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J A C Q U E L I N E M I R A N D E

b a s e a d a e m C h r é t i e n d e T r o y e s

Contos e Lendas
dos Cavaleiros
da Távola Redonda
Ilustrações de Odile Alliet
Tradução de Eduardo Brandão

19ª- reimpressão
Fundação Nacional do
Livro Infantil e Juvenil

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Copyright © 1994 by Editions Nathan, Paris, France
Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009.
O selo Seguinte pertence à Editora Schwarcz S.A.
Título original:
Contes et légendes des chevaliers de la Table Ronde
Capa:
Eliana Kestenbaum
Preparação:
Márcia Copola
Revisão:
Carmem S. da Costa
Ana Paula Castellani
Atualização ortográfica:
acomte

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)


(Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil)
Mirande, Jacqueline
Contos e lendas dos cavaleiros da Távola Redonda /
Jacqueline Mirande baseada em Chrétien de Troyes ; ilustrações
de Odile Alliet ; tradução de Eduardo Brandão. —1a ed.—
São Paulo : Companhia das Letras, 1998.

Título original: Contes et légendes des chevaliers de la


Table Ronde.
isbn 978-85-7164-762-6

1. Contos franceses 2. Lendas — França i. Alliet, Odile.


ii. Título.

98-0461 cdd-843

Índices para catálogo sistemático:


1. Contos : Cavaleiros da Távola Redonda : Literatura
francesa : 843
2. Cavaleiros da Távola Redonda : Lendas : Literatura
francesa : 843

2014

Todos os direitos desta edição reservados à


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Sumário

A rtur
i . O nascimento de A rtur . . . . . . . . . . . . . . . . 7
ii . A rtur torna - se rei . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

iii . O casamento de A rtur . . . . . . . . . . . . . . . 17


iv . O s cavaleiros da T ávola R edonda . . . . . . 23

P ercival , o G alês
i . P ercival e o cavaleiro V ermelho . . . . . . . 31
ii . P ercival torna - se cavaleiro . . . . . . . . . . . 43

iii . P ercival no castelo de B rancaflor . . . . . 47


iv . P ercival e o R ei P escador . . . . . . . . . . . . . 59
v . P ercival e o O rgulhoso do D escampado . . 71
vi . V olta à corte de A rtur . . . . . . . . . . . . . . . 77

L ancelote do L ago
i . C hegada de L ancelote à corte

do rei A rtur . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
ii . A infância de L ancelote . . . . . . . . . . . . . . 99
iii . L ancelote na G uarda D olorosa . . . . . . . . 105

iv . G alehaut , senhor das I lhas D istantes . . . 125

v . O V ale sem V olta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135

vi . A traição de M organa . . . . . . . . . . . . . . . 143

v ii . A morte de A rtur e de L ancelote . . . . . . . 153

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A rtur

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I

O NASCIMENTO
DE ARTUR

Muito tempo atrás, vivia no reino da Bre­


­tanha um homem estranho de nome Merlim.
Era chamado “o Feiticeiro” por­que possuía
mil poderes, cada qual mais extraordiná-
­­rio do que o outro. Sa­bia o passado, previa
o futuro, era capaz de assumir qualquer
aparência, levantar uma torre, por mais alta
que fosse, an­dar sobre as águas do lago sem
molhar os pés, fazer aparecer um rio, um
castelo, uma paisa­gem… Em poucas pa­la­
vras, Merlim, o Feiticeiro, era um mago.

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O s ceava
C ontos L endas
leiro s dH
dos T á v oda
a eróis l a GRrécia
e d o nA
dntiga
a

Ele gostava muito do rei da Grã-Breta­­-


nha, Uter Pendragon, a quem tinha ajuda-
do a re­con­quistar o trono depois que o trai­
dor Voltiger dele o depôs.
Ora, um dia o rei decidiu se casar. Deu
uma grande festa em seu castelo de
Carduel, no País de Gales.
Ora, Todos os senhores das redon­dezas com-
um dia pareceram com suas esposas e filhas.
o rei
Entre eles estava o duque de Tintagel e
decidiu
sua mulher, a bela Ygerne. Mal a viu, o rei
se casar.
apai­xo­nou-se loucamente.
Mas a bela Ygerne amava o marido, e o
rei ficou desesperado. Mandou cha­ mar
Merlim e lhe explicou seu tormento.
“Sire”,1 disse Merlim, “se eu lhe ajudar,
o senhor me dará o que eu lhe pedir agora
ou depois, seja qual for o meu pedido?”
O rei prometeu que sim.

1. Tratamento dado aos reis e senhores.

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A rt
 ur

Merlim então mandou selarem os ca­valos


e partiu com o rei para o castelo de Tintagel.
Quando chegaram diante do recinto for-
tificado, já era tarde. A noite havia caído,
escura, sem estrelas nem lua.
Merlim colheu um punhado de ervas e
mandou que o rei as esfregasse no rosto. O
rei obedece e percebe, assombrado, que
sua fisionomia e seu corpo se tor­naram
absolutamente semelhantes aos do duque
de Tintagel!
Todos se enganam: as sentinelas, que,
julgando tratar-se do seu senhor, abai­xam a
ponte levadiça, os escudeiros, os criados
e… a bela Ygerne, que, tomando-o por seu
marido, passa a noite com ele.
O rei vai embora de manhã, mais apai­xo­
na­do que nunca. Ora, a semana nem tinha
terminado quando chega a notícia da morte
do duque. Ele fora morto em combate na
mes­­ma noite em que a bela Ygerne o imagi­

