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Capítulo 3 - Crise, Crescimento e Modernização Autoritária, 1930-45

Marcelo de Paiva Abreu

(Bruno Carazza)

 Superação da Crise e a Política Econômica do Governo Provisório (1930-34)

1. Em decorrência da Crise de 1929, os preços das exportações caíram (sem aumento do quantum exportado) e
interrompeu-se o influxo de capital: deterioração do câmbio e queda das reservas.

2. Adotou-se uma política cambial restritiva em 1930-31, com moratória do pagamento de dívidas em moeda
estrangeira.

3. Mil-réis sofreu uma desvalorização de 55% entre 1930-31, prejudicando a economia cafeeira (pois a demanda
internacional do café é praticamente inelástica em relação ao preço; com a desvalorização, o café fica mais barato
no exterior, mas a receita cambial cai).

4. Indústria foi protegida, graças ao controle das importações e a queda generalizada dos preços das commodities.
Dívidas públicas cresceram tendo em vista a crise cambial.

5. A dívida externa brasileira distribuía-se principalmente entre dois credores: Reino Unido (num montante de US$ 600
milhões, com investimentos em queda e concentrados em setores tradicionais) e Estados Unidos (US$ 200 milhões,
com investimentos que quadruplicaram de 1914 a 1930, concentrados em atividades comerciais e indústria de
transformação). Essa composição gerou interesses divergentes entre os credores: enquanto os britânicos queriam
maximizar os pagamentos atrasados e os americanos preferiam manter sua posição de influência comercial no
Brasil.

6. A crise cambial brasileira e a recessão internacional afetaram os investimentos no país, principalmente os


provenientes da Europa (a participação americana cresceu nesse período).

7. Enquanto Vargas parecia “encarnar o ‘Estado de Compromisso’, tratando de acomodar os interesses conflitantes do
café e da indústria”, sua atuação tendeu a favorecer principalmente a indústria.

8. A crise cambial, com a deterioração dos termos de troca, colaborou para que a recuperação da atividade pós-
recessão se desse de forma mais rápida.

9. No entanto o governo federal, através do Conselho (depois Departamento) Nacional do Café, efetuou uma
significativa compra e posterior destruição dos estoques de café, buscando reduzir o descompasso entre seu nível e
a capacidade de absorção do mercado mundial.

10. O governo ampliou ainda outra política de redução da oferta de café, logo após a Revolução Constitucionalista
(1932), com a destruição de mais de 70 milhões de sacas foram destruídas entre 1931 e 1943.

11. A desvalorização cambial e o controle de importações reorientaram a demanda para produtos nacionais, levando a
uma reversão do saldo do BP (via balança comercial).

12. A política econômica do Governo Provisório pode ser considerada pré-keynesiana devido à intenção de acomodar
um choque fiscal (recessão internacional) através de um aumento no déficit público.

13. Abandono do padrão-ouro em 1930: fim da pressão sobre a base monetária (mecanismo: a partir de um choque
externo há uma pressão para desvalorizar a moeda, caem as reservas, Banco do Brasil vende US$ e compra mil-
réis, com isso reduz-se a oferta monetária).
14. A produção nacional caiu 9%, entre 1928 e 30, permaneceu estagnada em 1931-31 e cresceu a uma média de 10%
ao ano entre 1932 e 1939.

15. A participação das importações na oferta total caiu de 45% em 1928 para 25% (1931) e 20% (1939).

 Boom Econômico e Interregno Democrático, 1934-37

1. Período marcado pela pressão americana para o Brasil liberar um regime de câmbio especial para os EUA.

2. Entre 1936 e 1937 as reservas acumularam-se, como resultado da ampliação das exportações, enquanto as
importações permaneceram constantes. Essa folga cambial levou a um relaxamento dos controles de importação e
a liberação das remessas de lucros, gerando um descoberto de 6 milhões de libras esterlinas no final de 1937.

3. Apesar das dificuldades no BP, a economia crescia a 6,5% ao ano entre 1934 e 37, graças ao encarecimento das
importações e a adoção de políticas fiscal, cafeeira e monetária expansionistas.

4. Agricultura cresceu a 2% ao ano, entre 1934-37, enquanto a indústria teve uma média de 11% ao ano (com
crescimento mais elevado de setores não-tradicionais: borracha, papel, cimento, metalurgia, química e têxtil).

5. Acordo comercial com os EUA (1935): O Brasil concedeu reduções tarifárias para produtos americanos (duráveis de
consumo), enquanto os EUA mantiveram as principais exportações brasileiras livres de tributos (o que teve pouco
impacto sobre a indústria nacional).

6. Aproximação do Brasil com a Alemanha: Aumento das exportações de café e algodão e deslocamento de
importações tradicionalmente britânicas (carvão, material elétrico, Folha-de-flandres, etc.) para a Alemanha. Com
isso as importações americanas também ganharam participação.

7. Política externa de “comércio de compensação”: Vargas conseguia apoio dos Estados que exportavam para a
Alemanha (Nordeste e Rio Grande do Sul).

8. Participação alemã no comércio brasileiro passou, entre 1928 e 1938, de 12% para 25%, em detrimento dos EUA
(27 para 23), Reino Unido (22 para 10) e França (6 para 3). Substituição drástica de produtos britânicos por
alemães.

 Estado Novo e Economia de Guerra, 1937-45

1. Centralização do poder, com criação de agências governamentais com objetivos reguladores na área econômica.

2. Estado transitou da arena normativa para a provisão de bens e serviços.

3. 1937: Escassez de divisas (elevação das importações, investimentos públicos, pagamento de serviços da dívida),
governo foi levado a desvalorizar a moeda doméstica.

4. Controles cambial e de importações foram os principais instrumentos de política comercial no período.

5. O comércio de compensação foi gradativamente sufocado à medida que se tornava perigoso acumular reservas em
marcos, tendo em vista a possibilidade de guerra.

6. Com a Segunda Guerra, até 1941 o país teve dificuldades com o BP (queda dos mercados de exportação). A partir
de 1941 a situação se reverte com a recuperação e ampliação das exportações (suprindo economias em guerra) e
com a estagnação das importações: expansão dos saldos na balança comercial.

7. Efeitos contraditórios na indústria: estímulo à produção e exportação, mas com dificuldades de obtenção de
insumos e bens de capital.
8. O PIB teve um efeito menor em razão do fraco desempenho da agricultura.

1. 1942 representa um ponto de inflexão na economia brasileira: crescimento industrial acelerado, país passa a
acumular reservas cambiais (reduzidas desde os anos 20), entrada de capital americano, políticas fiscal, monetária
e creditícia expansionistas a partir de 1942.

2. Política monetária: moderada (fins de 1938 até fins de 1939) e expansionista a partir de 1940 – reforma monetária
de 1942 (aumento de liquidez na economia) e expansão do crédito, com crescimento inflacionário.

3. Acordos com os EUA para suprimento de matérias-primas e bens primários, em contrapartida haveria a
manutenção dos preços desses produtos.

4. CSN: governo brasileiro viu-se obrigado a participar diretamente do projeto tendo em vista o desinteresse dos
grandes produtores norte-americanos de aço.

