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ARTIGOS

Espaço urbano, fluxos e direitos: percursos


no Elevado João Goulart (Minhocão)
Isabela Oliveira Pereira da Silva
Doutora em Antropologia Social pela USP
(oliveira.isabela@gmail.com)

Álex Kalil
Graduando em Sociologia e Política pela FESPSP
(alex.kalil@hotmail.com)

Amanda Gabriela Jesus Amparo


Graduanda em Sociologia e Política pela FESPSP
(amandagabrielandh@gmail.com)

Ana Paula Martins


Graduanda em Sociologia e Política pela FESPSP
(apdcmm@gmail.com)

Denise Santana Zemantaukas


Graduanda em Sociologia e Política pela FESPSP
(demisantana96@gmail.com)

Robson Perez
Graduando em Sociologia e Política pela FESPSP
(rob.perez.jr@hotmail.com)
Vinicius Santos
Graduando em Sociologia e Política pela FESPSP
(vinicius_ssantos87@hotmail.com)

Alabastro: revista eletrônica dos discentes da Escola de Sociologia e Política da FESPSP, São Paulo, ano 5, v. 1, n. 9, 2017, p. 64-74.
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Resumo
Este artigo apresenta os resultados do laboratório de escrita etnográfica realizado no
último ano do curso de Sociologia e Política da FESPSP, na disciplina de Antropologia
Urbana. A partir de relatos de campo realizados no entorno do Elevado João Goulart
(Minhocão), foi produzida uma etnografia em que se problematizou as noções de
direitos, violência e segregação no espaço urbano. Estruturada a partir de seis eixos:
1) identidades e direitos no espaço urbano; 2) desejos, afetos e sociabilidades nos
limites do ilícito, imoral e ilegal 3) as instituições e o sagrado; 4) festa, lazer e artes; 5)
consumo e pobreza e 6) localidades, fluxos e fronteiras; os relatos de campo buscaram
observar diferentes aspectos envolvendo o Minhocão e seu entorno (incluindo
a Praça Roosevelt). Inicialmente, observando o contraste da “parte de baixo” e da
“parte de cima” do Elevado, o exercício etnográfico partiu da comparação entre os
dois contextos problematizando como as políticas públicas e os planos que projetam
o futuro do Minhocão (sejam por parte do Estado, seja por parte da sociedade civil e
movimentos sociais) tendem a considerar de forma tangencial o que ocorre na parte
de baixo desta construção arquitetônica.
.

Palavras-chave
etnografia; direitos; violência; Elevado João Goulart; Minhocão.

Alabastro: revista eletrônica dos discentes da Escola de Sociologia e Política da FESPSP, São Paulo, ano 5, v. 1, n. 9, 2017, p. 64-74.
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Espaço urbano, fluxos e direitos: percursos no Elevado João Goulart (Minhocão)
ISABELA OLIVEIRA P. DA SILVA, ÁLEX KALIL, AMANDA GABRIELA J. AMPARO, ANA PAULA MARTINS, DENISE S. ZEMANTAUSKAS, ROBSON PEREZ E VINICIUS SANTOS

