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PLANEJAMENTO E
DESENHO URBANO

I. O QUE ENTENDEMOS POR PLANEJAMENTO E DESENHO URBANO

! O planejamento urbano engloba concepções, A urbanização em larga escala também cria


planos e programas de gestão de políticas desafios de como atender o crescimento do
públicas, por meio de ações que permitam contingente populacional em sua demanda por
harmonia entre intervenções no espaço urbano bens e serviços de primeira necessidade, como
e o atendimento às necessidades da população. alimentos, água, energia, assistência médica,
O planejamento identifica as vocações locais ensino, redes de saneamento básico, moradia
e regionais de um território, estabelece as acessível e em número suficiente.
regras de ocupação de solo e as políticas de
desenvolvimento municipal, buscando melhorar Isso faz com que os gestores se deparem
a qualidade de vida das pessoas. com necessidades complexas da população
por infraestrutura, sistemas eficazes de
O desenho urbano é uma atividade que visa abastecimento da cidade pelo campo,
à transformação das formas urbanas e seus quantidade de profissionais públicos qualificados
espaços, ao trabalhar a aparência, a disposição que atuem nos serviços de Educação e Saúde,
das construções e as funcionalidades dos política de limpeza pública, entre outros
municípios. Dessa forma, funciona como um equacionamentos sofisticados.
instrumento para reduzir os impactos negativos
que a urbanização desequilibrada provoca no Em vista do aumento populacional, do
meio ambiente e possui papel estratégico nos crescimento da renda que permitiu uma
projetos de integração regional. expansão da massa consumidora, dos fluxos
populacionais entre diferentes regiões e das
No caso do Brasil, a urbanização acelerada demandas metropolitanas, observáveis em
das últimas décadas, realizada sem o devido diversas partes do mundo, o comitê de Meio
planejamento, agravou o quadro de exclusão Ambiente da União Europeia recomenda a
social e violência urbana que fora gerado adoção de um novo modelo de cidade. Ao invés
por um modelo econômico concentrador de da aglomeração e fragmentação das grandes
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renda e por crises como a recessão mundial do metrópoles, a entidade defende o padrão
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final da década de 1970 e a crise da dívida da baseado em cidades compactas, mas que
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América Latina, no início da década de 1980. apresentem multifuncionalidades.


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! As cidades devem manter uma rede de serviços As menores dimensões e uma boa cobertura
capilarizada em seu território não muito extenso dos serviços e equipamentos em geral também
- o que permite à população ser suprida em possibilitam maior capacidade de transformação
suas necessidades e anseios sem que precise das áreas degradadas em espaços de convívio
percorrer grandes distâncias. para a comunidade, com oferta de áreas verdes,
de lazer, cultura e moradias revitalizadas, a
! As consequências positivas para o meio exemplo do que foi realizado no antigo lado
ambiente são evidentes. A redução dos oriental da cidade de Berlim. Na capital alemã,
deslocamentos urbanos diminui, por exemplo, grandes prédios brutalizados do período
a emissão dos gases de efeito estufa provocada comunista foram recuperados e deram lugar a
pelos meios de transporte e mesmo pelo fluxo moradias para estudantes e artistas de toda a
de gente. Europa a preços bem mais acessíveis que em
capitais como Paris ou Londres.
Reduzem-se, também, as demandas por
grandes malhas estruturais, como longas
artérias automobilísticas, comuns nas
metrópoles brasileiras.

