-los a
alunos. construir seus conhecimentos científico-
escolares.
REFERÊNCIAS
[1]. BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é <HTTP://WWW.PLANALTO.GOV.BR/CCIVIL_03/LEI
educação. São Paulo: Brasiliense, 2007. S/L9394.HTM>. ACESSO: JANEIRO DE 2015.
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Federativa do Brasil. Brasília, DF: Centro Gráfico, FERREIRA, Amauri Carlos. A aprendizagem da
1988. célula pelos estudantes cegos utilizando modelos
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DEZEMBRO DE 1996. ESTABELECE AS Constant, n. 46, 2012. Disponível em:
DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL. <http://www.ibc.gov.br/revistabenjaminconstant/ind
BRASÍLIA: PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 1996. ex.php/b3njc0nst/article/viewFile/39/52>. Acesso
DISPONÍVEL EM: em: 04 nov. 2014
[5]. .
CAPÍTULO 9
semestre de 2015, ao inicio das aulas em composta por: titulo da foto, autor, local, data,
agosto. As fotos terão no mínimo o tamanho nome da equipe (Ex: equipe formiga), ordem
de 20 x 25 cm e para ornamentação serão do inseto e nome (borboleta, mosca,
utilizados materiais reciclados. Cada foto foi formiga).
A
B
A B
Além dessas características e habilidades apresentaram dificuldade para obter uma boa
que o uso da fotografia para fins didáticos qualidade, aspectos que podem contribuir
pode desenvolver nos alunos, pois é uma com tal problema: baixa resolução da câmera,
tecnologia usual e cotidiana. Para Perinotto iluminação e falta de habilidade no manuseio
(2012) a fotografia deve colaborar no do equipamento. Porém mesmo com as
processo educativo com o uso de tecnologias dificuldades, os estudantes foram motivados a
da informação e comunicação porque os continuarem tentando obter as imagens
alunos “da atualidade estão acostumados a (figura 3). Conforme Manini (2002), é viável a
viver cercados por sons, cores e imagens utilização da fotografia como “instrumento
fixas ou dinâmicas. Eles pertencem a um didático utilizado em cursos, aulas, palestras,
mundo polifônico e policrômico e constituem seminários, tanto no suporte papel, como na
uma civilização que se utiliza de ícones.” utilização de projeções de diapositivos
Outro ponto relatado foi com relação ao foco (slides) ou por meio eletrônico (fotografia
das imagens. Alguns estudantes digital)”.
Figura 3. Espécies da Ordem Lepidoptera, Município de Jaboatão dos Guararapes - PE, 2015.
A B
Figura 4. Exemplar da ordem Orthoptera (A) e Hymenoptera (B), Município de Jaboatão dos
Guararapes - PE, 2015.
REFERÊNCIAS
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armazenados: Aspectos biológicos e identificação. Segunda Edição, Totalmente Revisada e
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[3]. BRASIL. Lei nº 14.363 de janeiro de 2008. Insetos: Um Resumo de Entomologia. Editora
Disponível em Rocca: São Paulo, 2008.
http://www.tjsc.jus.br/infjuv/documentos/legislacao/l [9]. LIMA, M. L. F. C. A reserva da biosfera da
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[4]. BUZZI, Z. J. Entomologia didática. Paraná: ações e perspectivas. Conselho Nacional da
Editora UFPR, 4° Ed. 2005. 347p. Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Caderno nº
[5]. CAVALCANTE, J. S.; SOUZA, E. P.; 12. 1998.
GARCIA, N. R.; BEZERRA, C. S.; SILVA, K. R. C. A [10]. MALAVASI, A.; ZUCCHI, R. A. Moscas das
fotografia como ferramenta no ensino de ecologia. frutas de importância econômica no Brasil. São
IV Simpósio nacional de ensino de ciência e Paulo: Holos, 2000, 327 p.
tecnologia. Sinect. Ponta Grossa. 2014. [11]. MANINI, M. P. Análise documentária de
fotografias: um referencial de leitura de imagens
fotográficas para fins de documentários. Tese de
CAPÍTULO 10
Claudio Pereira da Silva
Angélica Vier Munhoz
Ieda Maria Giongo
Suzana Feldens Schwertner
Resumo: Esse relato de experiência tem como objetivo geral relacionar algumas
práticas pedagógicas vivenciadas em sala de aula com a teoria da aprendizagem
significativa, desenvolvida pelo pesquisador norte-americano David Paulo Ausubel
(1918-2008). Entretanto, não se pretende afirmar com tal proposição que a citada
experiência enquadra-se apenas à essa teoria, mas pode ser mais uma, dentre
prováveis outras nas quais esse relato pode ser pedagogicamente compreendido.
Além do mais, considerando que essa é uma teoria extensa, a mesma será
abordada superficialmente, mas com dados suficientes a levar o leitor a procurar
maior aprofundamento em bibliografias específicas. Destarte, buscou-se comentar
cada momento da experiência relatada, fazendo um vínculo à teoria de Ausubel e
assim traçar um paralelo reflexivo entre teoria e prática, não apenas com o objetivo
de materializar a referida teoria, mas sim de proporcionar momentos de reflexões
sobre a importância do domínio dessa e de outras concepções pedagógicas. Para
tanto, foi realizado revisão bibliográfica em diversos referenciais sobre o assunto,
como por exemplo: livros, revista e artigos publicados na internet. Além disso, outro
fator que justifica a escrita do referido relato, foram as discussões tecidas durante
as aulas da disciplina: Processos de ensino e de aprendizagem do mestrado em
ensino da Univates-RS.
Com base nessa premissa estabeleço as Moreira (2014, p. 161) ratifica essa
seguintes indagações: A ação didática que eu concepção, explicando que “A aprendizagem
mencionei e que foi lembrada pelo aluno significativa ocorre quando a nova informação
muitos anos depois, faz parte de alguma ancora-se em conceitos ou proposições
daquelas teorias acerca de ensino e relevantes, preexistentes na estrutura
aprendizagem que estudamos nas cognitiva do aprendiz”. Nesse contexto, o
licenciaturas? E se fizer, qual seria o autor? E conceito é definido por Ausubel, como
por que às vezes atribuímos pouca “conceito subsunçor, ou simplesmente
importância à essas teorias nas licenciaturas? subsunçor, existente na estrutura cognitiva do
Teço essas indagações, porque já presenciei indivíduo” (MOREIRA, 2014, p. 161).
esse descaso em um curso de licenciatura, na Dessa forma, acredito que para o aluno
qual um discente pediu para colocar o nome compreender por que o mouse do
em um trabalho que era para ser feito em computador recebe esse nome, e por que ele
grupo, mas que ele sequer havia participado, se movimenta parecido ao um rato, ele
porque segundo ele, era apenas uma simples primeiro precisa saber o que é um rato, qual a
disciplina pedagógica. sua cor, seu formato, seu tamanho, como ele
Felizmente, nos momentos vivenciados no se movimenta. Ou seja, é um conhecimento
mestrado em ensino da Univates-RS, mais prévio que possibilita ao aluno ancorar aos
especificamente nas aulas da disciplina que novos conceitos e ou proposições
investiga os processos de ensino e aprendizagens que possam ser relevantes e
aprendizagem, estudei sobre um autor que que de fato faça sentido para ele.
pesquisou e escreveu a respeito de Nesse sentido, Moreira (2014, p. 160), explica
fenômenos semelhantes aos que eu vivenciei que para Ausubel, “[...] o fator isolado que
na minha prática docente. Trata-se da mais influencia a aprendizagem é aquilo que
aprendizagem significativa, que segundo o aluno já sabe (cabe ao professor identificar
Fernandes (2011) foi desenvolvida pelo isso e ensinar de acordo)”. No meu caso, eu
pesquisador norte-americano David Paulo fiz essa identificação automaticamente,
Ausubel (1918-2008). apenas percebendo o olhar dos alunos, pois
Entretanto, não quero afirmar com tal na época eu ainda não conhecia essa teoria.
proposição que a citada experiência De alguma forma, eu percebia que quanto
enquadra-se apenas à essa teoria, mas pode mais eu assemelhava os materiais a serem
ser mais uma, dentre prováveis outras nas trabalhados com as coisas que esses alunos
quais esse relato pudesse ser já conheciam, maior era a atenção e o
pedagogicamente compreendido. Além do interesse atribuído aos conteúdos.
mais, considerando que essa é uma teoria Agora compreendo que o brilho no olhar
extensa, a mesma será abordada daquele aluno denunciava que ele estava
superficialmente, mas com dados suficientes compreendendo claramente o que eu falava,
a levar o leitor a procurar maior e que de alguma forma aqueles ensinamentos
aprofundamento em bibliografias específicas. faziam muito sentido para ele.
Destarte, tentarei comentar cada momento da Entendo também que a admiração que o
experiência relatada, fazendo um vínculo à aluno disse ter pelo professor, ao ponto de
teoria de Ausubel e assim traçar um paralelo ajudá-lo a definir sua futura profissão, poderia
reflexivo entre teoria e prática, não apenas ter alguma ligação com a aprendizagem
com o objetivo de materializar a referida significativa que o discente estava
teoria, mas sim de proporcionar momentos de vivenciando. Afinal de contas, em meio a
reflexões sobre a importância do domínio tantos conteúdos novos e talvez a alguns que
dessa e de outras concepções pedagógicas. não faziam sentido para aquela criança, de
Segundo Fernandes (2011, p. 1), na repente aparece um professor falando de
concepção de Ausubel, “aprender coisas que o aluno compreendia e vinculava
significativamente é ampliar e reconfigurar esses conhecimentos prévios com novas
ideias já existentes na estrutura mental e com informações, formando assim novos conceitos
isso ser capaz de relacionar e acessar novos ou agregando novos valores aos já
conteúdos”, dessa forma, “o conhecimento conhecidos. Possivelmente, todos esses
prévio do aluno é a chave para a fatores poderiam de certo modo gerar alguma
aprendizagem significativa”, ou seja, é o admiração.
ensino que faz sentido para o aluno, que ele Com base nessas informações, pude
pode compreender vinculando a outros compreender porque Ausubel recomenda o
conhecimentos já anteriormente adquiridos. uso de organizadores prévios, que possam
REFERÊNCIAS
[1]. ANTUNES, Celso. Novas maneiras de [3]. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS,
ensinar, novas formas de aprender. Porto Alegre, Eva Maria. Metodologia do trabalho científico. 4 ed.
Artmed, 2002. São Paulo: Editora Atlas, 1992.
CAPÍTULO 11
Christina Vargas Miranda e Carvalho
Julieny Batista de Mesquita
Luciana Aparecida Siqueira Silva
Débora Astoni Moreira
José Antonio Rodrigues de Souza
Quadro 1. Diferenças existentes entre as divisões e distribuição da carga horária dos cursos de
Licenciatura do IF Goiano – Campus Urutaí
Curso de Licenciatura
Especificação do estágio
Química Ciências Biológicas Matemática
Nível de ensino EM EM EF EM EF EF EM EM
Carga horária por etapa (h) 200 200 200,75 200,75 100 100 100 100
Curso de Licenciatura
Descrição
Química Ciências Biológicas Matemática
Período 6º 8º 6º 8º 6º 8º
Alunos matriculados 10 16 23 31 17 12
Alunos respondentes 8 11 18 18 7 6
A partir dos questionários respondidos pelos prévio com a sala de aula antes de exercer a
acadêmicos dos três cursos de Licenciatura, profissão docente. Esta visão do estágio
tem-se que aqueles que não concluíram o como oportunidade de contato com a
processo de realização do Estágio realidade profissional foi uma das respostas
Supervisionado, relataram algumas mais percebidas entre os respondentes.
expectativas para conclusão desse processo, Nesse sentido, Kulcsar (2005) afirma que o
a saber: assimilar experiência para o mercado estágio proporciona a interação do estagiário
de trabalho; experiência para lhe dar com a com a realidade, sendo muito importante para
realidade nas escolas; aprender na prática o que este perceba os desafios que poderá
que foi passado na teoria durante o curso. encontrar no exercício da profissão. E ainda,
Ainda destacaram, que o estágio será o Paquay e Wagner (2001), consideram que o
período que pretendem exercer a prática em estágio constitui um lugar privilegiado da
relação ao conhecimento adquirido durante o formação prática, permitindo aos iniciantes
curso e analisar o ambiente escolar com mais adquirir “habilidades” do ofício na companhia
clareza. de práticos experientes.
Já os licenciandos que concluíram o Estágio Quanto à sensação, vivência e percepção dos
Supervisionado declararam, dentre as discentes dos cursos de Licenciatura durante
contribuições que o estágio proporcionou na o desenvolvimento do Estágio
sua formação, o conhecimento da realidade Supervisionado, os resultados podem ser
da escola, aquisição de experiência e contato visualizados na Tabela 2.
