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O aprendizado da
análise crítica sobre as
obras audiovisuais
Professor Edson Gardin
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O aprendizado da análise crítica sobre as obras audiovisuais
1 Introdução 3
2 Poética de Aristóteles 3
3 Crítica jornalística 4
SUMÁRIO 4 Exemplo de crítica jornalística 5
5 Crítica ou resenha 6
6 Primeiras impressões 6
7 Conhecimentos específicos 7
7.1 Roteiro 7
7.2 Direção 8
7.3 Interpretação 8
7.4 Direção de arte 9
7.5 Fotografia 9
7.6 Efeitos visuais 9
7.7 Mixagem, edição de som e trilha sonora 10
7.8 Finalização 11
8 Gêneros 12
9 Analisando críticas 26
Referências bibliográficas 39
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O aprendizado da análise crítica sobre as obras audiovisuais
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O aprendizado da análise crítica sobre as obras audiovisuais
Quando aplicamos a Poética ao cinema, deve-se que um filme determinado é capaz de produzir
constituir um programa teórico e metodológico que na apreciação. (MIMURA, 2011, p. 6).
assume duas teses como seus próprios pressupostos.
Um dos pressupostos é uma tese sobre a natureza da
peça fílmica, e o outro é uma tese sobre a natureza
No entendimento de Wilson Gomes (2004 apud
da apreciação do filme.
PENAFRIA, 2009, p. 6) e sua análise poética, o filme
- Natureza da peça fílmica: consiste em identificar é uma programação ou criação de efeitos. A seguinte
e tematizar os artifícios que estrategicamente foram metodologia rege tal análise:
postos no filme para despertar esta ou aquela reação
no espectador. Esses artifícios ou recursos expressivos
dizem respeito aos materiais visuais (escala de planos,
1) Enumerar os efeitos da experiência fílmica,
fotografia, enquadramento, movimentos de câmera, ou seja, identificar as sensações, sentimentos e
luz, profundidade de campo), sonoros (trilha sonora sentidos que um filme é capaz de produzir no
e música), cênicos (direção de atores, cenários, momento que é visionado; 2) A partir dos efeitos
figurino, maquiagem, direção de arte) e narrativos chega à estratégia, ou seja, fazer o percurso
(roteiro, movimento de câmera, edição). inverso da criação de determinada obra dando
conta do modo como esse efeito foi construído.
- Natureza da apreciação fílmica: um filme não Se considerarmos que um filme é composto
existe enquanto obra em qualquer lugar ou momento por um conjunto de meios (visuais e sonoros,
exceto no ato da sua apreciação por um espectador, por exemplo, a profundidade de campo e a
isto é, só existe no momento que provoca efeitos e banda sonora/musical) há que identificar como
sentidos para o receptor. é que esses meios foram estrategicamente
agenciados/organizados de modo a produzirem
determinado(s) efeito(s).
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O aprendizado da análise crítica sobre as obras audiovisuais
Apesar da crítica admitir que ambos trabalham de livros, mas também está no jornalismo. A crítica
paralelamente em algumas felizes coincidências, pois acaba trabalhando com outras expressões artísticas,
A árvore da vida, filme que Malick dirigiu, pode ser como cinema, teatro, exposições, e característica
da mesma competência que Kubrick, tal disposição veículos de comunicação como jornais, revistas etc.
não leva Malick a ser considerado um “novo Kubrick”.
6 PRIMEIRAS IMPRESSÕES
Malick nunca fez cinema pensando na bilheteria.
Seus filmes são épicos, nem um pouco religiosos, e Bagagem cultural
ultrapassam o happy end com verdades próprias. Ao
invés disso, são mais filosóficos. Há mais do que uma A crítica do cinema é, sem dúvida, uma atividade
frase de efeito ou uma lição de moral antes da subida que vai além de entender a forma, meios e trucagens
dos créditos. contidas no filme. Como se trata de contar histórias
através de imagens e sons, temos inseridos contextos
Com um roteiro sobre uma família do Texas, A culturais, sociais, filosóficos, literários, estéticos,
árvore da vida fala sobre as dores da rejeição e da históricos e artísticos em geral. É fundamental o
inveja de um filho, com uma melancolia do pai frustrado entendimento das técnicas inseridas no roteiro, na
e uma doce mãe linda e tolerante. Propositalmente, luz, na montagem e nos mais diversos recursos
há pouco diálogos no filme e uma bela fotografia empregados na peça fílmica, além de pensar o filme,
de Emmanuel Lubezki. Quando à parte musical, o que ele pretende comunicar com o próprio olhar e
completada pelas obras primas de Bach, Brahms para quem ele possivelmente se destina.