1. Percursos na cidade e em sala de aula Estruturada a partir de seis eixos: 1) identidades


e direitos no espaço urbano; 2) desejos, afetos e
“Em 1948, quando começaram a demolir as sociabilidades nos limites do ilícito, imoral e ilegal 3)
casas térreas para construir os edifícios, nós, os as instituições e o sagrado; 4) festa, lazer e artes; 5)
pobres que residíamos nas habitações coletivas,
fomos despejados e ficamos residindo debaixo consumo e pobreza e 6) localidades, fluxos e fronteiras;
das pontes. É por isso que eu denomino que os relatos de campo buscaram observar diferentes
a favela é o quarto de despejo de uma cidade. aspectos envolvendo o Minhocão e seu entorno
Nós, os pobres, somos os trastes velhos.”
Carolina Maria de Jesus, Quarto de despejo (incluindo a Praça Roosevelt). Em comum, os relatos
e reflexões tiveram como enquadramento a discussão
Este artigo apresenta os resultados de um
sobre direito à cidade, inaugurada por Henri Lefebvre em
trabalho coletivo empreendido como parte das
1968 e, posteriormente, desenvolvida por David Harvey
atividades da disciplina de Antropologia Urbana, realizada
(2012), que afirma:
com os alunos do último ano do curso de graduação
em Sociologia e Política da FESPSP (Fundação Escola A questão de que tipo de cidade queremos
não pode ser divorciada do tipo de laços
de Sociologia e Política de São Paulo)3, no primeiro sociais, relação com a natureza, estilos de vida,
semestre de 2017. Com foco no centro da cidade de tecnologias e valores estéticos desejamos. O
direito à cidade está muito longe da liberdade
São Paulo, a proposta deste trabalho foi a realização de individual de acesso a recursos urbanos: é o
um laboratório de escrita etnográfica a partir de diferentes direito de mudar a nós mesmos pela mudança
incursões de campo e os relatos destas experiências4, da cidade. Além disso, é um direito comum
antes de individual já que esta transformação
pesquisas documentais, bibliográficas e de material depende inevitavelmente do exercício de
histórico, entrevistas e a leitura e discussão dos textos um poder coletivo de moldar o processo
de urbanização. A liberdade de construir e
da disciplina. Os locais escolhidos para a realização
reconstruir a cidade e a nós mesmos é, como
do trabalho de campo foram dois pontos específicos procuro argumentar, um dos mais preciosos
nos arredores da faculdade: o Elevado João Goulart e negligenciados direitos humanos (Harvey,
2012, p. 74).
e a Praça Roosevelt, que abrange a área da República,
Santa Cecília, e Baixo Augusta. Este artigo apresenta a A partir destas premissas de considerar que
síntese dos resultados do trabalho e o seu processo de a cidade não pode ser divorciada de suas relações
investigação com foco na discussão sobre fluxos e direitos sociais e de que a liberdade individual e o acesso aos
no contexto observado. recursos urbanos são parte do que definimos como
direitos humanos, buscou-se compreender as diferentes
3 A atividade contou também com o apoio de alunos da Escola
dinâmicas e formas de sociabilidade presentes “na parte
da Cidade de Arquitetura, localizada na mesma vizinhança que a de baixo” do Minhocão, sobretudo, com a população de
FESPSP, também na Rua Amaral Gurgel.
rua e transeuntes presentes na Rua Amaral Gurgel, na
4 Entre os relatos de campo que ajudaram a compor este artigo
estão também os de autoria de Ali Mustafa, Caio Cezar Andrades área da Santa Cecília. Inicialmente, com a observação
Pereira, Celso Ricardo Bueno, Cleide dos Reis, Dener Silva Fer- da “parte de baixo” e da “parte de cima” do Elevado,
nandes de Oliveira, Edilara Lima Pacheco, Eloy Deucher, Íris Cav-
alcanti, Marcel Rodrigues Rocha, Murillo Bidoia Galdino, Ricardo o exercício etnográfico partiu da comparação entre
Bispo dos Santos, Rodolfo Maia Kauffmann, Sérgio Messias Barão os dois contextos problematizando como as políticas
e Thamires Costa.

