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DIREITO PENAL – PARTE ESPECIAL

Prof.: Lourenço A R Figueira

1. DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1.1. Espécies

- crimes praticados por funcionário público – artigos 312 a 327

- crimes praticados por particular – artigos 328 a 337

- crimes praticados contra a administração da justiça – 338 a 359

- crimes contra as finanças públicas – 359-A a 359-H

1.2. Crimes Praticados por Funcionário Público

- os crimes praticados por funcionário público são chamados de crimes


funcionais.

- são crimes relacionados com a função pública.

- inserem-se na categoria dos crimes próprios, pois a lei exige uma


característica específica no sujeito ativo: ser funcionário público.

- os crimes funcionais podem ser próprios e impróprios.

- crimes funcionais próprios: excluída a qualidade de funcionário público o fato se


torna atípico. Ex.: prevaricação – art. 319; art. 323, etc.

- crimes funcionais impróprios: excluindo-se a qualidade de funcionário público,


haverá desclassificação para crime de outra natureza. Ex.: peculato - art. 312, que
passa a ser apropriação indébita – art. 168 (“atipicidade relativa”).

- procedimento: CPP, artigos 513 a 518 - em que existe a defesa preliminar antes

do recebimento da denúncia.

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1.2.1. Conceito de funcionário público – art. 327

- entidade paraestatal é a pertencente à administração indireta – autarquia,


empresa pública, sociedade de economia mista e fundação pública.

- há entendimento minoritário, segundo o qual entidade paraestatal é somente a


autarquia (Damásio, por exemplo);

- o administrador da massa falida, inventariante, curador e tutor, não são


funcionários públicos;

- são funcionários públicos para fins penais – como sujeito ativo:

- de cartório;

- do Banco do Brasil - sociedade de economia mista – é a posição do STF;

- dos Correios - porque a EBCT é uma empresa pública;

- de hospital que presta atendimento a segurados do INSS, porque a função é


delegada pela União;

- da CEF;

- de empresa conveniada: Ex.: médico que presta serviços em hospital particular


conveniado ao SUS;

- de empresa particular prestadora de serviço: ex.: vigia de empresa de segurança


que presta serviço à EBCT;

- se o interesse em questão for o da União, a competência será da Justiça


Federal.

1.2.2. Funcionário público estrangeiro – art. 337-D

- o legislador adotou solução diversa à adotada para a definição de funcionário


público nacional

- a lei nova é menos abrangente, pois não incluiu, como o fez a regra do artigo
327, § 1º, in fine, os particulares que trabalham em empresas contratadas ou
conveniadas ao Poder Público que exercem atividades da Administração Pública.

- logo, o conceito de funcionário público estrangeiro por equiparação não alcança


profissionais ou empregados de empresas privadas estrangeiras, ainda que atuem
em representação, por contrato ou convênio, de Estado estrangeiro.

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1.3. Causas de Aumento de 1/3 da Pena – Artigo 327, § 2.º

- aplicam-se quando o autor do crime exerce:

- cargo em comissão (cargo de confiança);

- cargo de direção ou assessoramento de órgãos da administração direta,


sociedade de economia mista, empresa pública e fundação instituída pelo
Poder Público.

1.4. Concurso de Agentes

- QUESTÃO.: o particular pode responder por peculato em concurso de agentes


com um funcionário público?

- R.: sim, desde que saiba da condição de funcionário público;

- caso contrário, transforma-se em responsabilidade objetiva, o que é proibido;

- fundamento legal: art. 30 do CP - são comunicáveis as circunstâncias de caráter


pessoal quando elementares do crime. Ser funcionário público é circunstância
pessoal e elementar do crime;

- se o particular não souber que o outro é funcionário público, responderá por


outro crime. Exemplo: furto.

PECULATO – artigos 312 e 313

1. Peculato Doloso

Peculato-apropriação: art. 312, caput, primeira parte.

Peculato-desvio: art. 312, caput, segunda parte.

Peculato-furto: art. 312, § 1.º.

Peculato mediante erro de outrem: art. 313.

2. Peculato Culposo

O peculato culposo está descrito no art. 312, § 2.º, do Código Penal.

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3. Considerações Gerais Sobre Todos os Tipos de Peculato

3.1. Objetividade jurídica

- busca-se proteger a probidade administrativa – o patrimônio público – por isso


são chamados crimes de improbidade administrativa.

3.2. Sujeito ativo

- é o funcionário público.