Capitulo 4 - Política Econômica Externa e Industrialização: 1946-1951

Sérgio Besserman Vianna

(Humberto Carlos Faria Teixeira)

O cenário econômico internacional no período pós-guerra (1946-1951) foi marcado pela assinatura do tratado de
Bretton Woods que previa a implementação de mudanças substanciais na organização da economia mundial. No
bojo do acordo, destacam-se propostas visando: o restabelecimento do padrão-ouro divisas nos mercados
cambiais, constituindo o dólar a moeda internacional de reserva, a transição para a livre convertibilidade das
moedas e a criação do GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio) com o propósito de reduzir as barreiras ao livre
comércio entre os países. O Fundo Monetário Internacional (FMI), criado com o objetivo de zelar pelos acordos de
Bretton Woods e efetuar empréstimos aos países com dificuldades no balanço de pagamentos e o Banco Mundial
também datam dessa época.

Os acordos internacionais do período apresentavam, portanto, um caráter eminentemente liberal. A política


econômica adotada no Brasil no período 1946-1951 seguiu, em primeira instância, os preceitos liberais. VIANNA
(1988) argumenta, entretanto, que o país não diagnosticou de forma precisa o ritmo e o próprio movimento nos
mercados internacionais da época. A interpretação equivocada do governo Dutra expressa-se em três pontos: a
idéia de que o pais encontrava-se em situação confortável em termos de reservas cambiais, a suposição de que
uma política liberal de câmbio seria capaz de atrair expressivo fluxo de capitais externos ao país e a aposta nos
Estados Unidos como grande credor do país em contrapartida a colaboração brasileira durante a segunda guerra
mundial.

Em linhas gerais, a política econômica adotada então privilegiou o combate à inflação, expressa na adoção de
políticas monetária e fiscal contracionistas (notadamente até 1949). No que se refere à balança comercial, nota-se
que o Brasil apresentava um desempenho favorável com os países de moeda de baixa conversibilidade (moedas
fracas) e desfavorável com os países de moeda forte (de elevada conversibilidade). No período pós-guerra, verifica-
se ainda uma redução das exportações de matérias-primas e manufaturados brasileiros. Estas que representavam
20% da pauta de exportações em 1945, reduzem-se para 7,5% em 1946 e atingem a marca de 1% em 1952.
VIANNA (1988) atribui este processo à recuperação econômica dos países envolvidos na guerra marcado pelo
retorno de antigos fornecedores ao mercado internacional. As importações, por sua vez, eram pressionadas pela
dependência da produção nacional em bens de capital (equipamentos) estrangeiros. O elevado acréscimo dos
preços desses bens (os preços dos equipamentos sobem 47% em 1947 em relação ao ano anterior) supera o
aumento dos preços das exportações (que sobem apenas 15% no mesmo período), prejudicando o desempenho da
balança comercial brasileira.

Percebida então a modesta entrada de capitais externos no país, um desempenho mais favorável na balança
comercial seria alcançado por intermédio de medidas de controles cambiais e uma política de contingenciamento de
1
importações. A vigência de uma taxa de câmbio sobrevalorizada, conjuntamente com as medidas de restrição às
importações e controles cambiais (mencionadas acima) produziram três efeitos: (a) efeito subsídio, beneficiando a
importação de bens de capital e insumos básicos para suprimento da produção nacional; (b) efeito protecionista,
através das restrições às importações de bens substitutos ou concorrentes aos produzidos nacionalmente e (c)
efeito lucratividade, decorrente da taxa de câmbio sobrevalorizada que, ao alterar a rentabilidade relativa entre a
produção exportada e aquela alocada para o mercado doméstico, beneficiou a produção voltada para o mercado
nacional. Neste contexto, torna-se evidente o estímulo das medidas supracitadas em favor de um processo de
substituição de importações.

O período é marcado ainda, conforme mencionado acima, pela adoção de uma política econômica ortodoxa,
enfatizando o combate à inflação através de políticas fiscais e monetária contracionistas. Deve-se ressaltar,
entretanto, que a política de crédito foi, em grande medida, expansionista dada a política de concessão de crédito
efetuada pelo Banco Brasil. A política de crédito adotada visava facilitar investimentos nacionais no processo de
substituição de importações. A política de crédito, portanto, operava em contramão à estratégia de se adotar uma
política monetária e fiscal mais restritiva no início do período. Vale mencionar também que cogitava-se na época a
adoção de uma reforma tributária como forma de ajustar as finanças públicas. O projeto de reforma tributária, no
entanto, não encontrou respaldo político suficiente, sendo abandonado em 1947.

O período caracteriza-se ainda pela obtenção de maior autonomia administrativa por parte de estados e municípios
concedido pela Constituição de 1946. A maior autonomia relativa adquirida pelos estados e municípios em relação à
União comprometeu os esforços desta (a União) no sentido de promover o ajuste fiscal, prejudicando assim as
finanças públicas.

Quanto ao processo inflacionário, verifica-se um crescimento dos índices de inflação a partir de 1949. VIANNA
(1988) ressalta os componentes estruturais desse repique inflacionário: (a) pressão de demanda advinda do
processo de urbanização e industrialização sobre a produção agrícola, alternando os preços relativos da economia
em benefício deste setor, refletindo-se em aumento generalizado de preços; (b) tendência inflacionária subjacente
ao aumento dos preços das exportações e (c) a existência de baixa capacidade ociosa na economia, reduzindo a
possibilidade de choques de demanda serem absorvidos integralmente através de aumento da produção, ou seja,
expansão da oferta agregada.

Índice Cronológico
1944: Conferência de Bretton Woods

1947: Proclamação da Doutrina Truman nos EUA, destacando-se a elaboração do Plano Marshall como instrumento
de auxílio às economias européias arruinadas com a guerra

1947-48: Fim do mercado livre de câmbio e a adoção de um política de contingenciamento de importações no Brasil
entre meados de 1947 e início de 1948.

1948: Constituição da Comissão Técnica Mista Brasil - Estados Unidos, mais conhecida como Missão Abbink, que
preconizava que o desenvolvimento brasileiro deveria centrar-se em três pontos: “a reorientação dos capitais
formados internamente, o aumento médio da produtividade e o afluxo de capitais estrangeiros.”(VIANNA, 1988:117).

1949: Afastamento do ministro da Fazenda Correa e Castro em meados de 1949, indicando a passagem de uma
política econômica contracionista, tipicamente ortodoxa, em direção a uma maior flexibilidade nas metas monetárias
e fiscais. Sob sua gestão na Fazenda, os investimentos públicos e a emissão de moeda foram reduzidos a
praticamente zero em 1947. O crédito real à indústria cresceu 38%, 19%, 28% e 5% nos anos de 1947, 1948, 1949
e 1950, respectivamente.

1949: Adoção do Plano Salte, considerada “a única iniciativa de intervenção planejada do Estado para o
desenvolvimento econômico” (VIANNA, 1988:116). Previa investimentos públicos nos setores de saúde,
alimentação, transporte e energia para os anos de 1949 e 1953.

1950: Surge a União Européia de Pagamentos (UEP), existente até 1958, que conjuntamente com a desvalorização
da libra esterlina em 1949, indicam uma transição lenta em direção às trocas multilaterais e à conversibilidade geral
das moedas.

