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UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN


PROGRAMA DE EXTENSÃO MULHERES
CONQUISTANDO AUTONOMIA ECONÔMICA

25 e 26 de outubro de 2017
UFRN, Natal, RN

AUTONOMIA ECONÔMICA E MERCADO DE TRABALHO: UMA
ANÁLISE DO PERFIL DE MULHERES DO RIO GRANDE DO NORTE

Tayssa Figueiredo Moura - Graduanda em Ciência e Tecnologia, UFRN, Natal, Brasil.a

Esta pesquisa foi financiada pelo projeto “Mulheres Conquistando Autonomia Econômica: ações para
inserção e permanência das mulheres do Rio Grande do Norte no mundo do trabalho” – 692015 –
SPM/FUNPEC/UFRN.

Resumo: A conquista da autonomia econômica feminina está intimamente


relacionada à inserção no mercado de trabalho. Sabe-se também que essas duas
variáveis sofrem consequências do contexto econômico e social em que mulheres
estão imersas. Assim, o presente artigo tem como principal objetivo avaliar os perfis
socioeconômicos de grupos de mulheres nos dez territórios das mulheres do Rio
Grande do Norte, no que diz respeito aos fatores que influenciam na inserção no
mercado de trabalho e a conquista da autonomia econômica. Para tanto, a
metodologia de pesquisa será estruturada em três etapas: I) Coleta de dados; II)
Revisão bibliográfica; e III) Análise dos dados. Os resultados informam que, as
entrevistas, em sua maioria (75,9%) são mulheres adultas com idade entre 20 e 50
anos. Além disso, 80% das mulheres possuem filhos. Os dados de nível de
escolaridade são relevantes para observar que muitas mulheres possuem baixo nível
educacional, configurando 30% com ensino fundamental incompleto. Um fato que
chamou atenção foi a baixa remuneração salarial, 72% recebem até 1 salário mínimo,
trabalhando de 30 a 40 horas semanais. Com relação a autonomia econômica, 65,7%
informam não possuí-la.
Palavras-chave: Mulheres. Mercado de Trabalho. Autonomia Econômica.

1. Introdução
A consolidação da mulher no mercado de trabalho é um fato crescente, reflexo do
enfrentamento feminino às barreiras impostas pela sociedade. Embora muitas
barreiras, ditas formais tenham sido superadas existem as barreiras invisíveis que são
aquelas relacionadas à divisão sexual de trabalho, na qual as mulheres seguem
responsáveis pelo cuidado e pelos afazeres domésticos já que, dentro das famílias, os
homens não assumiram essas tarefas de forma igualitária.
Outra realidade encarada pelas mulheres é a precarização do trabalho, muitas vezes
consequência da dificuldade de conciliação dos cuidados e afazeres domésticos com
um trabalho remunerado formal. Com isso, a autonomia econômica das mulheres
torna-se afetada. Desta forma, o artigo pretende responder como os fatores
socioeconômicos influenciam na inserção das mulheres no mercado de trabalho e na

