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INDICE
CAPÍTULO 1 – 10 PRINCÍPIOS DA ECONOMIA 3

CAPITULO 2 – PENSANDO COMO UM ECONOMISTA 5

CAPITULO 3 – INTERDEPENDECIA E GANHOS DE COMERCIO 13

CAPITULO 4 – AS FORÇAS DE MERCADO DA OFERTA E DA 16


DEMANDA
CAPITULO 5 – ELASTICIDADE E SUAS APLICAÇÕES 22

CAPÍTULO 6 – OFERTA, DEMANDA E POLÍTICAS ECONOMICAS DO 33


GOVERNO

PARTE 1 – INTRODUÇÃO 1.

Capítulo 1 - Dez Princípios de Economia.


A economia se baseia na sociedade e nas decisões tomadas por esta.
Existem dois tipos de decisões: Individuais e em sociedade.
PRINCÍPIOS INDIVIDUAIS
1. PESSOAS ENFRENTAM TRADEOFFS.
Tradeoffs nada mais são do que decisões e conseqüências a serem tomadas
individualmente. Por exemplo, uma pessoa quer fazer duas universidades e possue 2
horas livres por dia. Essa pessoa pode decidir estudar 2 horas economia ou 2 horas
medicina ou então estudar 1 hora cada matéria. Ou ainda assistir um jogo de futebol
na TV. Cada uma dessas decisões vai afetando a vida de cada um.
2. O CUSTO DE ALGUMA COISA É DO QUE VOCÊ DESISTE PARA
OBTÊ-LA.
Por exemplo, ao decidir fazer uma faculdade (ou qualquer outra coisa) é
necessário ver os benefícios e os prejuízos. Os benefícios de fazer uma faculdade

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são o aumento do conhecimento e o de poder atender melhor o mercado de trabalho.
O prejuízo, além de moradia, alimentação, transporte e mensalidade é o tempo.
Algumas vezes é necessário largar um emprego para se dedicar ao estudo por não
ser possível conciliar os dois. Também explica porque muitos atletas têm baixo nível
de escolaridade: Grande parte do tempo é dedicada ao treinamento (Benefício
financeiro maior do que o estudo) e acabam largando o estudo.
3. PESSOAS RACIONAIS PENSAM NA MARGEM.
Um prejuízo pequeno é melhor do que um grande. Por exemplo: Continuando
com as faculdades, digamos que uma faculdade gaste U$ 15.000,00/mês para
manter uma turma com 50 alunos, e cobre R$350,00/mês por aluno. E que se um
aluno sair da turma os gastos da universidade continuam os mesmos. Se 15 desses
alunos forem carentes e só puderem pagar R$200,00/mês a faculdade estará
operando quase sem lucro, mas deverá aceitar a proposta dos alunos carentes de
R$200,00/mês para não operarem no prejuízo.
4. PESSOAS RESPONDEM A INCENTIVOS
As decisões das pessoas são tomadas analisando os custos e os benefícios.
Por exemplo, até a década de 60 os carros não possuíam cinto de segurança. Até
que o congresso por pressão da população obrigou as montadoras a colocarem
vários itens de segurança nos carros. Os benefícios foram a maior segurança ao
motorista e aos passageiros, mas também houve certos custos. Como os motoristas
se sentiam mais seguros, passaram a dirigir mais imprudentemente, aumentando o
número de acidentes. Os mais prejudicados são os motoristas que continuaram a
dirigir sem o cinto, os pedestres que são cada vez mais atropelados e os
motoqueiros.
PRINCÍPIOS COLETIVOS
5. O COMÉRCIO PODE MELHORAR A SITUAÇÃO DE TODOS.
É só pensar como o comércio atinge uma família quando um membro procura
emprego, ele concorre com membros de outras famílias. Apesar dessa competição,
as famílias não estariam melhores se se isolasse. Pois teria que produzir suas
próprias roupas, comida, etc. O comércio permite que cada pessoa atue na área que
é mais apta. O mesmo ocorre com as empresas, nem sempre a concorrência é ruim,
por exemplo, a Toyota, equipe da F1 corre com motor Ferrari, se corresse com o
Toyota seu desempenho seria inferior.
6. OS MERCADOS SÃO, EM GERAL, UMA BOA FORMA DE
ORGANIZAR A ATIVIDADE ECONÔMICA.
Assim como foi visto no socialismo, o governo não é a melhor forma de
controlar a atividade econômica. Na economia atual ou ECONOMIA DE MERCADO
são as milhões de famílias e empresas que decidem quem contratar, o que produzir,
interagindo no mercado. O maior defeito da economia de mercado é o individualismo.
7. OS GOVERNOS PODEM ÀS VEZES MELHORAR OS RESULTADOS
DO MERCADO.
Dois exemplos: Quando uma indústria está emitindo poluentes em excesso, o
governo pode intervir com uma regulamentação ambiental. Quando um cientista faz
uma descoberta importante, o governo subsidia a pesquisa. O governo, portanto
deve intervir quando há alguma FALHA DE MERCADO (poluição, situações
irregulares, apoio) e quando há PODER DE MERCADO (monopólio, cartel). A
economia de mercado não garante recompensa de acordo com as capacidades das
pessoas, mas sim pelo quanto às pessoas estão dispostas a pagar. Por exemplo, o

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melhor jogador de basquete do mundo ganha mais que o melhor jogador de xadrez,
pois as pessoas pagam mais para ver basquete do que xadrez. Os impostos visam
diminuir um pouco essa desigualdade de rendimentos e promover uma condição
razoável a todos.
A ECONOMIA COMO UM TODO
8. O PADRÃO DE VIDA DE UM PAÍS DEPENDE DE SUA CAPACIDADE
DE PRODUZIR BENS E SERVIÇOS.
Nos Eua a renda anual per capita em média é de U$29.000,00, no México é
de U$8 mil e na Nigéria de U$900,00. Para explicar essas enormes diferenças
baseadas na produtividade é simples, quanto maior a quantidade de bens e serviços
produzidos em uma hora de trabalho, maior é a produtividade e os lucros. Logo
quanto melhores as ferramentas e a tecnologia disponível, o conhecimento do
trabalhador, melhor é a produtividade e a renda para o país e o trabalhador. A maior
causa de os países subdesenvolvidos não investirem em produtividade, é o déficit
que estes possuem, os empréstimos que recebem, “só servem para pagar dívidas e
juros”.
9. OS PREÇOS SOBEM QUANDO O GOVERNO EMITE MOEDA
DEMAIS.
Em janeiro de 1921, um jornal custava 0,30 marco na Alemanha. Em
novembro de 1922, o mesmo jornal custaria 70 milhões de Marcos e todos os outros
produtos subiram de preço no mesmo ritmo. Esse é um dos episódios mais
marcantes da inflação. Na maioria dos casos, o culpado é o aumento na quantidade
de moeda emitida. Isso foi o que ocorreu na Alemanha na década de 20 e o oposto
ocorre hoje com os Eua.
10. A POPULAÇÃO ENFRENTA UM TRADEOFF DE CURTO PRAZO
ENTRE INFLAÇÃO E DESEMPREGO.
Se for tão fácil explicar a inflação, porque não se livrar dela? Porque a inflação
sempre está relacionada com o desemprego, é a chamada Curva de Phillips.
Aumenta a inflação, diminui o desemprego e vice-versa em curto prazo. O que
acontece é que se se reduzir à emissão de moeda, visando diminuir a inflação,
durante um período os preços não se alteram (Curto-Prazo), levam alguns meses até
o restaurante ajustar o preço dos cardápios ou os postos diminuírem os preços dos
combustíveis. Porém a quantidade de dinheiro na sociedade diminui na hora, então
as pessoas gastam menos (já que os preços continuam os mesmos) e as empresas
não vendendo demitem os trabalhadores.
Assim, a redução na quantidade de moeda aumenta o desemprego até que os
preços se ajustem completamente a mudança. Essa mudança pode levar anos.
CAPÍTULO 2 - PENSANDO COMO UM ECONOMISTA

A primeira coisa a perceber-se é que economia é uma ciência (a formulação e


o teste desapaixonados de teorias sobre o funcionamento do mundo). O método de
estudo não é por experiências como na física, por não ser possível testar teorias
econômicas a todo instante, por isso a história é muita analisada para que se possa
ter idéias sobre os impactos econômicos. Além da história também se criam várias
hipóteses sobre as conseqüências de uma nova teoria econômica.
Modelos econômicos  Servem para ter uma idéia principal do funcionamento
da economia.
1º MODELO – O DIAGRAMA DO FLUXO CIRCULAR DE RENDA.
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Baseia-se que existem 2 tipos de tomadores de decisão: Famílias e empresas.
As empresas produzem bens e serviços usando o trabalho, terra, capital (Fatores de
Produção). E as famílias são as proprietárias dos fatores de produção e consomem
todos os bens e serviços. É baseado no diagrama de fluxo circular de renda: Ver o
esquema na próxima pagina.
2º MODELO – FRONTEIRA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO
É um gráfico que mostra as várias combinações de produto que a economia
pode produzir potencialmente, dados os fatores de produção e as tecnologias

3500 -Neste exemplo só existem carros e


computadores na economia
3000
-Se todo o recurso for investido em
Computadores

2500 computadores, terão 3000 pc´s e


zero carros
2000
-Se todos os recursos forem
1500 investidos em carros, existirão 1000
1000
carros e 0 pc´s
-O triângulo é inviável, pois a
500 economia não tem recursos
0 suficientes.
0 200 400 600 800 1000 1200
Carros

disponíveis.
-O ponto Rosa é ineficiente, pois apresenta um nível de produção abaixo do limite. Exemplo:
-A causa da ineficiência pode ser o desemprego, crise econômica entre vários outros fatores.
-Sempre há um tradeoff na forma e quantidade de produzir
-Os pontos sobre a curva azul representam situações eficientes (no limite de produção)

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Receita MERCADO DE BENS Despesa
E SERVIÇOS:
Bens e serviços Bens e serviços
As empresas vendem
vendidos comprados
As famílias compram

FAMÍLIAS:
EMPRESAS: Compram e
Produzem e vendem consomem bens e
Bens e Serviços serviços.
Contratam e utilizam São proprietárias
fatores de produção de fatores de produção
e os vendem

MERCADOS DE
Insumos FATORES DE Terra, Capital e
PRODUÇÃO: trabalho
As famílias vendem
As empresas compram
Salários, Alugueis e Lucros. Renda
DIAGRAMA DO FLUXO CIRCULAR DE RENDA.
Setas Internas  Indicam o fluxo de bens e serviços
Setas externas  Indicam o fluxo de dólares.
MICRO E MACROECONOMIA
Microeconomia é o estudo da tomada de decisões individual de famílias e
empresas e sua interação em mercados específicos e a macroeconomia é o estudo
de fenômenos da economia como um todo (inflação, desemprego). É importante
notar que o conjunto de fatos microeconômicos acabam formando um macro. Porém
os dois são bem diferentes e devem ser estudados separadamente.
O ECONOMISTA COMO CONSULTOR DE POLÍTICA ECONÔMICA

Muitas vezes o economista tem que tentar mudar a economia, nestes casos
ele é consultor de políticas. Quando ele simplesmente tem que explicar os
acontecimentos ele é cientista. Também existem 2 tipos de declaração, a positiva
(declaração de como o mundo é) e as normativas (declaração de como deveria ser).
PORQUE OS ECONOMISTAS DISCORDAM?