Política cambial: O câmbio foi mantido grosso modo à paridade de 1939, de

18,5 Cr$/US$, sendo instituído o mercado livre, com a abolição das restrições a pagamentos existentes desde os
anos 30. Considerando-se que a inflação brasileira no período foi o dobro da verificada nos EUA, torna-se evidente
a sobrevalorização cambial. Por outro lado, as importações de bens considerados necessários à economia
usufruíam de acesso à taxas de câmbio mais favoráveis, caracterizando uma desvalorização implícita da moeda. As
importações eram restringidas pela concessão de licenças de importação. Nota-se, entretanto, uma liberalização na
concessão das licenças de importação a partir de meados de 1950 com a alta do preço do café (aumentando a
capacidade importadora da economia) no mercado internacional e dada o elevado nível de contingenciamento já
alcançado nas importações.

Capítulo 5 – Duas Tentativas de Estabilização: 1951-1954

Sérgio Besserman Vianna

(Carla Aguilar)

A conjuntura encontrada pelo governo Vargas pode ser resumida, no setor interno, pela retomada do processo
inflacionário e pela recorrência do desequilíbrio financeiro do setor público e, no setor externo, pela expectativa
favorável devido a elevação do café e a mudança do governo dos Estados Unidos em relação ao financiamento dos
programas de desenvolvimento do Brasil.

È tendo em vista este cenário que o governo traçou sua política econômica apoiada em um projeto de governo bem
definido que tinha por objetivo dividir o governo em duas fases. A primeira (1951-1952) constituiria na estabilização
da economia utilizando-se como pilar as políticas fiscais e monetárias. A Segunda (1953-1954) seria para os
empreendimentos e realizações tendo como pilar seria a Comissão Mista Brasil - Estados Unidos (CMBEU),
2
constituída em 1950 .

O CMBEU era importante, pois os financiamentos fornecidos pelo Banco Mundial e pelo Eximbank é que
assegurariam a estrangulamentos em setores básicos da economia (energia, portos, etc.) que propiciariam uma
ampliação do fluxo de capital dirigido para o Brasil. Tal afluxo de capital permitiria a fase das realizações e
empreendimentos concomitantemente com uma política econômica austera e ortodoxa.

PERÍODO DE 1951-1952
Tendo em vista o quadro externo descrito acima, a política de comércio exterior apoiou-se em uma taxa de câmbio
fixa e sobrevalorizada e um regime de concessão de licença para importar (esta última política modificou-se ao
longo do tempo, pois foi extremamente relaxada nos primeiros 7 meses de governo). A liberalização na política de
concessão deveu-se aos seguintes fatores: persistência da pressão inflacionária interna e de aguda propensão a
importar; precário abastecimento interno por produtos importados, perspectivas decrescentes de escassez
internacional de matérias-primas e equipamento importável em função dos programas armamentistas; perspectivas
favoráveis da evolução das exportações dos principais produtos e posição cambial temporariamente favorável.

Essa extensa liberalização na política de concessão impactou violentamente as reservas em moedas conversíveis
que reduziram de US$162 milhões para US$43 milhões de março para julho de 1951. Diante disto, em 1º de agosto
de 1951 o Conselho da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc) define instruções para que a CEXIM
reintroduza um regime mais severo de licenciamento. Apesar disso, os licenciamentos continuaram elevados até
dezembro deste mesmo ano resultando na necessidade de uma nova restrição no princípio de 1952. Como as
licenças que eram concedidas possuíam vida útil de 6 meses a 1 ano tal medida necessitou de um prazo extenso
para refletir nas estatísticas de importação.

A balança comercial apresentou um pequeno superávit em 1951. Já, em 1952, a balança comercial foi deficitária e,
além disto, houve o esgotamento das reservas internacionais e o acúmulo de atrasados comerciais. Tal situação
ocorreu, principalmente, devido a uma não alteração no quadro das importações (uma vez que havia uma
defasagem na adoção da política de restrição e o seu efeito e somando-se a isso foi necessária a compra de trigo
nos EUA por causa da seca na Argentina) e a uma redução das exportações em 20% se comparado com 1951.
Esta queda deveu-se aos efeitos da sobrevalorização do cruzeiro e das pressões inflacionárias internas bem como
à crise enfrentada pela indústria têxtil mundial que levou a uma paralisação das vendas de algodão segundo
produto mais importante da pauta de exportações brasileira.

Pelos motivos apresentados acima e o baixo influxo de capital estrangeiro que não ajudou a diminuir tais
dificuldades houve em 1952 uma crise cambial que resultou na fratura de uma das pernas que deveria sustentar o
projeto do governo Vargas.
A política econômica teve como objetivos nesta primeira fase: comprimir as despesas governamentais, aumentar na
medida do possível a arrecadação, adotar políticas monetária e creditícia contracionistas. Os três primeiros
objetivos foram alcançados.

As despesas governamentais foram reduzidas tanto que o investimento público decresceu cerca de 3% em termos
reais. As receitas governamentais aumentaram devido à inflação, ao crescimento real da economia, à melhoria da
eficiência do sistema arrecadador e ao extraordinário crescimento das importações. Houve em 1951 um superávit
global da União e Estados que não acontecia desde 1926. Em 1952 a política fiscal foi mantida fazendo com que o
superávit da União fosse quase o mesmo do ano anterior, no entanto, não foi possível o mesmo desempenho para
os estados e municípios.

A política monetária foi conduzida ortodoxamente assim como a política fiscal. A exceção foi a política creditícia que
se moveu em direção contrária, pois o presidente do Banco do Brasil (Ricardo Jafet) tinha posição distinta da
ortodoxa. Sendo assim, as reduções das necessidades de empréstimos do Banco do Brasil ao Tesouro Nacional
foram compensadas com a expansão do crédito às atividade econômicas. Os fatores que avalizaram tal expansão
foi em 1951 a recuperação de parte das disponibilidades antes imobilizadas em empréstimos ao setor público e em
1952 soma-se a este primeiro a expansão do aporte de recursos adicionais devido ao aumento nos depósitos
correspondentes aos débitos em divisas dos importadores em função do acúmulo de atrasados comerciais.

Houve um aumento do PIB em 4,9% em 1951 e 7,3% em 1952. O aumento das importações, nesse período, afetou
positivamente o setor de serviços que apresentou maior crescimento e negativamente a produção industrial que
apresentou as menores taxas anuais de crescimento. A estagnação do café e a queda da produção de algodão e
cacau fizeram com que a agricultura apresentasse pequeno crescimento em 1951, mas em 1952 o crescimento da
exportação de produtos agrícolas aumentou 17% provocando uma recuperação neste setor.

Este período (1951-1952) foi marcado pela elevação das taxas de investimento e o aumento da participação do
setor privado no investimento global em detrimento dos investimentos do setor público. As fontes de financiamento
para esse investimento foram a liberalização das importações e a política creditícia.

PERÍODO DE 1953-1954
A segunda fase do governo (empreendimento e realizações) deveria começar em 1953 baseada na estabilização e
no acordo CMBEU. No entanto, a primeira não foi alcançada pelos fatores apresentados no item anterior e a
segunda também não devido ao fim da Comissão Mista Brasil Estados Unidos. Sendo assim os dois pilares do
governo Vargas ruíram no primeiro semestre de 1953. Tais acontecimentos associados à uma mobilização social
reinvidicadora e à uma reacomodação política derivada das eleições municipais de 1953 levaram o governo a
abandonar o projeto inicial e sustentar o propósito de estabilização econômica.