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conquista da autonomia econômica.
Assim, o presente artigo tem como principal objetivo avaliar as diferenças entre os
perfis socioeconômicos das mulheres do Rio Grande do Norte, no que diz respeito aos
fatores que influenciam na inserção no mercado de trabalho e a conquista da
autonomia econômica. Especificamente, apresentando os dados coletados e
informações do perfil das mulheres do Rio Grande do Norte, analisando-os e
propondo estratégias de fortalecimento econômico com base nas demandas
identificadas por elas.
O Rio Grande do Norte é composto por 167 municípios sendo que 161 deles
participam de algum dos 9 Territórios Rurais do estado. De acordo com a divisão da
Secretaria de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário
(SDT/MDA), os 9 Territórios Rurais do RN são: 1) Açu - Mossoró, 2) Agreste Litoral
Sul, 3) Alto Oeste, 4) Mato Grande, 5) Potengi, 6) Seridó, 7) Sertão Central Cabugi e
Litoral Norte, 8) Sertão do Apodi e 9) Trairí. Alguns municípios não estão inseridos
nessa divisão, Natal, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, Macaíba e Extremoz,
que formam o Território (10) - Terra dos Potiguaras - ainda não homologado pelo
Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (CONDRAF).
Considerando a divisão do Rio Grande do Norte apresentada no parágrafo anterior,
para esta pesquisa foram realizadas oficinas diagnósticas com grupos de mulheres nos
municípios: 1) Mossoró, 2) Nova Cruz, 3) Alexandria, 4) Ceará-Mirim e João
Câmara, 5) São Paulo do Potengi, 6) Caicó, 7) Angicos, 8) Severiano Melo, 9) Jaçanã,
10) Natal, totalizando 11 municípios. Nessas oficinas foram aplicados questionários
de abordagem quali-quantitativa para coleta de dados a respeito do perfil
socioeconômico das mulheres.
Essa pesquisa é importante, pois ajudou a identificar perfil socioeconômico de grupos
de mulheres do RN, além de favorecer a elaboração de estratégias para inserção e
permanência dessas mulheres no mercado de trabalho e consequente conquista da
autonomia financeira. Além disso, possibilitou que as mulheres elaborassem planos
de ação para a busca da autonomia das mesmas.

2. Fundamentação teórica

Uma grande proporção de mulheres ingressa e compõe um quadro de trabalho


marcado pela indigna remuneração, condições de trabalho precárias, baixa proteção
social, com grande parte delas exercendo o trabalho doméstico. Neste contexto, para
compreender o enquadramento das mulheres no mercado de trabalho, subdividiu-se a
fundamentação teórica em três linhas: 2.1) Acontecimentos históricos que marcaram a
inserção das mulheres no mercado de trabalho; 2.2) Precarização do trabalho
feminino; 2.3) Autonomia econômica das mulheres.

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2.1 Acontecimentos históricos que marcaram a inserção das mulheres no
mercado de trabalho

Na antiguidade, o trabalho produtivo era visto como função característica do homem,


sendo a mulher destinada apenas aos cuidados com a casa e a família. Mas esse
paradigma começou a mudar com a Revolução Francesa (1789). Nesse período as
mulheres passaram a atuar na sociedade e conquistaram direitos, essas mudanças
marcaram a atuação da mulher no trabalho e proporcionaram conquistas políticas,
direitos entre os sexos e busca à instrução (BAYLÃO, 2014).

De acordo com Baylão (2014, apud ZAMARIOLLI, 2012) juntamente com a grande
absorção da mão de obra feminina pelas indústrias, durante a Revolução Industrial do
século XVIII, ocorreu a exploração dessa força de trabalho. O trabalho das mulheres
nas fábricas era bastante lucrativo para o empregador, tendo em vista que os salários
eram muito baixos e a carga horária de trabalho aproximava-se de 17 horas diárias.
Nesse cenário surgiram as manifestações operárias com o intuito de diminuir a carga
horária de trabalho para 8 horas diárias.
No período pós I e II Guerras Mundiais muitos homens morriam durante as guerras
ou eram mutilados, isso provocou a necessidade das mulheres viúvas de trabalharem
para garantir o sustento da família. Embora estes trabalhos fossem mal vistos pela
sociedade e pouco remunerados, as mulheres não desistiram de lutar pela inserção no
mercado de trabalho (PROBST, 2013).

Os movimentos políticos e sociais ocorridos no mundo entre as décadas de 60 e 70


ocasionaram mudanças de padrões na sociedade, influenciado principalmente as
mulheres a estudarem e participarem mais do mercado de trabalho. A partir de então a
porcentagem de mulheres economicamente ativa tem crescido bastante (PEREIRA;
SANTOS; BORGES; 2005).