Curso de Licenciatura
Descrição Ciências
Química Matemática
Biológicas
Insegurança 28% 31% -
Carga horária insuficiente 16% 3% 8%
Falta de acompanhamento 22% 6% 8%
Insatisfação com as condições da escola 6% 17% 53%
Rotina da escola dificulta a aprendizagem dos
28% 43% 31%
alunos
Fonte: Dados da pesquisa.
REFERÊNCIAS
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Supervisionado e a Práxis Docente. In: SILVA, M. L. Revista Eletrônica de Divulgação Científica da
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docente inicial em Ciências e Biológicas. Ensaio p. 859, 2005.
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12, 2003. como atividade integradora. In: PICONEZ, S. C. B.
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dispõe sobre o estágio de estudantes de do professor de ciências. In: CAINELLI, M. R.;
estabelecimentos de ensino superior e de 2º grau SILVA, I. F. (Org.) O estágio na licenciatura: a
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9394 de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes Londrina. Londrina: UEL, p. 21-41, 2009.
e Bases da Educação Nacional (LDB). Estabelece [13]. PAQUAY, L.; WAGNER, M. C.
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Brasília: MEC, 1996. estágios e no vídeo formação. In: PAQUAY, L. et al.
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Conselho Pleno. Resolução CNE/CP nº 02 de 19 de estratégias? Quais competências? Porto Alegre,
fevereiro de 2002. Institui a duração e a carga RS: Artmed Editora, p. 135-160, 2001.
horária dos cursos de licenciatura, de graduação [14]. PELOZO, R. C. B. Prática de Ensino e o
plena, de formação de professores da Educação Estágio Supervisionado enquanto mediação entre
Básica em nível superior. Brasília: CNE/CP, 2002. ensino, pesquisa e extensão. Revista Científica
[7]. _______. Ministério da Educação. Lei nº Eletrônica de Pedagogia, ano V, n.10, 2007.
11.788 de 25 de setembro de 2008. Dispõe sobre o [15]. PIMENTA, S. G.; GONÇALVES, C. L.
estágio de estudantes. Brasília: MEC, 2008. Revendo o ensino de 2º grau, propondo a
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CAPÍTULO 12
Joelci Mora Silva
Sônia da Cunha Urt
Resumo: Este artigo provem dos estudos para elaboração da tese “Professores na
rede: Facebook e mediação no processo de ensino aprendizagem”, e tem como
principal objetivo apresentar o delineamento e os momentos iniciais da pesquisa de
campo realizada com professoras de uma escola municipal na cidade de Campo
Grande-MS. O referencial teórico da Teoria Histórico-cultural direciona a proposição
da pesquisa e embasa as análises e discussões, justaposto às contribuições dos
estudiosos das tecnologias digitais na educação. Como resultado inicial, destaca-
se que, apesar dos problemas relatados, os professores mostram-se
entusiasmados com a possibilidade de utilizar o Facebook como ambiente de
mediação para suas práticas. Consideramos que é grande o potencial de
contribuição desta rede social online para a educação escolar, podendo contribuir
nos processos de aprendizagem e desenvolvimento cognitivo.
Acreditamos que com sua popularidade o professor. Temos como ponto central desta
Facebook ajudará a reduzir a intimidação pesquisa investigar o potencial de ambiente
inicial de seus usuários, reação que já vimos de mediação do Facebook, e entendemos
acontecer no uso de alguns softwares que, esta condição a partir da perspectiva
para gerarem bons frutos, precisam em um histórico-cultural.
primeiro momento romper com a resistência
A mediação é um dos principais conceito dos
natural ao desconhecido.
estudos realizados pelos estudiosos desta
Dentro deste contexto consideramos que esta teoria. É por seu intermédio que podemos
pesquisa se justifica ao possibilitar a compreender a gênese e o desenvolvimento
articulação entre os saberes da Psicologia, da das funções psicológicas superiores nos
Educação e da Tecnologia, que pela humanos. Em síntese a
dinâmica da condução das fases planejadas,
Mediação em termos genéricos é o processo
tendem a fundir-se e completar-se. Neste
de intervenção de um elemento intermediário
diálogo revela a singularidade das relações e
numa relação; a relação deixa, então, de ser
pode apontar caminhos novos, através dos
direta e passa a ser mediada por esse
quais poderemos interferir positivamente e
elemento (OLIVEIRA, 2002, p. 26).
propor uma forma diferenciada de mediar a
Educação escolar, ao ponderarmos que o
Facebook possui o potencial de se tornar uma Podemos defini-la como o elo de ligação entre
ferramenta de interação valiosas para auxiliar o mundo exterior ao sujeito e sua estrutura
e expandir o trabalho docente realizado em mental interior. Leontiev (1978) esclarece que
sala de aula. uma das diferenças entre o ser humano e os
animais é a capacidade que o homem tem de
Partimos da seguinte problematização: As
acumular experiências vividas pela
redes sociais podem trazer contribuições, ao
humanidade ao longo do tempo, seria "o
serem utilizadas como um ambiente
processo de apropriação da experiência
mediador, capaz de auxiliar professores e
acumulada pela humanidade ao longo da sua
alunos, nos processos de ensino e
história social" (LEONTIEV, 1978, p. 319). Esta
aprendizagem e de construção de
experiência acumulada está contida nos
conhecimento?
expoentes da cultura material e imaterial,
Nossa pesquisa considera que tais desenvolvidos e estabelecidos pelas
contribuições podem ser alcançadas e determinações sociais. Esta apropriação
incorporadas ao cotidiano docente. Partimos ocorre de forma mediada, em um processo
desse entendimento para organizar as fases pelo qual o conhecimento historicamente
que serão detalhadas na parte deste trabalho construído é repassado ao longo das
destinada a narrar o percurso metodológico. gerações, durante as relações estabelecidas
socialmente. Estas mediações, realizadas
através dos signos e dos instrumentos, que
2 REFERENCIAL TEÓRICO auxiliam na passagem para a atividade
mediada, alteram as funções psicológicas
Hoje a informática imersa na educação
superiores, como pontua Vygotsky:
escolar representa uma importante via para
uma nova forma de educação. Torna-se O uso de meios artificiais – a transição para a
fundamental agora direcionar e aprimorar sua atividade mediada – muda,
utilização, levando sempre em consideração fundamentalmente, todas as operações
seu papel de ferramenta de apoio para a psicológicas, assim como o uso de
aprendizagem, que necessita da influência instrumentos amplia de forma ilimitada a
das trocas humanas. gama de atividades em cujo interior as novas
funções psicológicas podem operar. Nesse
Importa pensar em uma forma prática de
promover a aproximação das possibilidades contexto, podemos usar a lógica superior, ou
digitais, dispostas nos ambientes em rede on- comportamento superior com referência à
line, das práticas docentes. Para tanto combinação entre o instrumento e o signo na
elegemos o embasamento da teoria Histórico- atividade psicológica. (VYGOTSKY,1998, p.
cultural da Psicologia, que através de 73).
Vygotsky e seus pares, focaram seus estudos A atividade mediada se utiliza dos signos e
nas questões inerentes ao desenvolvimento dos instrumentos (VYGOTSKY,1998, p. 72),
cognitivo humano, considerando o papel dispostos em uma correlação análoga que os
fundamental da aprendizagem escolar e do aproxima e os define pela função mediadora
que exercem. Sua diferença fundamental é a Possivelmente estamos, por conta desta
forma como eles conduzem e canalizam o mutação de métodos e saberes que exigem
comportamento. outras perspectivas para os entendimentos do
desenvolvimento cognitivo, nos aproximando
Entendemos o Facebook como o ambiente
da função condutora da Educação, defendida
que pode colaborar com as atividades
por Vygotsky, exercendo seu papel central na
mediadas, auxiliando no desenvolvimento
transformação do homem "As novas gerações
próximo e das funções psicológicas
e suas novas formas de educação
superiores, contribuindo na constituição dos
representam a rota principal que a história
conceitos científicos, proporcionando uma
seguirá para criar o novo tipo de homem."
alteração positiva das relações estabelecidas
(VYGOSTKY, 2004, p. 6)
na educação formal.
É certo que as novas gerações vivenciam e
são influenciadas por situações atuais e 3 METODOLOGIA
estímulos diferentes dos que existiam em
O percurso metodológico desta pesquisa
épocas anteriores, também é correto afirmar
iniciou-se com o estudo aprofundado da
que o processo de informatização não
teoria que o sustenta e a revisão bibliográfica
estagnará e nem retrocederá. Temos,
das produções existentes, através da
portanto, nas redes sociais on-line, uma forma
confecção de um inventário que teve como
dinâmica de realizar apropriações. Assim
principais objetivos analisar e discutir as
respeitando sua definição de ambiente, porta
produções científicas que realizaram a
em si pontes mediadoras capazes, de acordo
interlocução entre os temas ensino e
com a Teoria Histórico-Cultural, de despertar
aprendizagem na educação escolar e o uso
modificações na formação de conceitos,
da rede social Facebook.
colaborando na ontogênese, já que possui a
característica de oferecer uma mediação Foi realizado um estudo de trabalhos
semiótica. científicos, escolhidos a partir da leitura dos
resumos, disponíveis no Banco Digital de
Consideramos que as capacidades cognitivas
Teses e Dissertações, nos anais eletrônicos
podem ser diretamente influenciadas pelo uso
do Grupo de Trabalho 16 – Educação e
das tecnologias digitais de comunicação,
Comunicação das reuniões anuais da ANPED
especialmente as redes sociais on-line, posto
e no site SCIELO, realizados entre os anos
que estas ampliam as possibilidades
entre 2004 e 2013.
daquelas, já que podemos observar
alterações nos processos mentais superiores, Foram selecionadas duzentas e sessenta e
tais como a atenção voluntária, a memória, a duas produções para a primeira análise.
abstração e a percepção. Ocorre então uma Destas consideramos para as análises finais
alteração na significação dos saberes e da vinte e seis. Foram descartados os trabalhos
aprendizagem, pois que, apesar de selecionados pelos critérios
eletrônicos de busca, concentravam seu foco
O uso crescente das tecnologias digitais e
em outras áreas diferentes das que foram
das redes de comunicação interativa está
eleitas para análise - Facebook na educação
acompanhando e ampliando uma profunda
escolar - como por exemplo a música, redes
mutação da relação com o saber [...]. Ao
sociais de convivência, Psicologia clínica,
prolongar certas capacidades cognitivas
esporte, Administração, Ciências da
humanas (memória, imaginação, percepção),
computação, estudos de linguagem, dentre
as tecnologias intelectuais com suporte digital
outros.
estão redefinindo seu alcance, seu
significado, às vezes até sua natureza. (LÈVY, Para a parte de campo estão sendo utilizados
1999, p. 11). dois instrumentos para a coleta de dados:
entrevistas semiestruturadas gravadas e a
Os novos rumos do saber suscitam a realização de oficinas de aprendizagem.
necessidade de acompanhar de perto esta Como o objetivo maior dos instrumentos é
relação para compreender com que possibilitar ao pesquisador conhecer os
intensidade e qual a extensão da interferência
aspectos relevantes acerca dos temas
do uso das tecnologias nos processos de investigados, entendemos que a utilização de
aprendizagem e de desenvolvimento dos dois ou mais instrumentos atende a
sujeitos que as utilizam.
preocupação de ampliar o campo de visão do
pesquisador, melhorando assim suas
É, o Facebook é uma maneira boa da gente tá Também pudemos perceber tanto na fase de
trabalhando com os alunos, mas tem também aprofundamento teórico, quanto nas
as desvantagens que é uma coisa que tudo atividades iniciais da pesquisa de campo, que
dá pra ser trabalhado. Acho que colocando a estrutura e o funcionamento dos laboratórios
regras já. [...] É uma maneira muito legal de de informática nas escolas ainda representa
trabalhar com eles. Eu vejo assim que é um um entrave para a utilização escolar da
fator determinante em tudo isso é o fator internet e de todas as sua aplicações. Em
motivacional. (PROF10). nossa experiência a velocidade da internet foi
um complicador;
Pelas respostas obtidas podemos perceber a
expectativa de que o Facebook possa Reação positiva das participantes ao formato
colaborar despertando a atenção e mantendo de intervenção da pesquisa, que se
a motivação dos alunos, ainda que os concretiza pelas trocas proporcionadas pelas
possíveis problemas deste uso tenham sido oficinas de aprendizagem, está sendo um
considerados. fator incentivador para a investigação,
sinalizando que nossas proposições podem
estar em um caminho certo, e que ao fim
6 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES deste trabalho poderemos ter, de alguma
forma, contribuído para o fazer docente das
Na realização do estado do conhecimento
participantes, incentivando o uso do
pudemos perceber que a maioria dos
Facebook direcionado à aprendizagem e ao
trabalhos analisados consideraram positiva a
desenvolvimento cognitivo.
