Você está na página 1de 4

EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SEÇÃO


JUDICIÁRIA DO RIO DE JANEIRO/ RJ.

MARCIA MARQUES DE OLIVEIRA, brasileira, viúva, do lar, portadora da carteira de


identidade n. 05.894.281-4 SSp/RJ inscrita no CPF/MF sob o n.º 652.104.687-04, residente e
domiciliada na Rua Sergio Delamare, 35, casa 1, Rocha Sobrinho, Nova Iguaçu/ RJ, Cep:
26574-410 por seu advogado infra assinado, o qual deverá receber intimações (artigo 39 do
CPC) no seguinte endereço: Rua Barão de Piracinunga, 21/604, Tijuca, Rio de Janeiro, Cep:
20521-170, vem perante Vossa Excelência, nesta oportunidade, com fulcro no conteúdo das Leis
10.259/01 e 9.099/95 e 8078/90 propor a presente

AÇÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

em face da Caixa Econômica Federal, instituição financeira, na pessoa de seu representante


legal, inscrita no CNPJ/MF sob o n.º 00.360.305/0001-01, com sede na Avenida Rio Branco
174 - Centro - Rio de Janeiro - RJ - CEP 20.040-007, pelos fatos e fundamentos que a seguir
passa a expor:

DOS FATOS:

A requerente, no dia 01 de março de 2014, fez um depósito no terminal de auto-


atendimento do banco réu em Rio das Ostras, máquina n. 27381017, para que o mesmo fosse
processado no próximo dia útil, que devido ao carnaval, seria feito em 05/03/2014.

Como o depósito não foi efetuado, a demandante dirigiu-se a agência bancária em


questão, falando com a atendente Mariana, no dia 07/03/2014, que solicitou a cópia do
comprovante de depósito e um telefone de contato, pois segundo ela, “ devido ao carnaval, os
depósitos acumularam e eles estavam com poucos funcionários” mas que até as 22;00 hs o
depósito estaria em sua conta corrente.

Cabe ressaltar que a postulante informou não ser da cidade e que estava com passagem
de volta marcada para o dia 09/03/2014, como atesta o documento em anexo aos autos.
Chegando ao Rio de Janeiro, a parte autora entrou em contato com a ouvidoria da
Caixa, que solicitou que a mesma fosse até a sua agência de origem e falasse com seu gerente de
conta, Sr. Alessandro Celerone, que com muita má vontade, informou que nada poderia fazer e
informou a autora, que esta deveria resolver seu problema em Rio das Ostras.

No dia 16/03/2014, como comprova o cartão de embarque rodoviário, em anexo aos


autos, a postulante foi a agencia bancaria da Caixa Economica, sendo atendida pela gerente
Elaine Wong, que processou o deposito, no dia 17/03/2014, conforme comprovante de deposito
em anexo aos autos.

Ressalte-se Excelência a via crucis realizada pela requerente, para realizar um deposito,
que era para ser feito de forma rápida e eficiente, já que este é o objetivo final das máquinas de
auto atendimento, tendo este levado exatamente 12 dias para ser solucionado.

Pelo desrespeito ao consumidor e a conturbação causada, além da humilhação sofrida,


para ver seu depósito realizado, vem a requerente a este douto juízo requerer:

DO DIREITO:

Da incidência do Código de Defesa do Consumidor Bancário e do Código de Defesa do


Consumidor "lato sensu".

Para proteger os interesses da Autora, torna-se indubitável a aplicação da Resolução N.º 2878 do
Banco Central do Brasil, popularmente conhecida como “Código de Defesa do Consumidor
Bancário”, conforme ditames de seu artigo 1º(2) .

Inquestionável também a aplicabilidade da Lei 8.078/1990, que dispõe sobre a proteção do


consumidor lato sensu, posto a conformidade da Autora no conceito de consumidora(3) e da
Instituição Demandada como prestadora de serviços(4).

