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UNINASSAU- UNIVERSIDADE NASSAU

PROFª: FERNANDA RABELO


ALUNOS: THIAGO SILVA SANTOS

PORTUGUÊS
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO

SÃO LUÍS
2017
THIAGO SILVA SANTOS

CÉSIO- 137

A LUZ DA MORTE

Esse presente trabalho

é um relatório de uma historia

trágica que aconteceu em Goiânia capital de

Goiás no ano de 1987

Professora: Fernanda Rabelo

SÃO LUIS-MA

2017
No ano de 1987, ocorreu em Goiânia, capital do estado de Goiás, um
acidente radioativo, o segundo maior acidente radioativo do mundo ficando
atrás somente do acidente de Chernobyl, na Ucrânia. Entretanto, é
considerado o maior acidente nuclear do Brasil e do mundo, fora de usinas
nucleares.

O acidente teve início no dia 13 de setembro. Somente dezesseis


dias depois a contaminação das pessoas por material radioativo foi
descoberta pelas autoridades e foram tomadas medidas necessárias para a
descontaminação.

Aconteceu que um hospital (Instituto Goiano de Radiologia – IGR)


havia sido desativado após sofrer uma ação de despejo. Entre os escombros
do hospital havia um aparelho de radioterapia com uma cápsula de chumbo
contendo cerca de 20 gramas do sal cloreto de césio 137 (CsCl). Essa
quantidade gera um volume de mais de 7 toneladas de lixo atômico.

O césio-137 é um isótopo radioativo. Esse elemento é muito nocivo,


pois emite partículas ionizantes e radiações eletromagnéticas capazes de
atravessar vários materiais, incluindo a pele e os tecidos do corpo humano,
interagindo com as moléculas do organismo e gerando efeitos devastadores.
Ele é capaz de substituir o potássio nos tecidos vivos. No aparelho de
radioterapia, porém, seu feixe radioativo é usado para atacar as células
cancerígenas e o chumbo da cápsula impede que essa radiação atravesse e
contamine os materiais ao redor. Hoje se costuma usar o cobalto-60 no lugar
do césio-137.

No entanto, dois sucateiros, Roberto dos Santos e Wagner Mota,


invadiram o prédio abandonado e removeram o aparelho de radioterapia a
fim de vendê-lo para um ferro-velho. Eles arrombaram a máquina, dando
inicio à contaminação.
Posteriormente, eles venderam a peça para o dono de um ferro-velho
(Devair Alves Ferreira), que tirou a cápsula de chumbo com o césio-137 e
ficou maravilhado com a substância, acreditando que o pó era sobrenatural,
pois brilhava no escuro, apresentando um tom azulado. Levando para casa,
vários de seus familiares, vizinhos e amigos queriam ver o misterioso pó
brilhante, pegando-o com a mão, passando-o no corpo e se contaminando
cada vez mais.

Dentro de algumas horas, as pessoas que entraram em contato com


esse material começaram a sentir os primeiros sintomas da contaminação
radioativa, como náuseas, vômitos, tonturas e diarreia. Porém, as pessoas
continuavam manipulando o material e distribuindo-o entre parentes e
amigos. Devair ainda chegou a fazer um anel para a sua esposa, Maria
Gabriela, com fragmentos do Césio-137 – porém, o resultado foi que ela teve
que amputar o seu braço no dia seguinte, em razão da alta intensidade de
raios gama.

No dia 19, o irmão de Devair, chamado Ivo, levou a substância para


casa e ela foi ingerida por sua filha de 6 anos, Leide das Neves. Essa criança se
tornou o símbolo desse acidente em Goiânia, pois foi considerada a maior
fonte de radiação humana do mundo e, ao morrer, em virtude da
contaminação, precisou ser enterrada em um caixão de chumbo erguido com
um guindaste.

Acreditava-se que os sintomas das pessoas eram apenas uma doença


infecciosa, mas, enquanto isso, a contaminação se alastrava rapidamente.
Para citar um exemplo, Odesson Ferreira, outro irmão de Devair, que era
motorista de ônibus, entrou em contato com a substância e contaminou
vários passageiros.
Em 29 de setembro de 1987, descobriu-se que a fonte da
contaminação era o material radioativo, pois a esposa de Devair suspeitou do
pó e levou a cápsula para a sede da Vigilância Sanitária. Chamaram o físico
Walter Mendes e ele descobriu que se tratava de uma substância
radioativa. Ele chegou a tempo de impedir que os bombeiros jogassem a
cápsula dentro do rio Meia Ponte, principal fonte de abastecimento da
cidade.

Descontaminação:

A descontaminação foi iniciada no dia 30 de setembro, pelos técnicos


da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), juntamente com a ajuda da
polícia militar. Quatro pessoas morreram, mais de 200 pessoas foram
contaminadas, em maior ou menor grau, sendo colocadas em quarentena
num estádio, o Olímpico, onde passaram por uma triagem para identificar o
grau de contaminação. Muitos foram enviados ao Rio de Janeiro para a
realização de um tratamento intensivo.

Os rejeitos do acidente com césio-137, em Goiânia, envolveram todo e


qualquer tipo de material que entrou em contato com o césio, ou sua
radiação, como os resíduos que foram gerados em hospitais, no ferro-velho,
as plantas, os animais, objetos pessoais, roupas, fotografias, cartas, dinheiro,
materiais de construção, toda a vizinhança e até mesmo um ônibus, que
Odesson dirigia. Enfim, foram produzidas 13,4 toneladas de lixo atômico, que
foram acondicionadas em 14 contêineres lacrados hermeticamente.

Depois de muitas discussões sobre o destino desse lixo, ficou definido


um repositório em Abadia de Goiás (GO), a 25 km do centro de Goiânia.

Vítimas do preconceito:
As pessoas contaminadas pela radiação, mesmo depois de terem saído
do hospital, foram tratadas com preconceito, como se tivessem uma doença
contagiosa. Muitas vezes eram até mesmo apedrejadas; e algumas crianças
precisaram mudar de escola, sendo vítimas de bullying.

Crianças nascidas após o acidente também foram vítimas indiretas


dessa contaminação, sendo que muitas nasceram com problemas de saúde.

Em 1996, três sócios e funcionários do antigo Instituto Goiano de


Radioterapia foram condenados pela Justiça por homicídio culposo (quando
não há a intenção de matar). No entanto, os três anos e dois meses de prisão
foram substituídos por prestação de serviços.

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