introdução e permanência das redes sociais
on-line nas diversas práticas docentes;
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CAPÍTULO 13
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CAPÍTULO 14
com que a pesquisa deixe de fazer parte O exercício da pesquisa dentro do ambiente
exclusivamente do meio acadêmico e integre escolar possibilita ao aluno construir seu
outros espaços, para que a ciência não fique próprio conhecimento, considerando as
fechada em si mesma e com isso possamos singularidades de cada sujeito. Nesse ínterim,
ter informações relevantes e em conformidade compreende-se que “conhecimento pode ser
com a necessidade social. O que é produzido em todo lugar, dependendo, em
pesquisado no meio acadêmico é importante alguma medida, da iniciativa própria (...)”
para tal, no entanto, esses estudos nem (DEMO, 2010, p. 16), a exemplo do que
sempre dialogam com as necessidades dos fizeram alguns trabalhadores da FUNESA,
serviços de saúde e pouco contribuem para que apostaram na exploração desse campo
instituir mudanças de práticas no cotidiano do do conhecimento para crescimento próprio e
trabalho no SUS, dificultando assim a institucional, quando investiram na pesquisa
existência de indicadores que sirvam para a como uma prática importante de seu objeto
elaboração de políticas públicas, pois grande de trabalho. Isso porque, “teoricamente
parte das pesquisas são realizadas na falando, educação científica se apoia,
tentativa de cumprir protocolos para obtenção primordialmente, na expectativa da sociedade
de diplomas e ficam restritas às intensiva do conhecimento, reconhecendo
Universidades e Faculdades. que a produção de conhecimento inovador se
tornou, tanto mais, o divisor de águas em
O fomento à pesquisa e o desenvolvimento de
termos de oportunidades de desenvolvimento
ciência deveriam ser práticas comuns em
(CASTELLS, 1997; DUDERSTADT, 2003 apud
diversas instituições públicas de saúde, pois
DEMO 2010, p. 17)”. Desse modo, trata-se de
essas ações nos fazem revisar trajetórias,
crescimento individual, de oportunidade de
pensar em novos projetos e até adequar as
formular e reformular práticas, as quais
atividades em desenvolvimento. Esse é um
podem contribuir em seu cotidiano de
investimento em trabalhadores ainda pouco
trabalho.
reconhecido, pois pesquisar é um exercício
artesanal que exige tempo, fator esse, que Esse crescimento do trabalhador favorece o
nem sempre as organizações estão dispostas desenvolvimento de habilidades requeridas
a empreender. Drucker 1998 apud MENEZES; neste século. A esse sentido, ousamos afirmar
AMARAL (2010, p. 44) enfatiza que, “na que não basta ter o domínio técnico, é preciso
sociedade do conhecimento, investe-se cada também apresentar conhecimento científico,
vez mais no conhecimento do trabalhador e para poder criar, estar aberto ao novo, buscar
menos em máquinas e ferramentas, pois sem novas formas do fazer, ter espírito
ele as máquinas, por mais avançadas e investigativo e empreendedor. Entretanto,
sofisticadas que sejam, tornam-se como formar esse profissional com essas
improdutivas, traduzindo, assim, a habilidades, se o nosso processo educacional
importância dessa sociedade e seus reflexos vigente não estimula a pesquisa durante os
para a produtividade e inovação empresarial”. anos que o educando passa na escola, tendo
esse, raras vezes, apenas o primeiro contato
Espera-se que essa ideia de incentivo à
com pesquisa científica durante o curso de
pesquisa seja modificada ao longo dos anos,
Especialização? Sobre essa questão, Demo
ao tempo que espaços jamais imaginados
(2010) afirma que “(...) educação científica
como locais de pesquisa, a exemplo da
implica reconstruir toda nossa proposta de
escola, dão os primeiros passos à iniciação
educação básica, não só para realçar os
científica, utilizando de experimentos no
desafios da preparação científica para a vida
cotidiano das aulas. “A explosão tecnológica,
e para o mercado, mas principalmente para
especialmente com o advento da Internet, fez
implantar processos de aprendizagem
surgir novos espaços de aprendizagem,
minimamente efetivos. (…)”. (DEMO 2010, p.
colocando em evidência os sistemas formais
21)”.
de ensino. Responsáveis pela criação e
transmissão do conhecimento científico Nesse contexto, percebe-se portanto, a
valorizado pela sociedade, baseado na necessidade premente de investimentos em
eficiência e que tem alimentado o modo pesquisa, desde a vida escolar, a fim de que
capitalista de produção, as escolas e os sujeitos estejam implicados nessa prática e
universidades deixam de ser o centro desenvolvam novas habilidades voltadas à
institucionalizado do saber.” (MENEZES; pesquisa. Conforme assinala Demo (2010) “o
AMARAL 2010, p. 39). século XXI é marcado pela 'sociedade
intensiva do conhecimento'. Nessa
CAPÍTULO 15
Ana Paula Nunes Braz Figueiredo
Amanda Barbosa da Silva
Resumo: Este estudo é uma análise de uma atividade realizada com alunos do
segundo período do curso de licenciatura em Química da Universidade Federal de
Pernambuco, com o intuito de promover a aprendizagem de cônicas a partir da sua
construção, tendo como recurso o software GeoGebra, por ser um software de fácil
manejo e gratuito, observando assim as vantagens e desvantagens do uso desta
tecnologia para a prática de ensino. A atividade consistiu da construção gráfica a
partir do software GeoGebra das curvas cônicas: elipse, parábola e hipérbole, a
partir de situações elaboradas pelos alunos, distribuídos em 7 grupos. Como o
GeoGebra permite o trabalho dinâmico com equações e suas respectivas
representações gráficas, os alunos puderam visualizar no gráfico os elementos de
cada cônica, e assim melhor compreender as suas propriedades. Os alunos
desenvolveram a atividade sem erro na representação, o que dá indícios de que o
uso do software nas aulas de Geometria analítica é de grande relevância para a
compreensão dos conteúdos.
Fonte: As autoras
Fonte: As autoras
CAPÍTULO 16
Fernanda Klein Marcondes
Lais Tono Cardozo
Kelly Cristina Gavião Luchi
segurança no uso de aulas teóricas, que constituído de uma prancha com figuras, uma
representam uma metodologia que o tabela, e fichas. As figuras representam as
professor domina e conhece desde sua fases do ciclo cardíaco. A tabela contém 5
formação inicial acadêmica. Esta resistência colunas com as seguintes indicações: 1 – fase
também encontra suporte na falta de dados do ciclo cardíaco, 2 – estado atrial, 3 – estado
sobre a quantificação do efeito dos métodos ventricular, 4 – válvulas átrio-ventriculares, 5 –
ativas sobre o aprendizado. Neste contexto, o válvulas pulmonar e aórtica, pintadas em
objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do diferentes cores: branco, azul, verde, amarelo
uso de um quebra-cabeça sobre o e rosa, respectivamente. As fichas indicam as
aprendizado de estudantes universitários a fases do ciclo cardíaco, o estado dos átrios e
respeito da fisiologia cardíaca. ventrículos (relaxado; em contração), e o
estado das válvulas cardíacas (abertas;
fechadas).
3 METODOLOGIA
Durante a atividade com este quebra-cabeça,
3.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL os alunos foram divididos em grupos, e foi
solicitado que analisassem as figuras que
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética
representavam as fases do ciclo cardíaco e
em Pesquisa institucional, sob número de
inicialmente identificassem a sequência
protocolo 34/2015. As fontes de material da
correta em que elas deveriam ser colocadas.
pesquisa foram questionários de avaliação do
Em seguida, foi solicitado que completassem
aprendizado sobre fisiologia cardíaca
a tabela, utilizando as fichas, relacionando
aplicados em disciplina de Fisiologia
cada fase a uma figura.
ministrada a alunos do primeiro semestre de
Enquanto os grupos montavam o quebra-
um curso de graduação em Odontologia.
cabeça, os professores discutiam com eles a
Estas avaliações foram aplicadas, durante o
escolha das fichas, levando os alunos a
desenvolvimento da disciplina, como parte
raciocinarem sobre a escolha de cada ficha, e
dos recursos didáticos visando acompanhar o
apresentavam as seguintes questões para
processo ensino-aprendizagem dos alunos,
discussão em grupo: Como o estímulo elétrico
sem conotação de pesquisa. Estes
é transmitido no coração durante um ciclo
questionários não têm valor de nota para
cardíaco? Por que o retardo do estímulo
aprovação na disciplina, e são utilizados para
elétrico no nodo atrioventricular é importante
avaliação formativa durante a disciplina,
para a função cardíaca? Quando e como as
permitindo ao docente identificar conceitos
válvulas cardíacas fecham e abrem? O que
que foram aprendidos e aqueles que
são e quando ocorrem as bulhas cardíacas?
necessitam ser revistos para efetivação do
Como as junções abertas participam da
aprendizado. A proposta de utilização destes
condução do estímulo elétrico e da contração
dados para fins de pesquisa foi posterior a
do músculo cardíaco? (MARCONDES;
sua realização. O projeto foi aprovado pelo
AMARAL, 2014; MARCONDES et al., 2015).
Comitê de Ética em Pesquisa institucional
(protocolo 34/2015). O consentimento dos
3.3 AVALIAÇÃO DO APRENDIZADO
alunos para uso de suas respostas como
parte desta pesquisa foi obtido após o fim da Os alunos tiveram uma aula teórica de cerca
disciplina, a fim de preservar a autonomia dos de 50 min sobre bases da fisiologia cardíaca,
voluntários, devido à relação de hierarquia ao final da qual, foram apresentadas algumas
existente entre os pesquisadores que são questões. A professora solicitou que a turma
professores dos alunos na disciplina em que o utilizasse o período restante da aula e horário
jogo foi utilizado. Foram considerados as extraclasse para solucionarem as questões e
avaliações realizadas pelos alunos que lerem determinadas páginas de um dos livros
concordaram em participar do estudo, indicados na bibliografia da disciplina. No
assinando o Termo de Consentimento Livre e início da aula seguinte, as dúvidas foram
Esclarecido (TCLE). Foram excluídos do discutidas. Em seguida, foi aplicado um
estudo os dados das avaliações dos alunos questionário sobre fisiologia cardíaca, a fim
que não assinaram o TCLE. de se verificar o grau de aprendizado dos
alunos após a aula teórica e estudo individual,
3.2 ATIVIDADE DE ENSINO COM QUEBRA- sem objetivo de atribuição de nota para
CABEÇA DO CICLO CARDÍACO aprovação na disciplina. Foi dada a
orientação para que o aluno que não
O quebra-cabeça do ciclo cardíaco utilizado
soubesse a resposta correta a questões
foi descrito por Marcondes et al. (2015) e é
alternativas, deixasse a questão sem
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CAPÍTULO 17
Silvia Deutsch
Laissa Pierotti Avallone
Marcela Pedersen
Amanda Cristina Faria
Juliana Lodder Martins dos Santos
Resumo: O Yoga tem um histórico milenar que envolve práticas físicas, emocionais,
mentais e espirituais, que auxiliam na construção de comportamentos positivos
sendo acessível à pessoas de todas as idades. Essa prática é extremamente
motivadora para o público infantil por proporcionar o desenvolvimento corpóreo-
sensorial, a evolução da mente e do corpo humano, possibilitando o
autoconhecimento e também o desenvolvimento de princípios éticos e morais. A
produção de material didático, permitindo a criação de estratégias inovadoras para
aulas de yoga se desenvolveu no projeto “Yoga na Escola” elaborado no
Departamento de Educação Física da Unesp de Rio Claro - Núcleo de Ensino. Este
projeto tem por finalidade levar a prática de Yoga para alunos de escolas
municipais da cidade de Rio Claro a fim de proporcionar uma melhora do bem-
estar e autoconhecimento gerando mudanças de comportamento. O projeto ocorre
há 3 anos. As práticas de Yoga são desenvolvidas através de atividades educativas
e diálogos com os alunos e professores de escolas municipais com o compromisso
da universidade de levar educação por meio de práticas que abrangem valores
éticos e morais, movimentos corporais, controle respiratório, técnicas de limpeza e
concentração. Considerando a riqueza da cultura lúdica infantil e o repertório
corporal da criança onde através do brincar e jogar observa-se elementos de
exploração da criatividade, de expressão e prazer, o projeto tem como um de seus
objetivos o desenvolvimento de materiais didáticos que ofereçam significação de
objeto e suporte para brincadeiras, atingindo o objetivo de auxiliar a prática. A
criação de um tapete pedagógico, personagens e histórias são materiais que
resultaram do projeto “Yoga na Escola” e apresentaram um bom resultado
ampliando o interesse, a concentração e o desenvolvimento dos alunos durante a
prática.
praticando as posturas, e com isso seu nariz motivadas durante um tempo maior e
ia crescendo. mostravam maior controle das suas
capacidades físicas como força, equilíbrio e
Os objetivos da historia do Mestre foram
flexibilidade.
chamar a atenção das crianças, de modo que
estas apresentassem maior interesse em O tapete pedagógico possibilitou a realização
realizar as posturas, técnicas de respiração e de diversas atividades como o Twister do
concentração, podendo também observar as Yoga, amarelinha do mestre Yogin, Mandala e
características positivas que o Metre ainda um pega-pega Ásana, onde as crianças
apresenta. corriam em torno do tapete e ao comando da
professora com a palavra “Ásana” se
DEFININDO REGRAS... As atividades que
posicionavam em uma peça do mesmo
envolvem as histórias criadas acontecem de
realizando a postura indicada.
forma oral onde o professor conta a história.
