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Quem acompanha os meus artigos, certamente deve saber que tenho defendido
que a Escritura Sagrada ensina sobre pelo menos seis tipos de “vindas” de
Cristo. Infelizmente este é um assunto de desconhecimento geral dos cristãos.
Por não saberem diferenciar essas duas "vindas" muitos têm feito
interpretações equivocadas. O preterismo completo se equivoca ao dizer que
toda vinda de Cristo no Novo Testamento seria Sua Segunda Vinda. Também
por não entenderem o assunto, os céticos afirmam que os apóstolos são falsos
profetas porque prometeram que Jesus voltaria no primeiro século, mas segundo
eles isto não aconteceu.
Até mesmo o autor CS Lewis, escrevendo fora das paredes das igrejas
organizadas pode ter se equivocado quando disse:
Vamos ver agora, uma análise minuciosa dessas duas "vindas" de Cristo.
Pedro também afirmou em sua carta que: "Ora, o fim de todas as coisas está
próximo; sede, portanto, criteriosos e sóbrios a bem das vossas orações". (1ª
Pedro 4.7). Se Jesus não iria voltar naquela época, mas milhares de anos depois,
porque Pedro exorta seus contemporâneos a serem "criteriosos e sóbrios" por
causa do "fim de todas as coisas" que estava próximo?
Nas cartas de João também vemos a proximidade do fim daquela era. João
afirmou isto ao dizer: "Filhinhos, já é a última hora; e, como ouvistes que vem o
anticristo, também, agora, muitos anticristos têm surgido; pelo que
conhecemos que é a última hora". (1ª João 2.18 - o grifo é meu).
O livro do Apocalipse diz repetidas vezes que "o tempo está próximo",
(Apocalipse 1.3; 22.10): "Eis que venho sem demora", (Apocalipse 2.5-16, 3.11,
22.12-20), "Eis que venho como um ladrão", (Apocalipse 3.3; 16.15), e as coisas
da profecia devem logo ser feitas, (Apocalipse 1.1; 22.6).
Em Mateus 24.29-34 Jesus ensina claramente que dentro daquela geração Ele
voltaria em juízo:
"Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará
a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão
abalados.
Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra
se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com
poder e muita glória.
E ele enviará os seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão
os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus.
Aprendei, pois, a parábola da figueira: quando já os seus ramos se renovam e
as folhas brotam, sabeis que está próximo o verão.
Assim também vós: quando virdes todas estas coisas, sabei que está próximo,
às portas.
Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto
aconteça". (o grifo é meu)
Sol e lua não dando sua claridade, estrelas caindo do céu e os poderes dos
céus sendo abalados são linguagens figurativas muito conhecidas no Antigo
Testamento. Precisamos compreender a natureza figurativa dessa linguagem
apocalíptica do Antigo Testamento para podermos entender melhor a
escatologia bíblica. Se você acha que a lua e o sol sem claridade, e as estrelas
caindo são eventos literais, saiba, Jesus tirou isto de Isaías 13.10 que
diz: "Porque as estrelas e constelações dos céus não darão a sua luz; o sol, logo
ao nascer, se escurecerá, e a lua não fará resplandecer a sua luz". Aqui trata-se
de uma profecia feita contra a cidade de Babilônia. Isto cumpriu-se antes de
Cristo, mas o Sol e a lua não escureceram literalmente. Tenho bastante material
falando sobre isto no site da Revista Cristã Última Chamada indicado no final
deste artigo.
"Se o sol realmente vai deixar de dar a sua luz algum dia, como afirmam os
literalistas, logo, teremos que admitir que Jesus algum dia vai deixar de ser o
Senhor do Universo. E sabe por quê afirmamos isso? Porque está escrito: “Ele
permanecerá enquanto durar o sol e a lua, de geração em geração (...)
Permaneça o seu nome ETERNAMENTE, que ele continue enquanto o sol durar.
Todas as nações serão abençoadas nele, e lhe chamarão bem-aventurado”
(Sl.72:5,17)".[3]
Ainda sobre a vinda de Jesus em juízo naquela geração, o próprio Jesus bateu
muito neste ponto em todo o seu ministério terreno. Ele garantiu que viria em
julgamento contra Israel antes que aquela geração que o rejeitou passasse. As
parábolas falam muito neste ponto:
“Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?