Os economistas podem discordar quanto à validade de teorias positivas


alternativas a respeito do funcionamento do mundo ou quando os economistas têm
valores diferentes e, portanto opiniões normativas diferentes a respeito dos possíveis
objetivos das políticas. Estes são os dois motivos básicos das discordâncias.

DIFERENÇAS NO JULGAMENTO CIENTÍFICO.


Os economistas às vezes discordam porque têm diferentes intuições acerca
da validade de teorias alternativas ou da dimensão de parâmetros importantes.Por
exemplo, sobre se o governo deve estabelecer uma tributação sobre a renda ou
sobre o consumo (despesa) das famílias.

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DIFERENÇAS NOS VALORES
Suponha que Pedro e Paulo apanham a mesma quantidade de água no poço
da cidade. Para pagar a manutenção, a cidade cobra impostos sobre os residentes.
Pedro tem uma renda de U$50 mil e paga U$5 mil de imposto (10%), Paulo tem uma
renda de U$10 mil e paga U$2 mil (20%). Essa política é justa? Se não for, quem
paga demais e quem paga de menos? Esse exemplo mostra por que às vezes os
economistas discordam no que diz respeito às políticas públicas.

PERCEPÇÃO X REALIDADE

Uma vez que há diferenças quanto a julgamentos científicos e quanto aos


valores, é inevitável a existência de desacordos entre economistas. Contudo não
convém exagerar o destaque dado aos desacordos. Em muitos casos os
economistas têm uma visão em comum:
AFIRMAÇÕES E PERCENTUAL QUE OS ECONOMISTAS QUE CONCORDAM
A fixação de um limite máximo para aluguéis reduz a quantidade e a qualidade
das residências disponíveis (93%)
Tarifas e quotas de impostos geralmente reduzem o bem estar econômico social.
(93%)
Taxas de câmbio flexíveis e flutuantes permitem uma organização monetária
internacional efetiva. (90%)
A política fiscal (por exemplo, cortes nos impostos e ou aumentos nas despesas
do governo), tem um significativo impacto positivo sobre economias que não
atingiram o pleno emprego (90%).
Se for necessário equilibrar o orçamento federal, isto deve ocorrer dentro do ciclo
econômico e não em bases anuais (85%).
Pagamentos em dinheiro aumentam o bem-estar daqueles que os recebem mais
do que transferências em gêneros de igual valor. (84%)
Um déficit orçamentário elevado exerce um impacto negativo sobre a economia.
(79%)
O governo deveria reestruturar o sistema de assistência social em termos de um
“imposto de renda negativo”. (79%)
Impostos sobre a emissão de efluentes e licenças para poluição comercializáveis
são um método de combate à poluição melhor do que a imposição de limites
superiores à poluição (78%).

GRÁFICOS – UMA BREVE REVISÃO.

Quando se apresentam teorias econômicas, os gráficos oferecem uma forma


de expressar visualmente idéias que pareceriam menos claras se descritas através
de equações e palavras. Ao analisar dados econômicos, os gráficos oferecem uma
forma de descobrir como as variáveis se relacionam de fato no mundo.

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GRÁFICOS DE UMA ÚNICA VARIAVEL.

Gráfico Pizza

72% Remuneração do
6% 2% trabalho
8%
12% Lucro das
empresas
12% 8% Renda de
propriedade
6% Juros
 O gráfico pizza
72% representa como a renda
2% Renda de aluguéis nacional dos Eua se
distribui.

Gráfico de Barras

28740
30000
25000 20520 Eua
PIB per 20000
Reino Unido
capita em 15000
8120 México
U$/Ano 10000
5000 1950 India  O gráfico compara a renda
0 média em 4 países.
1

Gráfico de série Temporal

120
100
80
Indice de
60
produtividade  O gráfico de série temporal
40 mostra o crescimento da
20 produtividade do setor
0 empresarial dos Eua de 1950 a
1950 1960 1970 1980 1990 2000
2000.

GRÁFICOS DE DUAS VARIAVEIS.

O SISTEMA DE COORDENADAS – Freqüentemente os economistas estão


interessados nas relações entre variáveis. Para tanto, necessitam mostrar duas
variáveis num mesmo gráfico. Isto se torna possível com o uso do sistema de
coordenadas. Suponha que deseja examinar a relação entre o tempo de estudo e as
notas obtidas na escola. Você poderia registrar para cada aluno da turma o número
médio de horas de estudo semanal e a nota média obtida.

8
Nota

4,5
4 3,9
3,6 3,7
3,5
3,2
3 3
2,5 2,4 Nota
2 2
1,5
1
0,5
0
0 10 20 30 40 50

Este tipo de gráfico é chamado gráfico de dispersão porque registra pontos


dispersos. Uma vez que o maior tempo de estudo está associado a notas mais altas,
dizemos que há uma correlação positiva entre as duas variáveis. Se traçássemos um
gráfico relativo a freqüência a festas e notas, verificaríamos que a maior freqüência a
festas está associada a notas mais baixas e poderíamos dizer que se trata de uma
correlação negativa.
CURVAS EM UM SISTEMA DE COORDENADAS.

Freqüentemente os economistas preferem observar como uma variável


influencia a outra mantendo tudo o mais constante. Vejamos um dos gráficos mais
importantes da economia: A curva de demanda. Este gráfico mostra o efeito de um
preço de um bem sobre a quantidade do bem que os consumidores estão dispostos
a comprar. Antes de apresentar uma curva de demanda vamos observar a tabela
abaixo. É importante observar que a quantidade de livros vendidos a Leonardo
depende de sua renda e dos preços dos livros.
Preço Renda
U$20.000 U$30.000 U$40.000
U$10 2 livros 5 livros 8 livros
9 6 9 12
8 10 13 16
7 14 17 20
6 18 21 24
5 22 25 28
Temos agora três variáveis. O preço dos livros, a renda e o número de livros
comprados. Para representarmos graficamente os dados da tabela precisamos
manter uma das variáveis constante e representar a relação entre as outras duas.
Como a curva de demanda representa a relação entre preço e a quantidade
demandada, mantemos a renda de Leonardo constante e mostramos como o número
de livros que ele compra vária com os preços dos livros supondo que a renda de
Leonardo seja U$30.000/ano.

9
Curva de demanda

12
10 5
9
Preço do livro

8 13
17
6 21
25
4
2
0
0 5 10 15 20 25 30
Quantidade adquiridada de livros

Suponha agora que a renda de Leonardo aumente para U$40 mil ao ano.
Deslocamento na curva de demanda

12

10
Preço dos livros

8 Renda de 20 mil
6 Renda de 30 mil

4 Renda de 40 mil

0
0 10 20 30
Quantidade de livros adquirida

DESLOCAMENTO DAS CURVAS DE DEMANDA.

Quanto maior a sua renda mais livros comprará a qualquer preço dado e a
curva de demanda se situará mais à direita. A curva central representa a curva de
demanda inicial de Leonardo, quando sua renda era de 30 mil ao ano. Se sua renda
aumentar a curva se desloca para a direita, de diminuir, para a esquerda.
Há uma maneira simples de saber quando é necessário deslocar uma curva.
Quando o que muda é a variável que não está representada no gráfico (nos eixos x e
y) a curva se desloca. Qualquer mudança que afete os hábitos de compra de
Leonardo, alem da alteração no preço dos livros, resultará em um deslocamento na
curva de demanda. Se por exemplo, a biblioteca fecha e Leonardo tiver que comprar
todos os livros que deseja ler, ele comprará mais livros e a sua curva de demanda se
deslocará para a direita. Já se o preço dos ingressos de cinema cair, e Leonardo
passar a ir mais ao cinema e ler menos livros, ele demandará menos e sua curva de
demanda se deslocará para a esquerda.
INCLINAÇÃO
Para calcular a inclinação de uma curva de demanda devemos observar as
alterações nas coordenadas dos eixos x e y, à medida que nos deslocamos do ponto

10
(21 livros, U$6,00) ao (13 livros, U$8,00). A inclinação da linha corresponde à razão
entre a alteração da coordenada y (-2) e a alteração na coordenada x (+8) o que dá –
1/4.
Inclinação

12
10 5
9
Preço dos livros

8 13
17
6 21
25
4
2
0
0 5 10 15 20 25 30
Quantidade com prada
Inclinação = Δy/ Δx
Usando outros dois pontos você deverá obter o mesmo resultado (-1/4). Uma
das propriedades da linha reta é que sua inclinação é igual em todos os pontos. Isto
não se aplica a outros tipos de curvas.
É importante notar que uma pequena inclinação significa que a curva de
demanda é quase horizontal, neste caso as compras de livros variam bastante a
mudanças nos preços. Uma inclinação maior significa que a curva de demanda é
quase vertical, ou seja, suas compras de livros variam pouco quando os preços se
alteram.

CAUSA E EFEITO.