O encerramento da CMBEU ocorreu devido aos seguintes fatores: (i) a vitória de Eisenhower para presidente dos
EUA fazendo com que a orientação da política norte-americana prioritária para a América Latina passasse a ser o
combate ao comunismo e, além disso, sob o argumento de que precisaria manter gastos não financiaria mais os
projetos que a comissão mista elaborasse. O apoio deste governo ao Banco Mundial em conflito com o Eximbank
também prejudicou o Brasil, pois o primeiro era a favor de empréstimos de longo prazo do Eximbank para o
desenvolvimento da América Latina apenas quando não pudesse fazê-lo. As razões para isso era que queria
controlar mais as políticas econômicas dos países demandantes de crédito. (ii) deterioração da situação cambial
brasileira ao longo de 1952 resultando no acúmulo de vultosos atrasos comercias levando o Banco Mundial a mudar
de postura para com o Brasil, passando a interferir na política econômica do governo.

O primeiro semestre de 1953 foi marcado pela promulgação da Lei 1807(Lei do Mercado Livre) e pelo empréstimo
de US$300 milhões de dólares junto ao Eximbank. A Lei do Mercado Livre tinha como objetivo aumentar as
exportações de gravosos sem prejudicar a receita proveniente do café e do cacau; e reduzir a propensão a importar.
Para tal adotou cinco taxas de câmbio do lado da oferta e duas do lado da demanda. As taxas para exportação
eram: a taxa oficial aplicada a 85% das exportações (limitadas ao café, algodão e cacau), as três taxas de câmbio
flutuante (misturavam 15,30 e 50% da taxa oficial e a taxa de mercado livre) aplicada às demais exportações e, por
último, a taxa de mercado livre que era aplicada às transações financeiras (com algumas exceções). As taxas
estabelecidas para demanda eram: a taxa oficial utilizada para transações essências (2/3 das importações totais) e
remessas financeiras do governo de entidades pública e semi-públicas; e a taxa de mercado livre para o restante
das importações e remessas.

A assinatura do acordo de empréstimo conseguida em 30 de abril de 1953 pelo governo brasileiro ocorreu devido a
pressões de exportadores e investidores norte-americanos no Brasil, que tendo em vista a Lei 1807, desejavam
evitar a concorrência entre a procura de dólares para remessas de rendimentos e aquela voltada para a obtenção
de divisas com o objetivo de pagamento de atrasados. Esse empréstimo foi concedido nas seguintes condições:
deveria ser integralizado em três anos, com pagamentos mensais a partir de 30 de setembro 1953. A taxa de juros
adotada foi de 3,5% a.a., e o Brasil comprometia-se a liquidar os restantes dos atrasados comerciais não, cobertos
pelo empréstimo, com os EUA até 31 de Julho do ano corrente.

O principal objetivo da Lei 1807 (aumentar o desempenho das exportações) não foi alcançado, pelo contrário, as
exportações tiveram seu valor reduzido em 11% no primeiro semestre de 1953. Isto ocorreu porque as exportações
de gravosos não responderam bem à política de desvalorização com que foram beneficiadas e os exportadores
passaram a reter os embarques com o objetivo de pressionar o governo. Esta evolução pouco favorável das
exportações fez que os atrasados comerciais aumentassem, levando o Eximbank a suspender o desembolso da
segunda parcela do empréstimo conseguido em abril. Para agravar a situação interna do país os meios de
pagamento elevaram-se de Cr$7 bilhões contra menos de Cr$1 bilhão no mesmo período de 1952, isso ocorreu
devido ao aumento dos gastos do governo com a seca no Nordeste bem como o financiamento aos produtos dessa
região e ao socorro a bancos de estado. Tais acontecimentos levaram a uma impressão de perda do controle das
autoridades econômicas.

Paralelamente a essa situação o governo enfrentava dificuldades no plano social, pois em 23 de março de 1953
eclodiu a greve dos trabalhadores em São Paulo o que sinalizava um enfraquecimento das bases de sustentação
desse governo. Com o objetivo de fortalecer a coesão do governo, Vargas fez uma reforma ministerial na qual o
ministro da Fazenda Horácio Lafer foi substituído por Osvaldo Aranha e quem passou a ocupar a pasta do
Ministérios do Trabalho foi João Goulart

Ao assumir o ministério, Aranha tomou como primeiras medidas a homogeneização do benefício dado às
exportações; introduziu o sistema de pauta mínima e cobrou a liberação da 2ª parcela do empréstimo junto
Eximbank. A primeira medida foi estabelecida reduzindo as cinco taxas de câmbio existentes em apenas três, uma
taxa oficial, uma de mercado livre e uma terceira, flexível, resultante da mistura (em 50%) das duas primeiras. A
segunda foi através da permissão para que exportadores de determinados produtos (café, cacau, etc.) negociassem
no mercado livre as divisas excedentes a cota mínima fixada para cada um deles. A terceira, foi apresentar junto
aos financiadores como condição para renegociação a liberação da 2ª parcela do acordo de empréstimo. Tais
medidas alcançaram seus objetivos, a exportação de café respondeu positivamente aumentando 56% e 81% em
agosto e setembro, respectivamente, em relação a julho de 1953 e o empréstimo foi liberado. A política de Osvaldo
Aranha consistia numa nova tentativa de estabilização, mantendo-se a visão ortodoxa, no entanto, privilegiando o
ajuste cambial. A primeira reforma implementada por este ministro foi a instrução 70 da Sumoc baixada, em 9 de
outubro de 1953.

A instrução 70 da Sumoc restabeleceu o monopólio cambial do Banco do Brasil e substituiu o controle quantitativo
das importações pelo sistema de leilões. Neste sistema as importações foram divididas em 5 categorias de acordo
com o critério de essencialidade, a três primeiras categorias absorviam aproximadamente 80% das importações. As
taxas sobre a importação passaram a ser três, uma taxa oficial sem sobretaxa (válida para importações especiais
como trigo e papel imprensa), uma taxa oficial com sobretaxa fixa (para importações dos governos, autarquias e
sociedade de economia mista) e, por último, uma taxa oficial acrescida de sobretaxa variável (segundo lances feitos
em bolsa) para as demais importações. Com relação às exportações, as taxas mistas foram substituídas por
bonificações de Cr$5/US$ para o café e Cr$10/US$ para as demais exportações.

Os primeiros resultados da instrução 70 foram positivos, houve superávit entre as exportações (FOB) e importações
(CIF), e o governo aumentou significativamente suas receitas com a cobrança de ágios sobre as importações.

Apesar da elevada receita a União apresentou déficit público, em 1953, devido aos gastos do governo na seca do
Nordeste, ao aumento das despesas nas obras públicas, a um abono elevado concedido ao funcionalismo civil da
União, ao pagamento de atrasados comerciais feito pelo Banco do Brasil aos credores com recursos próprios e ao
empréstimo concedido pelo Banco do Brasil ao tesouro paulista. A política creditícia, neste ano, foi afetada pelo
déficit público, a sua tendência foi invertida em relação aos dois anos anteriores e a sua composição foi modificada,
os empréstimos do Banco do Brasil foram mais direcionados ao Tesouro Nacional e menos às atividades
econômicas. A política monetária também foi expansionista.