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Os c ava l e i r o s d a Távola Redonda

na­ra de volta. Ela ficou muito perturbada


com aquilo tudo, mas não ousou comentar
nada com ninguém. Era viúva agora, e o rei
veio pedir sua mão. Ela aceitou. No entanto,
por honestidade, contou-lhe que, certa noite
muito escura, ela ima­ginara ter visto o ma­ri­
do. O rei sorriu. Mas ela acrescentou que da­­
quela noite estranha ia nascer uma criança.
O rei, então, suspirou, porque não podia lhe
revelar sua artimanha. Decidiram manter
em segredo o nascimento. Foi um menino.
Merlim apresentou-se, então, diante do
rei e lembrou-lhe sua promessa. Que­ria a
crian­ça. O rei a deu. Merlim confiou o be­­-
bê a um dos mais nobres cavaleiros do
reino, Antor. A própria mulher de Antor
amamentou-o, junto com seu filho, Keu.
O menino se chamaria Artur. E ninguém
duvidava do fabuloso destino que o esperava.

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II

ARTUR TORNA-SE REI

Quando morreu o rei Uter Pendragon,


Artur tinha dezesseis anos e continuava
vivendo com Antor, que o criava como se
fosse seu filho.
O reino ficou sem herdeiro, e uma terra
sem senhor não vale grande coisa! Os
grão-senhores,1 não conseguindo chegar a
um acordo quanto à escolha de um novo
rei, foram aconselhar-se com Merlim.
“Diga-nos quem devemos escolher. Con­
fiamos em você.”
1. Os senhores mais importantes.

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Os c ava l e i r o s d a Távola Redonda

Havia Merlim respondeu, depois de muito


uma pensar:
espada “Logo será Natal. Reúnam para essa
cravada festa todos os nobres do reino e esperem o
na sinal que Deus lhes mandará.”
pedra... Assim, na véspera do Natal, todos se
reuniram em Logres, sob a hospitalidade
do arcebispo. Antor também foi, com Artur
e com o filho, Keu.
Todos esperavam o sinal que Merlim
anunciara. Ora, na manhã do Natal, ao saí­
rem da igreja, todos viram, diante do por-
tal, uma grande pedra quadrada. Vinda de
onde? Ninguém sabia! Uns diziam: “Do
céu!”; outros: “Do diabo!”.
O arcebispo se aproximou. Havia uma
espada cravada na pedra até a guarda,2 e
o botão do seu punho trazia gravado, em

2. Peça da espada entre a lâmina e o punho (isto é, o cabo) que


serve para proteger a mão. O botão, de que se fala logo em segui-
da, é a cabeça arredondada do punho.

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A rt u r

letras douradas: “Quem for capaz de tirar a


espada será rei”. Todos os nobres come­
çaram a discutir para decidir quem seria o
primeiro a tentar, pois parecia ser muito
fácil! Logo perderam a alegria: nenhum de­­
les conseguiu tirar a espada.
Os adolescentes olhavam, zombeteiros,
para os mais velhos.
“Por que nós também não tentamos?”,
sugeriu Artur.
Deram-lhes permissão. Artur adiantou-
-se até a pedra, agarrou a espada e puxou.
Ela saiu com a maior facilidade, como
se estivesse enfiada numa porção de man­­­­­­
teiga!
Todos ficaram de boca aberta. A lâmina
da espada brilhava como um punhado de
velas acesas. E trazia gravado seu nome:
Excalibur.
Os grão-senhores, recuperando-se de sua
surpresa, resmungaram: seria possível que

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A rt u r

aquele rapaz, que ainda nem era cavaleiro


e cujo nascimento era obscuro, fosse o rei
designado pelo céu?
O arcebispo tranquilizou-os.
“Vamos esperar a festa da Candelária”,3
propõe sabiamente. “Repetiremos essa pro­
v­ a e, depois, decidiremos.”
Mas, quando veio a Candelária, tiveram
de admitir: só Artur era capaz de tirar a
espada fincada na pedra.
O sinal do céu era claro. Mas os nobres
não entregavam os pontos!
Pediram que Artur adiasse até Pente­
costes4 a cerimônia da sagração, que o fa­­
ria rei. Assim, pensavam eles, teriam tem­­
po para ava­liá-lo.
Aconselhado por Merlim — que per-
manecia a seu lado —, Artur aceitou.
3. Festa católica celebrada no dia 2 de fevereiro, comemorando a
Purificação da Virgem Maria.
4. Festa católica celebrada no sétimo domingo depois da Páscoa,
comemorando a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos.

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Os c ava l e i r o s d a Távola Redonda

Conduziu-se de maneira tão generosa e


leal que conquistou a estima de todos os
grandes barões, os quais não puderam
encontrar nele o menor defeito e tiveram
de se submeter. Merlim revelou-lhes então
o segredo de seu nascimento e que aqueles
grão-senhores haviam eleito, sem saber, o
filho de seu falecido rei. A satisfação de
todos foi enorme.
Artur foi coroado rei na manhã de
Pentecostes.
Empunhando a espada Excalibur com as
duas mãos unidas, ergueu-a e jurou fazer
reinar na terra, na medida de suas forças, a
paz, a lealdade e a justiça.

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