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  • Historia em Fofo JK

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    Historia em Foco sobre JK

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    Peed poe) Plime iitcr Mem stereo) fatos que mai , i SUS UC UT COMO UE UOC Cr CUT Rett tr:) da populagao, mas deixou feridas profundas na economia do pais ario Politico Eye a Ce ce Ue Re Reco w ec De conhecidos de Minas Gerais ~ a Brasilia de Licio Costa ¢ Niemeyer, Juscelino Kubitschek tragou um caminho sinuoso até a presidéncia da republic. Médico, quase jurou o celibato quando crianga, Bee ore Uno ee cM Enon em ence Nesta edicao de Hlistéria em Foco, refizemos o caminho que o levou do porio de uma pensio na Avenida Afonso Pena,em Belo Horizonte,’ Rua do Catete,no Rio De Janeiro, Adiantamos que foi uma combinasao de escolhas, remincias e alguns “empurrbezinhos” de seu padrinho politico. De uma forma ou de outra, JK foi de seu consultério ao seu escritério Pane en eee eet eee en et pela segunda carreira. Seu legado, construido sob forte resistencia, permanece Cesc ee nee eee eerie pee ee tenes et eet este and pene ed vem eee INDICE CSC a) CATETE |Como Juscelino sain de Pete eens presidente da repuiblica Ser) Ed ee Pen cman ester ys eae eee eo concebeu ¢ deu vida a Brasilia Petry NT elise | BORBOLETA? Gea og ced Aye onto cerrado, Brasilia foi planejada para abrigar carro, Juscelino € velado pelo povo a0 eet Facies ico ese re Poe ANOS INICIAIS Juscelino discursa na inauguragao da ere ea cc Rye eg Cerone n'seu padrinho politico jenedito Valadares QUASE PADRE, ‘SEMPRE MEDICO Apraximadamente 58 anos antes, Jusce~ lino Kubitschek de Olivera ~mais tarde 6 ‘JK —nascia naquele mesmo local. Em sua certidiio, 0s pais: Joo César de Oliveira, _que fez de tudo um pouco cera conhecido: na regio pela sua generosidade ¢ forga de vontade,¢ Jilia Kubitschek, professorarigida da regito que se mantinhacomo pouco que seus alunos podiam pagar. Em 1905, Jilia e Juscelino mudariam de endereco. A morte de Joao fez com que ambos se instalassem na Rua Sao Francisco = na mesma cidade. Ali,JK cresceria e tra- ‘catia um caminho sinuoso até os palicios presidenciais. Respectivamente: o Catete eo Planalto. ‘Aos 12 anos de idade Juscelino ingressou no semindrio onde permaneceu até os 15. ‘Nio sentia vocagio para o sacerdécio e,in- fluencindo pelo médicoe ex-senador Alvaro ‘Mata Machado, flertaria com a medicina, ‘Antes, JK teria passagem como telégrafo, no Departamento dos Correios, em Belo Horizonte. A vaga, indicada pelo amigo parlamentar the rendia 6 mil eruzeiros por ize servia malemal para pagar um porio naavenida Afonso Pena, centro da cidade. Osalérioaumentou e Juscelino se mudou para uma repiiblica de estudantes. La co- nnheceu José Maria Alkmin, futuro minist de estado ¢ vice-presidente. Os anos 1920 veriam Juscelino, finalmente, ingressar na Faculdade de Medicina de Belo Hori~ zonte, se formar e trabalhar como intemo na Santa Cast de Misericérdia, Aquela altura a politica no era,nem delonge, uma ppreocupacio, ¢ ainda que naquela década tenha visitado — pela primeira vez—outros cestados, Belo Horizonte seria sua paixao, DO FRONT AO CONGRESSO A despeito das opinides contririas, JK iria para a Cidade Luz se especializar em Urologia. Apés conhecer boa parte da Eu- ropa banhada pelo Mediterraneo, retornou 20 Brasil e, em 1933, foi nomeado para ‘© Hospital Militar da Forga Piiblica do estado de Minas Gerais. Capitio-médico, foi enviado para. front na serra da Man- tiqueira