2.2 Precarização do trabalho feminino


Uma luta constante enfrentada pelas mulheres trata-se da dupla jornada de trabalho.
Segundo Carvalhal (2012), muitas vezes as mulheres precisam conciliar as tarefas
domésticas com o trabalho assalariado, em consequência disso surge a alternativa de
realização do trabalho domiciliar (trabalho artesanal, autônomo, confecção de
produtos, agricultura). Carvalhal considera ainda que, o trabalho domiciliar pode ser
visto como uma extrema exploração, provocando a precarização e tendência à salários
baixos.
No Brasil, os dados do IBGE/Censos Demográficos demonstram a crescente
participação feminina na População Economicamente Ativa (PEA). Em 1950, a
participação feminina na PEA era de 13,6%; em 2010, este número se elevou para
49,9%. Essa tendência, porém, não se reproduz, quanto ao crescimento das mulheres

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no conjunto dos empregados, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD) /IBGE. Em 1976, sua participação era de 30,3% e, em 2002, de
35,8%. A disparidade entre esses dois indicadores, muitas vezes, é decorrente da
inserção das mulheres em atividades informais e precárias.
2.3 Autonomia Econômica das mulheres
Empoderamento é um conceito novo, que ganhou força durante a IV Conferência
Mundial sobre a Mulher, em Beijing (Pequim), no ano de 1995, para fortalecer e
impulsionar a participação das mulheres nos espaços de decisão, além de
proporcionar a institucionalização de políticas que favoreçam a redução da
desigualdade de gênero. Sendo assim, empoderamento trata-se, também, da
capacidade das mulheres conquistarem autonomia, seja ela física, política, cultural ou
econômica.
A perspectiva de autonomia econômica refere-se à capacidade da mulher fornecer o
seu próprio sustento financeiro através de seu trabalho, sendo capaz, também, de
assumir os gastos financeiros de pessoas dependentes, como os filhos. Além disso, a
autonomia econômica possibilita o acesso à educação, formação continuada,
capacitação para o mercado de trabalho e acesso às políticas públicas que ajudem na
permanência das mesmas no mercado de trabalho.

3. Metodologia
Para tanto, a metodologia de pesquisa será estruturada em três etapas: I) Coleta de
dados; II) Revisão Bibliográfica; e III) Análise dos dados.
Em primeiro momento, para coleta de dados, foram articuladas pela equipe do projeto
“Mulheres Conquistando Autonomia”, reuniões com grupos de mulheres em 11
cidades do Rio Grande do Norte. Para a escolha dos municípios visitados, utilizou-se
a organização do RN em 9 Territórios Rurais proposto pela Secretaria de
Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário
(SDT/MDA), além de considerar o Território Terra dos Potiguaras, não homologado
pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário
(CONDRAF). O total da amostra foi de 231 mulheres. Nestes encontros foram
realizadas oficinas de construção coletiva sobre autonomia econômica, além da
aplicação de questionário de abordagem quantitativa e qualitativa para estudar o perfil
socioeconômico e a autonomia das mulheres.
Na segunda etapa, realizou-se levantamento dos temas pertinentes à pesquisa, para
tanto, primeiramente coletou-se artigos sobre a temática em duas bases de dados
(Scielo e o Google Acadêmico), através da aplicação combinada das palavras chaves
de pesquisa (Mulheres + Mercado de Trabalho; Mulheres + Autonomia Econômica;
Inserção + Mercado de Trabalho + Mulheres no Rio Grande do Norte), em seguida,
efetuou-se a leitura do material obtido destacando-se os aspectos mais relevantes para
a pesquisa. Por último, foi executada a análise dos dados primários, coletados durante

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as oficinas diagnósticas nos territórios. Para isso buscou-se avaliar criticamente as
respostas, a fim de entender como as variáveis interferem na inserção das mulheres no
mercado de trabalho e na conquista da autonomia econômica.

