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Caros Amigos – Como o senhor avalia a crise financeira mundial?
Márcio Pochmann – Essa crise é uma crise do modo de produção capitalista, uma crise
estrutural, sistêmica, uma crise que não é exclusivamente financeira, embora tenha sido nessa
esfera que ela se originou. Essa crise impôs perdas expressivas aos ricos, impôs a queda da
taxa de lucro das empresas, especialmente de alguns setores industriais. A crise impactou a
área social. Estamos convivendo com maior desemprego, com aumento das desigualdades.
Essa crise está contaminando o mundo da política. Cinco países tiveram alternância de poder
em função, inclusive, do agravamento da crise. Não tivemos crises anteriores com problemas
ambientais. Os impactos ambientais são extremamente degradantes. Temos uma crise inédita
nesse sentido. Vale dizer que é uma crise que encontra o mundo, os países, em quase sua
totalidade submetida à lógica mercantil. Nunca tivemos uma crise anterior com uma
profundidade como esta. E não tem saída a curto e médio prazo porque a crise afetou as
estruturas do padrão capitalista de produção e consumo. Não há como garantir a
sustentabilidade da acumulação de capital.
O que deu sustentabilidade de longo prazo ao capitalismo no século 20 foi a produção de bens
de consumo duráveis, como por exemplo, a casa própria e o automóvel. Não são apenas eles,
mas a casa e o automóvel simbolizam o consumo no capitalismo do século 20. A produção
desses bens se difundiu pelo mundo, no entanto, apenas um quarto da população mundial tem
acesso a esse padrão de consumo. Apenas um quarto. É o que praticamente temos no Brasil.
Para que esse padrão de consumo tivesse padrões mundiais, especialmente no mundo onde a
renda percapita é muito baixa, foi necessário o aprofundamento do subdesenvolvimento, que é
o que se pressupõe no Brasil. Em outras palavras: para que aqui no Brasil pudesse se instalar
a indústria automobilística e a produção nacional comparável ao os países ricos foi necessário
concentrar profundamente a renda, para poder viabilizar o padrão de consumo dos mais ricos.
Se a gente for a qualquer cidade brasileira a gente vê segmentos sociais que participam de alto
padrão de consumo. Há bairros de qualquer cidade brasileira onde há casas com garagem com
quatro, cinco carros, cada membro da família tem um automóvel. Há casas compatíveis com
padrão hollywoodiano de habitação.
Caros amigos, Entrevista com Márcio Pochmann. Edição de Agosto
(com adaptações)
1 – Ao dizer que a crise é “sistêmica” o entrevistado quer dizer que ela é própria do
sistema capitalista.
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6 – Mantém-se a correção gramatical e a coerência a substituição de “cada membro” por
“todos os membros”.
8 – Segundo Pochmann, para que os ricos brasileiros pudessem ter acesso ao padrão de
vida dos países mais ricos foi necessário que eles ficassem cada vez mais ricos que o
restante da população.
O senhor diria que algum governo, economista ou operador de Wall Street não sabia
que, mais cedo ou mais tarde, bolhas estouram? Todo mundo sabe.
Então, por que agora se diz que a crise foi surpresa? O que não se esperava é que, de
repente, todos os mercados imobiliários nos Estados Unidos, e até mesmo no resto do mundo,
despencassem mais ou menos em sincronia.
Por que isso aconteceu? Ninguém sabe exatamente. Nos últimos anos, no meu trabalho
acadêmico, tenho me dedicado a estudar a teoria das bolhas econômicas, e uma coisa que me
preocupa há muito tempo é que as pessoas acham que sabem mais do que elas de fato
sabem. É um resultado da aplicação desses modelos complexos de avaliação de risco, que
todos usam. Os bancos de investimento, os bancos comerciais e até mesmo os responsáveis
por regular o mercado utilizam esses modelos matemáticos. Acreditam neles.
Os modelos de risco estavam errados? O problema é que se criou no mercado financeiro
uma atmosfera semelhante àquela que havia no mercado de arte em Nova York nos anos 50 e
60. Em seu livro A Palavra Pintada, Tom Wolfe conta que quem dissesse que a arte abstrata
era ruim de imediato era considerado retrógrado, incapaz de compreender a beleza. Para
parecer um entendido, você tinha de gostar de Jackson Pollock (pintor americano, 1912- 1956).
Os modelos de avaliação de risco criaram uma mística semelhante no mercado financeiro. Se
você dissesse não acreditar neles, ou desconfiar deles, as pessoas logo concluiriam que você
não entendia nada do mercado. Isso fez nascer um excesso de confiança nos modelos de
risco.
Veja. Entrevista com José Alexandre Scheinkman. Edição 2081
(com adaptações)
12 – Sem prejuízo da correção gramatical, o trecho “e uma coisa que me preocupa ...
elas de fato sabem” poderia ser reescrito como “e há muito tempo atrás comecei a ter
uma preocupação: o fato de as pessoas acharem que sabem mais do que sabem
realmente”.