divisa como estado de Sio Paulo, Aprendeu muito nas diversasatividades do Hospital de Sangue eestabeleceria contato com Benedito Valadares, chefe-policial das operagoes. No anoseguinte, Valadares foi nomeado ao cargo de interventor de Minas (uma espécie de governador) depois da morte de Olegitio Maciel Juscelino seria intro duzido a vida politica pelo recém-amigo no cargo de secretirio do governo,a época, secretitio da Interventoria, mas decidiu ‘manter a carrera de médico no seu con sultério de Urologia. Parecia pressentir. No ano seguinte, chegaria 20 Palicio ‘Timadentes — sede do Congresso Nacio- nal,no Rio de Janeiro — eleito Deputado Federal pelo Partido Progressista e exer- ceria grande influéncia nas articulagdes de sua base. Trés anos depois, o pressigio de Juscelino se confirmaria e, no inicio de novembro, retornou As suas atividades tem seu consultério.O golpe ditatorial foi dado: no dia dez de novembro de 1937 0 Estado Novo passava a vigorar. Sob seu comando,o agora ditador, Getilio Vargas. ALTAS E ATAS Com 0 novo regime em vigor, 0 Tira- dentes foi dssolvido e passou a abrigar 0 “Gupsochtempinener SEACH Icomposicaojmals famosc (ies mers Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP). Kubitschek retornou a0 oficio e, sentindoa necessidade de se reciclas, prati- ‘ou téenicas ciningicasem cadlaveres, Nesse periodo, foi promovidoa tenente-corone! médico e chefe do Servigo de Cirurgia do Hospital Militar. A década de 1930 chegava ao fim quan- do Juscelino, carcira médica, nfo supunha voltara car~ reira politica. No inicio do ano seguinte, Valadares o chamou ao Palicio da Liber- cade —residéncia oficial do governador-, nna capital mineira. Na pauta da conversa, ‘umconvite paraJK assumir a prefeitura de Belo Horizonte. Recusado, entio gover- nnador decidiu dar um ‘empurtaozinho" e ppublicou a ata de nomeagio do amigo no Disvio Oficial Juscelino assumiu o cargo fem fevereiro de 1940. Permaneceria na chefia do Hospital Militar até meados quela década, quando decidiu deixar a medicina de lado. Sua passagem pelo Executivo mineiro trariao legado de mestre de obras. Dentre seus feitos, JK assina bairos inteiros, obras desaneamento e infaestrutura,uuma escola cada ver. mais engajado na ale Acs de arquiteturaea Pampulha, concebida por ‘Oscar Niemeyer, Cindido Portinasi, Busle ‘Marx e Alfredo Ceschiatti. Os raseunhos da fitura capital brasileira estavam tragados, A DOIS PASSOS DO CATETE A deposigo de Vangas,em outubro de 1945, levaria José Linhares, ministro do Supremo Tribunal Federal, ocupara Pre= sidéncia da Repaiblica. cearense afastou 1s prefeitos e substituin os interventores cestatais Juscelino entio, perdu seu cargo sendo substituido pelo engenheiro Joao Gusmén Jinior. Aguela altura, as agitagbes e aglome- rages em tomo de interventores, com 0 apoio de Vargas, é tinham fomentado o Partido Social Democritico (PSD). Em ‘uma convencio,em Belo Horizonte, Eu- rico Gaspar Dutra e Kubitschek foram langados para a presidéncia da Repti- blica e para o Congresso — em regime de Assembleia Nacional Constituinte =, respectivamente. Seria a primeira ampla vitbria dos pessedistas, Eleito, firmou oposigio 20 governo estadual de Minas. Estava convencido de que a industrializagio era 0 caminho para o desenvolvimento, Ela, no entanto, deveria vir acompanhada da solugio da crise energética,¢ JK teria grande apoio para colocar suas ideias em pritica, Em 1950, i ckito govemador doestado de Minas.O Binémio Energia e Transporte = seu plano de governo ~ inaugurou