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públicas e os planos que projetam o futuro do Minhocão O segundo desafio diz respeito à dificuldade do
(sejam por parte do Estado, seja por parte da sociedade próprio recorte etnográfico para o trabalho de campo.
civil e movimentos sociais) tendem a considerar de O que se observa quando observamos o Minhocão?
forma tangencial o que ocorre na parte de baixo desta Aquilo que consideramos como o baixo do Elevado
construção arquitetônica. inclui apenas o vão de vigas que sustentam a construção
Com escassas propostas que enfrentam o desafio ou deve considerar os dois lados da rua que se avizinha
de pensar o futuro do baixo do Elevado, temos uma às vigas e, mais recentemente, abriga uma ciclofaixa?
desconexão entre um plano de cidade projetado para Neste caso, a opção foi de considerar o Minhocão e seu
os frequentadores (e também consumidores) do entorno próximo, na área entre a Avenida Consolação e
Minhocão como um importante espaço de sociabilidade a Rua Helvétia, marcada pelo trajeto entre as estações de
da cidade e, por outro lado, uma ausência de projeto metrô República e Santa Cecília na Rua Amaral Gurgel.
efetivo para uma população de presença não desejável Por último, durante a pesquisa, foi possível
para os projetos de renovação urbana e gentrificação observar como o Minhocão sofreu o impacto direto
da área da Vila Buarque, a saber: michês, prostitutas, das ações de repressão policial realizadas na área
frequentadores de casas de exibição de filmes pornôs, conhecida como Cracolândia, no mês de maio de 2017.
motéis, população de rua em geral e usuários de crack, O resultado destas ações conjuntas entre a prefeitura e o
refugiados, frequentadores de teatros decadentes e pequenas governo estadual foi o deslocamento de parte do “fluxo”
igrejas neopentecostais de diferentes vertentes e denominações no entorno do Terminal Princesa Isabel para o entorno
voltadas para o público local. Esta desconexão revela do Terminal Amaral Gurgel, 800 metros dali. Além de
uma partilha entre dois espaços e dois mundos: a parte compartilharem problemas similares, baixo do Minhocão
de baixo e a parte de cima desta arquitetura. e Cracolândia, nas discussões atuais sobre o centro, são
Dentre os principais desafios desta tarefa coletiva locais chaves para o projeto de revitalização da região.
de se refletir sobre o Minhocão, três deles devem ser Menos do que áreas desconectadas, o que se observa é um
mencionados por terem ajudado a dar forma ao trabalho fluxo de deslocamentos no centro da capital, um circuito,
5

de campo, para além dos desafios de se empreender nos termos de José Guilherme Magnani (2014).
um trabalho no contexto de sala de aula. Primeiro, a
dificuldade de se estranhar o familiar. Pela proximidade 2. Cenário: o Minhocão
geográfica de duas quadras de distância entre a Escola
de Sociologia e Política e o Minhocão, o Elevado é parte
O Elevado Presidente João Goulart, antigo
dos trajetos cotidianos de professores e alunos. Ponto
Elevado Presidente Costa e Silva6, mais conhecido por
de passagem entre o metrô República e a Escola de
5 A palavra fluxo aqui se refere tanto à uma forma popular de
Sociologia, o baixo do Minhocão é uma paisagem mais
chamar a aglomeração de usuários de crack em São Paulo, quanto
que habitual para o grupo envolvido neste experimento é também um conceito problematizado por Ulf Hannerz (1997)
para tratar de recortes e limites espaciais em antropologia.
etnográfico. Esta condição de proximidade impôs o
6 “Lei que muda nome de Minhocão para Elevado João Goulart
seguinte questionamento: O que pode haver de novo é sancionada”. Disponível em: http://g1.globo.com/sao-paulo/
para se observar em um lugar em que se transita diariamente? noticia/2016/07/lei-que-muda-nome-do-minhocao-para-elevado-
joao-goulart-e-sancionada.html. Acesso em 20/06/2017.