A inflação neste ano aumentou se comparada com a do ano de 1952, isso seria explicado pelas desvalorizações
cambiais resultantes da instrução 70 que pressionaram os custos das empresas conduzindo-as a reagir através do
aumento de preços. O crescimento do PIB foi bem inferior ao dos anos anteriores, apesar do crescimento da
indústria em 9,3%. O baixo crescimento do PIB foi devido ao baixo rendimento apresentado na agricultura (seca que
aconteceu no país) e à estagnação do setor serviços (esta devido a diminuição das importações e redução das
atividades comerciais). Os investimentos privados foram reduzidos neste ano, devido principalmente às restrições
feitas às importações, os investimentos do governo não cresceram em termos reais mantendo-se constante como
proporção do PIB.

As maiores dificuldades enfrentadas por Aranha na implementação do seu plano de estabilização em 1954 foram o
aumento do salário mínimo de 100% e a crise enfrentada pelo café. Estes dois fatores comprometeram
profundamente o plano em meados de 1954. O aumento do salário mínimo teve como objetivo melhorar a imagem
do governo junto aos trabalhadores uma vez que Vargas estava interessado nas eleições de outubro de 1954. A
crise do café deveu-se primeiro, a uma geada que afetou uma das mais importantes áreas de produção brasileira
levando à redução das exportações, e segundo devido ao boicote americano ao consumo de café que fez com que
reduzissem sua compras ao mínimo.

O governo com objetivo de aumentar a receita cambial expediu, em junho de 1954, um decreto determinando preço
mínimo elevado para o café. Tal política fez com que o governo americano, em protesto, deslocasse suas compras
para outros países produtores de café. No entanto, não se pode imputar a este decreto a redução das exportações,
pois estas já vinham caindo antes de sua implementação e, além disso, devido a pressão dos cafeicultores e
exportadores de café essa medida durou apenas 45 dias.

Osvaldo Aranha baixou a instrução 99 da Sumoc em 14 de agosto de 1954, esta resolução não modificou a cotação
mínima em cruzeiros estabelecida para a exportação de café, mas alterou o sistema de bonificações estabelecido
pela instrução 70. Os exportadores passariam a receber Cr$5/US$ ou Cr$10/US$ sobre 80% das cambiais
negociadas independente do produto, sobre os 20% restantes seria abonada a diferença entre a taxa oficial e a
média das taxas de compra no mercado livre, para cada moeda, no dia útil imediatamente anterior ao do
fechamento de câmbio.

A política creditícia adotada por Aranha nesse período foi expansionista, não por uma mudança em sua visão
ortodoxa, mas pela necessidade de atender às demandas imediatas dos estados bem como às pressões das
indústrias para compensar as perdas devido ao aumento do salário e à instrução 70 da Sumoc (no ponto que se
refere a defasagem entre o momento da licitação e a obtenção da licença para importar).

O descontentamento com Vargas estava presente em todas as classes, desde trabalhadores até capitalista, ele não
conseguiu contentar o amplo espectro da sociedade sem nenhuma mudança estrutural e sem o apoio da sociedade
civil organizada. O governo Vargas estava isolado politicamente e ficou vulnerável ao golpe que o depôs em 1954.

Índice Cronológico
Julho de 1951-início da atividades da Comissão Mista Brasil Estados Unidos.

1º de agosto de 1951-o Conselho da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc) define instruções para que
a CESIM reintroduza um regime mais severo de licenciamento das importações. Apesar dessas instruções o
licenciamento até dezembro do mesmo ano foram elevadas, sendo necessárias novas medidas de controle no início
de 1952.

Janeiro de 1953-promulgação da Lei 1807 (Lei de Mercado Livre) que concedia ampla liberdade de movimentos
pelo câmbio livre ao capital estrangeiro no Brasil e tinha por objetivo elevar as exportações. Estas ao contrário ao
invés de aumentar diminuíram e tal fato levou à modificação desta lei posteriormente.

30 de fevereiro(?) abril de 1953-assinatura do acordo de empréstimo de US$300 milhões de dólares junto ao


Eximbank, que seria liberada em parcelas. A primeira parcela foi entregue, mas devido ao não pagamento dos
atrasados comerciais pelo Brasil junto aos EUA a segunda parcela foi adiada até a entrada do novo ministro da
fazenda Osvaldo Aranha.

23 de março de 1953-greve dos trabalhadores paulistas que chegou a paralisar 300 mil operários.

Abril de 1953-liberação da primeira parcela do empréstimo concedido pelo Eximbank.

15 de Junho de 1953-Horácio Lafer deixa o ministério e é substituído por Osvaldo Aranha, esta mudança está
inserida na reforma ministerial feita por Vargas.
9 de outubro de 1953-instituída a instrução 70 da Sumoc que introduziu importantes mudanças no sistema
cambial. Obteve êxito nos primeiros resultados, conseguindo elevar as exportações e manter as importações no
nível dos trimestres anteriores além de elevar a receita do governo.

1º de maio de 1954-aumento do salário mínimo em 100%, quando na realidade para recompor os salários era
necessário apenas um aumento de 53%. Vargas tomou esta decisão imbuído pelos interesses eleitorais.

Junho de 1954-decreto fixando um elevado preço mínimo para o café com o objetivo de maximizar a receita
cambial, devido a crise enfrentada por este produto no mercado interno e externo. Vigorou por apenas 45 dias.

14 de agosto de 1954-baixada a instrução 99 da Sumoc que alterou o sistema de bonificação instituído pela
instrução 70 para as exportações. Esta veio como resposta às dificuldades enfrentadas pelo café no mercado
externo.

Políticas:

Política Monetária: restritiva até início de 1953 passando a partir de então a ser expansionista por problemas
conjunturais da economia.

Política Fiscal: restritiva até 1952 tornando-se expansionista a partir de 1953.

Política Creditícia: expansionista até saída de Jafet , foi restritiva até 1954 voltando a ser expansionista em 1954.

Capítulo 6 - O Interregno Café Filho: 1954-55

Demosthenes Madureira de Pinho Neto

(Bruno Carazza)

O período compreendido entre o suicídio de Vargas e a posse de Juscelino Kubitschek costuma ser colocado em
segundo plano na historiografia brasileira, dadas suas características de transição. Durante os poucos meses de
duração, podemos delinear duas fases bastante distintas de política econômica: as administrações Gudin e
Whitaker.

Tendo em vista o período de instabilidade que se seguiu ao Governo Vargas, Café Filho buscou sustentar seu
governo em bases bastante heterogêneas, embora o caráter ortodoxo das figuras ligadas à UDN e ao movimento
antigetulista prevalecesse. Para a pasta da Fazenda foi indicado o nome de Eugênio Gudin, economista respeitável
e de grande prestígio junto a comunidade financeira internacional – uma das virtudes que mais pesou na sua
escolha. Gudin poderia ser considerado um severo crítico das propostas desenvolvimentistas e adepto a políticas
ortodoxas, atribuindo o processo inflacionário ao déficit público e à expansão creditícia.

Gudin assumiu ao Ministério da Fazenda num momento de grave crise cambial, decorrente do colapso dos preços e
das quantidades exportadas de café. Mesmo com uma desvalorização de 27% da moeda nacional no final do
governo Vargas (ago/54), houve um grave impacto sobre as receitas de exportação, uma vez que a elasticidade da
demanda internacional do café era baixa no curto prazo. Outro problema que complicava a situação externa do
Brasil era o acúmulo dos atrasados comerciais e a necessidade de renegociar as dívidas brasileiras junto aos
credores internacionais. Acontece que o governo americano, sob gestão de Eisenhower, mostrava-se intransigente
com os países em desenvolvimento, tendo inclusive manifestado que o problema do financiamento da dívida da
América Latina deveria ser resolvido por fluxos de capitais privados e não por auxílio econômico do governo
americano.