uma cra de integragio expansio. JK criaria mais de trés mil quilometros de estradas, a holding energética Centrais Elétricas de Minas Gerais (Cemig), além de quatro usinas e obras no setor aéreo, As noticias da reoém-inaugurada infraestratura mi- neira seriam espalhadas por todo o pais e acampanha 4 Rua do Catete estava com bases sélidas para ser lanada. ESTADO NOVO Ca oa neiro de 1946. Foi caracterizado por Re ee aos eeu coed neces ger Dutra e conseguir uma cadeira no Sec ny eset o Foo: Facade/ Getty mages ANOS INICIAIS Cet ee Ee hy ees Wore ee Dee OU a oe a Ree Na noite de 12 de outubro de 1954, © quarto de héspede do Palicio das Mangabeiras ~a nova residéncia oficial dos governadores mineiros ~ estava pronto para receber Getilio Vargas. O entio Presid te da Republica havia chegado a Minas mais cedo para a inauguragio da usina da Mannesmann, em Contagem. Seria seu tiltimo ato puiblico. O clima nao era favorsvel. No Rio de Janeiro, a Rua Tonelero seria paleo da crise politica do governo Vargas. Sete dias antes da visita a Minas, naquele local, 0 jornalista Carlos Lacerda le- you um tiro no pé e Rubens Floren tino Vaz, major da aeroniutica, foi assassinado, A barragem da Pampulha havia rompido e as causas estavam sob woes. As pressdes contra JK cresciam violentamente. A oposigio se firmou quando as investigagdes sobre o atentado reve- laram 0 envolvimento dos guardas investiga pessoais do pr Lacerda. Gettilio cumpriu a promessa de somente sair do Catete morto ¢ idente ~ inimigo de cometeu suicidio no dia 24 de agosto. A campanha de Juscelino entraria, a partir de entio, em crise profunda. JK, ainda governador, foi chamado a0 Catete por Café Filho, que assumiu © cargo para terminar 0 mandato de Gettilio. A proposta de chapa tinica A presidéncia nao agradou o mineiro. Enfrentou, ainda, resistencia dentro de seu partido e de seu amigo e pa- drinho politico, Valadares. A muito custo, teve sua candidatura aprovada e,mesmo com a batalha travada pelos militares, iniciou sua campanha 20 Executivo federal Sucederam diversas inves idas para derrubar Juscelino. Desde a tentativa da impugnagio de sua candidatura pela Uniao Democra (UDN), uma proposta de adiamento das eleigoes por Lacerda e até uma carta falsa — em que um deputado argentino instituiria uma repiblica ica Nacional sindicalista no pais. Nada feito. JK foi eleito e, ainda assim, foi acusado de fraude € de golpe militar. No iltimo dia de janeiro de 1956, a chapa JK- Goulart foi empossada Partindo do prédio do Superior Tri- bunal Eleitoral, na Rua 1° de Margo, no Rio de Janeiro. O novo presid te € seu vice dirigiram-se ao Palicio Ti radentes para missdes diplomaticas ¢ posteriormente para o Catete, onde foram recebidos pelos Dragoes da Independéncia que, perfilados, finca- vam as langas formando um corredor. Juscelino iniciava um governo his- t6rico. Os préximos cinco anos seriam marcado por desconfiangas, desenvol- vimento e, principalmente, pela sua simpatia. O Brasil fora transformado num canteiro de obras e os legados perpassam o seu mandato. ones oars dials OPDOC FSV, cone Nacional, ono ses ‘wep ong br, went. mumupanalo goube Um Brasil em Tmecnetsy COrebaT:CeZl® LOFT Re cm see MAL ue eee RIO MUL) On Ren cm eR UCR Reds ee Me cL CTU CUe en ce Meme ely PSU Soa Mencia green ty eee ne mr politica. De médico a ean- erento re Pere ert a ers eputado federal e governador por Minas Cormeen cated ceed eleitorado mineiro eram sdlidas e tudo indicava ser 0 momento ideal para que ener ee tna Pee Ere ote eet send a0 