Em alguns casos são utilizadas imagens para O efeito do uso do tapete pedagógico e das
ilustra-las, estimulando a criatividade do aluno estratégias didáticas com histórias e
e assim dando vida para a história. personagens como o mestre Yogui e
Pinóquinho é a criação de uma identidade
Após este processo acontece um feedback
para a prática, contribuindo para a
onde os alunos dão seu retorno em relação à
familiarização das crianças em uma pratica
história, relatando o que entenderam, e então
diferenciada das demais aulas, cuja a qual
o professor estimula o raciocínio das crianças,
pode determinar o modo como pensam e
provocando que o aluno a contextualize com
interagem com o ambiente, influenciando
seu dia a dia.
diretamente nas suas sensações.
PROPOSTAS DE ATIVIDADES... As histórias
O método de ensino da prática e valores do
são utilizadas em momentos onde são
Yoga através das histórias é bastante eficaz
transmitidos os valores do Yoga. Servem para
principalmente quando se trata do incentivo a
chamar a atenção das crianças cativando-as
imaginação da criança, o que concretiza os
em função da caracterização dos
conceitos do Yoga.
personagens e do ambiente onde estes se
encontram, que são comuns aos alunos. No
decorrer das demais aulas surgem situações
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
onde as mesmas são relembradas e
novamente contadas, ou onde simplesmente Pode-se concluir que a utilização dos
algum personagem é destacado relacionando materiais didáticos, tapete em EVA e a
a algum principio ou valor anteriormente adaptação de histórias e personagens
passado. históricos (Mestre Yogin e Pinoquinho)
desenvolvidos para as aulas de Yoga auxiliam
As atividades são realizadas em ambientes
as aulas de yoga oferecidas para as turmas
diversos onde os alunos podem se sentar em
da Educação Infantil, colaborando para seu
círculo ou de frente para o professor em
objetivo final.
colchonetes havendo uma interação entre
todos. A promoção do desenvolvimento motor e
desenvolvimento cognitivo são efeitos da
prática do Yoga e se relacionam com o meio
4 RESULTADOS em que as crianças estão inseridas onde
estímulos as acompanham, principalmente no
Ao longo do desenvolvimento desses dois
ambiente escolar, pois é nele que também
procedimentos pode-se notar que o uso de
ocorre a aprendizagem de linguagens e
materiais didáticos favorece e facilita o
significados.
desenvolvimento dos mais variados aspectos
das crianças auxiliando na percepção do Devido a importância da yoga na escola e a
corpo e sua relação com os princípios morais problemática da carência de um ambiente
e éticos apresentados pelo Yoga. tranquilo que favoreça a concentração e
permanência na prática, os materiais
A criação do tapete pedagógico resultou de
didáticos em questão tiveram uma excelente
forma positiva em um ambiente confortável
aceitação por parte dos alunos o que
para a prática, uma delimitação do espaço,
possibilitou um maior interesse e consequente
que facilitou na orientação espacial dos
concentração durante a prática da aula.
alunos e influenciou no tempo de duração das
atividades onde as crianças permaneciam
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CAPÍTULO 18
Bauman (2003); Barreto (2008); Freire (2006) Sendo assim, as “Rodas Comunitárias” como
entre outros que colaboram para a construção um espaço de escuta e construção de
do referencial teórico. vínculos é umatecnologia social de cunho
pedagógico desenvolvida em grupo, com
O presente artigo está assim organizado: a
objetivo de promover a autonomia dos sujeitos
sessão 2.1 apresenta as Tecnologias Sociais
através da construção de redes solidárias
com foco nas “Rodas Comunitárias”; a sessão
favorecendo partilhas de experiências
2.2 discorre sobre a Exploração Sexual de
pessoais na busca de transformar o
Adolescentes e Jovens; a sessão 3 traz a
sofrimento individual em crescimento pessoal,
Metodologia e a prática das Rodas de
por meio da troca de vivências entre
Conversas com Jovens do Programa V.V; a
indivíduos de uma comunidade.Surgiu no ano
sessão 4 apresenta algumas considerações e
de 1987, em Pirambu, uma das maiores
a sessão 5 contempla o referencial
favelas de Fortaleza/Ceará/Brasil (280.000
bibliográfico utilizado neste artigo.
habitantes) foi criada e implantada pelo Dr.
Adalberto Barreto, psiquiatra, teólogo,
antropólogo e professor da Faculdade de
2.1 TECNOLOGIAS SOCIAIS – RODAS
Medicina da Universidade Federal do Ceará,
COMUNITÁRIAS: ESPAÇO DE PALAVRA,
com o objetivo de atender a essa população.
ESCUTA E CONSTRUÇÃO DE VÍNCULOS.
Um espaço comunitário onde se procura
Na era moderna, várias ferramentas surgiram
partilhar experiências de vida e sabedorias de
para aperfeiçoar e tornar os trabalhos
forma horizontal e circular. Cada um torna-se
coletivos mais ágeis, essas, foram
terapeuta de si mesmo, a partir da escuta das
denominadas de “tecnologia”.A terminologia
histórias de vida que ali são relatadas. Todos
“tecnologia” é a junção de duas palavras
se tornam co-responsáveis na busca de
gregas distintas (tekne cujo significado é arte,
soluções e superação dos desafios do
técnicaou ofício) e a palavra (logos que
cotidiano, em um ambiente acolhedor e
significa o saber ou um conjunto de saberes)
caloroso. (BARRETO, 2008, p. 38)
(SANTOS, 2012, p. 49). As tecnologias
transformaram o modo da vida humana em Essa tecnologia social busca proporcionar à
seus diversos níveis: culturais, cognitivos, formação cidadã e a identidade cultural dos
relacionais, assim como todas as ações que jovens, seus familiares e comunidades
facilitam o desenvolvimento da sociedade, propondo basicamente a capacidade da
proporcionando melhores condições de comunidade de se autogerir, resgatando a
saúde e qualidade de vida. identidade cultural e os valores de cidadania
e de autoestima.
Diante das necessidades urgentes de uma
sociedade conflituosa, surgem as tecnologias Baseado nisso, entende-se que as “Rodas
sociais, como técnicas criadas com o Comunitárias” proporcionam um espaço de
propósito de solucionar as demandas das convivência social onde as pessoas procuram
realidades sociais, de forma a interagir com a o apoio das outras, buscando um
coletividade de modo inovador em busca de compartilhamento do sofrimento e na maioria
uma transformação social. Uma tecnologia das vezes apoiando-se uns nos outros pelo
social sempre considera as realidades sociais fato de se reconhecer nas histórias
locais e está, de forma geral, associada a semelhantes.
formas de organização coletiva,
O espaço proporcionado pelas rodas de
representando soluções para a inclusão social
conversas estimulam as pessoas a
e melhoria da qualidade de vida (LASSANCE
exprimirem seus sentimentos e emoções e
JR;PEDREIRA, 2004, p. 06).
não o problema em si, sem riscos de ser
Nesse sentido, as tecnologias sociais refletem julgado o que possibilita eliminar as tensões
os valores e desigualdades relacionadas a acumuladas pelo estresse tanto naquele que
uma sociedade fragilizada, nos âmbitos fala como naquele que ouve.
econômicos, políticos e educacionais. Pode-
Desse modo, entende-se que as tecnologias
se originar desde as comunidades sociais ou
sociais são procedimentos metodológicos que
nos ambientes acadêmicos, de modo que
seus objetivos primem pela eficácia das suas podem ser aplicados nas diversas esferas
educacionais, inclusive as não formais.
ações, e disseminadas entre os pares na
busca pelo desenvolvimento e a qualidade de Neste cenário, observa-se uma ampliação do
vida. conceito de Educação... Com isso um novo
fazem parte da ação e que silenciosamente apresentados neste artigo, entende-se como
vão processando até chegar o seu momento. uma ferramenta para uso na superação de
jovens vítimas de exploração sexual. Para
A frequência das rodas, o afeto do grupo, o
isso, faz-se necessário inicialmente, entendê-
não julgamento e a acolhida sem censura, fez
los e tratá-los como seres em
com que osadolescentes e jovens do
desenvolvimento e sujeito de direitos civis,
Programa V.V aprendessem a lidar com uma
humanos e sociais conforme preconiza a
forma nova de se relacionar, de dar vazão aos
legislação vigente.
sentimentos e de possibilitar dar e receber
outros carinhos e afetos. Os jovens utilizaram Nesse sentido, faz-se necessário uma reflexão
a tecnologiasocial, como instrumento de sobre os valores, a concepção de infância,
reflexão, transformação e superação, das relações de poder assimétricas, sobre a
desenvolvendo habilidades para enfrentar sexualidade e relações de gênero, sobre a
situações críticas dentro de suas histórias de concepção defamília, sobre o verdadeiro
vida. papel do educador e da educação. Tendo
como objetivo a colaboração com o
desenvolvimento dos jovens, dispondo-lhes
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS uma formação holística.
Comumente na sociedade atual, percebe-se Na prática educativa é preciso ter um espaço
cada vez em maior proporção o de expressão e aceitação das diversidades
distanciamento entre os pares. No caso dos sem discriminação e preconceitos. Aceitar a
adolescentes e jovens vítimas de exploração pluralidade e a natureza do trabalho
sexual, o afastamento e o silêncio são pedagógico acerca da construção cidadã,
sentimentos que clamam dos sentidos, descobrindo novas formas de ensinar,
servindo-lhes como forma de evitar algum tipo tornando os indivíduos sujeitos da sua história
de julgamento. e não meros objetos. A escola deve
apresentar meios que contribuam com o
A Tecnologia Social apresenta em suas ações
conhecimento dos jovens, seu papel na
o “ouvir” sem julgamentos e o “falar” sem
sociedade e suas formas de expressão com o
restrições, com base nos resultados
mundo.
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CAPÍTULO 19
Maria Angela Lima Assunção
embora não haja unanimidade quanto ao seu e professores para tirar dúvidas, enviar tarefas
conceito, visto que é “variável e contextual” utilizando ferramentas como chats, fóruns, e-
conforme esclarece (KENSKI, 2007, p. 25). mails, etc. Dessa forma, tem continuidade o
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) diálogo iniciado na sala de aula, sempre que
definem as TICs como “recursos tecnológicos houver necessidade, mesmo em espaços
que permitem o trânsito de informações, que diferentes. Além disso, os pais podem
podem ser os diferentes meios de acompanhar a vida escolar de seus filhos (via
comunicação (jornalismo impresso, rádio e internet) no horário mais conveniente, em suas
televisão), os livros, os computadores, etc.” próprias casas, visto que a rede pública
(BRASIL, 1998, p. 135). estadual de ensino já trabalha com o Sistema
Integrado de Gestão da Educação (SIGeduc).