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Minhocão, talvez seja a obra urbanística mais contestada irreversíveis no centro de São Paulo. Na definição de
das metrópoles brasileiras. A polêmica começou com Tales Ab’Saber (2016) “um traço definitivo no corpo da
a sua construção nos anos de 1970 e continua com a cidade, tortura e cicatriz nunca fechada na sua natureza.
sua permanência até hoje e a discussão de seu futuro. Que imprimiu a marca incisiva de uma profunda
Mais recentemente, o então prefeito em exercício, alienação urbana ao seu centro construído”.
Fernando Haddad, sancionou um Projeto de Lei (PL O viaduto foi inaugurado em 23 de janeiro 1971
22/2015) do vereador José Police Neto mudando o por Paulo Maluf (na época, nomeado pela ditadura),
uso do Elevado, agora tratado como Parque Minhocão. como uma ligação entre as regiões Leste e Oeste. Com
A nova legislação permitirá à via medidas previstas 3,5 km de extensão, 4 pistas, 5m de altura, a construção
em outros parques da cidade, como a criação de um cortou uma região privilegiada da cidade, verticalizada
Conselho Gestor e ações de zeladoria para garantir o e alta, passando sobre avenidas com prédios contínuos
aprimoramento da utilização do local pela população. dos dois lados, com fachadas tão próximas ao concreto
Como já acontece atualmente, nos momentos que a via que chegam a ter somente alguns metros de distância
estiver fechada para o trânsito de automóveis, estará do viaduto. Seu traçado liga o centro à zona oeste,
aberta ao lazer da população, pedestres e ciclistas7. Hoje, partindo da Praça Roosevelt, passa pela Rua Amaral
entre a polarização de opiniões que o Elevado suscita na Gurgel, Av. São João, Praça Marechal Deodoro, Av.
comunidade, alguns movimentos sociais orbitam suas General Olímpio da Silveira até o Largo Padre Péricles.
propostas no fechamento total da via e transformação Dentre as alterações da dinâmica da cidade, seu
dela em parque ou a demolição completa do Minhocão8. impacto foi sentido especialmente na vida cultural
Construído entre 1969 e 1971, o viaduto foi e artística da capital. Ainda de acordo com Ab’Saber
um marco do regime ditatorial, levando inclusive no (2016), o viaduto atingiu uma região que formava um
nome uma homenagem a um político deste período. triângulo urbano qualificado por uma vida cultural ativa
O desenvolvimento urbano pautado em um modelo e boêmia da cidade, que se desqualificou. É preciso
desenvolvimentista da década de 1970 priorizava analisar vários vértices: ao leste, com o Bixiga, o TBC e
o carro e as longas vias que cortavam o desenho da o Teatro Oficina; ao norte, com o jornal Estado de São
cidade com os eixos norte-sul e leste-oeste. O projeto Paulo, a Biblioteca Mário de Andrade; o vértice com
inicial foi idealizado na gestão do prefeito Faria Lima a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
e “engavetado” pela repercussão negativa na opinião da Universidade de São Paulo, a Escola de Sociologia
pública e pelas críticas dos urbanistas. Mais tarde, e Política de São Paulo, o Mackenzie; e, por fim, o
o projeto foi retomado pelo prefeito Paulo Maluf. centro com o Teatro de Arena e o Edifício Copan
Sua construção provocou transformações urbanas – espaços conhecidos como locais de resistência ao
regime ditatorial.
7 Atualmente, o previsto é que o Minhocão seja aberto para as
pedestres em horários determinados. Isso ocorre durante a semana Neste processo, os preços dos imóveis
no período noturno e, aos sábados, domingos e feriados, durante
24 horas gradativamente diminuíram. Outra população mais
8 Exemplos são a Associação Parque Minhocão com o objetivo pobre, carente de moradia próxima ao trabalho, ocupou
de transformar o elevado em parque e o Movimento Desmonte
Minhocão que objetiva seu desmonte completo.
a região. Um processo de gentrificação “às avessas”.