entre outros, Malick liga a vida de uma família com
a criação do universo, onde um espetáculo visual é Podemos dizer, portanto, que a atividade do
apresentado ao espectador, formando uma sucessão crítico é a de um mediador cultural. A interpretação,
de milagres, luzes e efeitos. derivada do seu conhecimento, sensações e talento,
possibilitará ou não a aproximação do público,
Para onde vamos? Pode ser uma caminho onde o influenciando diretamente em sua decisão de
filme A árvore da vida nos faz pensar. consumir e, muitas vezes, no modo de consumo das
obras de cultura. A relação que se dá entre mediador
5 CRÍTICA OU RESENHA e o público é essencial. Nela acontece uma troca
de experiências entre os espectadores e o crítico,
Crítica e resenha se apresentam como segmentos que leva toda a sua bagagem cultural e expõe ao
distintos. No jornalismo, os textos que aparecem observador as indicações de forma isenta para
em obras teatrais, cinematográficas e de artes facilitar seu entendimento sobre as obras de arte.
plásticas estão no campo da crítica, isto é, no olhar
da construção da obra, avaliando as qualidades Nessa relação de mediação, principalmente no
técnicas, artísticas e de entretenimento. Já a resenha cinema, também são incluídas as peças publicitárias
olha para o relato da obra, avaliando para onde a e as diversas formas de divulgação. Como o filme
obra poderá seguir, criando assim debates dentro do é produto de uma indústria, o convencimento
campo das ideias. para o seu consumo é realizado com frequência
de forma maciça, criando um novo fato cultural e
Dessa forma, apesar das possíveis semelhanças, social, influenciando não só opiniões, mas o próprio
entendemos que resenha e crítica sejam dois gêneros interesse do publico, o que torna o objeto-filme uma
distintos. Podemos dizer que a resenha trabalha em necessidade de consumo.
um processo mais acadêmico, destinado à avaliação
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às salas de cinema e que muitas questões ainda utilizadas esponjas molhadas para a chuva dos
serão apontadas à medida que avanços tecnológicos hambúrgueres.
aparecerem e influenciarem na forma de fazer e ler
o cinema. O score, composto por artistas especializados,
confere grande identificação e força narrativa ao
Na avaliação de um filme, devemos observar os filme. Muitos cineastas fizeram uma espécie de
efeitos visuais como recurso para impulsionar a ação dupla com compositores, o que adicionava grande
de forma verossímil e criar meios e formas de contar. identidade aos seus filmes. Podemos citar como
A crítica destina-se ao público, que, por sua vez, vê exemplo Federico Fellini e Nino Rota, Alfred Hitchcock
nos efeitos visuais um fator importante na tomada e Bernard Hermann e, mais recentemente, Steven
de decisão de consumo do filme. Não devemos fazer Spielberg e John Willians, Tim Burton e Danny
uma separação preconceituosa entre o cinema com Elfman, entre muitos outros.
características europeias – que busca despertar
emoções e questões baseadas em uma condução Apesar de serem artes diferentes que se
dramática tradicional – e o cinema que se utiliza de complementam na experiência fílmica, cada
tecnologia e recursos visuais. O objetivo de provocar compositor possui um estilo próprio, o que torna
emoções e prender a atenção está presente em fundamental o acerto na escolha do mesmo para um
ambos os casos e comumente atrai públicos distintos. determinado filme. A análise crítica do som para o
cinema deve vir acompanhada de certa experiência,
7.7 Mixagem, edição de som e trilha e o ideal é possuir um conhecimento prévio das
várias escolas de cinema: a americana, a europeia,
sonora
a indiana, entre outras, e analisar como o som é
O áudio – tanto as falas como os ruídos e o score utilizado na condução da ação nos filmes. Enquanto
– é uma arte por si própria. Aliado à imagem, se Hollywood se utiliza de grandes orquestras, sistemas
transforma em um poderoso meio de comunicação de mixagem e muita tecnologia para maximizar a
sensorial. Profissionais como sound designers, experiência do espectador, o cinema europeu utiliza
compositores, arranjadores e cineastas se valeram mais o silêncio, pausas e mais simplicidade, sem abrir
desta aliança para adicionar ao filme verossimilhança mão da originalidade. Já a indústria indiana adiciona
e reforçar as emoções pretendidas. Não é por acaso muitas canções aos seus filmes para atrair um público
que sistemas sofisticados de som em salas de cinema que gosta de cantar e participar durante a exibição
ou mesmo em nossas casas fazem tanto sucesso, do filme.