A partir da sua funcionalidade são descritas
Isso, porém, não anula a importância e a
como ferramentas tecnológicas que servem
necessidade das visitas presenciais à escola;
para elaborar, armazenar e disseminar
apenas aponta uma das vantagens de uso
informações por intermédio das redes
das tecnologias para facilitar o dia a dia dos
telemáticas. Assim, Area Moreira (2012, p. 11)
trabalhadores.
as define como hierramentas tecnológias para
la elaboración, almacenamiento y difusión
digitalizada de información basadas en la 3 AS TDICS NA EDUCAÇÃO: DESAFIO PARA
utilización de redes de telecomunicación O PROFESSOR DO SÉCULO XXI
multimídia. [...] podríamos entenderlas como O uso das TDICs com fins educativos não é
la fusión de tres tecnologias que ya existían uma tarefa simples, pois requer conhecimento
separadas (las audiovisuales, las de teórico que permita ao professor planejar
telecomunicaciónes y las informáticas) pero práticas de ensino e aprendizagem
que ahora convergen en la produción, significativas para o estudante. A presença
almacenamiento y difusión digitalizada de desses recursos nas escolas também causa
cualquier tipo de dato. grande impacto nas formas de disseminação
Sob essa perspectiva, este estudo contempla de informações e aquisição de
o uso das TICs enquanto ferramentas que conhecimentos tendo em vista a mudança
podem ser integradas ao processo de ensino que proporciona no paradigma de ensino. A
e aprendizagem a fim de ampliar as escola e o professor deixam de ser os únicos
possibilidades pedagógicas, minimizando a detentores de conhecimentos e passam a ser
distância que existe entre a escola e mediadores da ação educativa nesse
sociedade. Seu uso na educação justifica-se processo, como destaca Burbules (2011, p.
pela necessidade de adaptação da escola ao 21-22)
contexto social em que os alunos estão El impacto de las nuevas tecnologias no se
inseridos, além de proporcionar novos modos produce sólo en la escuela sino tembién en
de ensinar e aprender. los diversos ambientes donde el aprendizaje
A relevância das TICs, no contexto tiene lugar. A esto me refiero com ‘aprendizaje
educacional, também se explica em virtude ubicuo’. [...] La combinación de la
de oferecerem possibilidades de portabilidad de los dispositivos y la expansión
aprendizagem compatíveis com as que
de la conexión inalámbrica permite que el
acontecem fora do ambiente escolar, cujo
aprendizaje suceda en cualquier lugar y
valor para a vida social dos aprendizes é
momento: en la casa, en el trabajo, en el bar,
incontestável. Esse fato coage a escola a
en la biblioteca. [...] la tecnologia funciona
adaptar-se ao novo paradigma. A esse
como un ponte que conecta a las escuelas
respeito Martín (2012) evidencia que a
con estos ambientes.
sociedade atual implica novos modelos de
ensino, visto que a escola está inserida nesse Possuir computadores com acesso à internet
ambiente em que as tecnologias têm grande e outros equipamentos tecnológicos não
influência no processo de aprendizagem. garante que as instituições educacionais
Outro aspecto importante, com relação ao uso ofereçam uma educação de qualidade, em
das TICs, refere-se à interação (aluno x especial quando se trata da geração dos
professor, aluno x aluno) que as diferentes “nativos digitais” termo utilizado por Prensky
ferramentas tecnológicas possibilitam. (2001) para designar a geração que já nasceu
Independente do espaço em que se e cresceu em contato direto com as
encontrem, fora do horário de aula presencial, tecnologias digitais. Essa terminologia
os discentes podem interagir com os colegas também é empregada por Palfrey; Gasser
com novas tecnologias e linguagens, capaz os estudantes, que estão fazendo uso da
de responder a novos ritmos e processos. tecnologia de forma desvinculada das
Essas novas relações entre conhecimento e atividades escolares. Além disso, é importante
trabalho exigem capacidade de iniciativa e que haja um monitoramento nas escolas
inovação e, mais do que nunca, “aprender a contempladas com esses equipamentos,
aprender”. (BRASIL, 1997, p. 28). oriundos do Governo Federal ou de outras
fontes, a fim de que não se tornem objetos
Dada a importância da utilização eficaz das
obsoletos pela falta de uso, ou sejam
TDICs no contexto educacional, faz-se
utilizados com finalidades não pedagógicas.
necessário a implementação de políticas que
A escola do século XXI não pode continuar
não se limitem à aquisição de recursos
com práticas de ensino ultrapassadas,
tecnológicos para as escolas. É indispensável
enquanto a sociedade moderna oferece, aos
que se invista na capacitação dos professores
aprendizes, novas e variadas formas de
para que possam utilizá-los como aliados no
aprender com as TDICs.
trabalho docente e orientar adequadamente
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CAPÍTULO 20
Francisca Neiriland Turbano dos Santos
Luiz Alberto Ribeiro Rodrigues
de sala de aula. Em 2011, foi aprovada a Lei A chegada dessas tecnologias nas escolas na
nº 14.546 (21 de dezembro de 2011), do verdade faz parte da Política Nacional de
“Programa Aluno Conectado”, o qual Informática que se efetivou inicialmente, sob a
“disponibiliza gratuitamente, aos alunos dos responsabilidade da Secretaria Especial de
segundo e terceiro anos do ensino médio da Informática (SEI) que em 1980 cria a
rede pública estadual, um Tablet/PC, para uso Comissão Especial de Educação, para
individual, dentro e fora do ambiente escolar, realizar estudos sobre a aplicabilidade da
como material de apoio pedagógico informática da educação.
permanente do estudante”. (PERNAMBUCO,
Atualmente o Distrito Federal, estados e
2011, p. 17).
municípios ofertam para as escolas que
Os critérios para que esses alunos recebam tenham uma estrutura adequada para receber
este material, estão no termo de comodato, os laboratórios de informática e capacitar os
assinado pelo responsável por ele e pela educadores para o uso dos equipamentos
gestão da escola. Para adquirir tecnológicos.
automaticamente o equipamento os critérios
Entre o final do século XX e o início do século
são os seguintes:
XXI, a disseminação do uso das tecnologias
[...]estar regularmente matriculado em digitais de informação e comunicação (TDIC)
unidades de ensino da rede estadual de transformou as relações espaço-temporais,
educação; ter sido aprovado nos três anos do potencializou a mobilidade funcional e
ensino médio; ter justificado a ausência por acentuou as mudanças já em curso nos
um período maior que trinta dias; uso modos de trabalho, na produção de
responsável do equipamento no processo de conhecimento e na aprendizagem, o que
aprendizagem. Durante os dois anos do evidenciou a necessidade de preparar
ensino médio o aluno poderá adquirir o profissionais para viver e trabalhar na
equipamento por empréstimo. Sendo sociedade tecnológica (....)decorrente das
reprovado, no final do 3º ano do ensino desigualdades sociais, levando-os à definição
médio, o mesmo deverá devolver o de políticas públicas de inclusão digital, entre
equipamento em boas condições de as quais as ações de uso de tecnologias nas
funcionamento. (IBIDEM). escolas. (SILVA e ALMEIDA, 2011, p. 27)
Adicionalmente, a maioria das escolas As TICs na educação se apresentam como
estaduais conta com um laboratório de uma ação voltada para a incorporação de
informática, com sistema multimídia práticas diferenciadas na sala de aula, no
(Datashow) e projetor de slides e lousa digital, sentido de oportunizar aprendizagens em que
e os utilizam como apoio pedagógico. o estudante possa, a partir de recursos
tecnológicos, ampliar a interatividade,
A chegada dos tablets para os estudantes do
condição fundamental para ampliar seus
segundo ano do ensino médio, nas escolas
conhecimentos. É necessário compreender o
estaduais de Pernambuco, tem gerado um
contexto em que as TICs na educação
“trabalho muito intenso” por parte dos
possibilitam aumentar o processo do
gestores e professores, pois até então não se
aprender e a partir dele ampliar no estudante
evidenciam mudanças significativas no ensino
sua inserção no universo cultural existente no
e aprendizagem ligadas a esta ferramenta
mundo, considerando que “a utilização dos
tecnológica ofertada para as escolas. Visto
recursos tecnológicos catalisa o processo de
que o acesso à internet que existe nelas é de
aprendizagem e proporciona uma formação
baixa velocidade, o que impede que os
ampla do estudante, tanto na aquisição dos
alunos realizem pesquisas. Outro aspecto
conhecimentos acumulados pela humanidade
complicador é sentido pelos professores em
quanto para atuar no desenvolvimento da
ministrar suas aulas, o uso inadequado dos
sociedade, que está em constante
tablets por parte dos alunos.
transformação” (ARRUDA, 2012, p. 34).
Percebe-se por outro lado, um baixo nível de
Outro aspecto inerente a esta questão é que
preparação dos professores para trabalhar
“as TICs também são chamadas a transformar
com essa ferramenta como estratégia para
o procedimento pedagógico ou didático”
aprofundar o conhecimento. Nota-se que a
(KARSENTI, 2010, p.343), além disso,
maioria deles está um passo atrás dos alunos
oportunizar aprendizagens em que o
no que se refere ao domínio das tecnologias
estudante possa buscar nas ferramentas
tecnológicas digitais a interatividade, a qual
se torna necessária para ampliar seus Assim, falar de uso de tecnologias como
conhecimentos. ferramenta de aprendizagem nos remete a
uma questão central da pedagogia, o saber
Acerca desta perspectiva, a incorporação das
docente, que tem uma característica plural,
TICs na sala de aula deve está ligada a
mais especificamente o saber da ação
situações em que os conhecimentos
pedagógica. (GAUTHIER et al, 2006).
científicos estudados aconteçam de forma
contextualizada atendendo ao currículo Neste contexto o uso da TICs na Rede
escolar para se tornarem adequados à prática Estadual de Educação em Pernambuco e em
de sala de aula. Assim: outros Estados brasileiros, como suporte para
a prática pedagógica nas escolas públicas,
A prática – a boa e correta prática – não pode
desafiam os educadores a um novo jeito de
ser deduzida diretamente de conhecimentos
formação baseado na reflexão e
científicos descontextualizados das ações
compreensão do meio social, como destaca a
realizadas em situações reais. Em primeiro
autora acima citada.
lugar, porque a realidade educativa em que
os professores/as devem trabalhar não foi Contempla-se a um novo jeito de formação
criada pela ciência, como acontece com efetivamente utilizado pelas formas de fazer
muitas das tecnologias modernas. Se do professor,
acreditássemos que os professores/as podem
[...] aos saberes que seriam caracterizados
realizar um ensino “adequado” a partir do
por contribuírem na formulação das
conhecimento científico, deveríamos explicar-
concepções dos docentes a respeito de sua
lhes porque sempre se deparam com uma
atividade profissional, como por exemplo, os
realidade que os impede de tentarem realizar
saberes da formação profissional, os saberes
esta prática. (SACRISTÁN e GÒMEZ, 1996, p.
da experiência e os seus saberes pessoais; e
10).
também referência àqueles saberes que
Nos dias atuais, a incorporação das TICs na poderiam ser caracterizados como
sala de aula pode ser considerada como uma instrumentais, a exemplo, os saberes
estratégia a mais de articulação necessárias referentes ao manuseio de ferramentas
entre a realidade, a informação, ao concretas de trabalho (livros, apostilas, fichas,
conhecimento ao saber. Pode-se considerar programas de computador, etc.). (CARDOSO,
que algo é útil quando tem sentido, quando PINO e DORNELES, 2012, p. 5).
nos apropriamos e nos faz crescer. Ainda
Além disso, Bondia (2002) deixa claro o
mais a ciência e a tecnologia não têm fim.
quanto é importante o que aproveitamos a
[...]o conhecimento atualmente, é cada dia, para que novas experiências se
essencialmente a ciência e a tecnologia, algo caracterize a riqueza em nossa prática
essencialmente infinito, que somente pode pedagógica.
crescer, algo universal e objetivo, de alguma
A experiência é o que nos passa, o que nos
forma impessoal; algo que está ai, fora de nós
acontece, o que nos toca. Não o que se
como algo de que podemos nos apropriar e
passa, não o que acontece, ou o que toca. A
que podemos utilizar; e algo que tem haver
cada dia se passam muitas coisas, porém, ao
fundamentalmente com o útil no seu sentido
mesmo tempo, quase nada nos acontece. Dir-
mais estreitamente pragmático, num sentido
se-ia que tudo o que se passa está
estritamente instrumental. (BONDIA,2002, p.
organizado para que nada nos aconteça.
27).
Walter Benjamin, em um texto célebre, já
Mas afinal, como utilizar-se das tecnologias observava a pobreza de experiências que
como ferramenta de aprendizagem? A caracteriza o nosso mundo. Nunca se
resposta não é tão simples como parece, passaram tantas coisas, mas a experiência é
porque depende de práticas diferenciadas cada vez mais rara. (2002, p. 21).
que devem ser ajustadas ao fazer
Fica claro que não basta tecnologias na
pedagógico e ao currículo, assim, “como as
escola. É necessário outros elementos para
tecnologias são complexas e práticas ao
que políticas como essa ganhe significado
mesmo tempo, elas estão a exigir uma nova
real no processo de melhoria da
formação do homem que remeta à reflexão e
aprendizagem do estudantes, entre esses, o
compreensão do meio social em que ele se
elemento do saber docente.
circunscreve.” (GRINSPUN, 2002, p.25).
CAPÍTULO 21
Weslley Moura
Isabela Alexandre Souza
Izabella Soci
Luis Fernando Araujo
Milena Basso
Wellington Oliveira
Palavras chave: Análise de Rede Social, Net Promoter Score, Influência do aluno,
Planejamento escolar
O NPS permite a criação de um índice de Após coleta e tabulação dos dados, foi
satisfação de fácil interpretação por seus iniciada a fase de criação da rede social e
utilizadores e que pode ser comparado com análise dos resultados. Para criação da rede,
outras empresas e indústria. O foi utilizada a ferramenta Gephi.
acompanhamento dos índices Net Promoter
Score colabora para gerar melhorias
operacionais e dar autonomia à linha de frente 3.1 CALCULANDO O NPS GERAL DA REDE
com informações que possam melhorar a
Com base na pergunta do NPS realizada no
experiência do cliente ao longo do tempo.
questionário (pergunta 1 do anexo I), foi
possível agrupar os alunos em três perfis:
Detratores (alunos que forneceram notas entre
3 MÉTODO DE TRABALHO
0 e 6), Neutros (alunos que forneceram notas
O presente trabalho foi conduzido com entre 7 e 8) e Promotores (alunos que
informações coletadas de 25 alunos do forneceram notas entre 9 e 10).
terceiro ano do ensino médio de uma escola
A tabela 1 apresenta o resultado consolidado
situada na região de Osasco, SP.
desta pergunta. Conforme é possível
Para coletar as informações sobre as observar, 23 alunos responderam à pergunta
conexões existentes entre os alunos e o nível referente à sua satisfação com a escola,
de satisfação de cada estudante em relação a sendo que 20 estudantes (87%) foram
escola foi criado um questionário, conforme classificados como neutros, 2 (9%) foram
exibido no anexo I.