Quando se constroem gráficos a partir de dados no mundo real há mais


dificuldades em estabelecer como uma variável afeta a outra.
O primeiro problema está em que é difícil manter tudo o mais constante. Se
não for possível manter constantes as variáveis representadas no gráfico podemos
concluir que uma das variáveis está provocando mudanças em outra variável quando
o que de fato ocorre é que essas alterações estão sendo causadas por uma 3ª
variável omitida. Que não aparece no gráfico. Mesmo se as duas variáveis forem
corretamente identificadas podemos ter outro problema, a causalidade reversa. Em
outras palavras podemos concluir que A causa B, quando na verdade, B causa A.
VÁRIÁVEIS OMITIDAS  Para ver como uma variável omitida pode levar a
um gráfico enganoso vejamos um exemplo. Imagine que o governo, atento às
preocupações do público quanto ao grande número de mortes provocadas por
câncer, contrate uma pesquisa exaustiva a Grande Irmão Serviços Estatísticos.
Grande Irmão verifica que há uma relação forte entre duas variáveis: O número de
isqueiros presentes nas residências e a probabilidade de que alguém da família sofra
de câncer.

11
60 Gráfico com Variável Omitida
50 - A curva com inclinação positiva
Risco de câncer

40 mostra que os residentes em lares


30 onde há mais isqueiros estão mais
20 sujeitos ao câncer. Contudo não
10
podemos concluir que a posse de
isqueiros provoque câncer porque
0
0 1 2 3 4 5 6
o gráfico não leva em
consideração o número de
Núm ero de isqueiros
cigarros fumados

Se o gráfico não mantém constante o número de cigarros fumados, não


informa o verdadeiro efeito da posse de um isqueiro.
A história ilustra um princípio importante: Quando vir um gráfico usado para
sustentar um argumento de causa e efeito, é importante verificar se os movimentos
de uma variável omitida podem explicar os resultados observados.
CAUSALIDADE REVERSA  Os economistas também podem errar suas
conclusões a respeito de causalidade por inverter a relação de causalidade.
Suponha que contratemos um estudo sobre o crime na América. Para conduzir
o experimento determinaríamos de forma aleatória o número de policiais em
diferentes cidades e depois examinaríamos a correlação entre polícia e crime.
120 Gráfico sugerindo
Nº de crimes violentos

100 causalidade reversa


80 - A inclinação positiva da
60 curva mostra que cidades
40 com grandes efetivos
20 policiais são mais
0 perigosas. Contudo o
0 100 200 300 400 500 600 gráfico não diz se a
Núm ero de Policiais polícia causa o crime ou
se as cidades infestadas
Uma maneira simples de determinar a direção da causali- pelo crime contratam mais
dade poderia ser a de verificar qual a variável que se move primei- policiais.
ro. Se verificarmos que o crime aumenta e, só então, a força policial se expande
chegaremos a uma conclusão. Se verificarmos que a força policial se expande e só
depois o crime aumenta, chegamos à outra conclusão. Contudo há uma falha neste
procedimento: Às vezes as pessoas não mudam seu comportamento em resposta de
uma mudança nas condições atuais, mas sim a uma mudança em suas expectativas
quanto a condições futuras. Uma cidade que espera uma grande onda de crimes no
futuro, por exemplo, pode aumentar os efetivos policiais desde agora.
O problema é ainda mais fácil de entender no caso de crianças e camionetes.
Muitas vezes os casais compram uma camionete antes do nascimento do filho: A
camionete chega antes da criança, mas não concluiríamos daí que a venda de
camionetes provoca o crescimento populacional.
Não há um conjunto de regras que especifique quando é adequado tirar
conclusões causais de um gráfico. Portanto, lembre-se apenas de que isqueiros não

12
provocam câncer (variável omitida) e camionetes não provocam filhos (causalidade
reversa) para evitar cair em argumentos econômicos falhos.

CAPÍTULO 3 – INTERDEPÊNDENCIA E GANHOS DE COMÉRCIO.

Todo o dia você depende de muitas pessoas do mundo, a maioria das quais
você nem conhece (carro japonês, motor alemão, suco americano...) para lhe
fornecer os bens e serviços que você desfruta todos os dias. Essa interdependência
só é possível porque as pessoas comerciam umas com as outras.
Neste capítulo examinaremos o que é que as pessoas ganham quando
negociam entre si? Por que as pessoas escolhem tornar-se interdependentes?
UMA PARÁBOLA DA ECONOMIA MODERNA

Imagine que no mundo existam duas pessoas – um pecuarista e um agricultor.


E dois bens – carne e batata. E ambos querem consumir carne e batata. depois de
um certo tempo comendo apenas carne, assada, frita, grelhada e cozida, o
pecuarista pensaria que a auto-suficiência não é tão vantajosa assim. A mesma coisa
vale ao agricultor.
Os ganhos seriam semelhantes se o pecuarista e o agricultor pudessem
produzir ambos os bens, mas há um custo alto. Suponha, por exemplo, que o
agricultor pudesse criar gado e obter carne, mas que não tenha jeito para pecuária.
Os ganhos de comércio, contudo, são menos óbvios se alguém é melhor na
produção de todos os bens. Por exemplo, suponha que o pecuarista é melhor na
criação de gado e no cultivo de batatas. Nesse caso o pecuarista deveria escolher a
auto-suficiência? Ou ainda há razões que justifiquem o comércio?
POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO

Suponha que o pecuarista e o agricultor trabalham cada um, 40 horas


semanais.
Horas Necessárias Quantidade Quantidade produzida
para obter 1 Kg de: produzida em 40 h. dedicando 20 h para
cada atividade:
CARNE Batatas CARNE Batatas CARNE Batatas
AGRICULTOR 20 10 2 4 1 2
PECUARISTA 1 8 40 5 10 2,5
Essas possibilidades acima são apenas alguns exemplos de como os dois
poderiam administrar suas produções. Vamos tomar no exemplo que ambos optaram
por dedicar 20 horas semanais a cada atividade.
ESPECIALIZAÇÃO E COMÉRCIO
Após alguns anos produzindo desta forma, ambos perceberam que o comércio
poderia melhorar a produção de ambos.

Produção e Produção (2) Trocando (3) Consumo (4) Ganhos de cada


consumo (1) um (5)
AGRICULTOR 1 kg de carne 0 kg de carne Ganha 3 kg de 3 kg de carne 2 kg de carne

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2 kg de batatas 4 kg de batatas carne por 1kg 3 kg de batatas 1 kg de batatas
de batatas
PECUARISTA 20 kg de carne 24 kg de carne Ganha 1 kg de 21 kg de carne 1 kg de carne
2,5kg de batatas 2 kg de batatas batata por 3kg 3,0kg de batatas 0,5kg de batatas
de carne
(1) Produção normal, dedicando 20h a cada atividade.
(2) Ambos acordam mudar sua produção visando o comércio. O pecuarista passa
a dedicar 24h ao gado e 16h as batatas
(3) Ocorre a troca acordada anteriormente, o pecuarista dá 3kg de carne e recebe
1kg de batata.
(4) Indica qual é a nova produção mensal de cada um.
(5) Todos ganham com o comércio, o menos eficiente e o mais eficiente.

O PRINCÍPIO DA VANTAGEM COMPARATIVA.

O agricultor não parece estar fazendo alguma coisa melhor que o pecuarista.Para
destrinchar o enigma, precisamos recorrer ao princípio da vantagem comparativa. No
exemplo, quem pode produzir batatas a um custo menor?
VANTAGEM ABSOLUTA
É a comparação entre produtores de um bem levando em conta a sua
produtividade. Em nosso exemplo, o pecuarista tem uma vantagem absoluta tanto na
produção de carne quanto na de batatas porque precisa de menos tempo do que o
agricultor para produzir uma unidade de qualquer um dos bens.
CUSTO DE OPORTUNIDADES E VANTAGEM COMPARATIVA.
Custo de oportunidade é aquilo que abrimos mão para obter alguma coisa.
Os economistas utilizam a expressão Vantagem Comparativa quando
descrevem os custos de oportunidade de dois produtores. Diz-se que o produtor que
tem o menor custo de oportunidade de um bem tem uma vantagem comparativa na
produção deste bem. Em nosso exemplo, o agricultor tem um custo de oportunidade
menor do que o do pecuarista no cultivo de batatas e o pecuarista tem um custo de
oportunidade menos na produção de carne. Observe que seria impossível para a
mesma pessoa ter vantagem comparativa nos dois bens.
Custo de oportunidade de 1 kg de:
Carne Batatas 1kg de carne custa 2 de
batata
1 kg de batata custa 0,5
AGRICULTOR 2 1/2 de carne
1 kg de carne custa 1/8
PECUARISTA 1/8 8 kg de batata
1 kg de batata custa
8kg de carne
VANTAGEM COMPARATIVA E DE COMÉRCIO
Diferenças em custos de oportunidade e vantagens comparativas criam os
ganhos do comércio. Quando cada um se especializa naquilo em que tem vantagem
comparativa, a produção total da economia cresce.
Há muito tempo os economistas já entendiam o princípio da vantagem
comparativa. Veja a seguir como o grande economista Adam Smith apresentou o
argumento:

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“Eis uma máxima que todo chefe de família prudente deve seguir: nunca tentar
fazer em casa aquilo que seja mais caro fazer do que comprar. O alfaiate não tenta
fabricar sapatos, mas os compra do sapateiro. Este não tenta confeccionar seu traje,
mas recorre ao alfaiate”.
Os benefícios surgem porque cada pessoa se concentra na atividade em que
seu custo de oportunidade é mais baixo. A moral da história é então: “O comércio
pode beneficiar a todos na sociedade porque permite às pessoas se especializarem
em atividades nas quais têm uma vantagem comparativa”.
APLICAÇÕES DA VANTAGEM COMPARATIVA
Veremos a seguir dois exemplos, um imaginário e um real.
TIGER WOODS DEVERIA CORTAR A GRAMA DE SEU JARDIM?
Woods, além de ser o melhor jogador de golfe do mundo, também é um ótimo
aparador de gramas. Ele é capaz de cortar totó o seu gramado em 2 horas enquanto
seu vizinho cortaria para ele em 4 horas e 20 dólares.
Para responder a pergunta podemos usar os conceitos de custo de
oportunidade e vantagem comparativa. Nessas 2 horas que Woods passaria
aparando a grama, ele poderia gravar um comercial e ganhar U$10 mil. Então neste
exemplo, o custo de oportunidade do corte da grama é de U$ 10 mil para Woods,
mas é de U$20,00 para o vizinho. Woods tem uma vantagem absoluta, pois corta a
grama em menos tempo, mas o vizinho tem vantagem comparativa, pois tem um
custo de oportunidade mais baixo.
QUEM TEM VANTAGEM COMPARATIVA NA CRIAÇÃO DE CARNEIROS?
O exemplo real fala sobre tarifas sobre as importações.
Os criadores de ovelhas americanos estão protestando contra a importação de
cordeiros da Nova Zelândia. Com inúmeras vantagens comparativas os cordeiros da
Oceania não estão dando chance para os carneiros americanos nos Eua. Então a
associação americana dos criadores de ovelhas exigiu do presidente Clinton uma
medida protecionista (taxas) na importação de ovelhas. Assim o país mais poderoso
do mundo que tanto pede o fim do protecionismo e a livre abertura do comércio
acaba indo contra seus “princípios”. Quem perde com isso é o consumidor, que
recebe um produto muito mais caro (40% tributação) e o vendedor da Nova Zelândia
que perder mercado para os criadores locais dos Eua.
OS ESTADOS UNIDOS DEVERIAM COMERCIAR COM OUTROS PAÍSES
É claro que sim. Suponhamos que os Eua e o Japão produzam carros e
alimentos. Cada trabalhador de cada país produza 1 carro por mês. Já nos alimentos
os Eua levam vantagem, pois tem mais terras e melhor qualidade. Então o americano
produz 2 toneladas por mês e o Japão 1 tonelada.
O princípio da vantagem comparativa afirma que cada bem deve ser produzido
pelo país que tem o menor custo de oportunidade. O custo do automóvel nos Eua é
de 2 toneladas de alimento e no Japão de 1 tonelada (vantagem comparativa na
produção de carros). Portanto o Japão deveria produzir mais carros e exportar. Da
mesma forma que com 1 tonelada de alimentos os Eua comprar 1 carro no Japão,
mas só ½ nos Eua.
Mas no mundo real essas trocas não são tão simples. O comércio
internacional pode prejudicar muitas pessoas, como o agricultor japonês ou o
trabalhador da industria americana.
CAPÍTULO 4 – AS FORÇAS DE MERCADO DA OFERTA E DA DEMANDA

15
Oferta e demanda são as palavras que os economistas usam com mais
freqüência. Elas são as forças que movem as economias de mercado. Determinam a
quantidade produzida de cada bem e o preço pelo qual será vendido.
MERCADOS E CONCORRÊNCIA.

Um mercado é um grupo de compradores e vendedores de um dado bem ou


serviço. Os compradores, em conjunto determinam a demanda do produto e os
vendedores, em conjunto, determinam a oferta.
MERCADOS COMPETITIVOS.

Um mercado competitivo é um mercado em que há muitos compradores e


vendedores. De modo que cada um exerce um impacto pequeno sobre o preço do
bem ou produto. Por exemplo, o mercado de sorvete é um mercado competitivo,
onde existem vários vendedores e compradores. Cada vendedor de sorvete
determina o preço para a casquinha e cada comprador decide quantos sorvetes vai
comprar. Porém o preço e quantidade não são determinados por um único vendedor
ou comprador, mas sim por todos, à medida que interagem no mercado. Então cada
vendedor de sorvete tem um controle limitado sobre o preço sobre o qual outros
vendedores oferecem o mesmo produto. Um vendedor tem poucos motivos para
cobrar menos do que o concorrente, e se cobrar mais, os compradores irão comprar
de outro vendedor.
De forma análoga, nenhum comprador individual de sorvete pode influenciar
seu preço porque compra apenas uma pequena fração do total.
CONCORRÊNCIA PERFEITA E OUTRAS.

Os mercados perfeitamente competitivos se definem por duas características:


Os bens oferecidos à venda são todos iguais e os compradores e vendedores são
tão numerosos que nem um único comprador ou vendedor pode influenciar no preço
de mercado.
O mercado de trigo é um exemplo de mercado com concorrência perfeita. Há
milhares de agricultores que vendem e milhões de consumidores que usam o trigo.
Contudo vários mercados não são perfeitamente competitivos. Um exemplo é o
monopólio, onde só existe um vendedor para determinado produto, como a tv a cabo,
por exemplo, caso só exista uma em sua cidade.
Também existe o mercado com poucos vendedores que se chama oligopólio.
Exemplo: Companhias aéreas. E por último existe o mercado monopolisticamente
competitivo, em que os vendedores oferecem produtos semelhantes e tem certo
controle sobre o preço. Um exemplo são os sharewares como processadores de
texto.
DEMANDA

Veremos o que determina a quantidade demandada de qualquer bem, que é a


quantidade do bem que os compradores desejam e podem comprar.
DETERMINANTES DA DEMANDA INDIVIDUAL.

16
Pense em sua demanda por sorvete. Como você decide quanto sorvete vai
comprar todo o mês e que fatores influem em sua decisão? Aqui estão alguns
PREÇO  Se o preço do sorvete aumentar para U$20,00, você compra
menos sorvete. Se o preço cair para U$0,20 você compra muito mais. Já que a
quantidade demandada cai quando o preço sobe e sobe quanto o preço cai, dizemos
que a quantidade demandada se relaciona negativamente com o preço. Esta relação
entre preço e quantidade demandada é valida para a maioria dos bens, e de fato é
tão disseminada que os economistas a chamam de a lei da demanda: tudo o mais
mantido constante, quando o preço de um bem aumenta, a quantidade demandada
cai.
RENDA  O que aconteceria com sua demanda por sorvete se você
perdesse seu emprego no verão? Muito provavelmente cairia. Se a demanda por um
bem cai, quando a renda cai, chamamos esse bem de bem normal.
PREÇOS DE PRODUTOS RELACIONADOS  Suponha que o preço do
iogurte congelado caia. A lei da demanda diz que você provavelmente comprará
menos sorvete. Uma vez que o sorvete e o iogurte congelado são, ambos
sobremesas frias, cremosas, elas satisfazem desejos semelhantes e por isso recebe
o nome de Bem substituto. Outros pares de bens substitutos são, por exemplo,
cachorros-quentes e hambúrgueres, suéteres de lã e casacos de moletom, ingressos
para o cinema e locação de fitas de vídeo.
Suponha agora que o preço da cobertura de chocolate quente caia. De acordo
com a lei da demanda, você comprará mais sorvete, porque em geral a cobertura e o
sorvete são usados em conjunto. Quando a quedo no preço de um bem aumenta a
demanda por outro bem, os bens são chamados de bens complementares. Outros
pares de bens complementares são gasolina e automóveis, computadores e
software, patins e ingressos para a pista de patinação.
GOSTOS  O mais óbvio determinante para sua demanda são seus gostos.
Se você gosta de sorvete você compra mais. Os economistas em geral, não tentam
explicar os gostos das pessoas, porque estes se baseiam em forças históricas ou
psicológicas que estão fora do campo de estudo da economia. Todavia, os
economistas examinam o que acontece quando os gostos mudam.
EXPECTATIVAS Suas expectativas em relação ao futuro podem afetar hoje
a sua demanda por um bem ou serviço. Por exemplo, se você espera um
aumento em sua renda a partir do mês que vem, você pode estar disposto
a gastar parte de sua poupança na compra de sorvetes. Outro exemplo,
se você espera uma queda no preço do sorvete para amanhã, você pode
“CETERISestar menos disposto a comprar hoje um sorvete.
PARIBUS”.
Sempre que vir uma curva de demanda lembre que ela foi traçada mantendo
muitos fatores constantes. Os economistas usam a expressão Ceteris Paribus para
dizer que todas as variáveis relevantes, exceto a que estiver sendo estudada na
ocasião, são mantidas constantes.
Embora a expressão ceteris paribus se refira a uma situação hipotética na qual
algumas variáveis são mantidas constantes, no mundo real muitas coisas se
alteram simultaneamente. Por isso, quando usarmos as ferramentas da oferta e da
demanda para analisar fatos ou políticas, é importante ter em mente o que está
sendo mantido constante e o que está mudando.
DEMANDA DE MERCADO VERSUS DEMANDA INDIVIDUAL.

17
A demanda de mercado é o somatório de todas as demandas individuais por
um dado bem ou serviço. Assim, a quantidade demandada pelo mercado não
depende apenas do preço do bem, mas também da renda, gostos e expectativas dos
consumidores, bem como dos preços de bens relacionados. Trabalharemos, em
geral, com a curva de demanda de mercado. Ela nos mostra como a quantidade total
demandada de um bem varia quando o preço do bem varia.
ESQUEMA DE DEMANDA E CURVA DE DEMANDA/ DESLOCAMENTOS
NA CURVA DE DEMANDA

Qualquer dúvida ver na pagina 9 em curvas em um sistema de coordenadas,


fala sobre curva de demanda, o esquema, o gráfico e como ela se desloca. Na
pagina 10 fala sobre sua inclinação. É o mesmo assunto destes 2 tópicos.

ESTUDO DE CASO: DUAS MANEIRAS DE SE REDUZIR A QUANTIDADE


DEMANDADA DE TABACO.

Uma delas é deslocar a curva de demanda por cigarros e outros produtos.


Com publicidade contra o tabagismo, obrigação de fixar rótulos de advertência,
proibição de anúncios na televisão, estas são políticas para reduzir a quantidade
demandada a qualquer preço.
Outra forma seria aumentar o preço dos cigarros. Se o governo tributar as
fábricas de cigarros, por exemplo, boa parte do aumento da tributação será
repassada aos consumidores mediante elevação dos preços. Mas qual a resposta
dos fumantes ao aumento de preços nos cigarros?
Um aumento de 10% no preço reduz em 4% a quantidade demandada. Os
adolescentes são especialmente sensíveis ao preço dos cigarros: um aumento de
10% reduz em 12% a quantidade demandada nessa faixa etária.
Uma questão afim é como o preço dos cigarros afeta a demanda por
drogas ilícitas, como a maconha. Aqueles que se opõem à tributação sobre os
cigarros argumentam com freqüência que tabaco e maconha são substitutos, de
modo que o aumento no preço dos cigarros incentiva o uso da maconha. Porém a
maioria dos estudos feitos sobre dados é compatível com esta visão: Concluem que
preços menores dos cigarros estão associados a um uso maior de maconha. Em
outras palavras, tabaco e maconha parecem ser complementares e não substitutos.
OFERTA.