Responderam-lhe: Fará perecer horrivelmente a estes malvados e arrendará
a vinha a outros lavradores que lhe remetam os frutos nos seus devidos tempos”.
“Portanto, vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um
povo que lhe produza os respectivos frutos.
Todo o que cair sobre esta pedra ficará em pedaços; e aquele sobre quem ela
cair ficará reduzido a pó.
Os principais sacerdotes e os fariseus, ouvindo estas parábolas,
entenderam que era a respeito deles que Jesus falava...”.
(Mateus 21:40-41, 43-45 – o grifo é
meu)
"Como Ele poderia ter dito isto mais claro? Ele estava vindo em julgamento
sobre a geração de que ele estava falando.
Em resumo, o tema do livro de Apocalipse é a vinda de Jesus Cristo em
julgamento contra Israel".[4]
Portanto, toda vez que a Escritura Sagrada diz "próximo", "às portas", "em
breve" ou mesmo "esta geração" referindo-se a "vinda" de Jesus, podemos crer
baseados no contexto que a referência é exatamente sobre aquela geração do
primeiro século que viu Jesus ser crucificado.
Muitos afirmam erroneamente que o "próximo" do ponto de vista de Deus pode
significar milhares de anos porque - segundo eles - mil anos para Deus é como
o dia que se passou. O problema é que os mesmos que afirmam isto, atualmente
dizem que a volta de Jesus está próxima porque as profecias estão se
cumprindo, e este "próximo" é dentro de nossa geração. Isto é contradição!
Na verdade, quando Deus diz que algo está "próximo" ou "às portas" é
segundo a medida de tempo humana e não a medida Divina, como querem
alguns. Deus não é leviano por ter pesos e medidas diferentes. Até mesmo um
autor cético percebeu que Deus usa medidas humanas de tempos. Veja um
comentário:
“A própria bíblia nos mostra que Deus usa a noção humana de tempo quando
faz promessas e profecias. Alguns exemplos:
“Porque eis o que falou o Senhor dos exércitos, Deus de Israel: Assemelha-se
a filha de Babilônia à eira do tempo do apisoamento, ainda por um pouco, e para
ela logo virá o tempo da colheita” - Jeremias 51:33
“Pelo que assim diz o Senhor Deus dos exércitos: Ó povo meu, que habitas
em Sião, não temas a Assíria, quando te ferir com a vara, e contra ti levantar o
seu bordão a maneira dos egípcios; porque daqui a bem pouco se cumprirá a
minha indignação, e a minha ira servirá para os consumir” - Isaías 10:24,25
...“Então disse a Abrão: Sabes, de certo, que peregrina será a tua descendência
em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos
anos” - Gênesis 15:13" [5]
O apóstolo não diz que quando o Senhor promete uma coisa para hoje, pode
ser que Ele não cumpra a Sua promessa por mil anos; isso seria negligência;
isso seria violação de uma promessa”.[6]
A Segunda Vinda de Cristo no Fim do Tempo
É por isto que Paulo disse que "se não há ressurreição de mortos, então, Cristo
não ressuscitou.
E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé; e somos
tidos por falsas testemunhas de Deus, porque temos asseverado contra Deus
que ele ressuscitou a Cristo, ao qual ele não ressuscitou, se é certo que os
mortos não ressuscitam.
Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou.
E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos
pecados". (1ª Coríntios 15.13-17 - o grifo é meu)
"Ditas estas palavras, foi Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem
o encobriu dos seus olhos.
E, estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia, eis que dois
varões vestidos de branco se puseram ao lado deles e lhes disseram: Varões
galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi
assunto ao céu virá do modo como o vistes subir". (Atos 1.9-11)
A subida de Jesus aos céus foi literal. Os discípulos o viram subir. Quando o
anjo disse que Jesus "virá do modo como o vistes subir", podemos ver um efeito
reverso, ou seja, na volta Ele desce dos céus. Se a Sua subida foi literal, sua
descida também o será!
Note que em nenhum momento é dito quando será essa volta, como também
não dá para saber se está perto ou longe, ou se aqueles discípulos que O viram
subir, O veriam descer também. Nada é dito em que possamos ter alguma noção
do quando será a Segunda vinda de Cristo.
"Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos
que dormem.
Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a
ressurreição dos mortos.
Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão
vivificados em Cristo.
Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que
são de Cristo, na sua vinda.
E, então, virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver
destruído todo principado, bem como toda potestade e poder.
Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos
pés.
O último inimigo a ser destruído é a morte".
A morte fisíca é destruída no dia da ressurreição dos mortos. Isto coincide com
o fim em que Cristo entrega o reino ao Deus e Pai. Antes deste dia, o mundo vai
sendo transformado pelo evangelho. Isto já vem sendo notado desde que Cristo
veio ao mundo, mas terá seu climax no final. É exatamente como diz em
Provérbios 4.18: "Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai
brilhando mais e mais até ser dia perfeito".
Aqui está mais um texto que indiretamente fala da Segunda Vinda de Cristo.
Note que a ressurreição - aqui chamada de redenção do nosso corpo - marca o
exato momento em que acontece a redenção de toda a criação que também
sofre por causa dos efeitos do pecado.
“...se, de fato, é justo para com Deus que ele dê em paga tribulação aos que
vos atribulam e a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco,
quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em
chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra
os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus.
Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e
da glória do seu poder, quando vier para ser glorificado nos seus santos e ser
admirado em todos os que creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o
nosso testemunho)”.
(2ª Tessalonicenses
1.6-10)
"Todavia, irmãos, não queremos que sejais ignorantes em relação aos que já
faleceram, para que não vos entristeçais como os outros que não têm esperança.
Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, também devemos crer
que Deus, por meio de Jesus, vai trazer juntamente com ele os que já faleceram.
Afirmamos pela palavra do Senhor que nós, os que ficarmos vivos para a vinda
do Senhor, de modo algum precederemos os que já faleceram.
Porque, ouvida a voz do arcanjo e ressoada a trombeta de Deus, o próprio
Senhor descerá do céu com grande brado, e os que morreram em Cristo
ressuscitarão primeiro.
Depois nós, os que estivermos vivos, seremos arrebatados com eles nas
nuvens, ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com
o Senhor.
Portanto, consolai-vos uns aos outros com essas palavras".
(1ª Tessalonicenses 4.13-18 - Almeida
Século 21)
Também é possível ver na frase "nós, os que ficarmos vivos para a vinda do
Senhor"o uso do idiomatismo hebraico que é uma forma de trazer algo do futuro
para o presente. Tanto é verdade que Paulo não tinha em mente que sua
geração veria a Segunda Vinda que ele repete duas vezes a frase "os que
estivermos vivos". Esta frase dá a impressão que é um sentido condicional, em
outras palavras, somente se estivermos vivos seremos arrebatados.
Em 2ª Timóteo 4.6 diz que: “Quanto a mim, estou sendo já oferecido por
libação, e o tempo da minha partida é chegado”. Sem sombra de dúvida Paulo
cria que morreria sem ver a Segunda Vinda de Cristo.
"E, como está ordenado aos homens morrerem uma só vez, vindo depois o
juízo, assim também Cristo, oferecendo-se uma só vez para levar os pecados de
muitos, aparecerá a segunda vez, não por causa do pecado, mas para a
salvação dos que esperam por ele".
(Hebre
us 9.27, 28)
Conclusão
"Se não fosse para transformarmos a Terra, Jesus não teria dito que somos a
luz do mundo e o sal da terra. Nem leríamos em Isaías: "Os que de ti procederem
edificarão os lugares antigamente assolados, e levantarás os fundamentos de
geração em geração..." (Is.58:12a). "Reedificarão as ruínas antigas e
restaurarão os lugares há muito devastados, renovarão as cidades arruinadas,
devastadas de geração em geração" (Is.61:4). Acerca de Cristo, Deus diz
através de Isaías: "e te darei por aliança do povo, para restaurares a terra, e dar-
lhes em herança as herdades assoladas"(Is.49:8b). De fato, Ele virá em glória
não para destruir a terra, mas para coroar o processo de restauração
protagonizado pela igreja. "Convém que o céu o contenha até o tempo de
restauração de tudo"" (At.3:21).[9]
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* César Francisco Raymundo é editor da Revista Cristã Última Chamada.
Site: www.revistacrista.org
E-mail: ultimachamada@bol.com.br
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Notas:
4. Idem nº 1.