3.3. Sujeito passivo

- é o Estado, visto como Administração Pública

- pode haver um sujeito passivo secundário (particular).

4. Peculato-apropriação – art. 312, caput, 1ª parte

- apropriar-se;

- funcionário público;

- dinheiro, valor, bem móvel, público ou privado;

- posse em razão do cargo;

- proveito próprio ou alheio.

4.1. Elementos objetivos do tipo

- o núcleo é apropriar-se, ou seja, fazer sua a coisa alheia;

- a pessoa tem a posse e passa a agir como se fosse dona

- o agente muda a sua intenção em relação à coisa.

- o fundamento é a posse lícita anterior.

- OBS.: - a posse em razão do cargo: a posse está com a Administração;

- o bem deve estar sob custódia da Administração. Exemplo: um automóvel,


apreendido na rua, vai para o pátio da CIRETRAN. Um funcionário desta subtrai o
toca-fitas. Ele praticou peculato-furto, pois não tinha a posse do bem.

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- se o funcionário fosse o responsável pelo bem, seria caso de peculato-
apropriação;

- se o carro estivesse na rua, seria furto.

- QUESTÕES

a) em uma repartição pública, um funcionário furta a carteira de outro funcionário.


Qual o crime? R.: crime de furto.

b) se um funcionário de uma repartição entra em outra repartição e dali subtrai um


bem, é crime de peculato- furto;

c) se um particular entra numa repartição pública e dela subtrai um bem? R.: furto.

- no peculato-apropriação e no peculato mediante erro de outrem há apropriação,


ou seja, a posse é anterior; a diferença consiste no erro de outrem.

4.2. Objeto material

- dinheiro, valor ou bem móvel;

- se for imóvel: crime de estelionato.

- bem móvel, no Direito Penal, possui um conceito mais amplo do que no Direito
Civil, pois é tudo aquilo que se pode transportar – como se estudou na
apropriação indébita.

- valor é qualquer coisa que tenha valor econômico.

- QUESTÃO: um funcionário público usa outros funcionários subordinados para


prestação de serviço particular. Configura peculato?

- R.: não. Funcionário não é valor, dinheiro, nem bem móvel. Está fora do objeto
material. Pode ser improbidade administrativa (enriquecimento ilícito).

- QUESTÃO: E se o agente for um prefeito?

- R.: enquadra-se, não no CP, no Dec. n. 201/67 (art. 1.º, inc. II) que tipifica a
conduta de prefeito que usa funcionário público.

4.3. Consumação

- do peculato-apropriação se dá no momento da apropriação: quando o agente


inverteu o animus, quando passou a agir como se fosse dono.

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4.4. Tentativa

- teoricamente é possível, mas de difícil comprovação na prática;

- P.: O administrador da falência pratica crime de peculato-apropriação?

- R.: Não, mas o crime de desvio, ocultação ou apropriação de bens – art. 171 da
Lei 11.101/05 - pois ele não é funcionário público;

- idem em relação ao inventariante e ao depositário judicial.

4.5. Procedimento

- o próprio de funcionário público – art. 513 a 518 do CPP.

4.6. Competência

- justiça comum estadual ou federal, dependendo do bem;

4.7. Suspensão Condicional do Processo e Transação

- incabível a suspensão: pena mínima superior a 1 ano

- incabível a transação: pena máxima superior a 2 anos

4.8. Confronto

- sujeito ativo prefeito municipal: enquadra-se no art. 1º, I e II, do Decreto-Lei


201/67

- Súmula 164 do STJ

4.9. Classificação

- próprio

- material

- forma livre

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- comissivo

- instantâneo

- unissubjetivo

- plurissubsistente

4.10. Ação Penal:

- pública incondicionada

5. Peculato-malversação

- o peculato-malversação ocorre quando o bem particular estiver sob custódia da


Administração Pública.

5.1. Objeto material

- bem particular sob posse da Administração Pública.

- malversação= má utilização.

- QUESTÕES: alguém tem de fazer um depósito judicial e é atendido por um


funcionário que lhe diz para deixar o dinheiro que ele próprio, funcionário, fará o
depósito. O funcionário se apropria do bem. Que crime ele praticou?

- R.: não é peculato, porque o dinheiro ainda não estava na posse da


administração. Ele praticou estelionato.

- P.: se a vítima entrega o dinheiro para o funcionário porque o banco já fechou e o


funcionário apropria-se da importância, qual o crime praticado?

- R.: não é caso de peculato, nem de estelionato, pois não houve posse pela
Administração Pública; é, sim, caso de apropriação indébita.