Repisa a Autora o entendimento do Superior Tribunal de Justiça que, inobstante a existência da


ADIN n.º 2.591/2001 (que discute a incidência da Lei do Consumo nos contratos bancários),
afirma a aplicabilidade do parágrafo 2º, do artigo 3º deste diploma:

“Os bancos, como prestadores de serviços especialmente contemplados no art. 3º, § 2º, estão
submetidos às disposições do Código de Defesa do Consumidor. A circunstância de o usuário
dispor do bem recebido através de operação bancária, transferindo-o a terceiros, em pagamento
de outros bens ou serviços, não o descaracteriza como consumidor dos serviços prestados pelo
banco. “

(REsp. 57.974-0-RS, 4ª Turma)


Inquestionável, portanto, a aplicabilidade dos diplomas legais supra mencionados, para a
proteção dos direitos já fragilizados da Autora.

2.3. Da responsabilidade pelo fato do serviço.

Determina o artigo 14(5) do Código de Defesa do Consumidor a responsabilidade objetiva do


prestador de serviço pela reparação dos danos causados ao consumidor.

Cita-se, por oportuno, o conteúdo do inciso I, do artigo 18, do Código de Defesa do Consumidor
Bancário:

“Art. 18. Fica vedado as instituições referidas no art. 1º.:

I - transferir automaticamente os recursos de conta de depósitos a vista e de conta de depósitos


de poupança para qualquer modalidade de investimento, bem como realizar qualquer outra
operação ou prestação de serviço sem previa autorização do cliente ou do usuário, salvo
em decorrência de ajustes anteriores entre as partes.”
(grifo nosso)

Ainda sobre a atitude da Instituição Demandada, temos as palavras de Cláudia Lima


Marques(6):

“A prestação de um serviço adequado passa a ser a regra, não bastando que o fornecedor
tenha prestado o serviço com diligência. ...

... Enquanto o direito tradicional se concentra na ação do fornecedor do serviço, no


seu fazer, exigindo somente diligência e cuidados ordinários, o sistema do CDC, baseado
na teoria da função social do contrato, concentra-se no efeito do contrato. O efeito do
contrato é a prestação de uma obrigação de fazer, de meio ou de resultado. Este efeito, este
serviço prestado, é que deve ser adequado para os fins que "razoavelmente deles se
esperam"...”
(grifo nosso)

Da boa - fé objetiva.

Vulnerável por disposição legal(7), deve o consumidor receber proteção contra práticas abusivas
tomadas pelas instituições bancárias em geral.

In casu, além de vulnerável, é a Autora hipossuficiente, pois não detém conhecimentos


técnicos acerca da atividade bancária.

Devido inclusive à sua condição humilde, não possui a Autora qualquer familiaridade com
operações bancárias em geral (transferências, depósitos, pagamentos....), necessitando sempre
de orientações dos funcionários das instituições quando da realização das mesmas.

DO PEDIDO:
Diante do todo o exposto, requer se digne V. Ex.a.:

a) determinar a citação da Demandada, para que compareça à audiência a ser


designada, sob pena de decretação da revelia e confissão,

b) inverter de plano o ônus da prova dos fatos narrados na exordial, visto serem
verossímeis as alegações e hipossuficiente a Autora, tudo conforme os ditames do inciso
VII, do artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor(11);

c) seja a ré condenada a indenizar materialmente a parte autora, em R$ 190,84 ( cento e


noventa reais e oitenta e quatro centavos) a título de repetição de indébito, referente as
passagens compradas para ir a Rio das Ostras, solucionar o caso em questão,

d) condenar a Instituição Demandada ao pagamento de indenização por danos


morais no montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais), visto a conturbação psicológica
causada,

e) A procedência do pleito autoral em todos os seus termos

Protesta a Autora por todas as provas em Direito admitidas, especialmente


documental suplementar e testemunhal do representante da Demandada.

Atribui-se à causa o valor de R$ 10.194,84 ( dez mil, cento e noventa e quatro reais
e oitenta e quatro centavos), para fins de alçada.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Rio de Janeiro, 02/04/2014.

____________________________

ROSETE BOUKAI ROIMICHER

OAB/RJ 167056

Você também pode gostar