REFERÊNCIAS
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Need to Grow. Harvard Business Review,
secondary education, Proceedings of the 8th
International Conference on Networked Learning, Dezembro, 2003
2012
1. Em uma escala de 0 a 10, qual sua disposição em recomendar a escola para um familiar ou
amigo?
2. A seguir você encontrará três cenários: A, B, C. Para cada um deles, marque com um “X” os
nomes dos colegas de classe que se aplicam à situação em questão.
CAPÍTULO 22
conhecimentos prévios dos mesmos, para restritas a aspectos físicos para realização de
tanto, o discurso torna-se peça fundamental uma atividade, de forma mais dinâmica e
para atingir tal expectativa. Desta forma, o interativa.
conceito etimológico de escola retoma seu
Conforme Brasil (2000) a vivência com as
significado de origem. Vale ressaltar que tais
tecnologias é mais que uma necessidade, e
mudanças no contexto escolar ocorrem de
passar a constituir um direito social. Ora, se
forma lenta e que estas alterações são frutos
as mídias agem em acordo com as evoluções
de uma tentativa de conquistar harmonia entre
tecnológicas, e estas por sua vez tornaram-se
o que está sendo ensinado e a forma como se
um direito social, logo, a escola pode e faz
é aplicado os ensinamentos, na busca de
uso de tais ferramentas para construção do
conquistar êxito e promover o verdadeiro
aprendizado, fazendo valer o direito social
sentido que emana da significação subjetiva
dos indivíduos.
da elocução escola.
Uma educação de qualidade é aquela que
Vários meios foram criados ao longo da
prepara o indivíduo para interagir de forma
história para que fosse realizada alguma ação
crítica com as adversidades da sociedade em
que contribuísse para o desenvolvimento da
que está inserido. Segundo Barros & Carvalho
sociedade. Dentre estas ações estão as
(2011) se deve pensar na educação em uma
ferramentas de informação e comunicação,
perspectiva de qualidade e inclusiva, de
logo, é interessante dar ênfase à mídia como
modo que forme indivíduos críticos,
um agente de difusão de ideias que está
autônomos e atuantes na sociedade. Uma
sempre em constante evolução, auxiliando no
forma de contribuir para que haja esta
desenvolvimento social e comunicativo.
educação de qualidade é com o intermédio
Muitos estudos foram realizados a respeito da
das mídias, pois além de auxiliar a escola
origem, conceito e formas de utilização das
construir uma educação que alcance os
mídias. Ferreira (2000) define mídia como
objetivos pretendidos no contexto curricular,
canais de comunicação; estes meios são de
também constrói possibilidade para formação
grande importância para evolução humana e
de indivíduos críticos e atuantes na sociedade
para o modo de agir do homem frente à suas
de modo a produzir resultados positivos para
atividades. Uma lista muito extensa pode ser
o corpo social em que o mesmo se encontra.
facilmente construída se forem mencionadas
Berlato (2010) diz que, na Educação de
todas as mídias existentes, interessante ainda
Jovens e Adultos, o uso das mídias passa a
é que estes veículos de informação passam
ser uma necessidade, pois o docente e
por diversos processos sempre buscando um
discente fazem parte do mercado de trabalho
aperfeiçoamento de acordo com sua
e precisam dominar técnicas exigidas por
funcionalidade.
estas ferramentas. Deste modo, o uso das
As mídias possuem uma importância muito mídias na Educação de Jovens e Adultos
grande na sociedade, gerando no seio da podem atuar como instrumento de combate à
mesma marcas profundas, em vários evasão escolar, pois se torna um elemento
aspectos, como histórico, social, atrativo para a permanência do educando na
comportamental, dentre outros. Segundo Tufte escola, assim, garantindo meios para que seja
& Christensen (2009) as mídias possibilitaram assegurado os artigos nº 205 e nº 206 (inciso
uma mudança significativa entre espaços I) da Constituição Federal de 1988, e dos
físicos e virtuais, onde estes ambientes artigos nº 4 (inciso VII) e nº 37 (§ 2º) da Lei de
existem concomitantemente; salienta-se que Diretrizes e Bases nº 9394/96, que de acordo
esta existência ocorre de modo harmônico. com Brasil (1988) e Brasil (1996) afirmam
As transformações comportamentais entre sobre a permanência deste discentes na
gerações tornam-se evidentes ao se construir escola. Além disso, a utilização destes
uma análise, mesmo que superficial, entre o instrumentos tecnológicos desconstrói o
modo como viviam os jovens e adultos de abismo entre a educação (tradicionalista) e o
décadas passadas e o estilo de vida dos mercado de trabalho, que precisa de
indivíduos da mesma faixa etária na indivíduos capacitados para interpretação e
atualidade. Tal discrepância se constrói a execução destas tecnologias.
partir de muitos fatores, dentre eles a
As mídias são ferramentas muito ricas
evolução da mídia e das tecnologias. Os
principalmente quando se trabalha com estas
atuais usuários das mídias demonstram a
no ensino das disciplinas da área de
cada dia estarem mais familiarizados com as
Linguagens e Códigos, seja no ensino regular
inovações, alterando concepções antes
ou na Educação de Jovens e Adultos, pois
Gráfico 01: A utilização das mídias no processo de ensino-aprendizagem torna mais interessante as
aulas das disciplinas da área de Linguagens e Códigos
Sim.
0%
36% Não.
56%
8% Às vezes.
Não opinar.
Fonte: Discentes da EJA do 1° segmento da EEM Liceu de Itarema Valdo de Vasconcelos Rios, 2015.
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AKYEMPONG, K.; CHEUNG, C. K. Alfabetização 194 p.
midiática e informacional: currículo para formação
CAPÍTULO 23
Aíres da Silva Baroza
Emanuella Pedrosa de Lima e Silva
Odolina Francelina de Carvalho
criatividade, ajuda a criança a expressar seus música é praticada pelo homem há muito
sentimentos, também melhora o vocabulário e tempo.
vários outros aspectos que veremos no
Percebe-se, assim, que a relação
decorrer do trabalho.
humanidade x música vem desde a
Antiguidade e que, com as habilidades
adquirida pelo homem ao longo dos tempos,
2 MÚSICA E SUA RELAÇÃO NA EDUCAÇÃO
houve a possibilidade de registrar as
INFANTIL
práticas, que antes eram passadas
Atualmente busca-se novos meios de ensino oralmente, passaram a serem desenhadas
visando uma melhor apropriação do em cavernas, e um advento que ajudou ainda
conhecimento por parte do aluno, mais a manterem seus costumes foi o
principalmente nos anos iniciais, a busca surgimento da escrita, que facilitou o registro
pelo lúdico se torna frequente e uma das de suas tradições.
maneiras que encontramos para propiciar
Sendo assim, a música “Faz parte da
essa melhora no aprendizado é a utilização
educação desde há muito tempo, sendo que,
da música.
já na Grécia antiga era considerada como
Mas o que se entende por música? O Mini fundamental para a formação dos futuros
Larousse dicionário da Língua portuguesa cidadãos ao lado da matemática e da
(2008, p.546) diz que a música é”[...] a arte filosofia” (BRASIL, 1998,p.45), ocupando,
de combinar sons”. No entanto, esse assim, lugar central na educação grega.
conceito é muito limitado, então veremos o
GRANJA (2006,p.22) mostra que para os
que diz o Referencial Curricular para a
gregos o conceito de música não se limitava
Educação Infantil (RCNEI): A música é a
apenas na dimensão sonora. Era um
linguagem que se traduz em formas sonoras
conceito amplo e complexo que englobava
capazes de expressar e comunicar
também a dança, a poesia, a filosofia e a
sensações, sentimentos e pensamentos, que
metafísica. A música ou mousiké, estava
por meio da organização e relacionamento
inserida num complexo de atividades
expressivo e harmoniosa, entre o som e o
relativas não só a cultura, mas também à
silêncio” (BRASIL, 1998, p. 45).
educação e ao conhecimento.
De acordo com o RCNEI por meio da
Ainda segundo GRANJA, a música tinha
música o homem consegue expressar suas
bastante importância para a cultura grega,
emoções, suas ideias, seus sentimentos, além
tornando- se imprescindível no
de aguçar sua imaginação e criatividade.
acompanhamento do canto, poesia e dança,
Sendo assim, sua utilização como ferramenta
ajudando na memorização dos épicos,
de ensino-aprendizagem, pode ajudar a
educando a percepção e estética dos
criança a desenvolver sua expressividade,
ouvintes. Os gregos acreditavam que a
trabalhando de forma harmoniosa,
música podia influenciar o caráter de uma
aguçando sua percepção de maneira a
pessoa, dependendo da melodia tocada,
deixá-la mais envolvida na aula.
pois para eles a música podia evocar
GOHN apud STRAVACAS (2008, p.30), diz qualquer tipo de emoção.
que, “a história da música é tão antiga quanto
A música brasileira se formou a partir de
à humanidade, mas o fato é que os
várias culturas: dos índios, dos
primeiros fenômenos musicais se
colonizadores (portugueses) e dos escravos
evaporaram sem um registro documentado.”
(africanos). O portal da educação de música
Visto que ainda não havia escrita, as
mostra que a música no Brasil se formou a
tradições eram passadas de uma geração a
partir da mistura de elementos europeus,
outra por meio da oralidade e a música era
africanos e indígenas, trazidos
usada como forma de manterem seus
respectivamente por colonizadores
costumes, devido à facilidade de
portugueses, escravos e pelos nativos que
memorizarem. Diante disso, GRANJA (2006,
habitavam o chamado Novo Mundo. Outras
p.21) menciona que “a música é uma das
influencias foram se somando ao longo da
manifestações humanas mais antigas.
história, estabelecendo enorme variedade de
Inscrições e desenhos de instrumentos
estilos musicais.
musicais nas cavernas, flautas feitas de
ossos e outros indícios mostram que a
CAPÍTULO 24
Aprendo contigo mas você pensa que eu aprendi com tuas lições,
pois não foi, aprendi o que você nemsonhava em me ensinar.
Clarice Lispector
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CAPÍTULO 25
Antonia Arisdelia Fonseca Matias Aguiar Feitosa
Francisco José Pegado Abílio
envolvimento dos integrantes das ONGs em democrática, mais solidária e mais humana)
todos os processos de “consolidação”, tem reconfigurado a ideia de projeto utópico
“crescimento” e “estabilidade”; em uma da humanidade do sentido de irrealizável
coerência de ação e que se expressem à para o campo de múltiplas possibilidades, em
população como uma oportunidade para o que o irrealizável torna-se possível. Neste
desenvolvimento social e humano, tendo contexto, as ONGs com projetos voltados à
responsabilidade ética com os resultados ação social para a sustentabilidade humana e
de suas ações. planetária atuam como processos alternativos
na tentativa de alcançar a melhoria na
qualidade de vida de comunidades e de
3. CARACTERIZAÇÃO DE ONGS COM construir um novo modelo de desenvolvimento,
PROJETOS SOCIAIS no qual as pessoas sejam protagonistas de
suas aprendizagens e de sua formação. Tais
As ONGs são a mais forte expressão da
entidades são idealizadas, estruturadas e
sociedade civil nos países em
conduzidas incorporando em sua dinâmica
desenvolvimento. Estas representam um
funcional as habilidades e competências
campo comum privilegiado, em que
compatíveis às demandas deste século para
diferentes atores negociam e apresentam
uma vida mais digna.
diferentes interpretações da realidade social.
A compreensão de que as ONGs não podem
pensar e agir sob a mesma lógica de uma 4. PERCURSO METODOLÓGICO
agência estatal antecede a ideia de
Nesta investigação adotamos o estudo de
identificá-las por adjetivações. As
caso como abordagem metodológica através
características básicas destas organizações
da qual as experiências vivenciadas pela
estão reveladas na sua trajetória histórica e
Ação Social da Diocese de Cajazeiras –
associadas às demandas emergentes nos
ASDICA, relacionadas a dois projetos de ação
atuais e diversificados contextos Atuam em
social (Associação de Catadores de Material
espaços nos quais as divergências sejam
Reciclável de Cajazeiras, PB; e Comunidades
postas em diálogo, onde as diferenças
Rurais) foram estudadas, considerando suas
fortaleçam e não fragilizem os processos de
particularidades e complexidades (YIN,
construção coletiva de plataformas para
2005; GODOI; BANDEIRA-DE-MELO; SILVA,
intervenções nas realidades indesejadas.