4. Resultados
Todas as variáveis presentes no instrumento de estudo são importantes para avaliação
da inserção das mulheres do Rio Grande do Norte no mercado de trabalho e,
consequente, conquista da autonomia econômica. O questionário apresenta cinco
seções: I) Perfil das entrevistadas; II) Domicílio; III) Escolaridade; IV) Trabalho e
Renda e V) Autonomia Econômica.
No que se refere ao perfil das entrevistadas, a maioria são mulheres são adultas com
idade entre 20 e 50 anos (75,9%). Apenas 4,4% possuem menos de 20 anos e 19,7%
mais de 51 anos. A pesquisa indicou que mais de 80% são mães. O território onde
mais se registrou mulheres mães foi o Terra dos Potiguaras, nesse território todas as
respondentes são mães, sendo que 78,6% delas têm mais de três filhos. De maneira
oposta, o maior número de entrevistadas sem filhos foi registrado no território Açu-
Mossoró, 71,4%. Na figura 1, pode ser visto a quantidade de filhos das entrevistadas
por território.
Figura 1 – Quantidade de filhos das entrevistadas por território do Rio Grande do
Norte.

6% 5% 5% 9% 9%
6%
11% 11% 6% 8%
20% 18% 5% 13% 14% 3%
29% 3% 6% 15%
17% 22% 14% 15%
20% 16%
19% 40%
11% 16% 19%
13% 20%
20% 39% 29%
33% 19%
24%
20% 26%
25% 17%
28% 38% 38% 26%
13%
71% 15% 11% 26% 17% 11% 31% 10% 12% 19%
7%

Nenhum filho 1 filho 2 filhos 3 filhos 4 filhos Mais de 4

Fonte: Banco de dados primários do projeto Mulheres Conquistando Autonomia.

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Procurou-se saber se no domicílio da respondente residia algum idoso e qual a pessoa
responsável pelos cuidados com o mesmo. Das mulheres que responderam a esta
pergunta, 31,7% afirmaram ter idosos no lar e a maioria informou que as
responsabilidades de cuidado se destinavam a elas mesmas. Além dos cuidados com
os idosos, filhos e maridos presentes no domicílio, as mulheres ainda precisam
realizar as tarefas domésticas.
Com relação à divisão das tarefas do lar, 74,8% das mulheres entrevistadas
informaram compartilhá-las com outros membros da família. Apenas no território
Sertão do Apodi a resposta da maioria foi diferente dos demais territórios, no qual
55% das mulheres disseram que apenas elas realizam as tarefas domésticas.

A avaliação da escolaridade das mulheres revela muito sobre as condições de


trabalho, desde as dificuldades de inserção até o salário recebido. Com relação a essa
variável, o maior percentual foi registrado para a categoria Ensino Fundamental
Incompleto, com 30% do total das respondentes. Ao verificar separadamente cada
território, apenas em Alto Oeste e Açu-Mossoró essa categoria apresentou baixa
representatividade, 5,6% e 0% respectivamente. Em seguida, o maior percentual
apresentado é para a classe Ensino Médio Completo, com 26,6%. Novamente essa
categoria não fez parte de Açu-Mossoró, as mulheres entrevistadas nesse território
estão cursando o ensino superior (71,4%) ou já concluíram o ensino superior (28,6%).
Os dados referentes ao grau de escolaridade podem ser observados na figura 2.

Figura 2 – Grau de escolaridade por território do Rio Grande do Norte.

5% 8% 3%
11% 5% 7% 6% 7%
14% 13%
17% 10% 7% 9% 9%
6% 8% 11% 14%
5% 13% 9% 10%
29% 6% 8%
30% 13% 29%
10% 22% 18%
5%
27%
30% 19%
15% 5% 9%
6% 21%
8% 8%
43% 13%
33%
6% 8%
67%
71% 40% 30% 17% 19% 25% 52% 87% 33% 30%
6%
Açu-Mossoró Agreste Alto Oeste Mato Grande Potengi Seridó Sertão Sertão do Terras dos Trairi Total
Central Apodi Potiguaras
Cabugi e
Litoral Norte

Ensino fundamental incompleto Ensino fundamental completo Ensino médio incompleto


Ensino médio completo Superior incompleto Superior completo
Pós-graduação
Fonte: Banco de dados primários do projeto Mulheres Conquistando Autonomia.