- P.: um funcionário da Prefeitura estava sem receber salário há três meses. Ele
apropria-se de dinheiro da Prefeitura. Que crime praticou?

- R.: peculato-apropriação, pois o bem é público e estava na posse do funcionário.

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6. Peculato-desvio – Artigo 312, Segunda Parte, do CP

- no peculato-desvio o que muda é apenas a conduta, que passa a ser desviar.

- desviar: é alterar a finalidade, o destino.

- Exemplos:

- existe um contrato que prevê o pagamento de um certo valor por uma obra. O
funcionário paga esse valor, sem a obra ser realizada - há peculato-desvio.

- liberação de dinheiro para obra superfaturada também - é peculato-desvio.

- usar verba pública para promover festas com fins eleitoreiros

6.1. Elemento subjetivo do tipo

- o elemento subjetivo do tipo é a intenção do desvio para proveito próprio ou


alheio.

- o funcionário deve ter a posse lícita da coisa.

- se alguém desviar em proveito da própria Administração, haverá outro crime,


qual seja, uso ou emprego irregular de verbas públicas - art. 315 do CP.

- QUESTÕES: o proveito pode ser moral?

- R.: sim, não há exigência de o proveito ser patrimonial; pode ser proveito moral,
como, por exemplo, obtenção de prestígio ou vantagem política.

- P.: A aprovação do Tribunal de Contas tem alguma influência?

- R.: não, pois não tem força judicial.

- o Tribunal de Contas não tem o dever de ficar investigando crimes; portanto, não
tem influência penal a sua aprovação ou não.

6.2. Consumação e tentativa

- a consumação ocorre no momento em que o bem for efetivamente desviado –


crime formal –, não importando se a vantagem visada foi conseguida ou não.

- a tentativa é possível.

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QUESTÃO: funcionário tem a guarda de um bem e resolve usá-lo para fins
particulares; posteriormente, devolve-o nas mesmas condições de uso. Qual o
crime praticado?

- R.: Dolo de uso não é dolo de apropriação. Também não é desvio (definitivo).

não é peculato-apropriação, nem desvio, nem furto.

- em regra esse peculato-uso não configura crime.

- caracteriza, em tese, improbidade administrativa.

Exceções:

- prefeito: Dec. n. 201/67, art. 1.º, inc. II, que tipifica o crime.

- se o funcionário pega dinheiro e depois devolve – houve apropriação e depois


ressarcimento (e não devolução). Dinheiro é bem fungível – o uso de bem fungível
configura crime de peculato porque há apropriação.

7. Peculato-furto – Artigo 312, § 1.º, do Código Penal

- o funcionário público que, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem,
o subtrai ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio,
valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.

- a pena é a mesma.

- a conduta é subtrair, ou seja, tirar da esfera de proteção da vítima, de sua


disponibilidade.

- a outra conduta possível é a de concorrer dolosamente.

- não basta ser funcionário público; ele precisa se valer da facilidade que essa
qualidade lhe proporciona (a execução do crime é mais fácil para ele).

- por facilidade, entende-se crachá, segredo de cofre etc.

- um funcionário público pode praticar furto ou peculato-furto, dependendo se


houve, ou não, a facilidade.

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7.1. Consumação e tentativa

- consuma-se com a efetiva subtração.

- a tentativa é possível.

8. Peculato Culposo – Artigo 312, § 2.º, do Código Penal

- são requisitos do crime de peculato culposo:

a) a conduta culposa do funcionário público, decorrente de negligência,


imprudência ou imperícia

b) prática de um crime doloso por outrem – funcionário ou particular -,


aproveitando-se da facilidade provocada por aquela conduta.

- Restrições:

- o parágrafo refere-se ao caput.

- de acordo com o § 2.º é crime de outrem: é o peculato-apropriação, desvio ou


furto.

- o funcionário vai facilitar culposamente o peculato doloso de outrem.

- a jurisprudência majoritária amplia tal entendimento: a expressão crime de


outrem abrange todos os crimes patrimoniais cuja vítima seja a Administração
Pública.

QUESTÃO: se a conduta culposa do funcionário causou dano à Administração


Pública, pode-se falar em peculato culposo?

- R.: Não, pois não há crime de outrem.

- Não basta haver dano; deve existir crime de outrem (pluralidade de crimes).

8.1. Consumação e tentativa

- peculato culposo é crime independente do crime de outrem

- consuma-se quando se consumar o crime de outrem.