2006; MARTINS,
Apesar dos perfis bastante diferenciados em
2008). Para a análise dos dados recorremos
termos de finalidades, recursos humanos,
à fenomenologia como método para
materiais e financeiros, as ONGs que
apreensão do conteúdo expresso nas
executam projetos de ação social se
informações obtidas. O conteúdo apreendido
coadunam em alguns aspectos, tais como:
foi sistematizado de modo contextualizado e
dão ênfase às atividades produtivas, de
orientado pelo aporte teórico que deu
desenvolvimento e fortalecimento de grupos;
sustentação ao estudo (MARTINS;
possibilitam o intercâmbio de experiências
DICHTCHEKENIAN, 1984; MACEDO, 2000;
“religando” indivíduos ou grupo de pessoas,
MOREIRA, 2004).
geralmente excluídos dos processos de
aprendizagem intelectual, buscam a Dos materiais analisados durante a pesquisa
realização subjetiva pela via da cooperação e destacamos: documentos institucionais da
coletividade. entidade
A despeito de todas as reflexões que – utilizados para identificar as finalidades e a
apresentam os grandes desafios enfrentados racionalidade orientadora das ações
pelas ONGs no que se refere à eficiência, desenvolvidas a partir dos projetos sociais;
sob as diferentes dimensões, de sua registros feitos pelos integrantes da
intervenção, estas entidades são agentes coordenação/execução dos projetos em
mobilizadores, criativos e exercem forte cadernos, pautas, agendas pessoais - para
influência na formulação de políticas entender alguns aspectos envolvidos na
públicas nas sociedades contemporâneas. execução das atividades; além dos projetos e
respectivos relatórios (referentes ao período
A mobilização gerada no âmbito das
2006- 2008) - que expressaram as
ONGs, com a finalidade de intervir em
proposições e os resultados das ações
realidades indesejadas (constituindo as bases
executadas e oficialmente declaradas.
de uma sociedade diferente, mais
grupo e tratada recursivamente através do alto, são os catadores... nós faz o nosso
diálogo, da reflexão crítica, da troca de trabalho (Entrevistad@ 05).
experiências e dos relatos pessoais, para se Este sentimento de auto - realização,
converterem em desafios, que constituirão os segundo Honneth (2003), é o transcender
indicadores do caminho e das metas a da atitude reificada, de desprezo e
serem alcançadas. A elaboração de subordinação, para uma postura de
projetos e o planejamento das atividades são sujeitos que se realizam na coletividade com
realizados a partir das visitas de intercâmbio, a finalidade de conquistar a justiça social.
de palestras e realização de oficinas
2º) A dinâmica de integração que os
pedagógicas visando à conversão dos
coordenadores desenvolvem para envolver
problemas particulares em desafios coletivos,
os grupos acompanhados nos processos de
como expressam os pesquisados:
planejamento, monitoramento e avaliação dos
Conseguimos verbas para trabalhar cursos projetos possibilita, no interior da entidade, a
de capacitação, envolvendo autoestima [que mobilização de uma ética ecológica cujo ideal
era essencial]. Fizemos oficinas de é gerar nos sujeitos a consciência de que
empreendedorismo, gestão, associativismo, todos constituem parte do equilíbrio
alfabetização, reciclagem e também de procurado, seja nas relações interpessoais ou
espiritualidade, muitas oficinas de nas relações com o ambiente.
espiritualidade (Entrevistad@ 02).
3º) No interior da ASDICA, as informações e
A gente usa desde cedo a chamada visita de
saberes são mobilizados graças ao exercício
intercâmbio, onde eles conhecem
da “expressão livre”, que é possibilitado a
experiências bem sucedidas, a gente faz
partir dos arranjos pedagógicos orientadores
essas visitas e eles experimentam oficinas
das ações e dos encaminhamentos
porque encontro só com conteúdos eles
estabelecidos dentro da entidade. Como
dizem que já estão cansados de conversa [...]
resultado, constitui-se um saber diferenciado,
O projeto ajuda nessa animação para
gerado dos princípios cooperativos, com a
identificar as medidas que são apropriadas
finalidade de mudar a realidade para
pra realidade deles e aí eles vão
melhorar a qualidade da vida humana e do
experimentando e identificando realmente as
planeta.
que são melhores (Entrevistad@ 01).
Neste movimento, os sujeitos exercitam a A ética que emerge neste contexto foca o
“escuta” e a “fala” para socializarem suas olhar para além da situação do presente,
realidades e as ressignificarem através do alimentando os princípios necessários para
diálogo. Isto permite que se desenvolva, nos oferecer às futuras gerações essa concepção
indivíduos, um sentimento de pertença em planetária como algo construído e constitutivo
relação ao grupo e de autoestima pessoal do seu próprio ser. São estes princípios que,
para sentirem-se capazes de assumirem mobilizados no âmbito das organizações não
atitudes de resistência aos contextos de sua governamentais e articulados a formas
realidade indesejada. A atitude de sistematizadas de educar podem contribuir
reconhecimento do potencial humano que para que as éticas a serem globalizadas
as pessoas do grupo manifestam gera um neste século XXI sejam as planetárias,
fortalecimento mútuo entre os sujeitos, que transculturais e supra-econômicas.
passam a atuar como sujeitos mais
4º) A realidade plural se apresenta aos
valorizados, com seus direitos preservados, e
coordenadores como ingrediente a constituir
acende neles a expectativa de alcançar as
os projetos de ação social. Esta é analisada
mudanças desejadas para sua comunidade,
a partir de um pensar pedagógico capaz
como está impresso no discurso dos
de possibilitar a identificação de finalidades
pesquisados:
sociais e a capacitação cidadã dos sujeitos.
Antes nós era tratado como um lixo... hoje tá Trata-se de um pensar que proporciona aos
muito diferente, nós somo tratado que nem grupos acompanhados a compreensão de
gente... hoje nós tem bem dizer assim, tem que as demandas individuais precisam ser
poder... poder de tá em qualquer lugar, numa socializadas, refletidas e reconfiguradas para
mobilização... de trabalhar [...] Hoje nós já compor as demandas coletivas. Para os
aprendemo mais na vida que... o que luta coordenadores dos projetos de ação social
não é de ser o PASPP, os apoio... quem envolvidos neste estudo, os desafios são,
deve lutar é a gente quem deve gritar mais entre outros: desenvolver nos indivíduos as
competências requeridas para um agir
coletivo; despertar nos sujeitos o que são tratadas pelo poder público e pela
entendimento de que a construção do sociedade a que pertencem.
conhecimento ocorre mediante as
Esta condição estimula os sujeitos e os
informações, os saberes que as pessoas
encoraja a engajarem-se em ações
trazem de suas experiências e de seus
alternativas. Além disso, funciona como
contextos.
incentivo para as ações alternativas que
Esta pedagogia estimula um agir sobre tais possibilitem o vivenciar de outras experiências
informações, potencializando-as para as em que os processos de inclusão sejam
finalidades previamente idealizadas, no fenômenos de re-significação para suas
sentido de gerar, de modo permanente, novos vidas em comunidade. Sobre esta
conhecimentos retro alimentadores do compreensão, Honneth (2003, p. 259-260)
processo educativo. refere-se ao desrespeito da seguinte forma:
Pelo exposto, é mister enfatizar que os Esse tipo de sentimento só pode tornar-se a
espaços sócio educativos a exemplo da base motivacional de resistência coletiva
ASDICA têm grande significado na vida dos quando o sujeito é capaz de articulá-los num
grupos acompanhados. São locais em que quadro de interpretação intersubjetiva que os
as situações do cotidiano são comprova como típicos de um grupo inteiro
problematizadas e analisadas considerando [...] A resistência coletiva procedente da
seus contextos, as expectativas dos grupos e interpretação socialmente crítica dos
refletidas mediante seus aspectos que se sentimentos de desrespeito partilhados em
revelam como potenciais e limites. comum não é apenas um meio prático de
reclamar para o futuro padrões ampliados
Há, nesta dinâmica, a capacitação de todos
de reconhecimento; o engajamento nas
os envolvidos nos processos e, conforme
ações políticas possui para os envolvidos
revelado por coordenadores dos projetos e
também a função direta de arrancá-los da
beneficiários, estes têm suas concepções
situação paralisante do rebaixamento
teóricas e práticas continuamente
passivamente tolerado e de lhes
ressignificadas:
proporcionar, por conseguinte, uma auto-
Posso dizer pessoalmente que eu mudei relação nova e positiva.
minha visão, meu modo de pensar, meu Confirma-se, deste modo, a necessidade de
modo de agir [...] tanto que a mudança foi um educar cooperativo e de um agir com
radical na minha casa, eu fiz porque eu vi que responsabilidade social para que os
na vida existem pessoas com situações sujeitos passem a compreender-se no e
piores e muita coisa não vale a pena na vida com o mundo reconhecendo-se como
da gente..., assim, levar em conta coisas protagonistas das mudanças requeridas na
que são pequenas, são ínfimas frente a outros sociedade. É a formação do indivíduo para a
problemas (Entrevistad@)03). planetarização do ser, preconizada por Morin
No começo quando nós começamos [...] era (2007).
uma... uma coisa que todo mundo achava que
As ações educativas orientadas por projetos
era seboso pegar em lixo [...] Eu trabalho
de intervenção social constituem, neste século
só... dou uma ajuda a minha família[...]eu já
XXI, uma alternativa plausível, além de
comi tanta coisa do lixo. Antes era uma disputa
necessária, que a humanidade através da
no lixão quando o lixo subia aí era uma
sociedade organizada vem desenvolvendo no
disputa do que chegava mais cedo pra
sentido de responder aos desafios que nos são
pegar logo. Agora com a Associação nós
impostos nesta Era Planetária.
trabalhamo num grupo junto com os outros
catadores (Entrevistad@ 06). Contudo, o processo se dá envolto a
As ações pedagógicas são facilitadoras das limites e potencialidades que se
aprendizagens no interior dos grupos, que apresentam a estas entidades como
interagem promovendo o exercício da reflexão “elementos” que constituirão o cenário das
sobre suas práticas. São, portanto, os propostas a serem realizadas. Nesta
espaços associativos campo fértil para investigação foi possível perceber que, no
empreender projetos de ação social, dado interior da entidade, o sujeito social e seu
que as pessoas das comunidades alvo dos contexto constituem os pontos de partida
projetos, em geral, sentem-se impotentes e de chegada que iluminam as
pela condição de invisibilidade social com elaborações de planejamento e orientam as
estratégias de execução das atividades dos
CAPÍTULO 26
Josenilda Martins de Souza
Ricardo José Rocha Amorim
Resumo: Este trabalho apresenta uma reflexão sobre o uso dos dispositivos móveis
na escola básica, com foco no telefone celular como uma possível ferramenta
tecnológica a ser utilizada para a aprendizagem com os estudantes do Ensino
Médio. Sabe-se que os denominados nativos digitais formam o corpo discente da
escola, e estão bem familiarizados com a tecnologia e rapidez de informações.
Assim, fica difícil o professor atraí-los utilizando apenas projetor de mídias/notebook
em substituição ao quadro negro e giz branco. Destaca-se que os celulares tem se
disseminado na população em geral, e consequentemente adentrou na sala de
aula. Todavia esses aparelhos têm sido visualizados de forma negativa por tirarem
a concentração e atrapalharem a aprendizagem. Nessa perspectiva, este trabalho
tem como objetivo geral identificar a percepção de estudantes quanto à utilização
do celular na sala de aula. E os seguintes objetivos específicos: averiguar no
ambiente escolar os fatores que interferem e ou favorecem o uso do celular como
um recurso de aprendizagem; identificar o potencial didáticopedagógico dos
celulares de uso dos estudantes do Ensino Médio e indicar as possibilidades de
uso do celular como um recurso pedagógico no cotidiano escolar e facilitador do
ensino e aprendizagem. No desenvolvimento desta pesquisa utilizou-se como
metodologia a revisão bibliográfica, bem como a aplicação de questionários com
perguntas fechadas. Registra-se que participaram da pesquisa 45 (quarenta e
cinco) estudantes do Ensino Médio de uma Escola Pública Estadual da cidade de
Petrolina/PE. Apontam-se como resultados entre os estudantes que o celular é um
aparelho de grande aceitação e que a maioria destes possuem o aparelho “tão
maléfico” a rotina do professor em sala de aula. Existem sim complicações e
oportunidades de contribuição que podem e devem ser
exploradas/experimentadas pelo professor no espaço escolar.