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Com relação ao Trabalho e Renda, 63,3% afirmaram realizar algum tipo de atividade
remunerada, seja em tempo parcial, integral ou eventual, mas a renda individual da
grande maioria é baixa, 71,6% recebe até um salário mínimo. Para cada território,
esse percentual é bem visto e expressa à maioria para todos eles. Os resultados são
mostrados na figura 3.

Figura 3 – Renda individual das entrevistadas por território do Rio Grande do Norte.

9% 6% 3% 7% 5% 3% 2%
7% 5% 1%
6% 7% 10% 1% 8%
5% 21% 20%
25% 5%
18% 17% 13% 10% 7% 16% 1%
10%
14%
41%

73% 75% 47% 63% 73% 57% 71% 80% 100% 87% 72%

Açu-Mossoró Agreste Alto Oeste Mato Grande Potengi Seridó Sertão Sertão do Terras dos Trairi Total
Central Apodi Potiguaras
Cabugi e
Litoral Norte

Até 1 salário mínimo 1 a 2 salários mínimos 2 a 3 salários mínimos 3 a 4 salários mínimos


4 a 5 salários mínimos 5 a 6 salários mínimos 6 a 7 salários mínimos

Fonte: Banco de dados primários do projeto Mulheres Conquistando Autonomia.

Além disso, 73% das mulheres que trabalham contribuem com o pagamento total ou
parcial das contas da casa. Esse percentual ressalta a participação marcante da mulher
nas finanças da família, reforçando o perfil de autonomia e maior independência
econômica.
Apenas no território Alto Oeste não foi registrado mulheres que trabalham com a
agricultura. 41,5% das respondentes trabalham no setor da agricultura, em seguida
aparece o grupo de mulheres empregadas no setor público (20,5%). Os dados
apontaram que 32,3% estão vinculadas ao trabalho como empregadas. Em
contrapartida, 27,3% são donas do próprio negócio. Na figura 4 é mostrada a
distribuição, por território, da área que a entrevistada está vinculada no mercado de
trabalho.

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Figura 4 – Área que a mulher está vinculada ao mercado de trabalho por território do
Rio Grande do Norte.

3,1% 6,7%
10,5% 11,1% 11,8% 14,6%
17,6%
33,3% 31,3% 36,8%
45,2%
46,7% 63,6%
50,0% 41,5%
11,1% 63,2% 9,4%
52,9%
18,8% 26,3% 79,4%
22,2% 16,1% 6,7% 3,9%
3,1% 5,6% 3,2% 13,3% 5,3% 11,2%
11,1% 5,6%
5,6% 10,5% 7,8%
10,5% 36,4%
11,1% 29,4% 34,4% 32,3%
22,2% 26,7% 21,1% 20,5%
11,1% 15,8%
8,8%
Açu-Mossoró Agreste Alto Oeste Mato Grande Potengi Seridó Sertão Sertão do Terras dos Trairi Total
Central Apodi Potiguaras
Cabugi e
Litoral Norte

Setor público Setor privado Autônomo Comércio Agricultura Outro

Fonte: Banco de dados primários do projeto Mulheres Conquistando Autonomia.