assim como cada vez mais recursos como o panning,
Os principais usos do som são:
utilizado para simular o deslocamento do som entre
caixas introduzido na fase de mixagem, são cada vez
- Ambiente: captado de forma direta ou mixado
mais utilizados.
para ter um aspecto natural.
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- Soundscape: complexa massa de diálogos, que ela representa. Como um artesão, o montador
música, ruído e efeitos sonoros que compõe a possui vários recursos e os principais são:
maior parte dos filmes. Muitas vezes é desenvolvida
antes mesmo do filme ser rodado. Uma espécie de - O ritmo do corte
filme auditivo, com todas as chaves emocionais da
narrativa visual, mas em forma de som. - Fade in, fade out
- Superposição
7.8 Finalização
- Cutaway
Dar ordem ao material colhido implica em:
- Cortes contínuos
- criar o ritmo da narrativa;
- Jump cut
- acrescentar camadas, dando significado às
imagens;
Além de controlar o modo como o espectador
experimenta a narrativa, o montador também tem
- criar “realismo emocional”, mesmo que o
domínio sobre o tempo e o espaço.
espectador, racionalmente, saiba ser “apenas um
filme”.
- Tempo subjetivo: tempo como percebido por
determinada personagem (mais lento ou rápido
No início da produção cinematográfica não havia
demais).
montagem, até porque não havia o que montar. A
necessidade de aumentar a duração das sessões,
- Tempo comprimido/passagem de tempo: pode
oferecendo mais ao público, só podia ter sido
ser breve (o subir de uma escada) ou longo (dias ou
resolvida com a adição de mais imagens. Em 1903,
anos).
Porter levou adiante sua experiência com o que pode
ser considerado o primeiro filme de ação. Com doze
- Tempo simultâneo: eventos diferentes em locais
minutos e possuindo característica de western, O
diferentes que parecem acontecer ao mesmo tempo.
grande roubo do trem narra a conquista do Oeste
utilizando recursos ousados que se tornariam - Tempo ambíguo: tempo subjetivo, quando
parte integrante da linguagem do cinema. Eventos a personagem está alterada por algum motivo
acontecendo ao mesmo tempo em dois lugares (apaixonado, sonhando, drogado).
diferentes, compreensão do tempo, tela dividida e
naturalidade nos cortes fizeram o espectador acreditar - Tempo natural: normalmente obtido pelo plano-
que o cenário da estação de trem e a floresta por sequência, sem interrupções ou cortes.
onde os bandidos fugiram fazem parte da mesma
realidade e compõe uma história sem interrupções.
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É fundamental, na função de crítico de cinema, o reduzido à sua forma mais simplificada, com heróis
entendimento dos gêneros e seus respectivos ciclos. musculosos e com poucas palavras. Suas origens
Muitos filmes lançados recentemente pertencem ou e propósitos, porém, são tão nobres quanto às do
possuem aspectos de gêneros ou subgêneros cada drama, e, por apelar para nossas emoções mais
vez menos utilizados: a nova safra de filmes de terror, instintivas, o filme de ação é extremamente eficiente
western, musicais e até o cinema mudo. Reconhecer e poderoso quando aliado a ideias e propostas bem
um possível ressurgimento ou mesmo saber avaliar fundamentadas.
obras de gêneros menos filmados e identificar o
público a quem ele se dirige é uma função do crítico, Na Poética, Aristóteles ressalta a importância da
que precisa estar sempre atento. ação: “A ação é o princípio vital, a alma mesma do
drama. O drama é uma imitação não de pessoas, mas
Apesar das intermináveis discussões em torno dos de ações” (BAHIANA, 2012, p. 295). Para Aristóteles,
gêneros cinematográficos, podemos identificá-los da a ação é mais eficiente em provocar a catarse quando
seguinte forma: são respeitadas as três unidades:
Ação
Mesmo que Aristóteles tenha se referido ao teatro,
mais propriamente à tragédia grega, a ação dramática
De uma forma simples, filmes de ação são
vale igualmente para o cinema e, de fato, os melhores
caracterizados por uma narrativa dramática
filmes de ação respeitam pelo menos uma dessas
impulsionada pelas ações, e não pelos diálogos.
unidades, se não todas. A série Bourne (A identidade
Nesses filmes, os heróis e vilões constituem um
Bourne, Doug Liman, 2002, A supremacia Bourne,
contraponto fundamental em uma história.
