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29/09/2016 ­ 05:00

Capital da Noruega adota plano radical para cortar
emissões
Por Alister Doyle

O governo esquerdista de Oslo divulgou ontem seu primeiro orçamento "climático" da cidade, cuja meta é cortar pela
metade, em quatro anos, as emissões de gases causadores do efeito estufa. Esse será um dos experimentos mais radicais no
mundo para diminuir o aquecimento global.

O orçamento, que traça metas anuais para conter as emissões de carros, casas e empresas na capital norueguesa, soma­se a
um plano anunciado em 2015 para proibir a circulação de carros particulares no centro da cidade.

"Vamos contar o dióxido de carbono da mesma forma como contamos dinheiro", disse o secretário de Finanças da cidade,
Robert Steen, sobre as metas de cortar as emissões pela metade até 2020.

A coalizão de esquerda liderados pelo Partido Trabalhista, de Steen, ganhou maioria na Câmara Municipal de Oslo em
2015, para um mandato de quatro anos, e começou a usar seus amplos podres para redesenhar a capital de uma nação
governada pela direita.

Pelo plano anunciado, Oslo vai elevar os pedágios para os carros que entrarem na cidade, cortar vagas de estacionamento,
reduzir gradualmente o uso de combustíveis fósseis no aquecimento de casas e escritórios até 2020, trocar a frota de
ônibus para veículos movidos a energias renováveis e construir cada vez mais ciclovias.

Seth Schultz, da organização C40 Cities, de Nova York, que reúne 86 cidades empenhadas em enfrentar as mudanças
climáticas, afirmou não ter conhecimento de um plano tão radical em qualquer outra grande cidade.

"Integrar o carbono no orçamento financeiro é novidade", disse. Mais e mais cidades, de Buenos Aires à Pequim, vêm
apresentando planos para conter as emissões de gases causadores do efeito estufa.

A Câmara Municipal de Oslo já havia acertado anteriormente cortar as emissões da cidade pela metade, para 600 mil
toneladas de dióxido de carbono em 2020, de 1,2 milhão de toneladas de 1990. O orçamento climático divulgado ontem
mostra como se pretende alcançar isso. Em relação ao nível atual, de 1,4 milhão de toneladas, o corte previsto vai ser ainda
maior. Para 2030, a meta é de emissões líquidas zero.

Mesmo se o plano não atingir as metas, Steen disse que o esforço de colocar em evidência os riscos das mudanças
climáticas, como o aumento do nível dos mares e as ondas de calor, vai valer a pena.

Glen Peters, do Centro de Pesquisas Ambientais e Climáticas Internacionais de Oslo (Cicero, na sigla em inglês), destacou
que os cortes previstos não têm precedentes. "Vai ser um desafio."

Nenhum país cortou as emissões em mais de cerca de 5% ao ano, como foi o caso da França, quando passou dos
combustíveis fósseis para a energia nuclear nos anos 70, afirmou Peters.

Os governos de países ricos estimam que serão necessárias décadas para cortar as emissões nacionais pela metade, uma
tarefa mais difícil do que a de uma cidade.
Partes do plano de Oslo dependem de fundos do governo nacional. A cidade vem testando, por exemplo, a captura de
carbono de um incinerador que queima o lixo municipal, mas um projeto em grande escala poderia custar US$ 246
milhões.

"Quando encontrarmos soluções em Oslo, talvez possamos ajudar outras cidades", disse Lan Marie Nguyen Berg, do
Partido Verde, secretária de Meio Ambiente.

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