Agora nos voltaremos para o outro lado do mercado e observaremos o


comportamento dos vendedores. A quantidade oferecida de qualquer bem ou
serviço é quantidade que os vendedores estão dispostos e podem vender. Mais uma
vez, para concentrar o foco de nossa análise, consideremos o mercado de sorvetes e
os fatores que determinam a quantidade oferecida.
DETERMINANTES DA OFERTA INDIVIDUAL.

O que determina a quantidade que você está disposto a produzir q colocar à


venda?

18
PREÇO  Quando o preço do sorvete é alto, a venda de sorvete é lucrativa e,
portanto a quantidade oferecida é grande. E se o preço do sorvete for baixo, seu
negócio será menos lucrativo e você produzirá menos sorvete. Se o preço cair mais
ainda, você poderá achar mais conveniente encerrar as atividades da empresa e a
quantidade oferecida cairá para zero.
Uma vez que a quantidade oferecida aumenta à medida que o preço aumenta
e cai quando o preço se reduz, dizemos que a quantidade oferecida se relaciona
positivamente com o preço do bem. A relação entre preço e quantidade oferecida
é chamada lei da oferta.
PREÇO DOS INSUMOS  Para produzir os sorvetes, são necessários vários
insumos como: creme de leite, açúcar, máquinas, aluguel, funcionários. Quando o
preço de um ou mais desses insumos aumenta, a produção de sorvetes se torna
menos lucrativa e a empresa oferecerá menos sorvetes.
TECNOLOGIA  A invenção da máquina de sorvetes mecanizada, por
exemplo, reduziu a quantidade de trabalho necessário para fabricar sorvete. Ao
reduzir os custos da empresa, os avanços tecnológicos aumentam a quantidade
oferecida.
EXPECTATIVAS  Se você espera que o preço do sorvete aumente no
futuro, você estocará parte do sorvete que está sendo produzido e oferecerá menos
hoje.
ESQUEMA DE OFERTA E CURVA DE OFERTA/OFERTA DE MERCADO
versus OFERTA INDIVIDUAL/ DESLOCAMENTOS DA CURVA DE
OFERTA

O esquema é o mesmo da demanda, que é a mesma coisa da pág.9. A única


diferença que vale a pena citar é que a curva relaciona preço e quantidade oferecida
é denominada curva de oferta. A curva se inclina para cima porque, ceteris paribus,
um preço maior implica uma maior quantidade ofertada.
Oferta de mercado é o somatório de todas as ofertas individuais, ou seja, de
todos os vendedores.
Deslocamento igual ao da curva de demanda. Um exemplo é que se o preço
do açúcar cair, como ele é um dos insumos, isto torna as vendas mais lucrativas
então aumenta a oferta e a curva se desloca para a direita. Em resumo, a curva de
oferta mostra o que acontece com a quantidade oferecida de um bem quando seu
preço varia, mantendo
OFERTA ceteris
E DEMANDA EM paribus.
CONJUNTO

Depois de ter analisado oferta e demanda em separado, vamos combina-las


para observar como elas determinam a quantidade de um bem vendido ao seu
mercado e seu preço.
EQUILÍBRIO

19
Equilibrio

14
12
10
Curva de Oferta
8
Preço

6
Curva de
4
demanda
2
0
-2 0 1 2 3 4
Quantidade

O gráfico mostra as curvas de oferta e demanda em um mesmo gráfico.


Observe que há um ponto em que as curvas se cruzam; este ponto é chamado de
equilíbrio de mercado. O preço no qual as curvas se cortam é o preço de equilíbrio
e a quantidade, a quantidade de equilíbrio.
Ao preço de equilíbrio, a quantidade do bem que os compradores desejam
e podem comprar é exatamente igual à quantidade que os vendedores desejam e
podem vender. As ações dos compradores e vendedores conduzem naturalmente o
mercado em direção ao equilíbrio. Para ver por que isto acontece, considere o que
ocorre quando o preço de mercado não é igual ao preço de equilíbrio.
Suponha que o preço de mercado se encontra acima do preço de equilíbrio.
Ao preço de U$2,50 por casquinha de sorvete, a quantidade oferecida (10
casquinhas) é superior à quantidade demandada (4 casquinhas).Esta situação é
denominada excesso de oferta. Quando há excesso de oferta no mercado de
sorvetes, por exemplo, os vendedores vêem seus congeladores abarrotados de
sorvete que gostariam de vender, mas não conseguem. Eles respondem ao excesso
de oferta reduzindo seus preços. E os preços continuam a cair até que o mercado
atinja o equilíbrio.
Suponha agora que o preço de mercado se encontre abaixo do preço de
equilíbrio. No caso U$1,50 cada casquinha e a quantidade demandada supera a
quantidade oferecida. Esta situação é denominada escassez. Quando ocorre
escassez no mercado de sorvete, por exemplo, os compradores fazem longas filas
para poder comprar as poucas casquinhas disponíveis. Em vista dos muitos
compradores atrás de poucos bens, os vendedores respondem à escassez
aumentando os preços sem prejuízo das vendas.
A rapidez com que os preços atingem seu nível de equilíbrio difere de
mercado para mercado. De fato, freqüentemente é denominado lei da oferta e da
demanda.
TRÊS PASSOS PARA ANALISAR ALTERAÇÕES DO EQUILÍBRIO.

Quando algum fato desloca a curva de demanda ou a de oferta, o equilíbrio


de mercado se altera. A analise de tais mudanças é chamada estática comparativa
porque envolve a comparação entre um equilíbrio antigo e um equilíbrio novo.
Ao analisar como algum evento afeta o mercado procedemos em três
etapas. Primeira, verificamos se o fato desloca a curva de oferta, a curva de
demanda ou ambas. Segunda, verificamos se a curva se desloca para a direita ou
para a esquerda. Terceira, usamos o diagrama da oferta e demanda para examinar

20
como o deslocamento afeta preço e quantidade de equilíbrio. Para mostrar como
esta receita é usada, vejamos vários fatos que poderiam afetar o mercado de
sorvetes.
EXEMPLO: UMA MUDANÇA NA DEMANDA  Suponha que em um
determinado verão faça muito calor. Vejamos as 3 etapas.
1. O clima altera a quantidade de sorvete que as pessoas desejam
consumir a qualquer preço. A curva de oferta permanece inalterada
porque o clima não afeta diretamente as empresas que vendem sorvete.
2. Como com o calor aumenta o consumo de sorvete, a curva de demanda
se desloca para a direita.
3. O aumento na demanda aumenta o preço de equilíbrio de U$2,00 para
U$2,50 e a quantidade de equilíbrio de 7 para 10 casquinhas.
DESLOCAMENTO DAS CURVAS VERSUS MOVIMENTOS AO LONGO
DAS CURVAS.
Observe que quando o calor impulsiona o aumento dos preços de sorvete,
a quantidade de sorvete oferecida pelas empresas aumenta, embora a curva de
oferta se mantenha a mesma. Neste caso os economistas dizem que ocorreu um
aumento na quantidade oferecida, mas não uma alteração na oferta.
EXEMPLO: UMA MUDANÇA NA OFERTA  Suponha que num outro
verão, um terremoto destrói várias fábricas de sorvete. Vejamos os 3 passos para
analisar uma alteração do equilíbrio.
1. Ao reduzir o número de vendedores, o terremoto altera a quantidade de
sorvete produzido.
2. A curva de oferta se desloca para a esquerda porque, a qualquer preço,
a quantidade total de sorvete que as empresas desejam e podem
vender é menor.
3. O deslocamento da curva de oferta provoca um aumento do preço de
equilíbrio de U$2,00 para U$2,50 e reduz a quantidade de equilíbrio de
7 para 4 casquinhas.
EXEMPLO: UMA MUDANÇA SIMULTÃNEA NA OFERTA E NA
DEMANDA  Agora imaginemos que a onde de calor e o terremoto ocorram
simultaneamente.
1. A onda de calor afeta a curva de demanda e o terremoto afeta a curva
de oferta.
2. A curva de demanda se desloca para a direita e a curva de oferta para a
esquerda
3. Há dois resultados possíveis. Um é que a demanda aumenta
significativamente, enquanto a redução na oferta é pequena e a
quantidade de equilíbrio aumenta. O outro é que a oferta se reduz
substancialmente enquanto a demanda aumenta ligeiramente e a
quantidade de equilíbrio diminui. Portanto, estes fatos certamente
aumentam o preço do sorvete, mas seu impacto sobre a quantidade de
sorvete vendido é ambíguo.
NENHUMA UM AUMENTO UMA REDUÇÃO
MUDANÇA NA DA OFERTA DA OFERTA
OFERTA
NENHUMA MUDANÇA NA P igual P cai P aumenta
DEMANDA Q igual Q aumenta Q cai
UM AUMENTO DA P aumenta P ambíguo P aumenta

21
DEMANDA Q aumenta Q aumenta Q ambígua
UMA REDUÇÃO DA P cai P cai P ambíguo
DEMANDA Q cai Q ambígua Q cai
Q = quantidade P= Preço

DOS JORNAIS

FRENTE FRIA CASTIGA A CALIFÓRNIA DURANTE 4 DIAS: SAFRA


DEVASTADA; AUMENTO NO PREÇO DOS CÍTRICOS.
Uma brutal geada que perdurou quatro dias destruiu mais de um terço da safra
anual de cítricos da Califórnia, causando prejuízos de meio bilhão de dólares e
levantou a perspectiva de que os preços da laranja tripliquem semana que vem nos
supermercados. Porém o preço do suco de laranja deverá ser menos afetado porque
a maior parte da laranja para a indústria é produzida na Flórida.
CAPÍTULO 5 – ELASTICIDADE E SUAS APLICAÇÕES

Imagine que você seja um triticultor (trigo). Um dia a Universidade estadual


anuncia uma grande descoberta. Os pesquisadores do departamento de agronomia
desenvolveram um novo híbrido de trigo que aumenta em 20% a produção do
hectare plantado. Como você reagiria a novidade? Usaria o novo híbrido? A nova
semente melhor ou piora a situação? Neste capítulo veremos que estas questões
podem ter respostas surpreendentes. A surpresa advém da aplicação da mais básica
das ferramentas econômicas – oferta e demanda – ao mercado de trigo.
A elasticidade mede a resposta dos compradores e vendedores às
alterações nas condições do mercado, permitindo-nos analisar a oferta e a demanda
com maior precisão.
A ELASTICIDADE DA DEMANDA.