Paul Greengrass, 2004, e O ultimato Bourne, Paul
O filme de ação/aventura ganhou péssima Greengrass, 2007) é um bom exemplo de cinema
reputação nos anos entre 1980 e 1990, quando foi de ação com ideias. Mantém-se presa a uma clara
cadeia de incidentes: a jornada do protagonista em
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busca de sua identidade enquanto é perseguido por Na composição de críticas para filmes de ação
inimigos. Embora a trama se movimente por unidades ou aventura, não se pode deixar levar pelos clichês,
diversas de espaço, a unidade de tempo de cada um rotulando-os como bons ou ruins. A apreciação fílmica
dos episódios é absolutamente precisa e limitada a deve ocorrer em sua totalidade e alguns aspectos são
alguns poucos dias. quase inevitáveis nesse gênero. Situações como o
fim do mundo, a péssima pontaria dos vilões, o herói
O filme de ação versa sobre o herói e sua multifunção que pilota até helicópteros, bordões, força
capacidade de superar obstáculos trazidos por acima do normal, entre muitos outros são inerentes
acontecimentos externos e alheios à sua vontade. aos filmes de ação e devem ser compreendidos por
Idealmente, o filme de ação deve falar ao nosso herói uma realidade própria.
interior, despertando nossos recursos pessoais de
coragem, resistência, abnegação e engenho. Como Como exemplos de filmes de ação podemos citar:
no princípio aristotélico, o herói não deve precisar Indiana Jones e os caçadores da arca perdida (Steven
de palavras para nos empolgar. Seus atos, decisões Spielberg, 1981), Duro de matar (John McTiernan,
e reações frente a obstáculos que o espectador 1988), Homem-Aranha (Sam Raimi, 2002), As
não ousaria enfrentar deve nos convencer de seu aventuras de Robin Hood (Michael Curtiz e William
heroísmo. No filme de ação, os obstáculos não são Keighley, 1938), Rambo 2 - A missão (George P.
gratuitos, são como testes das virtudes dos heróis. Cosmatos, 1985) e Os sete samurais (Akira Kurosawa,
1954).
A conclusão do filme obrigatoriamente deve se dar
com o triunfo do bem contra o mal, mesmo que isso
represente enormes sacrifícios para o herói ou até
mesmo resulte na sua própria morte. A meta não é
o alivio com um final feliz, mas a catarse heroica – o
herói nos redime por encarnar o que há de melhor
em nós.
- Heróis extraordinários
- Violência
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utilizam de uma comédia mais intelectualizada, mais interromper livremente, impulsionando ou pontuando
cerebral. Ao contrário da farsa, a comédia cerebral a narrativa. Como exemplo, temos Sete noivas para
se utiliza de ideias, ironias, sarcasmo e referências sete irmãos (Stanley Donen, 1954). A sátira, que
culturais para provocar o riso sem a necessidade exercita de forma cirúrgica a missão da catarse, pode
de situações ou gestos exagerados. Outro tipo de ser vista nos filmes do Mel Brooks, como Banzé do
comédia muito apreciado é a chamada comédia oeste (1974) ou Jovem Frankenstein (1974). E temos
romântica. É retratado o amor e seus percalços, com ainda a animação cômica em filmes como Shrek
um final normalmente favorável ao protagonista. (Andrew Adamson e Vicky Jenson, 2001) e a Black
Comumente vemos no primeiro ato o rapaz que comedy, que se caracteriza pela fusão da comédia
ganha a moça, ou vice-versa, depois a perde e com terror em filmes como Marte ataca (Tim Burton,
depois a ganha de volta. Simples, mas eficiente. Bons 1996) ou Queime depois de ler (Ethan e Joel Coen,
exemplos são Ligeiramente grávidos (Judd Apatow, 2008).
2007), Bonequinha de luxo (Blake Edwards, 1961)
ou até Sex and the city (Michael Patrick King, 2008),
que, apesar de poder ser visto como uma comédia
romântica, é carregada de cinismo e reproduz uma
convivência mais áspera entre os sexos.