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Assim, pensar no Minhocão como uma arquitetura entre 3. Atores, usos e espaços
dois espaços com o baixo e o alto do Elevado ajuda a
refletir sobre suas partes, funções, fluxos e constante
O antropólogo José Magnani, cujos estudos têm
processo de transformação – tal qual de permanências.
como foco o meio urbano, analisou o lazer nas áreas
Ao mesmo tempo, também é possível pensar na
periféricas de São Paulo. Em sua investigação, percebeu
heterogeneidade dos grandes centros urbanos, no qual
que os moradores de áreas periféricas utilizavam o
se possibilita identificar, nos termos de Gilberto Velho
tempo livre aos finais de semana para o lazer e não
(2009), os grandes fluxos populacionais, transformações
apenas para assistir TV ou fazer “bicos”. Isso o ajudou
no deslocamento físico e psicossocial, característicos do
a estruturar o conceito de “pedaço”. Para explicá-lo,
permanente dinamismo da vida metropolitana.
Magnani pontuou que o principal aspecto a ser levado
Desta forma, o Minhocão se situa como uma em conta durante a análise do “pedaço” era mais do que
ilha, no meio do gigantesco oceano de edifícios, uma o espaço físico/geográfico: o sentido também estava
cicatriz – como preferem os urbanistas – que abriga presente na rede de relações sociais estabelecidas em
uma urbanidade inóspita com pichações, prostituição, determinado local.
conflitos, e logo, uma violência desvalorizada por um
Assim, são formas de sociabilidades locais
sentimento de indiferença inerente a atitude blasé,
que acabam sendo associadas a lugares específicos.
conceituada por George Simmel (2005). Em alguns
É o casamento na igreja do bairro, são os campos de
casos, a violência só é percebida pelos passantes
futebol de várzea ou as partidas na rua, são os bares que
quando a ameaça material se apresenta, isto é, quando
levam os nomes de seus donos, como Bar do Zé, Bar
alguma possibilidade de roubo ou furto é calculada. A
do Tonho, enfim, teias de interação que ressignificam
violência de baixo do Elevado e os discursos sobre ela
espaços, agregando novos elementos simbólicos a eles.
se integram a vida cotidiana e expressam, ainda que em
Elementos estes que são reconhecidos e reafirmados
menor escala, a desigualdade na cidade.
pelos moradores inseridos no “pedaço”.
Se, por um lado, o Minhocão já ganhou status de
Se na periferia da cidade há a configuração
parque 9 de forma que se pretende inserir a cidade de São
de “pedaços” com o reconhecimento de espaços
Paulo na vitrine das metrópoles mundiais que inovam
específicos, as áreas centrais da cidade apresentam um
na utilização de equipamentos urbanos antigos, a região
desafio para a própria categoria analítica. Neste sentido,
enfrenta uma confluência de problemas de violações
nas palavras do autor
de direitos humanos e violências, especialmente com a
No artigo “Os pedaços do centro” há uma
população de rua da área10. primeira tentativa de aplicar categoria pedaço
para além dos limites dos bairros da periferia:
tratava-se de analisar formas, de uso do espaço e
9 “Prefeitura sanciona lei que cria o parque minhocão”. Disponível contatos interpessoais em determinadas regiões
em: http://www.camara.sp.gov.br/blog/prefeitura-sanciona-lei- centrais da cidade, deterioradas e densamente
que-cria-o-parque-minhocao/. Acesso em 28/06/2017. povoadas. Também aqui de certa forma está-
10 Sobre a população em situação de rua, ver o Censo realizado se diante de uma população dependente da
em 2011 em parceria entre a Prefeitura e a FESPSP. http://www. rede formada por parentes, vizinhos, colegas,
prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/chamadas/cen-
conterrâneos. A diferença, contudo, fica por
so_1338734359.pdf . Acesso em 02/06/2017.