Destarte o fracasso de sua negociação com o governo americano em Washington, Gudin conseguiu levantar US$
200 milhões junto a um consórcio de 19 bancos privados americanos, o que aliviava a situação cambial até que
medidas mais profundas surtissem efeito junto ao Balanço de Pagamentos. Neste sentido, Gudin mostra-se
disposto a remover os obstáculos ao livre fluxo de capital estrangeiro para o país, expresso na Instrução 113 da
Sumoc – liberalização da entrada de capital, voltada para o saneamento econômico e o financiamento doméstico.
O programa de estabilização de Gudin sustenta-se em dois pilares: austeridade fiscal e contração monetário-
creditícia. Sua política monetária valeu-se de diversas instruções da Sumoc, que envolveram a elevação dos juros e
das taxas de redesconto (Inst. 105 e 106). A Inst. 108 determinou um aumento significativo dos compulsórios, agora
recolhidos junto à Sumoc, buscando uma eficácia maior de sua função redutora, uma vez que os compulsórios eram
recolhidos anteriormente ao Banco do Brasil (que também era um banco comercial). Essa instrução estabeleceu
ainda um limite para os empréstimos das carteiras do Banco do Brasil, inclusive junto a entidades públicas e ao
Tesouro. Podemos definir suas políticas monetária e creditícia como fortemente contracionistas.

Ao contrário do lado monetário, Gudin não obteve muito sucesso com a política fiscal. Gudin objetivava reduzir as
despesas governamentais e ampliar a receita, mas não foi muito feliz em suas metas, uma vez que sua modificação
mostrou-se inviável devido às dificuldades de aprovação de uma elevação da carga tributária no Congresso e o
comprometimento do Orçamento da União. Seu único êxito consistiu na redução de verbas para alguns ministérios,
resultando numa queda do investimento público.

De um modo geral, as medidas adotadas por Gudin levaram a uma crise de liquidez, queda na formação bruta de
capital fixo e nos investimentos em bens de capital (tendo em vista o esfriamento da atividade nesse período). As
razões para a substituição de Gudin residem no descontentamento do setor cafeeiro com as medidas adotadas,
sintetizadas naquilo que a oposição chamou de “confisco cambial”. Como o setor cafeeiro representava uma
importante base política, sua pressão resultou no pedido de demissão de Eugênio Gudin em 4 de abril de 1955.

Para aplacar a fúria da cafeicultura paulista, Café Filho escolheu José Maria Whitaker para o ministério da Fazenda,
ex-ministro de Vargas durante o governo provisório. Na gestão Whitaker podemos verificar uma inflexão na política
econômica, dado que “a inflação parecia preocupá-lo apenas enquanto exercício de retórica”.

Em maio de 1955, ainda em conseqüência das medidas contracionistas da política monetária de Gudin, aflora uma
crise bancária decorrente da falta de liquidez do setor financeiro. Whitaker baixa então a Instrução 116 da Sumoc,
que nada mais faz do que refogar as instruções 106 e 108 tomadas pelo seu antecessor. Whitaker definia-se como
seguidor da real bills doctrine, acreditando que as emissões destinadas aos setores produtivos não eram
inflacionárias. Como resultado dessa visão, ampliaram-se as concessão de crédito ao setor privado e ao
investimento público.

Whitaker decretou ainda o fim “temporário” da intervenção brasileira no mercado do café, baseado na tese de que a
queda decorrente dos preços do café beneficiaria o Brasil ao eliminar do mercado os produtores marginais e menos
eficientes.

Durante a gestão Whitaker o país recebeu a visita de uma missão do FMI, cujo resultado foi o chamado “Relatório
Bernstein”, que apresentava como alternativas para a reforma cambial no Brasil i) a desvalorização e unificação do
câmbio, mantendo os leilões cambiais para importação e ii) o abandono do regime de taxas fixas, com a instituição
de um mercado livre.

A reforma realmente elaborada estipulava um regime cambial unificado por meio de taxas flutuantes, mantendo um
regime diferenciado para o café. No entanto, esse projeto foi sepultado pelo Congresso, tendo em vista as eleições
presidenciais.

Índice Cronológico
setembro de 1954: Gudin embarca para Washington (reunião anual do FMI). Consegue US$ 80 milhões de
empréstimo da instituição e acerta outro de US$ 200 milhões com um consórcio de bancos privados.

Outubro de 1954: Instituídas as seguintes Instruções da Sumoc: 105 (fixava os juros pagos aos depósitos a vista e a
prazo em 3% e 7% ao ano), 106 (elevava a taxa de redesconto das promissórias de 6 para 10% e das duplicatas de
6 para 8%) e 108 (aumentos dos compulsórios sobre depósitos a vista de 4 para 14% e a prazo de 3 para 7%).
Tornava-se explícita a orientação contracionista do governo.

Novembro de 1954: Instrução 109 da Sumoc: fixou-se a bonificação para a venda de café no mercado internacional
(a política vigente anteriormente estabelecia que essas bonificações flutuariam conforme o mercado)

Janeiro de 1955: Instrução 112 da Sumoc: Governo eleva as bonificações para os demais produtos de exportação
(incluindo algodão e cacau)
27 de janeiro de 1955: É publicada a Instrução 113 da Sumoc, que concede significativos instrumentos para a
entrada de capitais externos no país.

Fevereiro de 1955: Dada a insatisfação da cafeicultura diante daquilo que chamou-se de “Confisco cambial”, o
governo volta atrás e equipara a bonificação do café com a das demais mercadorias (Instrução 114 da Sumoc).

4 de abril de 1955: Gudin deixa o governo em virtude da pressão da cafeicultura paulista. Assume o ministério em
seu lugar o banqueiro paulista José Maria Whitaker.

Abril de 1955: Whitaker suspende temporariamente a compra de café, insatisfeito com a prática intervencionista do
governo brasileiro na sustentação dos preços mínimos do café, que acabava privilegiando os concorrentes do
produto nacional.

Maio de 1955: Através da Instrução 116 da Sumoc Whitaker revoga as Instruções 106 e 108 assinadas por Gudin.
Os compulsórios e redescontos voltaram aos níveis anteriores.

Agosto de 1955: Forte geada força o governo a adotar uma desvalorização gradual do câmbio-café.

Setembro de 1955: Reforma cambial. Unificação do câmbio através de taxas flutuantes, com um regime
diferenciado para o café (a fim de eliminar os efeitos do “confisco cambial”).

Contexto internacional – O período é marcado pela indisposição do governo Eisenhower em financiar o


endividamento dos países latino-americanos. Essa decisão apenas reforça uma tendência já verificada, em
diferentes intensidades, durante todo o pós-guerra, como atesta o fim prematuro da Comissão Mista Brasil -
Estados Unidos (CMBEU) já no governo Vargas. O país viu-se então forçado a negociar, na gestão Gudin,
empréstimos junto ao setor financeiro privado internacional, criando ainda mecanismos para atrair a entrada de
capital (Instrução 113 da Sumoc). No ministério de Whitaker o governo estabeleceu contatos com o FMI a fim de
implementar uma reforma cambial.