cargo de presidente. Reem cn este ‘A despeito de seu carisma e eloquéncia Eero ee 1 fietazayGetylmages Pec ets Peete re eee te eee cesses eter tee Cee geopoliticamente pela Guerra Fria. suicidio de Gerilio Vargas em eres ness Pace eae t Cee Cee Cee es Poorer eee eee SOP ener eee eet ado, gerou um clima de revolta e in- ee ey ers Coon eet ecm etn rete a = Café Filho assumiu a presidéncia logo apésamorte de Vingas Bravice-presidentee antigo lider sindical, mas havia praticamente rompido com Getilio durante a crise que antecedeu ose sido. Apssassumin,com- postum ministério conservador anti-getulist, ce repleto de militares. © tinico opositor a ‘ocupar um Simultaneamente, jé com o clima de leigdes consolidado pelo pais, Juscelino surgia como o candidato & presidénciada ala renovadora do Partido Social Democritico (PSD). Venceu a disputa interna com uma ‘esmagadora maioriae conseguiua indicagio ‘oficial como candidato em janeiro de 1955. so era o marechal Lott. Contudo, tendo em vista 0 histérico politico e o bom desempenho nas prévias de seu proprio partido, K rapidamente se tomou alvo de militares e conservadores, «que tentaram elimin mesmo do pleito. Eles eram favoraveis uma candidatura de uniio nacional, em Principio composta por militares,¢ qualquer ameaga este plano deveria ser eliminada, Jo da disputa antes Favorivel ao ideais da camada conser- vadora do Brasil, Café Filho tratou de usar sua posigio para enfraquecer a imagem do entio governador de Minas Gerais 20 fazer um discurso agressivo e repleto de ataques no programa radiofonico A Hora d Brasil Juscelino rapidamente respondeu cemitindo uma declaragio que repudiava a fala do presidente. Em entrevista, rebateu todas as critics dirigidas a ele Apesar das tentativas de derrubi-loantes ‘mesmo das eleigbes, Kubitschek resist. A seu favor estavam a fidelidade do ekeitorado rmineiro eo apoio dos militares do estado. Passou entio a percorrer todo o Brasil em campanha dleitoral Como parte de sua propaganda e em ‘busca de uma forte alianga politica, Jus- celino reivindicava uma velha amizade com Getto e declarava ter sido um dos apoiadores do ex-presidente durante ascri- ses de seu governo. Com isso,ee pretendia uma alianga entre PSD ¢ PTB = partido fundado por Getilio. Para selar esta coa~ lizio,Joio Goulart foi indicado candidato a vice-presidéncia, Segundo adoutora em CinciasPoliticas, ‘Maria Celina D’Araio,noartigo Uns Can- ido Otimista do portal CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentagao de Historia Contemporinea do Brasil) da FGV, “a lisputaacerada, as ameagas militares contra acandidatura de JK, explicitas ou veladas, obrigaram 0 candidato a por em pritica uma campanha que nfo acusava opositores, no lamentava obsticulos, mas enf OTe E ore Maelo) Dope Wee oh 35,68% (PSD) oh 25,77% (PSP) Py Cee ry We PRESIDENTE EM 1955": 8,28% (PRP) CPPS Reale) com PSD) nA LU Begta TU ec) eer ee eee rade suasintengdes sua capacidade como ea~ Tizador. Era uma campanha'voltada parao futuro’ que se explcitava através de metas aserem aleangadas. Foram apresentadas 30 metas de governo,com seus respectivos cstose fontes de financiamento,conoadas! pela*meta-sintese”:a construgio de Brasi- Tia.O programa de governo foi sintetizado no lema'50 anos em 5”. Asele crticas” pela maioria das pessoas. Mas os pouco menos de 3696 de votosobtidos por JK ~ naquela época nao existia segundo turno em caso de nenhum candidato ob ter mais de 50% dos votos ~ serviram de pretexto para que os outros politicos, em especial