Nossa análise da demando foi qualitativa, não quantitativa. Isto é,


observamos a direção do movimento da quantidade demandada, mas não a
dimensão da variação. Para medir a resposta da demanda às alterações em seus
determinantes, os economistas usam o conceito da elasticidade.
A ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA E SEUS DETERMINANTES.

A elasticidade-preço da demanda mede o quanto à quantidade demandada


responde a variações no preço. Diz-se que a demanda de um bem é elástica se a
quantidade demandada responde substancialmente a variações no preço. Diz-se que
a demanda de um bem é inelástica se a quantidade demandada responde
ligeiramente a variações no preço.
O que determina se a demanda por um bem é elástica ou inelástica?
Depende de um grande número de forças econômicas, sociais e
psicológicas que moldam os desejos individuais. Contudo, é possível relacionar
algumas regras gerais.
Necessidades versus supérfluos.  Os bens necessários tendem a ter
demandas inelásticas. Quando o preço da consulta médica sobe, as pessoas não
alteram drasticamente a freqüência das visitas ao consultório. Por outro lado, quando

22
o preço dos veleiros aumenta, a quantidade demandada de veleiros cai
substancialmente. A classificação de um bem como necessário ou supérfluo não
depende das propriedades intrínsecas do bem, mas das preferências do comprador.
Disponibilidade de substitutos próximos  bens que dispõem de
substitutos próximos tendem a ter uma demanda mais elástica porque pe mais fácil
para os consumidores trocar um bem por outro. Por exemplo, manteiga e margarina
são substitutos próximos. Por outro lado, como os ovos não têm substituto muito
próximo, a demanda por ovos é provavelmente menos elástica que a demanda por
manteiga.
Definição de mercado  Mercados definidos de forma restrita tendem a
ter uma demanda mais elástica do que mercados definidos de forma ampla. por
exemplo, comida, uma categoria ampla, tem uma demanda bastante inelástica
porque não há cons substitutos para comida. Sorvete, uma categoria restrita, tem
uma demanda mais elástica porque é fácil substituir o sorvete por outras
sobremesas. O sorvete de baunilha, uma categoria muito mais restrita, tem uma
demanda muito elástica porque outros sabores são substitutos quase que perfeitos
para o sorvete de baunilha.
Horizonte temporal  Quando o preço da gasolina aumenta, a demanda
cai pouco nos primeiros meses. Com o passar do tempo, contudo, as pessoas
compram carros que consomem menos gasolina. Em alguns anos, a quantidade
demandada da gasolina cai substancialmente.
CALCULANDO A ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA.

Elasticidade-preço = Variação percentual da quantidade


da demanda Variação percentual do preço

Por exemplo, suponha um aumento de 10% no preço da casquinha de sorvete


provoque uma queda de 20% nas compras de sorvete. Elasticidade= 20%/10%= 2.
Uma alta elasticidade-preço implica uma grande resposta da quantidade às variações
no preço.

O MÉTODO DO PONTO MÉDIO: UMA FORMA MELHOR DE


CALCULAR VARIAÇÕES PERCENTUAIS E ELASTICIDADES.

Se você tentar calcular a elasticidade-preço da demanda entre dois pontos de


uma curva da demanda, observará, rapidamente, um problema desagradável: a
elasticidade entre os pontos A e B, é diferente da elasticidade entre os pontos B e A.
Por exemplo, considere estes números:
PONTO A: Preço= U$4,00 Quantidade=120
PONTO B: Preço= U$6,00 Quantidade=80
De A para B, o preço aumenta 50% e a quantidade cai 33%, sugerindo que a
elasticidade-preço da demanda é 33/50 ou 0,66. Já do ponto B para o ponto A, o
preço cai 33% e a quantidade aumenta 50%, sugerindo que a elasticidade-preço da
demanda é de 50/33 ou 1,5.
Ponto médio: Preço=U$5,00 Quantidade=100
De acordo com o método do ponto médio, quando se passa do ponto A para o
ponto B, o preço aumenta 40% e a quantidade cai 40%. E do ponto B para o ponto A,

23
o preço cai 40% e a quantidade aumenta 40%. Em ambas as direções à elasticidade-
preço da demanda é igual a 1. Para calcular a variação é só pegar a diferença (6-4) e
dividir pelo valor inicial (4 ou 6).

A VARIEDADE DAS CURVAS DE DEMANDA.

A demanda é elástica quando é maior que 1. É inelástica quando é menor do


que 1. Se a elasticidade for exatamente igual a 1, de modo que a variação da
quantidade seja proporcionalmente igual à variação do preço, diz-se que a demanda
possui elasticidade unitária.
A seguinte regra prática é bastante útil: quanto mais horizontal for uma curva
de demanda, maior será a elasticidade-preço da demanda. Quanto mais vertical for
uma curva de demanda que passa por um dado ponto, menor será a elasticidade-
preço da demanda.
RECEITA TOTAL E ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA.

A receita total é a quantidade paga pelos compradores e recebida pelos


vendedores do bem. Em qualquer mercado, a receita total é PxQ. Se a demanda é
inelástica, um aumento no preço provoca um crescimento da receita total. Aqui, a
subida do preço de U$1 para U$3 provoca um recuo da quantidade demandada de
100 para 80 e, portanto, a receita aumenta de U$100 para U$240.
Obtemos um resultado oposto se a demanda é elástica: um aumento no
preço provoca uma redução na receita total. por exemplo, quando o preço aumenta
de U$4, para U$5, a quantidade demandada cai de 50 para 20, e a receita total de
U$200 para U$100.
Quando a elasticidade-preço da demanda é menor do que 1, um
aumento de preços aumenta a receita total e uma queda nos preços a reduz.
Quando a elasticidade-preço da demanda é maior do que 1, um
aumento de preços reduz a receita total e uma queda nos preços eleva a receita
total.
 No caso especial da demanda com elasticidade unitária, uma variação
no preço não afeta a receita total.

ELASTICIDADE E RECEITA TOTAL AO LONGO DE UMA CURVA DE


DEMANDA LINEAR

Embora algumas curvas de demanda tenham a mesma elasticidade em


todos os seus pontos, nem sempre isto é o caso. Um exemplo de curva de demanda
em que a elasticidade muda é a linha reta.

24
8
Elasticidade
7
menor do
6 que 1

4 Elasticidade
maior do
3 que 1
2

0
0 5 10 15

Preço Quantidade Receita Variação Variação Elasticidade Descrição


(U$) Total (PxQ) percentual percentual da
do preço quantidade
7 0 0
6 2 12 15 200 13 Elástica
5 4 20 18 67 3,7 Elástica
4 6 24 22 40 1,8 Elástica
3 8 24 29 29 1 Unitária
2 10 20 40 22 0,6 Inelástica
1 12 12 67 18 0,3 Inelástica
0 14 0 200 15 0,1 Inelástica

ESTUDO DE CASO: DETERMINANDO O PREÇO DOS INGRESSOS DE


UM MUSEU

O diretor financeiro informa que os recursos do museu estão se tornando


insuficientes. Você aumentaria o preço do ingresso ou o reduziria?
A resposta depende da elasticidade da demanda. Se for inelástica, um
aumento no preço do ingresso aumentaria a receita total. Mas se a demanda for
elástica, um aumento no preço do ingresso poderia reduzir tanto o número de
visitantes que a receita total diminuiria.
Para estimar a elasticidade-preço da demanda você teria de recorrer aos
estatísticos. Estes poderiam usar séries históricas para observar como a freqüência
ao museu variou de ano para ano. Ou eles poderiam usar dados de freqüência de
vários museus em diferentes pontos do país. Para analisar quaisquer destes dados,
os estatísticos precisam levar em consideração outros fatores que afetam a
freqüência – Clima, população, tamanho da coleção e assim por diante.

DOS JORNAIS
Como é que uma empresa privada que opera uma rodovia deveria fixar o
pedágio cobrado?

25
Agora mesmo, os responsáveis por uma nova rodovia privada estão à procura
de um ponto mágico. O grupo considerou inicialmente que poderia cobrar cerca de
U$2 pelo trajeto de 14 milhas, e atrair algo em torno de 34 mil viagens ao dia de
pessoas que fugiriam de rodovias públicas congestionadas. Mas depois de gastar
U$350 milhões para construir a muito anunciada “GreenWay”, descobriram com
desgosto que apenas um terço desse contingente estava disposto a pagar aquela
quantia para poupar 20 minutos. Somente quando a empresa em desespero baixou a
taxa de pedágio para U$1, ela conseguiu atrair o trânsito desejado.
A receita média total alcança, hoje, cerca de U$22 mil, em comparação com os
U$14.875 anteriores. Afinal, quando o preço foi reduzido em 45% na primavera
passada, o volume de tráfego aumentou 200% trem meses depois. Se a mesma
razão se aplicar novamente, a redução de outros 25% no pedágio faria com que o
movimento passasse para 38 mil viagens ao dia e a receita para U$29 mil. O
problema é que obviamente a mesma razão não se aplica a cada ponto de preço e
por isso a tarefa de fixar preços é tão complexa. No ano passado, dois economistas
realizaram uma pesquisa de mercado.
A conclusão é que as pessoas que atribuíam maior valor à redução de seu
tempo de transporte já o tinham feito: a mudança para uma residência mais próxima
ao local de trabalho ou à escolha de empregos que permitissem o deslocamento em
horários alternativos. Por outro lado, aquelas que percorriam distâncias significativas
entre o lar e o trabalho eram mais tolerantes aos congestionamentos e só estavam
dispostas a pagar 20% de sua remuneração horária para poupar uma hora de seu
tempo. A pesquisa indicou que apenas pessoas que ganhavam em torno de U$30
por hora estariam dispostas a pagar U$2 para poupar 20 minutos.
OUTRAS ELASTICIDADES DA DEMANDA.