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O que torna a atual crise financeira especialmente preocupante é menos o montante das
perdas financeiras e a inevitável recessão, agora em escala mundial, do que sua conjunção
com duas outras crises: de energia e de aquecimento global. Isso não significa que o abalo
financeiro não seja grave. Ao contrário, “o descolamento dos ganhos financeiros em relação ao
sistema produtivo pode ser identificada na comparação do PIB com a quantidade de recursos
aplicados em derivativos”. Enquanto o PIB mundial alcançou quase US$ 55 trilhões, em 2007,
o volume dos direitos negociados no sistema financeiro mundial chegou a quase US$ 600
trilhões. O mesmo indicador do valor (a moeda expressa em US$) aplica-se a duas realidades
muito diferentes: o volume de bens e serviços efetivamente produzidos, e a compra e venda de
direitos que são repassados sem que nenhum bem tenha sido produzido (por isso, chamados
de derivativos).
Pedro Ribeiro de Oliveira. Crise financeira e crise do capitalismo.
(com adaptações).
A figura acima ilustra janelas do BrOffice.org Writer e do Microsoft Word, a respeito das quais
os próximos itens devem ser julgados.
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23 – O conteúdo dos dois documentos exibidos é idêntico, mudando apenas o zoom da
exibição.
25 – A fórmula digitada poderia ser também digitada como =soma(B4.C6) nos dois
programas, retornando o mesmo valor.
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33 – Chama-se conservação ao conjunto de medidas que objetivam a estabilização ou
reversão de danos físicos ou químicos adquiridos pelo documento ao longo do tempo
ou uso, intervindo de modo a não comprometer sua integridade e caráter histórico.
Três peritos - A, B e C - estão sendo avaliados para o preenchimento de uma posição em uma
repartição. Esses peritos estudaram em diferentes universidades (UNICAMP, UnB e UFRJ),
possuem diferentes tempos de experiência na profissão (2, 6 e 11 anos) e foram classificados
em três opções: 1.ª, 2.ª e 3.ª. Considere também que
I o perito A estudou na UNICAMP e tem menos de 7 anos de experiência.
II o perito C ficou na 3.ª opção, não estudou na UnB e tem 4 anos de experiência a menos que
o perito que foi classificado na 2.ª opção.
Correto
A segunda parte é F, mas para A v B ser V basta que A o seja e, como vimos no item anterior,
B estudou na UnB.
Existem três suspeitos de invadir uma rede de computadores: Lucas, Mariana e José. Sabe-se
que a invasão foi efetivamente cometida por um ou por mais de um deles, já que podem ter
agido individualmente ou não. Sabe-se, ainda, que: I) se Lucas é inocente, então Mariana é
culpada; II) ou José é culpado ou Mariana é culpada, mas não os dois; III) José não é inocente.
Com base nestas considerações, conclui-se que:
41 – Lucas é culpado.
42 – Há mais de um culpado.
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45 – Diferenciam as contravenções dos crimes os fatos de essas implicarem, no máximo,
prisão simples e de essas poderem ser apenas sujeitas à pena de multa, sem restrição
de liberdade.
48 – Crimes plurissubjetivos exigem que mais de uma pessoa penalmente punível esteja
envolvida.
Nos próximos itens são colocadas situações hipotéticas, juntamente com uma assertiva a ser
julgada.
50 – Jucenir perdeu o emprego após trabalhar 15 anos em uma mesma empresa. Sem
dinheiro para pagar o aluguel de casa após um ano procurando emprego, assaltou uma
loja levando a quantia de R$ 318,00. Arrependido, na semana posterior procurou a
polícia, confessou o crime e disse que trabalharia em qualquer função de maneira a
ressarcir o dinheiro. A Jucenir se aplica, neste caso, o arrependimento posterior.
52 – Guilherme treinava arco e flecha no quintal de sua casa, mirando em uma árvore
que dava para a rua. Consciente do perigo de errar e acertar um dos transeuntes, ele
prosseguiu o treino. Após muitas tentativas, erro um tiro vindo a acertar e causar lesões
corporais graves em Téo, que estava passando na rua. Diante disso, pode vir Guilherme
a responder por crime de lesões corporais culposas.
54 – Evandro, ex-boxeador, passava na frente de um bar quando foi abordado por alguns
rapazes bêbados que passaram a ofendê-lo e partiram para cima desse, visando o
agredir. Evandro pode revidar as agressões não sendo ilícita sua conduta por estado de
necessidade, mas é necessário que ele tente escapar de seus agressores para que a
excludente seja caracterizada.
56 – Gandolfo foi cercado por assaltantes que começaram a atirar contra ele. Procurando
se defender, ele usou uma arma que havia emprestado de Norberto, vindo a atingir um
dos bandidos que veio a falecer. Nessa situação, Norberto responde como partícipe de
crime de homicídio.