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- não há tentativa de peculato culposo, pois não existe tentativa de crime
culposo.

- se o crime de outrem é tentado, o fato é atípico para o funcionário público.

8.2. Reparação do dano no peculato culposo – Artigo 312, § 3.º, do Código


Penal

- é a devolução do objeto ou o ressarcimento do dano.

- quanto à reparação do dano, observam-se as seguintes regras:

a) se a reparação do dano for anterior à sentença irrecorrível (antes do trânsito


em julgado – primeira ou segunda instância), extingue a punibilidade.

b) se a reparação do dano for posterior à sentença irrecorrível (depois do trânsito


em julgado), ocorre a diminuição da pena, pela metade.

- OBS.: no peculato doloso não se aplicam essas regras.

- QUESTÃO: Qual o efeito da reparação do dano no peculato doloso?

- R.: Para qualquer crime doloso, os efeitos são os seguintes:

a) arrependimento posterior - art. 16 do CP – se for anterior ao recebimento da


denúncia: redução da pena de 1/3 a 2/3.

b) atenuante genérica do art. 65, inc. III, “b”, do CP, se ocorrer depois do
recebimento da denúncia;

- se depois da sentença, é atenuante inominada do art. 66. (OBS.: o acórdão


pode reconhecer atenuante que a sentença não reconheceu).

9. Peculato Mediante Erro de Outrem – Artigo 313 do CP

- o peculato mediante erro de outrem é erroneamente chamado peculato-


estelionato.

- não é um estelionato, porque o erro da vítima não é provocado pelo agente.

- o núcleo do tipo é apropriar-se (pressupõe posse lícita anterior).

- não passa de um peculato-apropriação.

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- o núcleo do estelionato é obter.

- o erro de outrem tem de ser espontâneo; e o recebimento, por parte do


funcionário, de boa-fé. Não há fraude.

- Exemplo 01: uma pessoa deve dinheiro ao Município. Por erro, paga a mais. O
funcionário recebe o dinheiro sem perceber o erro. Depois, ao percebê-lo,
apropria-se do excedente – trata-se de peculato mediante erro.

- Exemplo 02: pessoa paga duas vezes ou em lugar errado. O funcionário recebe
de boa-fé. Depois percebe o erro e, em vez de devolver o dinheiro ou encaminhar
a questão para que a falha seja sanada, apropria-se da importância. Trata-se de
peculato mediante erro de outrem.

- O funcionário se apropriou de algo que já estava com a Administração Pública.

- QUESTÃO: É possível concurso de agentes no peculato mediante erro de


outrem?

- R.: Sim, porque o núcleo é apropriar-se, e não receber.

- Ex.: funcionário descobre que o contribuinte pagou quantia a mais. Procura o


chefe para informá-lo; esse lhe diz para cada um ficar com metade.

- OBS.: o particular pode ser partícipe.

9.1. Elemento subjetivo

- o elemento subjetivo é o dolo de se apropriar.

9.2. Consumação

- o crime consuma-se no momento da apropriação, ou seja, no momento em que


o agente passa a agir como se fosse dono, causando efetivo prejuízo para o
Estado.

9.3. Tentativa

- a tentativa é possível.

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9.4. Classificação

- próprio

- material

- forma livre

- comissivo

- instantâneo

- unissubjetivo

- plurissubsistente

9.5. Ação Penal:

- pública incondicionada

INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES – 313-A

1. Sujeito Ativo

- o funcionário público autorizado a operar o sistema informatizado ou banco de


dados

2. Sujeito Passivo

- o Estado

- a entidade ou o particular prejudicado

3. Tipo objetivo

- obs.: parte da doutrina batiza tal crime como “peculato-pirataria de dados”

- inserir (incluir, introduzir)

- facilitar (permitir que outrem inclua ou introduza)

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- alterar (modificar ou mudar)

- excluir (eliminar ou remover)

4. Objeto jurídico

- a administração pública, considerando seu interesse patrimonial e moral

5. Objeto material

- são os dados falsos ou verdadeiros de sistema de informática ou banco de dados

6. Elemento subjetivo do tipo específico

- com o fim de obter vantagem indevida

7. Elemento normativo

- indevidamente

8. Consumação

- no momento da prática de qualquer das condutas típicas, independente de


efetivo prejuízo para o Estado

9. Tentativa

- admissível

10. Concurso de pessoas

- o particular pode ser co-autor ou partícipe do crime (artigos 29 e 30).

11. Procedimento

14
- o próprio de funcionário público – art. 513 a 518 do CPP.