II. CONDIÇÕES PARA PROMOVER O PLANEJAMENTO E DESENHO URBANO

ESTATUTO DA CIDADE E PLANO DIRETOR De acordo com o Estatuto da Cidade, o Plano


Diretor deve ser aprovado por lei municipal para,
http://www.senado.gov.br/senado/programas/ em seguida, tornar-se instrumento básico da
estatutodacidade/oquee.htm política de desenvolvimento e expansão urbana.
Como parte de todo o processo de planejamento
O Estatuto da Cidade é a denominação da Lei municipal, o Plano Diretor, que orienta
10.257, de 10 de julho de 2001, que regulamenta localmente a implantação do Estatuto da Cidade,
o capítulo “Política Urbana” da Constituição deverá estar integrado ao Plano Plurianual, às
Federal. O documento tem por objetivo garantir diretrizes orçamentárias futuras e ao orçamento
o direito de todos os cidadãos às oportunidades anual. Ele deve ser elaborado com a participação
que a vida urbana oferece e definir as diretrizes de toda a sociedade, cujos representantes devem
a serem seguidas pelos municípios ao elaborar apresentar ideias sobre os rumos do município
suas políticas urbanas, tendo em vista que e acompanhar a execução das propostas
devem ser voltadas a viabilizar cidades justas. Em aprovadas no estatuto. Experiências que podem
consequência, irão possibilitar a todos o desfrute servir de modelo encontram-se no site do
dos inúmeros benefícios da urbanização, Ministério das Cidades. (Ver: http://migre.me/
em contraponto aos efeitos colaterais da dGnfa)
metropolização desorganizada.

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III. OBJETIVOS E INDICADORES PROPOSTOS PARA O EIXO PLANEJAMENTO E DESENHO
URBANO

OBJETIVO GERAL • Assegurar a compatibilidade de usos


do solo nas áreas urbanas, oferecendo
! Reconhecer o papel estratégico do adequado equilíbrio entre empregos,
planejamento e do desenho urbano na transportes, habitação e equipamentos
abordagem das questões ambientais, sociais, socioculturais e esportivos, dando prioridade
econômicas, culturais e da saúde, para ao adensamento residencial nos centros das
benefício de todos. cidades.

Planejar a estrutura da cidade e o seu • Assegurar uma adequada conservação,


crescimento resultará em mais qualidade de renovação e utilização/reutilização do
vida, permitirá à gestão municipal antecipar patrimônio cultural urbano.
as saturações contemporâneas que as
cidades apresentam, traçar políticas públicas • Adotar critérios de desenho urbano e de
que previnam esses problemas e realçar os construção sustentáveis, respeitando e
pontos fortes do município (ver: http://www. considerando os recursos e fenômenos
cidadessustentaveis.org.br/eixos/vereixo/5). naturais no planejamento.

!
OBJETIVOS ESPECÍFICOS O objetivo deste eixo é fomentar ideias
inovadoras e ações para solucionar os problemas
• Reutilizar e regenerar áreas abandonadas ou urbanos. Entre essas ideias, podem estar
socialmente degradadas. o reaproveitamento de áreas degradadas
(centros, região de porto, áreas industriais), o
• Evitar a expansão urbana no território, adensamento de áreas urbanas e o planejamento
dando prioridade ao adensamento e do uso do solo, que são primordiais para o
desenvolvimento urbano no interior dos desenvolvimento sustentável.
espaços construídos, com a recuperação dos
ambientes urbanos degradados, assegurando
densidades urbanas apropriadas.

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INDICADORES REFERENTES AO EIXO PLANEJAMENTO E DESENHO URBANO

(Indicadores detalhados: consultar anexo no final deste Guia.)

Favelas (população)
DESENHO URBANO

Área desmatada
PLANEJAMETO E

Reservas e áreas protegidas

Edifícios novos e reformados que têm certificação


de sustentabilidade ambiental

Calçadas consideradas adequadas às exigências legais

OS BENEFÍCIOS QUE OS INDICADORES NOS TRAZEM 2. Recuperação de áreas degradadas:


restauração de espaços urbanos degradados
Embora todo cidadão tenha direito à moradia, por meio da implantação de políticas
parcelas da população enfrentam as dificuldades públicas que visem à qualidade de vida,
provocadas pelos déficits habitacionais. Com sustentabilidade e à criação de áreas
efeito, o objetivo dos indicadores é acompanhar multifuncionais e criativas para o convívio
e gerar ações para diminuir essas carências em coletivo.
áreas como favelas, preservar ou recuperar a
biodiversidade em áreas desmatadas e reservas 3. Política de Urbanismo Verde: incentivo ao
ambientais, indicar a construção ou recuperação plantio e à distribuição de árvores ao longo
de edifícios sustentáveis com certificação do território municipal, especialmente
e a instalação de calçadas que permitam a para criação de corredores ecológicos e a
mobilidade urbana adequada e atendam às consolidação de um urbanismo verde que se
exigências legais. reflita positivamente na qualidade do ar, no
clima e no bem-estar social.
DICAS DE GESTÃO
4. Programa de Construções Públicas
1. Política de adensamento urbano: promoção Sustentáveis: implantação de projetos
de políticas que especifiquem o adensamento de construção civil que tragam soluções
das áreas urbanas já consolidadas, evitando aos problemas ambientais relacionados à
que a cidade se expanda ainda mais em seu atividade desse setor. Um dos caminhos para
território. isso poderia ser a concessão de Selos Verdes a
empreendimentos que utilizem mão de obra
e materiais locais, aproveitem resíduos sólidos
nas obras, empreguem técnicas e materiais
que possibilitem a redução do consumo

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energético, usem madeira certificada, das caminhadas, do uso de bicicletas – e
priorizem materiais não tóxicos, captem e o integre às diferentes redes de condução
utilizem águas de chuva para diminuir o pública (ônibus, metrô, trens), a fim de
consumo de água tradicional, construam reduzir a circulação de veículos motorizados
telhados verdes (com vegetação no topo do particulares, muitas vezes subaproveitados
edifício que contribui para regulação climática por apenas uma pessoa em seu interior. Tal
no interior do prédio e atrai pássaros), iniciativa, se ganhar a devida dimensão, pode
entre outras características arquitetônicas restringir a emissão de gases poluentes e de
sustentáveis. efeito estufa, os custos ambientais, o desgaste
das malhas rodoviárias e incentivar o emprego
5. Mobilidade Urbana Integrada e Sustentável: de energias renováveis e menos poluentes.
redesenho do espaço urbano que priorize
o transporte não motorizado - a exemplo

IV. COMO FAZER?

Para sintetizar os conceitos apresentados sobre planejamento e desenho urbano, seguem abaixo
exemplos práticos bem-sucedidos que podem servir como modelo ou inspiração para o seu município:

PLANEJAMENTO E GESTÃO URBANA

URBAN TNS Baseado em princípios científicos de


sustentabilidade, o Urrban TNS® possibilita
www.thenaturalstep.org/sites/all/files/urban_ um detalhado levantamento da situação do
tns.pdf município, a identificação de boas iniciativas
já existentes e a criação de um plano de ações
Desenvolvido na Suécia, o Urban TNS® é um prioritárias. Sua execução une os governos e a
instrumento aplicável a qualquer município, sociedade.
ou mesmo a um bairro ou empreendimento
imobiliário, independentemente do seu porte.
Auxilia a administração na tarefa de acordar os
anseios dos diferentes setores da sociedade,
tendo em vista o desenvolvimento sustentável.
Tem sido adotado com resultados positivos em
países da Europa, Ásia, África e do continente
americano.

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ECO-VILAS, ECO-BAIRROS E CIDADES EM TRANSIÇÃO

http://mbecovilas.wordpress.com/ecovilas/ Ao mesmo tempo, o movimento das Cidades


http://www.ecobairro.org.br/site/dna_ em Transição (Transition Towns) tem como
economia.html objetivo transformar os municípios em modelos
sustentáveis, menos dependentes do petróleo,
Ecovilas são comunidades rurais ou urbanas de mais integrados à natureza e resistentes
pessoas que buscam integrar um ambiente social a crises externas, tanto econômicas como
e um estilo de vida de baixo impacto ecológico. ambientais. A Rede Transition Network (http://
Para atingir esse objetivo, as ecovilas adotam www.transitionnetwork.org/) foi fundada
construções de baixo impacto, produção verde, com a missão de encorajar e dar suporte e
energia alternativa e práticas de fortalecimento treinamento às comunidades com base nesses
da comunidade. Similarmente, há propostas princípios.
para Eco Bairros em desenvolvimento no Brasil.