Do total de mulheres entrevistadas, 30% afirmaram trabalhar de 30 a 40 horas


semanalmente. Ao analisar cada território, nota-se que a quantidade de horas de
trabalho e o percentual de mulheres que não trabalham, difere bastante. Essa
discrepância é razão do perfil social, econômico e educacional de cada público. Por
exemplo, no território Terra dos Potiguaras as entrevistadas possuem baixo grau de
escolaridade, todas têm filhos, dedicam maior tempo às tarefas domésticas, 57,1% não
exerce atividade remunerada, além de outros fatores que dificultam a inserção dessas
mulheres no mercado de trabalho formal.
Dentre as mulheres entrevistadas, as que consideraram ter conquistado a autonomia
atingem um patamar mediano de 34,3%, com destaque para o território do Agreste
com 70% entre as respondentes.
Em média 68,56% das mulheres participam de atividades de capacitação e/ou
formação. Tal número ainda é incipiente se comparado a amostra analisada de 231
entrevistas durante a pesquisa, demonstrando que tal atividade é privilégio apenas
para algumas mulheres. Em termos de participação em associações, destaca-se a
atuação em maior escala em sindicatos, seguidos de associações locais e/ou regionais.
Outro ponto em notoriedade relaciona-se a não participação em um ou mais campos

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associativos dos territórios que abrangem a Região Metropolitana e Sertão do Apodi.

5. Conclusão
Este trabalho foi desenvolvido para analisar o perfil de mulheres do estado do Rio
Grande do Norte, bem como, responder ao problema e aos objetivos propostos.
O problema está centrado na necessidade de se conhecer melhor o perfil
socioeconômico das mulheres, avaliar como as diferenças entre esses perfis
influenciam na inserção da mulher no mercado de trabalho, por exemplo, qual a
relação entre a escolaridade e a média salarial recebida, a quantidade de filhos e a
porcentagem de desempregadas, entre outros fatores que implicam na conquista da
autonomia econômica.
O objetivo geral do estudo foi atingido ao serem analisados os dados coletados e
fundamentos relacionados ao tema deste estudo, com destaque aos seguintes pontos: a
precarização do trabalho feminino; os baixos salários recebidos pelas mulheres; a
responsabilidade do cuidado com os idosos presentes no domicílio; a porcentagem
alta de mulheres que disseram não possuir autonomia econômica (65,7%).
Este estudo possibilitou compreender melhor a realidade socioeconômica de mulheres
dos dez territórios do RN, além de colaborar para a identificação de estratégias que
promovam o fortalecimento da autonomia das mesmas. Para cada território em
estudo, as demandas eram bem singulares e correspondiam ao perfil das respondentes.
Exemplificando, no território Açu-Mossoró muitas mulheres trabalham na área da
saúde, por isso foi bem apontado cursos de capacitação nessa área. Em outros
territórios, onde a maioria das mulheres são artesãs, agricultoras ou realizam algum
trabalho autônomo, as necessidades eram mais voltadas a oficinas de economia
solidária e cursos que ajudem a diversificar e melhorar a produção.
As pesquisam também ajudaram a reconhecer que elas estão procurando capacitação,
profissionalização e especialização, por reconhecer que através do conhecimento será
possível entrar mais rapidamente e permanecer no mercado de trabalho. Muitas que
interromperam os estudos após o casamento ou maternidade sentem à vontade de
voltar a estudar, pois admitem que desta forma elas conseguiriam melhores
oportunidades de emprego, melhores salários, além desse tornarem mais
independentes.
O levantamento de informações sobre essas mulheres colaborou também com a
produção do plano de ação para as demandas. Depois de coletados os dados,
analisados, as demandas identificadas e priorizadas pelas mulheres, procedeu com a
formulação do plano de ação, também feito pelas mulheres entrevistadas. Com esse
plano de ação feito, é possível que as demandas se tornem mais concretas e sejam
postas em prática, pois nele elas estabelecem metas, prazos, quais os parceiros que
podem colaborar com a execução da demanda, em resumo é uma metodologia para

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organizar e visualizar as demandas.
As pesquisas também possibilitaram identificar os principais desafios e dificuldades
com os quais as mulheres se deparam e que estão relacionados ao trabalho: o primeiro
e mais difícil de superar é o impasse de continuar os estudos, participar de atividades
de formação e capacitação. A segunda dificuldade é a precarização do trabalho
acompanhado de baixos salários. Em terceiro lugar e seguintes, estão a dupla jornada
de trabalho e falhas nas políticas públicas.
Como sugestão para estudos futuros, seria de grande relevância pesquisas sobre
políticas públicas nesses territórios do RN, com o objetivo de identificar se os direitos
das mulheres estão bem assegurados, de modo que a autonomia delas seja favorecida.