Elasticidade-renda da demanda  Os economistas usam a elasticidade-


renda da demanda para descrever como a quantidade demandada varia quando a
renda dos consumidores varia. A elasticidade-renda é a variação percentual da
quantidade demandada dividida pela variação percentual da renda, ou seja:

Elasticidade-renda = Variação percentual da quantidade demandada


da demanda Variação percentual da renda.

Como foi visto no capítulo 4, a maior parte dos bens é bem normal. Os bens
normais têm elasticidade-renda positiva. Alguns poucos bens, como passagens de
ônibus, são bens inferiores, os bens inferiores têm elasticidade-renda negativa.
Mesmo entre os bens normais, as elasticidades-renda variam
substancialmente em intensidade. Produtos básicos, como alimentos e vestuário,
tendem a ter elasticidades-renda baixas porque os consumidores, por mais baixa que
seja sua renda, compram alguns bens dessa categoria. Bens supérfluos, como caviar
e casacos de pelo, tendem a ter grande elasticidade-renda porque os consumidores
consideram que podem passar sem eles se sua renda for muito baixa.
Elasticidade cruzada da demanda  Os economistas recorrem à
elasticidade cruzada da demanda para medir como varia a quantidade demandada
de um bem quando o preço de outro varia.

Elasticidade cruzada da demanda= Variação% da quantidade demandada do bem 1

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Variação % no preço do bem 2

A elasticidade cruzada será um número positivo ou negativo à medida que os


bens sejam substitutos ou complementares. Como vimos no capítulo 4, bens
substitutos são aqueles que podem ser utilizados um em lugar do outro tal como
hambúrgueres e cachorro quente. Já os bens complementares são em geral usados
em conjunto, como computadores e softwares.
ELASTICIDADE DA OFERTA.

Quando analisamos os determinantes da oferta no Capítulo 4, observamos


que os vendedores de um bem aumentam a quantidade oferecida quando o seu
preço aumenta, quando os preços dos insumos diminuem ou quando ocorre uma
melhoria tecnológica.

ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA E SEUS DETERMINANTES

A elasticidade-preço da oferta mede o quanto a quantidade oferecida


responde às alterações nos preços. Diz-se que a oferta de um bem é elástica quando
a quantidade oferecida reage substancialmente a uma variação nos preços. Diz-se a
uma oferta de um bem é inelástica se a quantidade oferecida reage pouco a uma
variação nos preços.
A elasticidade-preço da oferta dependa da possibilidade que os vendedores
têm de alterar a quantidade do bem que produzem. Por exemplo, a orla marítima tem
uma oferta inelástica porque é quase impossível aumenta-la. Por outro lado, os bens
manufaturados como livros, automóveis e televisores têm oferta elástica porque as
empresas que os produzem podem estender seu período de funcionamento para
atender à oportunidade criada pelos preços mais altos.
Na maioria dos mercados, um determinante-chave da elasticidade da oferta é
o período considerado. Em geral a oferta é mais elástica no longo prazo. Em curtos
intervalos de tempo, as empresas não podem alterar com facilidade a dimensão de
suas instalações para produzir mais ou menos de um bem.
CALCULANDO A ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA

Elasticidade-preço da oferta= variação percentual da quantidade oferecida


variação percentual do preço
Suponha, por exemplo, que quando o preço do litro de leite aumenta de
U$2,85 para U$3,15, os produtores de leite aumentem a sua produção de 9 mil
litros/mês para 11 mil litros/mês. A elasticidade-preço da oferta seria: 20%/10% = 2.
No exemplo, a elasticidade, 2, reflete o fato de que a quantidade oferecida
varia proporcionalmente mais que o preço.
A VARIEDADE DAS CURVAS DE OFERTA

Como a elasticidade-preço da oferta pode variar: Uma vez que,


freqüentemente, as empresas têm uma capacidade máxima de produção, a
elasticidade da oferta pode ser bastante alta quando a quantidade oferecida é
pequena e muito baixa quando a quantidade oferecida é alta. Um exemplo é, uma
elevação de U$3 parar U$4 aumenta a quantidade oferecida de 100 para 200. Como

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TRÊS APLICAÇÕES DA OFERTA, DA DEMANDA E DA
ELASTICIDADE.
o acréscimo da quantidade oferecida, 100%, é maior que o aumento do preço, 33%,
a elasticidade da oferta neste trecho da curva é grande. Já no ponto em que o preço
aumenta de u$12 para U$ 15, a quantidade aumenta de 500 para 525. Como o
aumento da quantidade é de 5%, é menor do que do preço, 25%, neste trecho a
curva de oferta é inelástica.

BOAS NOTÍCIAS PARA A AGRICULTURA PODEM SER MÁS NOTÍCIAS


PARA OS AGRICULTORES?
Voltemos à pergunta colocada no início do capítulo: o que acontece com s
triticultores e com o mercado do trigo quando pesquisadores das faculdades de
agronomia desenvolvem um novo híbrido que é mais produtivo que as variedades
existentes?
Neste caso, o desenvolvimento do novo híbrido afeta a curva da oferta. A
curva da oferta se desloca para a direita. A curva de demanda permanece inalterada
porque o desejo dos consumidores de comprar produtos a base de trigo é o mesmo a
qualquer preço dado. Então a quantidade vendida de trigo aumenta de 100 para 110,
e o preço cai de 3 para U$2.
Mas a nova variedade melhorou a situação dos agricultores? Vejamos, a
receita total dos agricultores é PxQ. A nova variedade de trigo permite aos
agricultores produzir mais trigo, mas cada saca de trigo é vendida a um preço menor.
O aumento ou a queda de receita total depende da elasticidade da demanda.
E como o trigo, é, em geral, inelástica e quando a curva de demanda é inelástica, o
preço do trigo cai substancialmente, enquanto a quantidade vendida aumenta um
pouco. Portanto, o desenvolvimento do novo híbrido reduz a receita total auferida
pelos agricultores.
Se os agricultores são prejudicados pelo novo híbrido, por que é que o
adotam? A resposta a esta pergunta atinge o cerne do funcionamento dos mercados
competitivos. Como cada agricultor é uma pequena fração do mercado de trigo, o
preço é para ele um dado. A qualquer preço dado do trigo é melhor usar o novo
híbrido para produzir e vender mais trigo. Contudo, quando todos os agricultores
tiverem feito isso, o preço cai e eles são prejudicados.
Isto ajuda a explicar uma grande mudança registrada pela economia
americana no século passado. Cem anos atrás, muitos americanos viviam no campo.
O conhecimento dos métodos de cultivo eram suficientemente primitivos. Contudo,
com o tempo, os avanços da tecnologia agrícola aumentaram a quantidade de
alimentos que cada agricultor podia produzir. Este aumento da oferta de alimentos,
aliado a uma demanda inelástica por alimentos, reduziu as receitas dos agricultores,
o que, por sua vez, incentivou muita gente a abandonar a atividade agrícola.
Esta análise do mercado de produtos agrícolas também ajuda a explicar um
aparente paradoxo das políticas públicas: certos programas de política agrícola
tentam melhorar a situação dos agricultores incentivando-os a não plantar em toda
sua terra. Por que fazem isso? O objetivo é diminuir a oferta de produtores agrícolas
para elevar seus preços. Como a demanda é inelástica, os agricultores, como
conjunto, obtêm uma receita total maior, se oferecem ao mercado uma safra menor.
Nenhum agricultor isoladamente optaria por deixar suas terras em descanso, uma

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vez que considera o preço de mercado um dado. Mas se todos os agricultores agirem
da mesma forma, cada um deles estará em melhor situação.
Ao analisar os efeitos da tecnologia ou da política agrícolas, é importante ter
em mente que o que é bom para os agricultores não é, necessariamente bom para a
sociedade como um todo. Melhorias na tecnologia agrícola podem ser prejudiciais
aos agricultores, mas sem dúvida favorecem aos consumidores que pagam menos
pelos alimentos. Da mesma forma, uma política destinada a reduzir a oferta de
produtos agrícolas pode aumentar a renda dos produtores rurais, mas o faz a
expensas do consumidor.
POR QUE A OPEP NÃO CONSEGUIU MANTER ALTOS OS PREÇOS DO
PETRÓLEO?
Na década de 1970 os membros da Organização dos países exportadores de
petróleo (OPEP) decidiram aumentar o preço mundial do petróleo para aumentar a
renda de seus países. Para atingir tal objetivo reduziram conjuntamente a quantidade
oferecida de oferecida de petróleo. O preço do petróleo aumentou mais de 50% 3 a 4
anos depois. Alguns anos depois, a OPEP fez o mesmo outra vez. O preço do
petróleo aumentou 14% em 1979, 34% em 1980 e mais 34% em 1981.
Contudo, a OPEP encontrou dificuldades para manter a elevação dos preços.
De 1982 a 1985 os preços do petróleo registraram um declínio constante de cerca de
10% ao ano. Seguiu-se um período de insatisfação e desorganização entre os países
da OPEP. Em 1986 a cooperação entre os países da OPEP estava destruída e os
preços do petróleo caíram 45%. Em 90 o preço do petróleo tinha voltado aos níveis
de 1970 e assim permaneceu na maior parte da década. O episódio mostra como a
oferta e a demanda podem ter comportamentos distintos no curto e no longo prazo.
No curto prazo, tanto a oferta quanto à demanda do petróleo são bastante
inelásticas. A oferta porque a quantidade conhecida de reservas petrolíferas e a
capacidade de extração não podem ser alteradas rapidamente. A demanda é
inelástica porque os hábitos de compra não respondem imediatamente às variações
de preço. Muitos proprietários de carros antigos, bebedores de gasolina, por
exemplo, continuaram a pagar os preços mais altos.
A situação é diferente em longo prazo. Os consumidores procuram conservar
mais o combustível, substituindo, por exemplo, os carros mais velhos e ineficientes
por novos automóveis mais eficientes.
A REPRESSÃO ÀS DROGAS AUMENTA OU DIMINUI OS CRIMES
RELACIONADOS A DROGAS?
O uso de drogas provoca vários efeitos adversos. Os dependentes
freqüentemente se voltam para o roubo e outros crimes violentos para obter o
dinheiro necessário ao sustento da droga.
Imagine que o governo aumento o número de agentes federais
O preço de equilíbrio da droga aumenta, enquanto a quantidade de equilíbrio se
reduz. A queda na quantidade de equilíbrio mostra que o combate às drogas reduz
seu uso. Mas o que ocorre com o número de crimes relacionados às drogas? Para
responder a esta questão, imagine o montante total que os usuários gastam com a
droga. Como poucos usuários abandonarão seu hábito destrutivo em resposta ao
aumento no preço, é provável que a demanda por drogas seja inelástica. Se a se a
demanda é inelástica, então o aumento no preço aumenta a receita total do mercado
de drogas.