Carlos Lacerda e Adhemar de Bar- 105, questionassem o resultado da eeico Afirmavam que Juscelino havia sido eleito por uma minoria que mio representava a populagio brasileira como um todo,0 que, consequentemente, invalidava o plito, Os militares, muito presentesna politica época,ficaram divididos ante s foram consideradas “demo- nacional & as exaltagoe da Acronsutica defendiam a anulagio do pleito ¢ a convocagio de novas eleigdes © marechal Lott, ministro do Exército, entretanto, apés uma frustrada tentativa de dilogo, decidiu por assegurar a posse dos candidatos eleitos ¢ evitar 0 golpe que estava em andamento através de um “contragolpe”, ou, ainda, de um “golpe preventivo”. No dia 11 de novembro de 1955,colocou suas tropas nas ruase cercou. © Pabicio do Catete, sede da presidéncia Carlos Lz, juntamente com outros po- litios contrétios & posse de Kubitschek, fugiram paraa cidade de Santos abordo do cruzador Tamandaré, que ainda seria alvo de disparos da atitharia do Exército, Lott enti exige e consegue junto ao Congresso ‘impeachment do presidente. O substituto cescolhido foi Nereu Ramos, der do Senado © apoiador da posse de JK e Jango. O ministro da Marinha Foe: Jot Loengar/Gotimages tr movimento Frente Ampla 0 GOVERNO, DO CATETE AO PLANALTO Passadas as ameagas Juscelino assumiu a presidéncia em 31 de janeiro de 1956, ‘Uma de suas primeiras agdes foi dar inicio ao seu plano desenvolvimentista de modernizar o Brasil. Para tanto, via~ jou diversos paises em busca de apoio internacional. Foram 20 dias percorendo ‘os grandes centros econdmicos mundiais, visitando presidentes, lideres inchstrias, ‘em busca de acordos que viabilizassem seus objetivos. (Os capitais estrangeiros seriam bem vindos no Brasil. Aliés, este dinheiro era imprescindivel a0 desenvolvimentismo idealizado pelo novo presidente, apesar de todos os riscos que envolviam o cresci~ mento da inflagio. Dessa forma Juscelino bbuscou empréstimos junto a0 descon- fiado Fundo Monetério Internacional (FMD, que nfo acreditava na capacidade da economia brasileira de honrar cifras to vultosas. Procurando adequar-se As cexigncias internacionais para contrair 0 eR ua) empréstimo, o presidente sinalizou que promoveria grandes alteragdes nos rumos a politica econdmica do pais. Em meio ao contexto de Guerra Fria, a fim de *justficar” sua visio de governo a seu maior aliado, Kubitschek aprovei~ tou o medo norte-americano do avango comunista pela América Latina para argumentar que a melhor maneira de combaté-lo no Brasil seria enfrentando a miséria com a prosperidade, nfo com a repressiio. Para garantira expansio industrial que pretendia para o pais, Juscelino passou a importar equipamentos industriais para a produgio de bens. Uma das prioridades de JK era a indiistria automobilistica. “Muitos viam este momento como o inicio de uma nagio moderna e industrial. O ‘caminho para isso seria através de fibricas {que pudessem romper o status de um Brasil exportador de matéria-prima e importador de produtos acabados. (Os objetivos do Plano de Metas abran- sgiam cinco setores bisicos da economia, para os quais deveriam ser direcionados investimentos piiblicos e privados. Dos recursos alocados, Energia, Transportes ¢ Industria de Base receberam 98%. Como fica claro a partir desta porcentagem, os outros dois setores incluidos no plano ~ Alimentagio ¢ Educagio ~ nio rece~ beram o mesmo tratamento dos demais. A construgio de Brasilia nfo integrava rnenhum dos cinco setores. 