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58 – Diego após ser atropelado e ferido com certa gravidade resolveu caminhar até o
hospital da cidade para receber cuidados, pois o motorista fugiu. Carlos passou em seu
automóvel e ofereceu ajuda para Diego, que a recusou, por ser Carlos negro, muito
embora apenas tivesse dito que não precisava de ajuda, embora visivelmente parecesse
o contrário. Carlos foi embora diante dessa situação. Pode Carlos responder por
omissão de socorro.
61 – Getúlio se negou a ser levado para a prisão por policiais, atacando-os com golpes
de pau e ofendendo-os. Nessa situação comete crime de desacato.
64 – Como regra geral, o juiz não deve fundamentar-se apenas na prova angariadas na
investigação, pelo inquérito policial.
Friede, juiz federal, ao tomar conhecimento de situações que aconteciam em sua cidade,
encaminhou requisição para a instauração de inquérito policial. Como a requisição não
continha elementos mínimos para o início das investigações, o delegado Otávio, que a
recebeu, negou-se a cumprir a requisição, pois esta era descabida em seu entendimento.
Acerca dessa situação hipotética julgue os itens abaixo.
72 – Fatos notórios, como quem é o prefeito da cidade em caso de crime contra a honra
do prefeito, não precisam ser comprovados em inquérito policial ou processo.
73 – Fatos que sejam admitidos pelo acusado não necessitam de comprovação em juízo.
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74 – O juiz não pode deixar de aceitar as provas periciais em detrimento de um prova
testemunhal.
76 – A prisão preventiva pode ser determinada pelo juiz tanto na fase do inquérito
policial quanto na fase judicial, devendo sempre ser fundamentada pelo magistrado.
Com respeito a essas notícias e os desdobramentos dos assuntos envolvidos, julgue os itens
abaixo.
80 – O Brasil ser o segundo maior exportador de minérios para a China não é uma
notícia totalmente animadora, haja vista que a China enfrente dificuldades com a crise,
provavelmente fechando o ano com menos de 2% de crescimento do PIB.
81 – A pandemia a que a notícia se refere é da gripe A H1N1, que desde abril tem se
espalhado e feito vítimas, e para qual ainda não existem vacinas.
83 – A economia americana, apesar da confiança dos consumidores, foi uma das mais
atingidas pela crise.
85 – O Afeganistão difere dos demais países do Oriente Médio, onde não há eleições
para escolha de líderes.
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89 – Receitas derivadas são aquelas cobradas pelo Estado, por força do seu poder de
império, sobre as relações econômicas praticadas pelos particulares, pessoas físicas ou
jurídicas, ou sobre seus bens.
101 – As sanções de poder de polícia são aplicáveis aos atos e condutas individuais, que
embora não sejam crimes são inconvenientes ou nocivos à coletividade.
103 – O sigilo bancário só pode ser quebrado por requisição fiscal ou intervenção
judicial.
105 – Militares com menos de dez anos de serviço não podem ser eleitos para cargos
políticos a não ser que se afastem da atividade.
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106 – O Presidente da República pode ser responsabilizado penal e politicamente por
crime de responsabilidade.
109 – Compete aos territórios que venham a ser criados no Brasil a direção
administrativa, funcional e financeira de suas polícias civis e militares.
112 – Para decidir quanto ao porte de drogas ser de uso pessoal ou não, em crimes
estabelecidos pela Lei 11343, deve o juiz considerar a natureza e quantidade de drogas
apreendidas, o local da apreensão, bem como condições pessoais e sociais.
113 – Como regra geral, a imposição de penas nos crimes relacionados a entorpecentes
prescreve em dois anos.
114 – A ação penal nos crimes de abuso de autoridade só pode ser iniciada com
representação do ofendido.
115 – Nos crimes de abuso de autoridade considera-se autoridade quem exerce cargo,
emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e
sem remuneração.
116 – Estrangeiro que submeta brasileiro à tortura mesmo fora do país é sujeito a ser
processado pelo crime de tortura pela Lei brasileira.
117 – Crianças podem ser privadas de sua liberdade quando em flagrante de ato
infracional.
118 – Constitui crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito ter em
depósito munição de arma de fogo proibida.
119 – Atingir assentamentos humanos é uma agravante geral para crimes contra o meio
ambiente.
120 - A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no
processo penal nos crimes contra o meio ambiente.
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A média diária de flagrantes de desobediência à proibição de dirigir alcoolizado cresceu 78%
este
ano no Distrito Federal. Para uns, o número reflete o resultado da fiscalização intensa. Para
outros, é a prova de que o cidadão deixou de dar tanta importância à lei que fixou a tolerância
zero à combinação álcool e direção, justamente por falta de fiscalização.
Correio Braziliense, 20/5/2009, p. 27 (com adaptações).
Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um
texto dissertativo acerca do seguinte tema.
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