BUENOS AIRES, ARGENTINA

Renovação urbana de Puerto Madero, um dos 48 bairros que


compõem a agradável cidade de Buenos Aires.
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/
arquitextos/05.059/470 Para efetivar essa iniciativa, a gestão municipal
realizou estudos para revitalização da região e
Buenos Aires tinha problemas históricos organizou um concurso nacional de ideias que
em relação ao descarregamento de navios embasassem o Plano Diretor do bairro.
em sua costa, devido à baixa profundidade
do Rio da Prata. Com o apoio da cidade O caso de Puerto Madero demonstra como
espanhola de Barcelona, a municipalidade políticas públicas de renovação urbana de
portenha desenvolveu, em 1991, um notável áreas degradadas podem ser exitosas quando
projeto de renovação urbana. Concebido de bem planejadas e recebem a participação da
forma a incorporar o porto à cidade, como sociedade.
uma extensão do seu centro, nasceu a região

SITES RELACIONADOS

Portland, Estados Unidos - Crescimento Totnes, Inglaterra - Cidades em Transição,


Inteligente desenhando comunidades sustentáveis
http://www.cidadessustentaveis.org.br/boas_ http://www.cidadessustentaveis.org.br/boas_
praticas/exibir/42 praticas/exibir/151

Malmö, Suécia - Ecocidade de


Augustenborg
http://www.cidadessustentaveis.org.br/boas_
praticas/exibir/39

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V. REFERÊNCIAS

CARTILHA LEGISLAÇÃO

Banco de Experiências de Planos Estatuto da Cidade


Diretores Lei Nº 10.257/2001
http://www.cidades.gov.br/index.php/
planejamento-urbano/392-banco-de- Capítulo sobre a política urbana da
experiencias Constituição Federal (artigos 182 e 183)

Cartilha Plano Diretor: Participar é um Política Nacional de Saneamento Básico


direito! LEI Nº 11.445/2007
http://www.direitoacidade.org.br/publicacoes_
interno.asp?codigo=195 WEBSITES

Estatuto da Cidade – para compreender Ministério das Cidades


http://www.em.ufop.br/ceamb/petamb/ www.cidades.gov.br
cariboost_files/cartilha_estatuto_cidade.pdf
Ministério do Meio Ambiente
Implementação de Ações em Áreas www.mma.gov.br
Urbanas Centrais e Cidades Históricas
http://www.capacidades.gov.br/noticia/59/Imple Nações Unidas
mentacao+de+Acoes+em+Areas+Urbanas+Cen www.un.org
trais+e+Cidades+Historicas+-+Manual+de+Orie
ntacao#!prettyPhoto The Natural Step
www.thenaturalstep.org
O Estatuto da Cidade para compreender
http://www.conselhos.mg.gov.br/ The Cities Programme
uploads/24/06.pdf http://citiesprogramme.com
http://terra-geog.lemig2.umontreal.ca/donnees/
Projet%20Bresil/urbanisation/cartilha_estatuto_ Transition Towns
cidade%20cef.pdf www.transitionnetwork.org

Vamos mudar nossas cidades UN-HABITAT


http://www.direitoacidade.org.br/publicacoes_ www.unhabitat.org
interno.asp?codigo=210

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INSTITUTOS ONU. Urban Planning for City Leaders.


Nairobi, 2004.
Instituto Brasileiro de Administração
Municipal (Ibam) ROMERO, M. A. B. O Desafio da Construção
http://www.ibam.org.br/ de Cidades Sustentáveis. UNB. Brasília: LaSUS
- Laboratório de Sustentabilidade Aplicada à
FONTES BIBLIOGRÁFICAS Arquitetura e Urbanismo, 2011.

ACSELRAD, H. (Org.). A Duração das Cidades: SPANGENBERG, J. Retroinovação–


Sustentabilidade e Risco nas Políticas Enverdecimento Urbano: Uma Antítese
Urbanas. Rio de Janeiro: Ed. Lamparina, 2009. ao Aquecimento. In: Revista Arquitetura e
Urbanismo. São Paulo: ano 23, nº. 167, fev. de
NGAH, I. Urban planning a conceptual 2008.
framework. Jurnal Alam Bina Jilidno.1, 1998.
UE. Cidades de Amanhã: Desafios, visões e
perspectivas. Bruxelas, 2011.

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