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conta do aperto: a moradia é constituída por a observação da “vila” na bifurcação entre as ruas
cortiços e pensões com elevados índices de
Amaral Gurgel e Ana Cintra permite explorar aspectos
ocupação (MAGNANI, 1992, p. 194).
importantes sobre a sociabilidade neste circuito.
Estas questões se fizeram presentes durante a
A “vila Adelaide” destoa do restante da região
observação de campo nos “pedaços” espalhados pelo
do Minhocão e se apresenta como uma espécie de
entorno do Minhocão. Pedaços esses que também
“ponto livre”, com bares abertos, grande concentração
podem ser encontrados nas áreas periféricas da cidade.
de pessoas, mesas e cadeiras espalhadas pela calçada,
No baixo do Minhocão, foi observado o culto religioso
além de uma mesa de sinuca e um jukebox ligado, cena
e o futebol acontecendo na mesma “viela” com cadeiras
corriqueira nas periferias da cidade. Diferentemente de
e o churrasco no meio da calçada, jovens se divertindo
outros pontos, a “vila Adelaide” não se configura como
numa pequena quadra escondida entre as casas, formas
somente um lugar de passagem, comumente encontrado
de sociabilidade que dependiam do espaço e agregavam
na região central da cidade. Por ali, foi possível perceber
a ele novos elementos simbólicos. Era o resgate da
pessoas transitando e crianças brincando na rua,
“proximidade” que beira a intimidade, comum nas áreas
além dos pequenos comércios, utilizados, quase que
periféricas até mesmo pela própria composição das
exclusivamente, pelas pessoas que ali habitam.
moradias. Mais do que simplesmente reunir comércios,
Cores diferenciadas, porões e janelas compridas,
casas e vias, a “periferia do Minhocão” resistia à face
assim se formavam as residências da vila. Ao caminhar
rígida do Elevado, à sua presença imponente e inflexível,
até o final dela durante à noite - sem passagem para
e deixava nela a inconfundível marca da “quebrada”.
outra rua ou travessa -, o silêncio imperava, mesmo com
Um pedaço do “fundão” no centro de São Paulo.
luzes acesas e cortinas entreabertas. Além disso, não
Ainda circulando pelos arredores do Minhocão,
havia como evitar os lixos dali. Outra surpresa: muitas
foram descobertos outros lugares com diferentes
cascas de frutas, tecidos, comida orgânica evidenciavam
dinâmicas de habitação e comércio e a tentativa de
o processo de feitura de comidas pelas famílias do local.
ocupação do (pouco) espaço público para lazer, diversão
Neste “pedaço”, nitidamente demarcado, as
e práticas religiosas. Um desses espaços observado foi
pessoas que ali estavam partilhavam de sociabilidades
uma pequena “comunidade” paralela ao Elevado que
comuns. Como já assinalado, as pessoas permaneciam
parecia convidar para a entrada em outra dimensão do
na rua, interagindo umas com as outras, em meio às
espaço. Batizada pelos moradores de “vila Adelaide”, a
moradias simples. Não foi difícil perceber quem
rua estreita era um espaço repleto de casas com estilo
pertencia e quem não pertencia àquele lugar, a ponto
arquitetônico que lembrava o de cortiços do século XIX.
da nossa permanência e presença serem notadas com
Ao observar a “vila” percebe-se que não é possível
relativa desconfiança. Parecia que aquele local estava
tomar o Minhocão como um espaço social uníssono. O
deslocado, simbolicamente, da São Paulo frenética em
espaço é dividido por diversas fronteiras delineadas por
meio ao ruidoso movimento de automóveis. Viviam
determinados códigos de pertencimento não apenas
outra realidade, que se diferenciava dos que ali passavam
espaciais, mas relacionais. Sem a pretensão de dar conta
para voltar para casa ou para desfrutar os bares da região.
da totalidade de fluxos e espaços do baixo Minhocão,
Estavam em casa. Vivendo ludicamente, aproveitando o