Política Monetária – Fortemente contracionista durante o ministério Gudin. O ministro implementou medidas que
aumentavam os juros, compulsórios e redescontos (Instruções 105,106 e 108 da Sumoc). Esse período é
considerado como um dos mais efetivos na condução de uma política de cunho restritivo-ortodoxo já implementadas
no país, resultando numa significativa crise de liquidez. Já na gestão Whitaker essa política de estabilização é
seriamente afetada pelas medidas que revogaram as instruções que implementavam uma política monetária
creditícia. Esse período também é marcado pela ampliação do crédito ao setor produtivo, especialmente a
agricultura.

Política Fiscal – Gudin considerava o processo inflacionário como fruto da expansão monetária (já combatida pelo
programa contracionista descrito acima) e dos déficits públicos. Para combater esse segundo ponto, Gudin
pretendia ampliar a arrecadação mediante a elevação da carga tributária, e reduzir as despesas. Devido às
dificuldades de aprovar no Congresso uma medida impopular, Gudin só conseguiu uma redução da dotação de
verbas para os ministérios, reduzindo a participação do governo na formação bruta do capital.

Capítulo 7– Democracia com Desenvolvimento – 1956-61

Luiz Oreinstein e Antônio Cláudio Sochaczewski

(Bruno Carazza)

O Brasil encontrava-se em meados da década de 1950 num dilema que envolvia a necessidade de levar adiante o
processo desenvolvimentista de substituição de importações e a queda no saldo disponível das divisas
internacionais. A diminuição das receitas de exportação e o aumento das importações – que determinavam o
desajuste externo – contrastava com a necessidade de aumentar a entrada de bens de capital e matérias-primas
para incentivar o crescimento industrial. A única solução viável para esse problema de Balanço de Pagamentos
(BP) seria a entrada líquida de capitais autônomos, a fim de manter alta a taxa de investimento e não afetar o fluxo
de importações. Para tanto o governo JK tomou como uma das medidas iniciais de seu governo a criação de um
arcabouço institucional para estimular a entrada de capital, mesmo que isso se desse a custo de maiores pressões
no BP.
O governo levou adiante ainda uma reforma cambial (1957), reduzindo as taxas múltiplas (de 5 para 2, a geral e a
especial, que tornava certas importações mais caras), impondo tarifas ad-valorem e desvinculando recursos obtidos
com os leilões cambiais (permitindo assim maior flexibilidade de gastos do setor público). De um modo geral essa
reforma buscou compatibilizar a contradição entre prover a importação a baixo custo de equipamentos e matérias-
primas e estimular a produção interna.

Essa determinação em levar adiante com maior fôlego o processo de desenvolvimento era evidente desde a posse
do governo. Além dessas medidas de reforma cambial e estímulo à entrada de capitais, o governo JK já no início de
1956 criou o Conselho de Desenvolvimento, encarregado de elaborar o que no final do ano foi lançado como Plano
de Metas, que resumia os objetivos de atuação das esferas pública e privada no estímulo ao crescimento
econômico.

O Plano de Metas baseou-se nos diagnósticos elaborados por programas como o CEPAL-BNDE (1953), e da
Comissão Mista Brasil Estados Unidos (CMBEU, segundo governo Vargas), que definiam áreas-chave de
investimento e os pontos de gargalo da economia brasileira. O plano trabalhava com um espaço de tempo de 5
anos e definia o campo de atuação do Estado em investimentos em áreas básicas e de infra-estrutura e no estímulo
aos investimentos privados. Contemplava-se cinco áreas principais: energia, transporte, alimentação, indústria de
base e educação, além da construção de Brasília (que não estava orçada no Plano). Do total de recursos
necessários para tanto, 71,3% se concentrariam nos setores de energia e transporte (quase que totalmente arcados
pelo setor público), 22,3% na indústria de base (envolvendo o setor privado, financiado por entidades públicas) e
apenas 6,4% para os setores de alimentação e educação. O desembolso ficaria em 50% a cargo do setor público,
35% viria da esfera particular e 15% de agências internacionais que financiariam programas tanto públicos quanto
privados.

Lessa (1981) define quatro pontos básicos para o Plano de Metas:

 Tratamento especial para o capital estrangeiro

 Financiamento dos gastos públicos e privados via expansão dos meios de pagamento e do crédito – provocando
forte pressão inflacionária.

 Ampliação da participação do setor público na formação bruta de capital.

 Estímulo à iniciativa privada – através de reserva de mercado para a produção nacional (lei do similar nacional),
câmbio preferencial para a importação de bens de capital para setores especiais (automobilística e naval, por
exemplo) e crédito com carência e juros subsidiados do BNDE e do Banco do Brasil.

O governo previa para os anos seguintes um déficit decrescente do BP, alcançando o equilíbrio em 1961.
Estabelecia-se uma meta inflacionária de 13,5% ao ano e déficits orçamentários de 2,2% do PIB por parte do setor
governamental – o que parece incompatível, uma vez que a única forma de se financiar esse déficit seria a emissão
de moeda, o que desencadearia uma série de pressões inflacionárias.

No final do período pode-se constatar que a maioria das metas específicas do Plano de Metas alcançaram altas
taxas de realização (referentes a expansão da malha rodoviária, energia, produção industrial, etc.). O PIB cresceu à
taxa média anual de 8,2% (o PIB per capita cresceu 5,1%) e a inflação média, porém, ficou em 22,6% ao ano –
ambas superiores ao objetivo, só que a primeira com efeito positivo e a segunda, negativo. O período apresentou
ainda fortes déficits no BP, resultado da queda dos preços do café e da estagnação de outros componentes da
pauta de exportação de 1958 a 60.

Pode-se delinear como impactos do Plano de Metas a preocupação com os pontos de estrangulamento da infra-
estrutura e a modernização e ampliação do parque industrial, ainda que às custas do aprofundamento das
desigualdades sociais e regionais. As principais dificuldades enfrentadas no período foram a ausência de definição
dos mecanismos de financiamento das metas (como por exemplo a elevação da carga fiscal, dado a pouca
expressividade do sistema financeiro nacional), a resistência do empresariado frente a medidas de controle
inflacionário e a atitude dúbia da política monetária, ao tentar tornar compatíveis metas antagônicas como
crescimento, estabilidade, altos lucros e baixo custo de vida.

O papel do setor público


Além da tendência verificada desde o início dos anos 50 de atribuir ao setor público a solução para os problemas de
infra-estrutura que dificultassem a industrialização, a partir da segunda metade da década delega-se também ao
Estado o provimento de insumos básicos. O governo controlava nesse período as três maiores siderúrgicas do país
(CSN, Cosipa e Usiminas), detinha o monopólio da produção e refino do petróleo (Petrobrás), produção e
exportação do minério de ferro (CVRD), participação crescente no setor energético (CHESF, Furnas), importância
fundamental nos transportes (através da RFFSA, Lloyd Brasileiro, DNER e DER) e ainda o controle sobre o crédito
(Banco do Brasil) e a comercialização do café, cacau, borracha, açúcar, etc. através dos vários institutos.

O governo contou como suas principais fontes de recursos no período o imposto sobre o consumo, imposto de
renda e o saldo de ágios e bonificações do imposto de importações. A participação da receita do governo no PIB,
que permaneceu entre 19 e 20% até 1957, chegou a 23.2% no auge do Plano de Metas.