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Viciados que já tinham que roubas para sustentar seu vício precisarão ainda
mais de dinheiro rápido. Portanto, o combate às drogas poderia aumentar a
incidência de crimes relacionados às drogas.
Em função deste efeito adverso do combate às drogas, alguns analistas
defendem um tratamento alternativo para o problema da droga. Em lugar de tentar
reduzir a oferta de drogas, seria preferível tentar reduzir a demanda através de uma
política educacional específica. Um programa educativo bem-sucedido desloca a
curva de demanda para a esquerda, a quantidade de equilíbrio cai e o preço de
equilíbrio se reduz.
Os defensores do combate às drogas poderiam argumentar: A demanda por
drogas é, provavelmente inelástica no curto prazo, mas a demanda pode ser mais
elástica a longo prazo, porque os preços mais altos desestimulam a experimentação
de drogas por parte dos mais jovens e, com o passar do tempo, levariam à redução
do número de viciados. Sendo assim, o combate às drogas aumentaria os crimes
relacionados a elas no curto prazo, mas os reduziria no longo prazo.
CAPÍTULO 6 - OFERTA, DEMANDA E POLÍTICAS ECONÔMICAS
DO GOVERNO.
Os economistas exercem dois papéis. Como cientistas, desenvolvem e testam
teorias para explicar o mundo que os cerca. Como formuladores de políticas públicas,
usam suas teorias para tentar mudar e melhorar o mundo. Os dois capítulos
anteriores se concentram em aspectos da ciência. Vimos como a oferta e a demanda
determinam o preço e a quantidade de um bem vendido. Também observamos como
alguns fatos deslocam a oferta e a demanda e, portanto, alteram preço e quantidade
de equilíbrio.
Este Capítulo é nossa primeira incursão no campo da política econômica. Em
primeiro lugar observaremos as políticas que controlam preços de forma direta. Por
exemplo, as leis que regulamentam os aluguéis estabelecem o teto máximo que
pode ser cobrado dos inquilinos. A legislação trabalhista determina o salário mínimo
que as empresas podem pagar a seus trabalhadores. Os controles de preço são
aplicados, em geral, quando os formuladores de políticas acreditam que o preço de
mercado de um bem ou serviço é injusto para o comprador ou para o vendedor.
Contudo, como veremos, essas políticas podem gerar outras injustiças.
Depois de examinar os controles de preço, passaremos ao impacto dos
impostos. Os formuladores de política econômica usam a tributação para influir sobre
resultados de mercado e para obter receita para atender a finalidades públicas.
Embora o predomínio dos impostos na economia dos Estados Unidos seja óbvio,
seus impactos não o são. Por exemplo, quando o governo fixa um imposto sobre os
salários que as empresas pagam a seus funcionários, quem carrega o ônus do
tributo, a empresa ou os trabalhadores? A resposta não é clara – até serem
aplicadas as poderosas ferramentas da oferta e da demanda.
CONTROLES DE PREÇO
Para ver como os controles de preço afetam os resultados de mercado,
observemos novamente o mercado de sorvetes. Imaginemos que o preço de
equilíbrio da casquinha de sorvete seja de U$3,00.
Nem todo mundo ficará feliz com o desfecho deste processo de livre mercado.
Digamos que a Associação dos Consumidores de Sorvete se queixe de que o preço
de U$3,00 é demasiado alto para que todos possam usufruir de uma casquinha de

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sorvete por dia (dieta recomendada pela associação). Ao mesmo tempo, a
Organização dos Produtores de Sorvete afirma que o preço de U$3 – resultado de
uma “concorrência feroz” – está deprimindo a receita de seus associados. Cada um
desses lobbies reivindica do governo leis destinadas a alterar o resultado do mercado
através de um controle direto dos preços.
Naturalmente, como os consumidores de qualquer bem querem preços
menores e os vendedores desejam preços maiores, há um conflito entre os
interesses dos dois grupos. Se os consumidores de sorvete forem bem-sucedidos em
suas pressões, o governo fixará um teto para o preço da venda do sorvete, isto é, um
preço máximo. Se os produtores de sorvete forem atendidos, o governo aprovará um
piso para o preço do sorvete, ou seja, um preço mínimo. Vejamos as conseqüências
de cada uma destas políticas.
COMO OS PREÇOS MÁXIMOS AFETAM OS RESULTADOS DE MERCADO:
Quando o governo, em resposta às reivindicações dos consumidores de
sorvete fixa um preço máximo para o mercado de sorvetes, há duas conseqüências
possíveis. O governo fixando um preço máximo de U$4,00 para a casquinha de
sorvete. Neste caso, como o preço que equilibra a oferta e a demanda está abaixo do
máximo, este não se torna compulsório. As forças de mercado deslocarão,
naturalmente, a economia em direção ao equilíbrio e o preço máximo não terá
conseqüências.
A outra possibilidade, bem mais interessante. Neste caso, o governo
estabelece um preço máximo de U$2. Como o preço de equilíbrio está acima do
preço máximo, este se torna compulsório. As forças da oferta e da demanda tendem
a movimentar o preço a seu nível de equilíbrio, mas quando o preço de mercado bate
no teto representado pelo preço máximo, não pode continuar sua ascensão.
Portanto, o preço de mercado se iguala ao preço máximo. A este preço, a quantidade
demandada de sorvete, excede a quantidade oferecida. Há uma escassez de
sorvete.
Quando uma escassez de sorvete é provocada por esse preço máximo, terá
de se desenvolver naturalmente algum mecanismo de racionamento de sorvete. Esse
mecanismo pode tomar a forma de longas filas: os compradores dispostos a chegar
cedo e esperar na fila conseguem o sorvete, os que não estiverem, ficam sem
sorvete. Ou os vendedores podem racionar o sorvete de acordo com suas
idiossincrasias, vendendo-o apenas para amigos, familiares ou pessoas de seu grupo
étnico ou racial.
Este exemplo mostra um resultado geral: quando o governo fixa um preço
máximo compulsório em um mercado competitivo, surge escassez do bem, e os
vendedores precisam racionar o bem escasso entre o grande número de
compradores potenciais.
ESTUDO DE CASO: FILAS NOS POSTOS DE GASOLINA.

Como foi visto no capítulo anterior, em 1973 a OPEP aumentou o preço do


petróleo cru no mercado mundial. Como o petróleo cru é o principal insumo da
gasolina. Longas filas nos postos se tornaram lugar-comum e os motoristas muitas
vezes tinham que esperar várias horas para comprar alguns poucos litros de
gasolina.
Quem é o responsável pelas longas filas? Muitos culparam a OPEP. Sem
dúvida, se a OPEP não tivesse aumentado o preço do petróleo cru, a escassez da

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gasolina não teria ocorrido. Contudo, os economistas culparam a regulamentação
governamental que limitava o preço que as empresas poderiam cobrar pela gasolina.
Antes que a OPEP aumentasse o preço do petróleo cru, o preço de equilíbrio
da gasolina, estava abaixo do preço máximo. Portanto, os controladores de preço
não causavam qualquer impacto. Quando o preço do petróleo cru aumentou, a
situação se alterou. O aumento do preço do petróleo cru elevou o custo de produção
da gasolina, e isto reduziu a sua oferta. A curva de oferta se deslocou, em um
mercado não regulamentado, este deslocamento da oferta teria aumentado o preço
de equilíbrio e nenhuma escassez teria se manifestado. Mas o preço máximo impediu
que o preço aumentasse para seu nível de equilíbrio.
DOS JORNAIS: Uma seca provoca necessariamente falta de água?

A seca no leste foi culpada pela falta dágua, mas isso é caluniar a mãe
natureza. Certamente a seca é a causa imediata, mas os verdadeiros culpados são
os regulamentos que não permitem que mercados e preços equilibrem demanda e
oferta.
Cidades estão restringindo o uso da água; algumas foram ao ponto de proibir
os restaurantes de servir água exceto aos clientes que solicitassem expressamente
um copo do líquido. As forças do mercado poderiam assegurar farta disponibilidade
de água mesmo em anos de seca. Nos países em desenvolvimento, apesar do
crescimento populacional, o percentual de água com acesso à água potável
aumentou de 44% em 1980 para 74% em 1994. O aumento da renda proporcionou a
esses países os meios de oferecer água potável.
A oferta também, aumenta quando os usuários já existentes têm um incentivo
para conservar o excedente à disposição do mercado. O banco permite aos
agricultores fazer um leasing de água de outros usuários nos períodos de seca. O
preço foi de U$125 por 1,23 milhões de litros, a oferta de água superou a demanda
na proporção de dois para um. Isto é, muito mais pessoas queriam vender água do
que compra-la.
Infelizmente, os consumidores de água do leste não pagam preços realistas
pela água. De modo ainda mais geral, a legislação regional proíbe às pessoas
comprar e vender água.
A transformar a água em uma commodity e liberar as forças de mercado, os
formuladores de políticas públicas não fariam as secas sumirem, mas reduziriam os
sacrifícios por elas impostos ao permitir que a bomba invisível aguasse os mercados.
Finalmente, as leis que regulamentavam o preço da gasolina foram revogadas.
Os legisladores entenderam que eles eram responsáveis, em parte, pelas muitas
horas que os americanos perderam nas filas à espera da gasolina. Hoje, quando há
alterações no preço do petróleo cru, o preço da gasolina pode ajustar-se para
equilibrar a oferta e a demanda.

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