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início do final de semana, com música, cerveja e sinuca inclusive, tendia sempre a rolar em direção ao Minhocão,
em pequenos comércios. O local era dotado de um ar correndo risco de ser atropelada.
de “comunidade”, com casas cujas paredes eram bem Mais alguns passos adiante e um grupo de
coladas umas nas outras, com a calçada curta e a rua pessoas se reunia em círculo. No centro, um homem
como quintal coletivo. segurando a Bíblia Sagrada, compartilhando suas
Logo à frente da entrada da vila Adelaide, outro palavras. A simplicidade da manifestação religiosa
espaço paralelo ao Minhocão se revelou. Desta vez, uma remete a outros contextos de bairros em que os fiéis
travessa estreita, curta, mas com um barulho intrigante: caminham pela vizinhança buscando alguém que possa
vozes de jovens. Sons intensos pareciam se acumular ao ter “um minutinho para ouvir a palavra de Deus”.
fundo da rua. A Travessa dos Desenhistas apresentou Ali, no Minhocão, a diferença é que se tratava de um
outro segredo colado à via Presidente João Goulart: espaço muito mais agitado, com barulho constante
uma pequena quadra de futebol cercada de vegetação e de veículos, transeuntes apressados e quase nenhuma
cheia de crianças a jogar. Não havia iluminação além da característica intimista que remetesse à fé. Só não havia,
que sobrava dos postes e se derramava suavemente sobre de fato, um santuário ou outros símbolos que reproduzissem
o campo de concreto. Esta quadra parecia ser o quintal a atmosfera do sagrado. A “praça” se dividia entre bola no
da única habitação que, aparentemente, havia no local. chão, pensamentos no céu e Minhocão no meio - “à espreita”.
Do lado oposto, o próprio Minhocão, mostrando Fora desses espaços mais escondidos e fixos
aos jogadores o limite de sua diversão. Tal como se vê na paisagem, exatamente na calçada das grades que
nas regiões periféricas de São Paulo, a falta de espaço cercavam o terminal de ônibus Amaral Gurgel, em
dedicado ao lazer faz com que jovens busquem diversão torno de oito pessoas deitadas se ajeitavam em um único
das mais diferentes formas. Uma caçamba de lixo pode papelão, completamente compactadas umas nas outras.
virar um tanque de guerra, uma rua sem saída, a quadra A noite estava muito fria, junto a eles um cercadinho,
de vôlei e o cubículo da garagem, um campinho. Se a com uma grade improvisada com vários cachorros. No
própria imposição da arquitetura caótica e projetada não Minhocão se misturavam, portanto, a permanência de
para pessoas, mas apenas para ocupar o espaço que lhe uma comunidade protegida com laços de convivência
foi reservado, impedia a circulação nas vias da cidade, estabelecidos em forma de vizinhança e a fluidez,
eram esses pequenos agentes que traziam o pulsar de fragilidade e inconstância de pessoas dormindo nas
volta na forma de catarse futebolística. calçadas. Fluidez e permanência no Minhocão.
Cada gol retumbava pela Travessa, competindo Sobre esta fluidez, o deslocamento do “fluxo”
com o roncar dos motores de carro que reclamavam do de usuários de crack no Minhocão provocou ainda
alto do Elevado. Ao sair, três meninos se dirigiam afoitos uma reflexão sobre as recentes ações do poder público
em direção ao local, como se ouvissem um chamado na Cracolândia. Durante o período do exercício
silencioso de seus nomes ao serem convocados para etnográfico, mais precisamente, no dia vinte de maio
o jogo. Retornando à calçada que fazia contorno com de 201711, foi realizada uma ação conjunta entre a
o Elevado, mais futebol, só que desta vez no espaço
11 “Operação surpresa de guerra na Cracolândia choca entidades
público, aberto, às vistas de todos - com a bola que, e recebe críticas”. Disponível em: http://justificando.cartacapital.