mudança pedagógica e social que essa sendo muito mais do que um aparelho para
conexão provoca, uma vez que o telefone fazer ligações, recebê-las ou enviar
celular proporciona, facilita, provoca a troca mensagens. Ao serem questionados sobre se
de experiências e aprendizado, além de seu celular disponibiliza acesso à internet,
abrir inúmeras possibilidades para a escola, 58% responderam “Sim” e 29%
os professores e estudantes. No entanto, a responderam que “Não”. Entende-se que
escola e o celular são dois mundos opostos, falar é a principal atividade do celular,
mas que se fazem presente cotidianamente porém outros recursos não podem ser
na vida do estudante que convive de forma desconsiderados. 85% afirmam que seus
desarmoniosa com ambas. É preciso celulares passam e recebem torpedos e
minimizar este impasse e aperfeiçoar estas apenas 2% dos celulares não possuem este
relações, buscando dar sentido e significado recurso. À medida que os jovens dominam os
na vida do estudante. Nos dias atuais pode- aparelhos utilizam para o envio de
se dizer que a tecnologia tem provocado mensagens/sms. Destaca-se ainda entre os
sérias mudanças no cotidiano da sociedade. entrevistados que 58% dos aparelhos
Por tal complexidade, levanta-se alguns celulares possuem acesso à internet, o
questionamentos: “A revolução tecnológica qual proporciona acesso a diversos
seria capaz de provocar uma revolução conteúdos como cultura, lazer, esporte,
pedagógica?” (DURAN, 2010). promove estudo, pesquisa, produção,
edição, distribuição de informação
multimídia, além de facilitar o acesso a
3. METODOLOGIA redes sociais e comunidades. Nos mundo
contemporâneo, o celular é para as
Este artigo foi desenvolvido através de
pessoas a sua conexão com o mundo, seu
revisão bibliográfica. Além disso, esta
relógio, sua máquina fotográfica, seu
pesquisa foi realizada na escola pública
tocador de música e mais recentemente,
estadual XXX na cidade de Petrolina/PE. As
seu acesso ao mundo digital.
turmas selecionadas foram do 2º Ano do
Ensino Médio por ser um público de Dos entrevistados, 20% afirmam que seus
adolescentes e jovens que apresentam uma celulares não enviam/recebem arquivos, mas
relação intensa com o celular em sala de 65% possuem a função de receber/enviar
aula. Ao todo, 45 participantes responderam arquivos (músicas, vídeos, fotos, imagens,
questionário que apresentavam questões textos entre outros) facilitados pela
fechadas e abertas. bluetooth, proporcionando que a
aprendizagem ocorra em espaços diversos,
fora dos muros da escola se deslocando de
4. RESULTADOS várias formas. A produção de fotografias e
vídeos através do celular indica que este
Dos 45 (quarenta e cinco) entrevistados, 51%
equipamento tecnológico tem muito a oferecer
encontram-se na faixa etária de 16 anos.
a quem se debruçar sobre ele, sendo
Destacase que a apropriação dos recursos
significativo para o desenvolvimento de
tecnológicos pelos jovens acontece de forma
atividades propostas em sala de aula. Os
ágil e rápida, pois são consumidores da
entrevistados, ao serem questionados se o
mobilidade e ávidos por novidades e
seu celular possui câmara 71% afirmam que
capazes de enfrentar as dificuldades
seus celulares possuem e 16% dos
tecnológicas com muita leveza. Para atender
celulares não possuem câmara. Analisando
e este público especifico, as empresas fazem
os dados da pesquisa, observa-se que
um investimento altíssimo, uma vez que o
87% dos entrevistados afirmam que os seus
telefone móvel estimula a experimentar
celulares possuem calculadora e 67%
diferentes identidades através da
informaram que os seus celulares possuem
personalização do aparelho, que é
conversor de unidade. Talvez desconheçam
apresentado aos amigos como resultado de
a existência do recurso no celular e não
uma produção singular (ELLIOT & JANKEL
necessariamente por o Gráfico 01 - Idade
ELLIOTT apud VERZA, 2008, p.20). Ao serem
aparelho não tê-lo. Embora a calculadora
questionados se possuíam celular 87%
seja um recurso que deve ser utilizado nas
responderam positivamente. Assim,
aulas das Ciências Exatas, apenas 9% a
considera-se que o celular é o aparelho
utilizam, o mesmo ocorrendo com o
tecnológico com maior aceitação e
conversor. Nas concepções mais modernas
utilização pelos adolescentes e jovens,
da educação, preza-se pelo entendimento
dos conteúdos nas disciplinas de explicação da aula” e “Sim. Câmara: tira foto
Matemática/Física e não meramente pela de algum trabalho, de alguns assuntos e
memorização de fórmulas. depois poderá estudar por ele. Filmagem:
mesma função da câmera pode ser usada
Questiona-se: Por que 87% dos entrevistados
para gravar áudios, as outras funções não
possuem calculadora em seus celulares e não
ajudam.”
são utilizadas no espaço das aulas
principalmente das Ciências Exatas? Mesmo Dos entrevistados, 22% desacreditam que o
os estudantes afirmando que seus celular possa facilitar a aprendizagem. Os
professores utilizam as tecnologias para estudantes 18 e 41 afirmam que “não, porque
trabalhar os conteúdos das diversas essas ferramentas são para diversão e não
disciplinas, percebe-se que o uso da influencia em nada nas matérias escolares”
tecnologia ainda é tímido no espaço escolar. e “não, porque ele é usado como
Ao serem questionados sobre quais entretenimento das crianças e um meio de
tecnologias utilizam, tem destaque o uso de comunicação para os jovens”. Já o estudante
multimídias, netebook/notebook com 69% e 43 diz que “não, por que muitas vezes
em menor proporção aparece o uso da atrapalha a aprendizagem tirando a atenção
calculadora com 9%. O fato de utilizar tais do aluno na sala de aula”. Outros estudantes
ferramentas não garante a ruptura do subvalorizam este aparelho móvel justificando
conteudismo no ensino e aprendizagem, pois que “não ajuda”, “atrapalha”, “prejudica”,
mesmo o professor se utilizando de notebook “destroem”, “distraem”, “não são úteis” entre
e multimídias, sua prática pode outras. Entende-se que a ideia massificada
permanecer a mesma, uma vez que entre dos estudantes em relação a não utilização do
quatro paredes o fazer pedagógico telefone celular nas atividades escolares
acontece conforme as experiências tenha origem no discurso dos professores,
intrínsecas do professor, uma vez que a coordenadores/supervisores, gestores que
prática tradicional ainda é muito presente nas reforçam os chavões relacionados ao celular.
diversas instituições escolares. Somente 2% Ao serem questionados se “as ferramentas
dos estudantes apresentam a música, encontradas no aparelho celular (câmara
televisão, slides, internet como outros fotográfica, filmagem, rádio, bluetooth,
recursos utilizados pelos professores. Assim, música...) podem ajudar no aprendizado
levanta-se um questionamento: Por que das matérias escolares? Por quê?”, 22% dos
ocorre a utilização exacerbada dos estudantes argumentam que o uso de
recursos como os multimídias e notebook? celular atrapalha/tira a atenção na sala de
Será na perspectiva de proporcionar ao aula e 22% afirmam que os recursos
estudante uma aula questionadora, existentes no celular não são úteis, fechando
provocadora ou apenas a substituição do o total de 44% dos estudantes que não
quadro negro pelos equipamentos veem utilidade nos recursos do celular. Os
tecnológicos, mas com a permanência de estudantes 16 e 34 justificam a utilização da
uma prática bancária, com estudantes câmara para a produção de “vídeos
quietos, sentados, enfileirados, didáticos” e argumenta que “pode e deve ser
condicionados, copiando o que deve ser utilizada para atualização do ensino”. O
aprendido, com a visualização do texto estudante 42 destaca o celular para a
através do notebook e multimídias. Se existe fotografia e gravação de áudio quando diz
a preocupação com uma aula provocadora, que: “tira foto de algum trabalho, de alguns
por que a calculadora, celular, televisão, assuntos e depois poderá estudar por ele
música, aparece de forma tão insignificante? [...] pode ser usado para gravar áudios”.
Questiona-se: Como o professor está tão Já os estudantes 05 e 12 argumentam que
receptível ao uso das tecnologias como com “essas ferramentas podemos gravar a
notebook e multimídias e não está aberto ao aula do professor e estudar em casa”, “pode
uso do celular como uma ferramenta ajudar nas contas e até mesmo gravar as
tecnológica? 78% dos entrevistados aulas para ver depois”. Em menor
conseguem vislumbrar a possibilidade de proporção aparece a pesquisa na “internet”
utilização do telefone celular no processo de ou troca de arquivo utilizando o “bluetooth”.
aprendizagem. Conforme depoimentos dos Já o estudante 15 aponta a utilização do
estudantes 05, 06 e 42 “Sim, pois com essas celular nas aulas de matemática. Porém,
ferramentas podemos gravar a aula do mesmo possuindo o aparelho móvel com
professor e estudar em casa.”, “Sim, pois potencial significativo e vislumbrando a
com esses recursos você pode gravar e ver a possibilidade de utilização do telefone celular
CAPÍTULO 27
1998, p.11). Sendo assim, não basta fazer a que envolvem a constante transformação do
fotografia ou possuí-la, pois seu significado espaço. Segundo Josué de Castro, “nenhum
depende do receptor que processa a imagem traço, nenhum elemento da paisagem reflete
na identificação de elementos atrativos, seja com mais eloquência e nitidez a ação do
por simpatia ou repulsão. homem como fator geográfico do que o
organismo urbano.” (CASTRO, 2013, p.21).
Para Susan Sontag, a fotografia pode ser “o
objeto mais misterioso que compõe e dá O uso da fotografia no ensino é comum, mas
consistência ao mundo que identificamos as formas de utilizá-la são diversas.
como moderno” [...] “fotografar é se apropriar Geralmente acontece no livro didático ou com
das experiências capturadas” (SONTAG, a utilização do projetor. Entretanto, em grande
1981, p.4). Já para Henri Cartier Bresson, a parte das vezes acontece uma monotonia
fotografia é “o reconhecimento simultâneo, visual, sendo apresentadas repetidamente as
numa fração de segundo, por um lado do mesmas fotografias em diversas ocasiões.
significado de um fato, e por outro, de uma Tais circunstâncias são agravadas por uma
organização rigorosa das formas percebidas condição.
visualmente que expressam esse fato”
Somos, em grande parte, analfabetos visuais.
(BRESSON apud ASSOULINE, 2012, p.240).
Assimilamos as imagens de maneira muito
A fotografia apresenta o olhar de quem faz a superficial e não aproveitamos esse enorme
foto, o fotógrafo ou emissor, mas sua potencial gerador de transformações que a
interpretação depende do agente receptor, fotografia possui (ELLIS, 2009, p.29).
quem a observa. A inversão destes papeis,
Assim, concorda-se com Susan Sontag
contrapondo-se ao uso das imagens impostas
quando ela escreve que “fotografar é
no livro didático e na relação hierárquica entre
apropriar-se da coisa fotografada. É envolver-
o professor e o aluno, são formas de quebrar
se numa certa relação com o mundo que se
o paradigma da escola formadora de
assemelha com o conhecimento – e por
opiniões, realçando o pensamento freireano
conseguinte com o poder.” (SONTAG, 1981,
da construção do conhecimento dialético,
p.4).
com a partilha das percepções geradas
individualmente e coletivamente.
O que se pretende com o diálogo, em
3. METODOLOGIA
qualquer hipótese (seja em torno de um
conhecimento científico e técnico, seja de um Para a elaboração do trabalho, a metodologia
conhecimento “experiencial”), é a utilizada foi a de pesquisa-ação, ela é
problematização do próprio conhecimento em pertinente quando a participação empírica
sua indiscutível reação com a realidade corrobora com as teorias criadas durante todo
concreta na qual se gera e sobre a qual processo de investigação científica. Sendo
incide, para melhor compreendê-la, explicá- assim, “uma concepção de mundo, para se
la, transformá-la (FREIRE, 1980, p.52). tornar efetivamente uma força de ação,
precisa congregar um determinado grupo que
No ambiente escolar é possível utilizar a
a assuma como instrumento para realização
fotografia como inovação pedagógica para
da transformação da sociedade”
despertar nos alunos o exercício da
(RODRIGUES, 1985, p. 49). E mais:
curiosidade. Segundo Paulo Freire “a
construção ou a produção do conhecimento A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social
do objeto implica o exercício da curiosidade, que é concebida e realizada em estreita
sua capacidade crítica [...] de comparar, de associação com uma ação ou com a
perguntar” (FREIRE, 1996, p.33). Para o resolução de um problema coletivo e no qual
mesmo autor, “não haveria existência humana os pesquisadores e os participantes
sem a abertura de nosso ser ao mundo, sem a representativos da situação da realidade a ser
transitividade de nossa consciência” (FREIRE, investigada estão envolvidas de modo
1996, p.34). cooperativo e participativo (THIOLLENT, 1985,
p.14).
Sendo a localização da escola no ambiente
urbano, foi proposta a tarefa de uso de Para fotografar a paisagem de um lugar é
imagens fotográficas para observar, analisar e importante percebê-la, sentir e se sentir como
dialogar sobre as condições de uso parte do ambiente, lembrando que até a
oferecidas pela organização urbanística da própria sala de aula é um ambiente,
cidade, contextualizando noções geográficas possuindo suas limitações físicas (estáticas) e
CAPÍTULO 28