No entanto o governo ampliou o peso de seus gastos de 19% do PIB em 1952 para 23,7% em 1961, colocando em
risco a capacidade de poupança do setor público. Os investimentos do setor público concentraram-se no setor
industrial (química e mineração, mais transportes e comunicações a partir de 1958, com a formação da RFFSA). Ao
exercer uma demanda autônoma de investimentos, o Estado exerceu posição central para a sustentação do ciclo
econômico, principalmente para o setor de bens de capital.

Políticas fiscal e monetária

Durante o governo JK as políticas monetária e fiscal ficaram para segundo plano, ficando vinculadas ao processo de
industrialização.

No campo monetário a política econômica era gerenciada pela Sumoc, Banco do Brasil e pelo próprio Tesouro.
Cabia à Sumoc a política cambial, a fixação das taxas de redesconto e compulsórios, a fiscalização do capital
estrangeiro e dos bancos comerciais e as operações de open market. O Tesouro emitia papel-moeda e amortizava-
o através da Caixa de Amortização. As funções do Banco do Brasil, no entanto, eram as mais contraditórias.

Ao Banco do Brasil estava delegada a operação da carteira de redescontos (para crédito seletivo e de liquidez) e da
caixa de mobilização bancária (emprestador de última escolha), operava ainda a carteira de câmbio e de comércio
exterior (Cacex) – implementando decisões da Sumoc. O Banco do Brasil recebia ainda a arrecadação tributária e
efetivava os pagamentos da união (banco do Tesouro), sendo responsável ainda pelo serviço de compensação de
cheques e o depósito das reservas voluntárias dos bancos comerciais.

A ambigüidade das funções do Banco do Brasil residia no choque entre seus papéis de banco comercial e
autoridade monetária (não existindo limites rígidos à emissão de papel-moeda) e por outro lado de depositário das
reservas dos bancos comerciais e ele mesmo sendo um banco comercial (não havendo limite para suas operações
ativas). Durante o período JK a cobertura do déficit de caixa governamental se fez quase que exclusivamente
através de empréstimos do Banco do Brasil ao Tesouro. Como o BB exercia funções de banco central e banco
comercial, qualquer crédito contra ele tornava-se base monetária (e não moeda escritural secundária). Logo, a
cobertura dos déficits do Tesouro com crédito em conta corrente no Banco do Brasil representava expansão
primária dos meios de pagamento.

Além dessa controversa atuação do Banco do Brasil, o governo encontrava dificuldades na utilização dos
instrumentos tradicionais de política monetária para restringir a expansão do crédito: i) as operações de open
market eram praticamente inexistentes, pois não havia um montante suficiente de letras do Tesouro em circulação,
ii) as autoridades relutavam em utilizar o depósito compulsório, uma vez que esse meio seria lento e de grande
impacto, iii) o redesconto também foi pouco utilizado. As autoridades monetárias contaram então com dois
instrumentos heterodoxos: a manipulação dos empréstimos das diversas carteiras do BB e a compra e venda de
divisas de câmbio – as chamadas PVCs (Promessas de Venda de Câmbio).

Dessa forma a eliminação do déficit do Tesouro só poderia se dar através do aumento da receita tributária (que se
fazia desinteressante para o Congresso), lançamento de títulos da dívida pública (havia no entanto restrições com
relação ao patamar de sua taxa de juros) e a compressão de despesas – afetando diretamente o investimento, pois
o funcionalismo público era bastante forte. Como a inflação havia saltado de 7% (57) para 24,3% (58), Lucas Lopes
assumiu o Ministério da Fazenda encaminhando ao Congresso o Programa de Estabilização Monetária. Seus
principais objetivos: num primeiro momento, reduzir o ritmo da inflação mediante distribuição de renda e orientação
de investimentos e preços; posteriormente, limitar a expansão dos meios de pagamento, com vistas à estabilização.
Associado ao conservadorismo e às políticas ortodoxas do FMI em plena euforia do “50 anos em 5”, o plano sofreu
um rápido desgaste junto à classe política e à opinião pública. O resultado foi a queda de Lucas Lopes e Roberto
Campos (então presidente do BNDE) e o rompimento do governo com o FMI.

Índice Cronológico
Agosto de 1957: Nova reforma do sistema cambial, com o objetivo de simplificar o sistema de taxas múltiplas e
introduzir um mecanismo de proteção específica por produtos da mesma categoria.

27 de outubro de 1958: É encaminhado ao Congresso o Programa de Estabilização Monetária do ministro Lucas


Lopes.

Janeiro de 1959: Liberação das exportações de manufaturados pelo mercado livre (Instrução 167 da Sumoc)

Abril de 1959: Liberação dos fretes (Instrução 181)

Dezembro de 1959: Transferiu todas as exportações para esse mercado, com a exceção de café, cacau, óleo
mineral cru e mamona (Instrução 192).

Meados de 1959: Lucas Lopes é substituído no Ministério da Fazenda por Sebastião Paes de Almeida (então
Presidente do Banco do Brasil), Roberto Campos dá lugar a Lúcio Meira no BNDE e o governo brasileiro rompe com
o FMI.

Política cambial: Reforma implementada em agosto de 1955, introduzindo apenas duas taxas de câmbio: a Geral
(matérias-primas, equipamentos e bens sem suprimento nacional) e a Especial (bens de consumo e outros com
similar nacional). Um dos objetivos dessa reforma foi estimular o processo de substituição para o setor de bens de
capital (que, em conseqüência, cresceu a uma taxa de 26,4% ao ano entre 1955 e 1960).

Plano de Metas: Previsão e Resultados (1957-61)

PrevisãoRealizado %

Energia elétrica (1.000 kw) 2.000 1.650 82

Carvão (1.000 ton) 1.000 230 23

Petróleo-produção (1.000 barris/dia) 96 75 76

Petróleo-refino (1.000 barris/dia) 200 52 26

Ferrovias (1.000 km) 3 1 32

Rodovias-construção (1.000 km) 13 17 138

Rodovias-pavimentação (1.000 km) 5 - -

Aço (1.000 ton) 1.100 650 60

Cimento (1.000 ton) 1.400 870 62

Carros e caminhões (1.000 unid) 170 133 78

Nacionalização (carros) (%) 90 75 -

Nacionalização (caminhões) (%) 95 74 -

Fonte: Banco do Brasil, Relatório e Anuário Estatístico. Apud (Orenstein & Sochaczewski, 1997)
Política monetária: A cobertura do déficit de caixa do governo se fez quase que exclusivamente através de
empréstimos do Banco do Brasil ao Tesouro. Desta forma, a cobertura dos déficits por meio de crédito em conta
corrente no Banco do Brasil implicou permanente expansão primária dos meios de pagamento. Dada a reação
negativa do Programa de Estabilização Monetária (PEM), optou-se pela continuação do projeto desenvolvimentista
sem políticas de controle monetário. A partir daí as tentativas de estabilização de preços restringiram-se a
frustrados “Planos de Contenção” da despesa orçamentária.

Política fiscal: Além das despesas de custeio, o item mais importante de gasto do governo referia-se aos subsídios
às empresas de transporte de propriedade do governo federal. Elas receberam subvenções do governo federal da
ordem de 12 a 13% da sua receita em 1955-60. O governo mostrou-se incapaz de conter os gastos correntes,
principalmente com a folha de pagamentos (dada a força política do funcionalismo público.

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