Fonte: <http://www.pinterest.com/pin/380624605979781334/>.
Acesso em 25/06/2014.
- Farsa
Fonte: <http://2.bp.blogspot.com/_czP55vlU1D4/S6yPnez2BXI/
AAAAAAAAAfc/7kcNY2caSGI/s1600/annie-hall.jpg>. Acesso - Comédia cerebral
em 25/06/2014.
- Comédia romântica
Temos ainda filmes que podem ser classificados
como comédia musical. É a estilização suprema do - Comédia musical
musical, intermediado pelo romance e com finais
felizes, onde o canto e a dança têm permissão para - Sátira
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Fontes: <http://www.cinemadetalhado.com.br/2012/03/critica-
touro-indomavel-raging-bull.html>;<http://2.bp.blogspot.com/_
Pn96fSqXU1k/S8xSeCq7GJI/AAAAAAAAAqE/wMdi4ISx2FQ/
s1600/Forrest_Gump.jpg> ;<http://nuke.romeheritagetours.
com/Portals/0/la_dolce_vita(2).jpg> ;<http://www.kino.tv/wp-
content/uploads/2011/05/Million-Dollar-Baby.jpg> . Acesso em
25/06/2014.
Fantástico
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Fontes:<http://2.bp.blogspot.com/-esR7aVJ1NwI/UOkoXagjGEI/
AAAAAAAADhc/0axjyD2HV7M/s1600/The_Wizard_Of_
Oz.jpg>;<http://clipandfollow.com/wp-content/uploads/2013/04/
Willy-Wonka-the-Chocolate-Factory.jpg>. Acesso em
25/06/2014.
Ficção cientifíca
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Musical
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Fontes: <http://2.bp.blogspot.com/E8I7clxGV3M/UYfbE6sLsiI/
AAAAAAAAF28/568l6XekgKw/s1600/Cantando+na+Chuva.
jpg>;<http://www.sinemablog.com/wp-content/uploads/2008/09/
mamma_mia.jpg>. Acesso em 25/06/2014.
Terror
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Wiene, 1920) e Nosferatu (Friedriche Murnau, 1922). linha dramática clara em sua narrativa. Na série Sexta-
Trevas, penumbras e mistério são características a feira 13, por exemplo, temos jovens acampando
este gênero. Uma linguagem muito própria e que perto de lago, onde são assassinados por um morto-
se alargaria para o futuro do gênero em Hollywood, vivo com uma mascara e um facão. O espectador
onde conheceria as suas mais destacadas obras. sabe que o assassino conhecido como Jason não vai
morrer, sabe que ele terá um duelo no final com o
Narrativas complexas, vítimas e vilões fazem “bonzinho” entre os jovens que foram acampar – como
com que o gênero terror avance para fronteiras e uma fórmula independente do ambiente/espaço, que
características que acabam se confundindo com sempre segue da mesma forma. Criticar esse gênero
outros gêneros parecidos, como o fantástico e a é se aproximar ao máximo da visão do espectador. A
ficção científica, bem como filmes de ação e thriller. qualidade do vilão, como vampiros, zumbis e outros
é decisiva, assim como a identificação dele com o
Herdeiro de uma tradição literária de gênero público.
que antecedeu o surgimento do cinema, o filme de
terror desde cedo encontrou um lugar privilegiado Na busca de referências do filme de terror, podemos
na produção fílmica, como o demonstram títulos ir aos tempos mais recuados e apontar títulos como
fundamentais do expressionismo alemão, entre os Drácula (Tod Browning, 1931) ou Frankenstein
quais O Gabinete do Dr. Caligari (Robert Wiene, 1920) (James Whale, 1931). Mais recentemente, temos
e Nosferatu (Friedriche Murnau, 1922). As ambiências The evil dead (Sam Raimi, 1981) e Sexta-feira 13
de trevas, penumbras e mistério tão características (Sean S. Cunningham, 1980).
a este gênero haveriam de encontrar na estilística
do cinema alemão dos anos 1920 um contexto
extremamente propício e que se alargaria para o
futuro do gênero em Hollywood, onde conheceria as
suas mais destacadas obras.