0 JOGO POLITICO EA OPOSIGAO O ink estabilidade frigil com a oposigio, em especial a Unitio Democritica Nacional (UDN), que se via impossibilitada ape- nas momentaneamente de afastar JK do poder. Para manter esta estabilidade, Juscelino teria que ser suficientemente habil para evitar conflitos e apaziguar a oposicio. Seu carisma e a proximidade ‘com o povo eram suas grandes armas para manter a politica nacional nas rédeas. Duas semanas depois da posse, Ku- de seu mandato trouxe uma ee eer Pec eee ccna Poe ey bitschek enfrentou sua primeira crise politico-militar. Um grupo de oficiais da acrondutica dirigiu-se para oin Paré, onde idealizaram a criagio de um foco de resisténcia para derrubar 0 go- vverno, recrutando populagdes indigenas para uma luta armada, A intentona foi desfeita pela propria acronéutica, mas coube:o presidente concederanistia—e ‘no a punigo —a0s revoltosos, ato que manteve o equilibrio entre o governo e as Forgas Armadas. A esquerda também tor- naria este inicio de mandato turbulento, com greves or ganizadas pelo movimento estudantil e sindical. Mais uma vez, a capacidade de articulagio e carisma de JK rior do Foto: Repro ewer ee eer Ce Rey or Serco foram decisivos para a resolugio de todas as agitagbes, ‘Todavia, talvez.0 maior evento envol- vendo seus opositores se deu quando o entio deputado Carlos Lacerda, a esta altura j antigo opositor, divulgou em seu jornal os cédigos para decifrar um telegrama codifcado pelo Itamaraty. Face aristo,o governo de Kubitschek resolveu responsabilizar criminalmente Lacerda, solicitando a Camara dos Deputados licenga para processar 0 politico da UDN por traigio a patria em um tribunal mi- litas,justamente por se tratar de um do- cumento seereto. escindalo mobilizou ‘1 nagio, que acompanhou por semanas cs debates e trabalhos desenvolvidos pela Comissio de Justiga até que chegasse © decisivo dia de votagao na Camara. Discursos inflamados ecoaram dos si- tuacionistas liderados pelo PSD, e dos oposicionistas, encabecados pela UDN. No final, a Camara rejeitou o pedido de Juscelino, no evento que representou a sua maior derrota politica Foto; HutonAchive/Getyinages QUESTAO AGRARIA E RISE NO NORDESTE Em contraste com a modemizagio ¢ a intensaatividade cultural brasileira tipicas do governo de Juscelino,asituago do Nordeste tornava-se cada vez mais preocupante. Em 1957, a seca deixou milhares de pessoas sem ‘comida e trabalho. Os retirantes chegavam_ ‘em grandes levas is cidades e,tomados pelo esespero foram muitos os que cometeram saques em busca de comida. Apesar da incessante busca pelo novo, Kubitschek optou por nio alterar as anti- ‘quadas bases de um Brasil essencialmente oligiquico, em especial a estrutura fan- diria, que representava a manutengio de problemas antigos e tenses que com certa frequéncia borravam a fichada euférica de ‘um governo progresssta Juscelino optou por “‘contomar”a situacio, adespeito de eftuarreformas.Exgueubarra- _gensc substituiuo velho Departamento Na- ional de Obras Contra a Seca (DNOCS) pela SUDENE - Superintendéncia do ‘Desenvolvimento do Nordeste. Criada em 1959, foi uma forma de interven¢io com 0 objetivo de promover ¢ coordenar 0 desen- volvimento da regio que, mesmo com o ‘processo de industrializacio, pouco progredia ‘quando comparada a0 Centro-Sul do Brasil. ‘SOCIEDADE E CULTURA Em conformidade com o que jé vinha ‘ocomrendo nas décadas anteriores 0 estilo de vida americano, batizado de american sway olf, se consolidava na sociedade bra- sileira durante este periodo. O consumo e ‘ocomportamento de toda uma populagio ‘que