12. Competência

- justiça comum estadual ou federal, dependendo do interesse lesado;

13. Suspensão Condicional do Processo e Transação

- incabível a suspensão: pena mínima superior a 1 ano

- incabível a transação: pena máxima superior a 2 anos

14. Classificação

- próprio

- formal

- forma livre

- comissivo

- instantâneo

- unissubjetivo

- plurissubsistente

15. Ação Penal:

- pública incondicionada

MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA DE


INFORMAÇÕES – art. 313-B

- denominado pela doutrina de “peculato-hacker”

distinção do 313-A:

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a) objeto material: sistema de informações ou o programa de informática

b) tipo objetivo: modificar, alterar

c) este: não há

d) transação: admissível – pena máxima inferior a dois anos.

EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO –


ART. 314

1. Sujeito Ativo

- o funcionário público

2. Sujeito Passivo

- o Estado

- a entidade ou o particular prejudicado

3. Tipo objetivo

- extraviar: fazer com que algo não chegue ao seu destino

- sonegar: ocultar

- inutilizar: destruir ou tornar inútil

4. Objeto jurídico

- a administração pública, considerando seu interesse patrimonial e moral

5. Objeto material

- livro oficial ou qualquer documento

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6. Elemento subjetivo do tipo específico

- não há

7. Elemento subjetivo do crime normativo do tipo

- o dolo

- normativo: funcionário

8. Consumação

- no momento da prática de qualquer das condutas típicas (extravio, sonegação


ou inutilização), independente de efetivo prejuízo para o Estado

9. Tentativa

- admissível, salvo na hipótese de sonegação

10. Concurso de pessoas

- o particular pode ser co-autor ou partícipe do crime (artigos 29 e 30).

11. Procedimento

- o próprio de funcionário público – art. 513 a 518 do CPP.

12. Competência

- justiça comum estadual ou federal, dependendo do interesse lesado;

13. Suspensão Condicional do Processo e Transação

- cabível a suspensão: pena mínima não superior a 1 ano

- incabível a transação: pena máxima superior a 2 anos

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14. Classificação

- próprio

- formal

- forma livre

- comissivo

- instantâneo

- unissubjetivo

- plurissubsistente

15. Confronto

- só se aplica o 314 quando não houver figura típica mais grave

- aplica-se o art. 305 do CP, se o agente destrói documento visando algum

benefício

16. Ação Penal:

- pública incondicionada

17. Fiança

- cabível, porque a pena mínima não ultrapassa a dois (2) anos – CPP, art. 323, I

EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚLICAS – ART. 315

1. Sujeito Ativo

- o funcionário público

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2. Sujeito Passivo

- o Estado

- a entidade ou o particular prejudicado

3. Tipo objetivo

- dar: empregar ou utilizar

4. Objeto jurídico

- a administração pública, considerando seu interesse patrimonial e moral

5. Objeto material

- verbas ou rendas públicas

6. Elemento subjetivo do tipo específico

- não há

7. Elemento subjetivo do crime e normativo

- subjetivo do crime: o dolo

- normativo: funcionário

8. Consumação

- no momento da prática da conduta típica, ou seja, com a entrega da verba ou


renda de maneira irregular, independente de efetivo prejuízo para o Estado

9. Tentativa

- admissível

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10. Concurso de pessoas

- o particular pode ser co-autor ou partícipe do crime (artigos 29 e 30).

11. Procedimento

- o próprio de funcionário público – art. 513 a 518 do CPP.

12. Competência

- justiça comum estadual ou federal, dependendo do interesse lesado;

13. Transação

- cabível a transação: pena máxima não superior a 2 anos

14. Classificação

- próprio

- material

- forma livre

- comissivo

- instantâneo

- unissubjetivo

- plurissubsistente

15. Ação Penal:

- pública incondicionada

16. Fiança

- cabível, porque a pena mínima não ultrapassa a dois (2) anos – CPP, art. 323, I

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17. Confronto

- art. 359-D: ordenar despesa não autorizada por lei – mais ampla e mais severo.

- Prefeito: Decreto-lei 201/67, art. 1º, III,

- Presidente da República: Lei 1079/50, art. 11

CONCUSSÃO – ARTIGO 316 DO CP

1. Noções

- o crime de concussão é diferente do crime de corrupção passiva – art. 317

- a diferença está no núcleo do tipo

- a concussão tem por conduta exigir; é um “querer imperativo”, que traz consigo
uma ameaça, ainda que implícita

- a corrupção passiva tem por conduta solicitar, receber, aceitar (promessa).