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Western
Fontes: <http://3.bp.blogspot.com/_ChkYlXdArdc/TCcB_
H71mUI/AAAAAAAAAOI/xi_Qn5SBjyo/s1600/vertigo.
jpg>;<http://2.bp.blogspot.com/-8K8jSK-2Kj0/UIsoXDHUrNI/
AAAAAAAADTQ/L7gLGvL6p10/s1600/O%2BSil%25C3%25AA
ncio%2Bdos%2BInocentes.jpg>. Acesso em 25/06/2014.
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9 ANALISANDO CRÍTICAS
Sem adentrarmos no campo do debate entre
erros e acertos, analisaremos a construção e a
argumentação de críticas feitas por profissionais
experientes em distintos gêneros cinematográficos,
visando o entendimento e possíveis caminhos para
uma boa crítica fílmica.
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O aprendizado da análise crítica sobre as obras audiovisuais
Fonte: <http://4.bp.blogspot.com/8ImKuIz9TiU/T_
nblgCkpbI/AAAAAAAAAKA/3wkX8G01UKM/s1600/
Quem+quer+ser+um+milionario.jpg>. Acesso em 25/06/2014.
Fonte: <http://s650.photobucket.com/user/zank-29/media/
Transpor para a tela grande do cinema o super_agente_86.jpg.html>. Acesso em 25/06/2014.
humor ágil e sutil do antigo seriado de TV
“Agente 86” poderia ser um grande desastre.
Afinal, o confuso agente secreto criado por Mel
Brooks e Buck Henry, com a intenção explícita A trama atualiza a história do Controle,
de parodiar os filmes de James Bond, destilava agência secreta de espionagem onde trabalha
na telinha um humor sutil, de pequenos gestos Maxwell Smart. Agora, o Controle vende a
e texto inteligente. Ou seja, características que ideia de que ele não existe mais, pois teria sido
passam longe das comédias americanas de descontinuado pelo governo dos EUA, logo após
cinema da era pós-Irmãos Farrelly. o desmoronamento da União Soviética. Como
sua principal função era a espionagem contra os
Felizmente, porém, os produtores deste antigos comunistas, a agência teria se tornado –
novo “Agente 86” realizaram dois grandes literalmente – peça de museu. Porém, este boato
acertos: contratar os próprios Mel Brooks e Buck nada mais é que uma estratégia para manter
Henry como consultores do filme, e escalar o o Controle mais secreto ainda. Ele continua
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existindo em algum lugar nos subterrâneos de a Polícia Vem Aí 33 1/3”) conseguiu imprimir ao
Washington, por onde só se chega através de um seu elenco. Não somente ao casal central, como
elevador disfarçado de cabine telefônica, ícone também aos ótimos coadjuvantes Alan Arkin
inesquecível da abertura do seriado original. (como o Chefe) e Dwayne “The Rock” Johnson,
como o Agente 23. Com direito a uma pontinha
É neste momento que o roteiro confunde um de Bill Murray.
pouco o fã da antiga série. Neste novo contexto,
ainda que ambientado nos dias de hoje, Smart Graças às suas elaboradas cenas de ação,
ainda é um agente apenas burocrático, interno, “Agente 86” é uma produção cara, de custos
sem atuação em espionagens em campo. Ele estimados em US$ 80 milhões. Se for sucesso
ainda não conhece a agente 99 (Anne Hathaway, de bilheteria – o que deve acontecer – espera-
de “O Diabo Veste Prada”, revelando seu lado se uma continuação. Mesmo porque neste filme
sensual), tampouco o vilão Siegfried (Terence Max ainda não disse “eeeeeu... vou adorar!”.
Stamp, de “Priscilla, a Rainha do Deserto”) da (Fonte: <http://www.planetatela.com.br/critica.
agência do Mal KAOS. Ou seja, se o Controle vive php?cri_id=206>. Acesso em 27/06/2014).
uma nova fase, pós-Guerra Fria, como 86 ainda
sequer conhece aquela que viria a se tornar
sua inseparável parceira, e como ele também
desconhece o grande vilão da era comunista? Comentário
Em que tempo, afinal, o filme se passa?