passava.a ocupar em niimeros cada vez ‘maioresas2onas urbanas foialterado, dando ‘origem & sociedade de massa brasileira. E preciso terem mente que estas mudan- «2s possuiam estreitos vinculos de causa e feito com o projeto de govemo de JK. A Sd Scents Juscelino, teve de lidar com uma inflagéo crescente e a instabilidade politica. Ele ie ee, mandato industrializagio,aurbanizagio eo aumento «da produgio de bens de consumo no pais sgrarama.intensifcagio do consumismo, que porsuatvez-emulava os habitos praicados em temas norte-americanas no soo tupiniquim. ‘A paisagem urbana se transformava: grandes prédios passaram a compor-na, ‘A arquitetura e a mobilia das residéncias ppassarama ser constituidas de formas mais livres e pensadas na praticidade de uma sociedade dinimica, dando adeus a0 estilo anterior, que prezava mais pela beleza do ‘que pela uncionalidade. Este periodo também foi marcado pela cefervescéncia da cultura brasileira. A poe- sia conereta trazia novos ares & literatura, ea bossa-nova rapidamente se tornou ‘mundialmente conhecida, No teatro e no «cinema, as bases do movimento que viria a sero “cinema novo" na década seguinte também estavam sendo langadas. A arqui- tetura modernista brasileira vivia o seu auge com a construgio de Brasilia Por fim,a conquista da Copa do Mundo de 1958 pela Selegio Brasileira de Futebol ingpirou na populagio o sentimento de um pais vitorioso, capa de realizar grandes feitos ~ € nio mais fadado a ser “segundo colocado"em tudo. ‘Nia toa,a este periodo de grandes agi- tagdes na sociedad e cultura brasileira di-se ‘nome de “Anos Dourados". ASAIDA DA PRESIDENCIA, 0 FIM DE UMA ERA Em 1961, JK “entregou” um pais muito diferente do que “recebera” em 1956. Sua politica desenvolvimentista gerou grandes vangos para o Brasil e a sua imagem pit- blica, ao final de seu mandato, era a de um presidente empreendedor e modemizador. No entanto, também foram muitas as crf- ticas 4 opso pelo crescimento econdmico fundamentado no empréstimo de capital ‘strangeiro,em detrimento de uma politica de estabilidade monetiria. Occrescimento ea estabilidade associadas ‘ao governo de Juscelino deram aos brasikiros ‘© sentimento de que sua nagio deixava de ser um pais subdesenvolvido. A mudanga, alids, fd estava acontecendo aos olhos da ‘maior parte da populagio. ‘Masa forma com que Kubitschek gover- ‘nou também reve suas consequéncias —e 0 preco seria cobrado nos anos seguintes. Para seu sucessor,Jinio Quadros,JK deixou uma. ‘economia que crescia 8,2% ao ano,mas que, por outro lado, passaraa convivercom uma elevada taxa de inflacio anual de 23%, e ‘com um progressivo descontrole das contas externas. Parao bem e para o mal, pode-se dizer que 0 Brasil depois do governo de Juscelino Kubitschek nao era mais omesmo. ones otal CPD0C- Fv; Documenta Os Anos JK- Ua Tatra Plies rasilia foi sonhada por mais de dois séculos. A partir da depend nnhadose redesenhados & exaustio, Desde José Bonificio, presidente da Assembleia Constituinte de 1823,na qual a mudanga da capital foi incluida entre as prioridades da nacio, até Getilio Vargas, por exemplo, quando langou a fatidica Marcha para 0 Oeste em 1940, mas acabou outros projetos. Nioimportaa epoca, tampouco o gover- ee a ren nante,o argumento sempre foi o mesmo: transferiro centro politico-administrativo do pais para o interior,a fim de consolidar a soberania do governo central em areas pouco exploradas e despovoadas. Outras prioridades apontavam para. diversifica~ do do desenvolvimento no territ6rio e a antia