Referências

ANDRADE, T. Mulheres no mercado de trabalho: onde nasce a desigualdade?


Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/a-camara/documentos-e-
pesquisa/estudos-e-notas-tecnicas/areas-da-conle/tema7/2016_12416_mulheres-no-
mercado-de-trabalho_tania-andrade>. Acesso: 18 set. 2017.

BAYLÃO, A. L. S. A Inserção da Mulher no Mercado de Trabalho Brasileiro.


Disponível em: <https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos14/20320175.pdf>.
Acesso em: 18 set. 2017 .

CARVALHAL, T.B. O trabalho informal e precarizado das mulheres em Terra


Roxa/PR. Disponível em: <http://www.proceedings.scielo.br/pdf/jtrab/n1/54.pdf>.
Acesso em> 19 set. 2017

COMPOSIÇÃO BRASIL • 243 TERRITÓRIOS RURAIS - SDT (REGIÃO


NORDESTE • 9 ESTADOS). Disponível em:
<http://www.mda.gov.br/sitemda/sites/sitemda/files/ceazinepdf/Regi%C3%A3o%20
Nordeste.pdf>. Acesso em: 26 set. 2017

MULHERES CONQUISTANDO AUTONOMIA. Projeto de extensão. Universidade


Federal do Rio Grande do Norte. Relatório de Oficina Diagnóstica em João
Câmara. Realizada em 16 de junho de 2016.

MULHERES CONQUISTANDO AUTONOMIA. Projeto de extensão. Universidade


Federal do Rio Grande do Norte. Relatório de Oficina Diagnóstica em Alexandria.
Realizada em 13 de agosto de 2016

MULHERES CONQUISTANDO AUTONOMIA. Projeto de extensão. Universidade


Federal do Rio Grande do Norte. Relatório de Oficina Diagnóstica em Caicó.

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Realizada em 22 de novembro de 2016

MULHERES CONQUISTANDO AUTONOMIA. Projeto de extensão. Universidade


Federal do Rio Grande do Norte. Relatório de Oficina Diagnóstica em Mossoró.
Realizada em 30 de novembro de 2016

MULHERES CONQUISTANDO AUTONOMIA. Projeto de extensão. Universidade


Federal do Rio Grande do Norte. Relatório de Oficina Diagnóstica em Ceará-
Mirim. Realizada em novembro de 2016

MULHERES CONQUISTANDO AUTONOMIA. Projeto de extensão. Universidade


Federal do Rio Grande do Norte. Relatório de Oficina Diagnóstica em Nova Cruz.
Realizada em 10 de março de 2017

MULHERES CONQUISTANDO AUTONOMIA. Projeto de extensão. Universidade


Federal do Rio Grande do Norte. Relatório de Oficina Diagnóstica em Severiano
Melo. Realizada em 12 de maio de 2017

MULHERES CONQUISTANDO AUTONOMIA. Projeto de extensão. Universidade


Federal do Rio Grande do Norte. Relatório de Oficina Diagnóstica em São Paulo
do Potengi. Realizada em 4 de maio de 2017

MULHERES CONQUISTANDO AUTONOMIA. Projeto de extensão. Universidade


Federal do Rio Grande do Norte. Relatório de Oficina Diagnóstica em Angicos.
Realizada em 22 de julho de 2017

MULHERES CONQUISTANDO AUTONOMIA. Projeto de extensão. Universidade


Federal do Rio Grande do Norte. Relatório de Oficina Diagnóstica em Natal bairro
Planalto. Realizada em 13 de julho de 2017

MULHERES CONQUISTANDO AUTONOMIA. Projeto de extensão. Universidade


Federal do Rio Grande do Norte. Relatório de Oficina Diagnóstica em Jaçanã.
Realizada em 19 de abril de 2017.

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