Celso Sabadin inicia sua crítica expondo
seus receios quanto a versões modernas de
clássicos, o que serve tanto para aproximar
o leitor – que possivelmente tem o mesmo
sentimento – como serve de estopim para
desenvolver o texto, principalmente se for
para posteriormente elogiar essa relação do
medo com a grata surpresa. Sabadin cita os
problemas com o enredo do filme e o do antigo
seriado. Mesmo que muitos não os tenham
visto, é importante conhecer aspectos do filme
aos quais a crítica se destina, principalmente
neste caso (uma versão para o cinema de um
seriado clássico dos anos 1960). Para isso não
basta ver uns episódios, mas conseguir inseri-
lo culturalmente e socialmente com a época
Fonte: <http://35mms.files.wordpress. quando era produzido. No final, temos citações
com/2008/06/folheto-agente-86-promocao-fnac- de trabalhos anteriores dos realizadores, o que
pinheirosfinal.jpg>. Acesso em 25/06/2014.
ajuda a aproximar o espectador com o filme, e
dos valores do custo da produção. Ele termina
com uma frase muito usada no seriado que
Engolido este dogma cinematográfico, não se fez presente no filme, remetendo a uma
resta curtir a nostalgia, o bom humor, as possível continuação. É uma crítica que inicia
situações divertidas, os antigos bordões (“Errei bem o texto, desenvolve-se com conhecimento e
por um tantinho assim” ou “Acreditaria se eu informação e termina igualmente bem, fazendo
dissesse...”), os diálogos espirituosos e a intensa um prognóstico para uma possível continuação.
química que o diretor Peter Segal (de “Corra que
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Os vingadores, por Rubens Ewald Filho É verdade que o filme custa um pouco a
engatar por uma razão evidente: são muitos
personagens e depois de uma primeira sequência
de ação há muito o que explicar e contar (o que
às vezes é feito em flashbacks recurso pouco
usado neste tipo de filme). Mas as informações
são fundamentais. Nick Fury (Jackson), que não
possui superpoderes, tem surpreendentemente
pouco a fazer a não ser gritar ordens e brigar
com o Conselho Supremo, já que a ação fica
por conta dos outros super-heróis que andou
convocando e recolhendo.
Já faz anos que a gente está se preparando para Toda a ação é motivada por um ataque de
a chegada deste Avengers, promovidos de maneira alienígenas que vêm recuperar uma fonte de
muito hábil com teasers no final dos filmes individuais energia que estava sendo estudada e explorada
dos super-heróis e endereçados diretamente aos fãs pelos humanos, e advinha quem está no
de quadrinhos. comando da invasão? Justamente o irmão
adotivo de Thor (que naturalmente se junta ao
Também a escolha do diretor parecia acertada grupo e em determinado momento, veja que
ao usar o critério de aproveitar um diretor alívio, irá recuperar o seu Martelo!). E o tal de
que fosse fã do gênero (como fizeram com Loki é interpretado sinistramente pelo britânico
Sam Raimi em Homem-Aranha) e que mesmo Tom Hiddleston. Desta vez sem o menor
fazendo algumas mudanças, respeitasse as escrúpulo de assumir sua vilania encenando um
regras fundamentais do original. No caso, Joss espetacular assalto e destruição a Nova York.
Whedon, vindo da TV (mais adiante a biografia Scarlett Johanson faz a única mulher do grupo,
dele e algumas restrições). a Viúva Negra, de origem russa (não fizeram o
filme dela ainda).
Ainda assim este primeiro grande blockbuster
do ano (não esqueçam que o fracassado John Mas sabem quem rouba o filme? É justamente
Carter levou à derrubada do Presidente da o Hulk, que já vinha de duas tentativas fracassadas
Disney!) deve agradar e fazer sucesso. Para de ser aceito no cinema e que parece encontrar
mim, por uma razão básica: é bem divertido! seu passo certo com a cara de Mark Ruffalo (que
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sempre é uma boa figura) e sempre desenhado UP - altas aventuras, por Luiz Carlos Merten
por efeitos digitais. Acho que Whedon sacou o
importante: Hulk vem com senso de humor e
provoca duas ou três situações que fazem os fãs
vibrar!
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À sombra do herói
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futurista tão próxima do nosso tempo?), e traz controle perfeito sobre o tempo cinematográfico,
o impecável Antonio Banderas como o bem- sobre o espaço cênico e sobre o que seus atores
sucedido cirurgião plástico Richard Legrand que, têm a oferecer. Com isso, cria momentos de
após a trágica morte de sua esposa (que tem sensibilidade ímpar. A mescla de sentimentos
seu corpo completamente incinerado em um opostos e de gêneros completamente diferentes
acidente), parte em busca de uma “pele perfeita”, em uma mesma cena é a maneira que Almodóvar
que poderia tê-la salvado. Sem limites em sua tem de mostrar a sua visão sobre a vida, em que
insaciável busca, Richard é capaz de tudo para tragédia, comédia e melodrama digno de novela
tentar reescrever a história e evitar o inevitável. mexicana estão sempre misturados, com limites
muito mal-estabelecidos entre eles.