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prefeitura e o governo do estado, envolvendo um forte – do todo urbano da cidade se traduz nos relatos e
aparato policial. Com isso, houve um aumento no impressões etnográficas em campo, onde foi possível
número de pessoas em situação de rua (usuários ou não perceber os “pedaços” que remetiam às áreas periféricas
de crack) em aglomerações, especialmente no trecho do da cidade, revelando níveis de sociabilidade para além da
Minhocão mais próximo da Cracolândia12. espacialidade já esperada pelo transeunte típico da zona
A referida ação policial recebeu fortes críticas de central da metrópole. Culto, futebol, uso de drogas,
grupos ligados aos direitos humanos, além do próprio cadeiras com mesas de sinuca e churrasco coabitam
Ministério Público. O combate ao tráfico de crack foi a este viaduto, transcendendo as formas de sociabilidade
tônica da justificativa para a ação, mas a consequência de acordo com o tempo e espaço em que se dava o
desse tipo de intervenção parece ter desdobramentos deslocamento do grupo de pesquisadores.
que incidem mais sob os usuários que no combate ao O que se observou é que este emaranhado de
crime. A ação do poder público, contando com uso de “pedaços” obedece a certa fluidez, uma corrente de
gás lacrimogênio e balas de borracha, fez com que o modalidades de utilização e apropriação do espaço,
“fluxo” de usuários se dispersasse pela região central, cruciais para pensarmos a dinâmica cultural da cidade
assim como o tráfico. de São Paulo. Estes “pedaços” na cidade vêm ganhando
destaque sobre as formas abstratas e impessoais
4. Considerações Finais determinadas pelo conjunto de bens e serviços em
oferta, além do comércio profuso que territorializam
o centro da cidade em uma lógica de consumo e um
No decorrer dos últimos anos, que coincidem com
processo de especulação imobiliária.
o ensino e formação em Ciências Sociais dos autores, a
Neste sentido, serve de inspiração a reflexão de
cidade atravessou inúmeras transformações ocasionadas
Milton Santos, que nos chama a atenção da importância
pelos recentes movimentos de rua com novas formas
de se entender os espaços urbanos como espaços
de apropriação do espaço e uma intensificação da vida
excludentes “formas-conteúdos”, e não apenas por
pública na região central da cidade. Assim, o Minhocão
condições variáveis da natureza e da sociedade. As
que era cenário, se fez ator e personagem, ou ambos.
sociedades, ao produzirem seu espaço, valorizam
Inquietações mobilizadas em sala de aula ajudaram
ou desvalorizam certas porções do território que
a formar questionamentos para se compreender um
vão ser apropriadas por diferentes atores sociais. A
elevado “inadequado”, construído de maneira forçosa
configuração territorial possui “uma existência material
criando vãos do baixo centro.
própria, mas a sua existência social, isto é, sua existência
A ambiguidade do que é fazer parte – ou não
real, somente lhe é dada pelas relações sociais” e é este
conjunto de relações que expressa uma “configuração
com.br/2017/05/22/operacao-surpresa-de-guerra-na-cracolan-
dia-choca-entidades-e-recebe-critica/. Acesso em: 28/06/2017. geográfica”. (Santos, 1996). Neste processo complexo
12 O coletivo A Craco Resiste publicou um detalhado material e ambíguo, pedaços da parte de baixo do Minhocão
sobre as ações das polícias municipal e estadual na Cracolândia.
O material pode ser conferido em: https://drive.google.com/ se reinventam e levam consigo em seus fluxos e
file/d/0BwI3ov41jnJ6Y2xQenhJZWpheEU/view?usp=sharing . deslocamentos cotidianos na capital em diferentes
Acesso em: 13/05/2017.

Alabastro: revista eletrônica dos discentes da Escola de Sociologia e Política da FESPSP, São Paulo, ano 5, v. 1, n. 9, 2017, p. 64-74.
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ARTIGOS
Espaço urbano, fluxos e direitos: percursos no Elevado João Goulart (Minhocão)
ISABELA OLIVEIRA P. DA SILVA, ÁLEX KALIL, AMANDA GABRIELA J. AMPARO, ANA PAULA MARTINS, DENISE S. ZEMANTAUSKAS, ROBSON PEREZ E VINICIUS SANTOS

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significa tratar também dos processos de segregação trajetórias, conflitos e negociações na metrópole. São
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materializam no espaço e pelo espaço.
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