da seguranga nacional ~ afinal, apesar da postura historicamente pa do Brasil em relagio pitais lito tencialmente mais expostas a invasbes sso po- estrangeiras. Por outro lado, anda hai quem sussurre que tal plano se resumia 8 ideia de uma cidade longe da efervescéncia dos indes centros urbe os, com o simples intuito de isolar os politicos dos polos mais populosos do pais e de sua intensa Apesar das dificuldades de um projeto de tamanha ambigio e dos motivos diver- s para seu advento, foi entre 1956 e 1960 que Brasilia Finalmente deixou de ser um conjunto de rabiscos no papel e,nas miios dos renomados arquite- ts Liicio Costa e Oscar Niemeyer, ganhout vidaem um montante de concreto, vga, rodovias, monumentos, prgas, prédios € sedes governamentais; deixou de ser um mero sonho idealizado para se tornar a nova. definitiva capital federal do Brasil. 0 HOMEM POR TRAS DA METROPOLE A\inda candidato a presidente Juscelino Kubitschek participava de um comicio na cidade goiana de Jatai, em 4 de abril de 1955, quando um popular o interceptou com oquestionamento: antiga promessa da transferéncia da capital parao Planalto Central seria cumprida? Sua resposta veio seguida de um titubeio, que nao se repetiu ‘quando o mineiro assumiu a presidéncia. ‘Dentreas 31 promessas estabelecidas no famoso Plano de Metas, uma se destacou ‘como a mais importante. Conhecida como meta-sintese, surpreendeu até mesmo os téenicos que elaboravamo plano. Eleito,JK dea inicio’ construgio de Brastia,em urna epopeia que seria uma das maiores provas da capacidade realizadora dos brasileiros. A nova capital, um polo magnético no cerrado goiano,seriaaresposta perfeta As cidades importantes limitadas ao litoral. ‘Construida com inverses superiones «500 milhoes de cruzeiros, Brasilia se estendeu ao lado das grandes obras da histéria do governo brasileiro, Em conversa particular com Niemeyer, JK chegou a afirmar:“Eu ‘quero fazer uma capital diferente, no uma provinciana. Quero uma coisa bonita, que mostre a importiincia do pais”. ‘A posteridade conheceria o planejamen- to de Brasilia pautado no plano piloto, no qual a planta da cidade teria 0 eixo norte-sul arqueado, inspirada no formato de um avitio. O plano exibia dois prinef- pios bisicos para a organizagio urbana: a setorizagio por atividades determinadas e uma técnica rodoviéria que pratica- mente eliminava os cruzamentos e dava total atengio aos carros, considerados por Juscelino como 0 “meio de transporte do futuro”, Além disso, a reprodugio da ideia do aviaio como forma simbélica de desenvolvimento, de “decolagem do pais rumo a novos tempos" era essencial para 4 propaganda disseminada por JK e para ‘0s aportes econdmicos que o presidente realizou no pais durante seu mandato = como o intenso apoio A indistria au- tomobilistica. MAOS A OBRA ‘Naturalmente, uma construcio civil deste porte exigiria uma enorme demanda de mio de obra. Célio Losnak, mestre e doutor em Historia Social pela Univer- sidade de Sao Paulo, pontua a estratégia adotada para contornar esta abundante necessidade: “O governo realizou o que chamarfamos hoje de projeto de comu- nicago: ou seja, uma grande campanha publicitéria responsavel por divulgar a nova cidade, no sentido de valorizasio. Foi uma estratégia de convencimento, de sedusiio. A ideia era transmitir para as pessoas a nogao de que elas partici- pariam da construgio de um novo pais”, explica, Brasilia — A Construgao de um Sonbo, 0 n entrevista ao documentiio

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