A verdade é que qualquer resenha sobre a
nova película de Almodóvar seria redutível em Em A pele que habito, por trás da complexa
relação à grandiosidade da obra. O diretor vai trama, Almodóvar traz ainda uma complexa
e volta no tempo e constrói a história de forma discussão. Na busca do homem pelo controle
que nossas emoções fiquem sempre suspensas, sobre a vida, na tentativa eternamente frustrada
na espera do que pode acontecer no momento de evitar a morte e alcançar a eternidade,
seguinte. E as reviravoltas não param em vimos nossas ciências e tecnologias chegarem a
nenhum momento da trama. níveis extremos de evolução. E se, nessa busca,
tivermos a chance de enfim darmos à luz a
esse “super-homem”? Quais são os limites que
estaremos dispostos a ultrapassar e os sacrifícios
que estaremos dispostos a fazer? A última fala
do filme pode ser, talvez, um sopro desesperado
para que se veja a humanidade por trás de toda
a “perfeição” técnica. A superficialidade dessa
última não pode se sobrepor à intensidade da
primeira.
Comentário
Fonte: <http://maniacosporfilme.files.wordpress.com/2012/03/a-
pele-que-habito.jpg>. Acesso em 25/06/2014. Gabriel Medeiros faz uma crítica elogiosa,
justificando os pontos positivos da narrativa e da
habilidade de Almodóvar em mesclar gêneros e
prender a atenção do espectador. Tudo bem escrito,
O diretor francês François Truffaut disse uma
com boas referências, exaltando o cinema de autor
vez que o diretor de cinema era o único que não
e tendendo para o elogio. Medeiros faz ainda um
podia se queixar de nada, pois, independente do
breve comentário sobre questões implícitas no filme
que fizesse, o filme teria a sua marca no final.
e termina jogando flores. É importante dizer que esse
Almodóvar tem a consciência disso e sabe a
é realmente um filme muito bom e que Almodóvar
responsabilidade que sua posição traz. Ele tem o
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possui um público específico, fãs acostumados com raciocínio que permite pensamentos similares
o seu trabalho. Para esses espectadores, essa crítica ao, em um estupro, considerar a mulher como
comunica muito bem. Cabe, porém, pensarmos mais motivo.
uma vez sobre o “culto ao autor”.
Outros personagens também sofrem por não
A primeira coisa bela, por Alice Turnbull serem politicamente corretos. Bruno, o filho,
interpretado por Valerio Mastandrea, busca
fugir da realidade com drogas lícitas e ilícitas.
O porquê é preconceituosamente explicado pela
Depois de dois anos, o longa A primeira mãe: “desejo de ser infeliz”. Um pensamento um
coisa bela, de Paolo Virzì, chega aos cinemas tanto quanto torto.
brasileiros. Indicado ao Oscar de 2010, o filme
de teor machista e tragicômico narra a história Por essas e outras, A primeira coisa bela é
de uma dramática e fragmentada família que, um filme “quadrado”. Mas nem tudo é tão
após muitos anos, se vê reunida pelo estado radical. Também é possível analisá-lo com um
grave de saúde da mãe. olhar conformista do tipo “mas é assim que a
maioria enxerga”. A partir daí a beleza de uma
Sem muita força, porém não sem estética, crônica pode até ser avistada. Mas o título seria
o filme começa bem ao fazer da breguice do “A Novela da Moral”. (Fonte: <http://www.
concurso de Mamãe Mais Bela metonímia jb.com.br/cultura/noticias/2012/06/19/critica-a-
da época e na produção da beleza natural e primeira-coisa-bela/>. Acesso em 27/06/2014).
sem jeito de Micaella Ramazzotti. Apesar de
bem produzida e de encantar visualmente,
Ramazzotti, esposa do diretor, não convence
no papel da mãe quando jovem. Ao longo de
sua atuação ainda sofre com a maquiagem
que, na tentativa de envelhecer a atriz, peca. O
resultado é apenas estranho. Já mais velha, em
2009, Anna surpreende. Interpretada pela atriz
Stefania Sandrelli, a mãe finalmente nos envolve
e faz juz ao espírito da personagem.
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Comentário
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