- na concussão, há vítima na outra ponta.

- a concussão é uma extorsão praticada por funcionário público em razão da


função.

- exigir: coagir, obrigar.

- a ameaça pode ser implícita ou explícita.

- o agente pode exigir direta ou indiretamente – por meio de terceiro, ou por


outro meio qualquer, como, por exemplo, ameaça velada.

2. Objetividade Jurídica

- proteger a probidade administrativa.

3. Sujeito Ativo

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- é o funcionário público

- o particular pode praticar o crime, em concurso com o funcionário.

- QUESTÃO: O particular, sem que haja concurso com o funcionário público, pode
praticar concussão?

- R.: Sim, uma vez que, antes de assumir a função pública, ainda é particular.

4. Sujeito Passivo

- é o Estado (a Administração Pública)

- o particular pode ser sujeito passivo secundário.

5. Tipo objetivo

- exigir em razão da função: deve existir nexo causal entre a exigência e a


função.

- QUESTÃO: se alguém se faz passar por fiscal ou policial e exige dinheiro, que
crime comete?

- R.: o crime de extorsão, não concussão, porque ele não tem função.

- em razão da função não significa no exercício da função.

- a pessoa pode estar em férias, de folga, ou ainda não ter assumido a função.

- QUESTÃO: o funcionário pode exercer a função e o crime não ser concussão?.

- R. sim. Ex.: ameaçar e pedir o relógio, exigir dinheiro para não mostrar fotos
comprometedoras.

- a vantagem deve ser indevida, pois se a vantagem for devida configura o crime
de abuso de autoridade.

- QUESTÃO: A vantagem da concussão tem de ser patrimonial ou também pode


ser moral?

- Resposta:

a) prevalece o entendimento de que deve ser patrimonial.

b) pode ser moral (prestígio, posição de destaque).

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- QUESTÃO: se o funcionário exigir que a vítima pratique sexo?

- R.: É crime de estupro.

6. Objeto material

- a vantagem indevida

- tributo (§ 1º)

- contribuição social (idem)

7. Consumação

- no momento em que a exigência chega ao conhecimento da vítima – crime


formal

- a concussão não depende da obtenção da vantagem para a sua consumação;


basta a exigência.

- se o funcionário obtiver a vantagem, será mero exaurimento.

8. Tentativa

- é possível quando a exigência for por escrito

- pode ocorrer a tentativa também no caso de secretária eletrônica, quando

alguém retira a fita antes de a vítima ouvir e leva-a para a polícia.

- não é possível a tentativa na conduta verbal.

- Se a vítima avisar a polícia do dia, hora e local em que vai entregar o dinheiro
exigido, o crime já estava consumado desde o momento da exigência.

- P.: Neste caso é flagrante?

- R.: Há duas posições a respeito:

a) não há flagrante porque o crime se consumou no momento da exigência.

- exigência é uma conduta instantânea.

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b) a posição majoritária sinaliza no sentido de que há flagrante, pois o crime é
instantâneo, mas de efeitos permanentes, podendo ser enquadrado no “logo
após” do art. 302, III, do CPP

- há um segundo argumento ainda, de que a exigência pode ser vista como uma
conduta permanente, pois se prolonga no tempo.

9. Elemento subjetivo do tipo específico

- não há

10. Elemento normativo

- funcionário

- indevidamente

11. Concurso de pessoas

- o particular pode ser co-autor ou partícipe do crime (artigos 29 e 30).

12. Procedimento

- o próprio de funcionário público – art. 513 a 518 do CPP.

13. Competência

- justiça comum estadual ou federal, dependendo do interesse lesado;

14. Suspensão Condicional do Processo e Transação

- incabível a suspensão: pena mínima superior a 1 ano

- incabível a transação: pena máxima superior a 2 anos

14. Classificação

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- próprio

- formal

- forma livre

- comissivo

- instantâneo

- unissubjetivo

- plurissubsistente

15. Ação Penal:

- pública incondicionada

16. Fiança

- cabível, porque a pena mínima não ultrapassa a dois (2) anos – CPP, art. 323, I

17. Confronto

- art. 317: corrupção passiva


- art. 3º, II, da Lei 8.137/90 (lei dos crimes contra a ordem tributária): se a
concussão é praticada para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição
social ou cobrá-los parcialmente...

EXCESSO DE EXAÇÃO – 316 §§ 1º e 2º

1. Noções

- exação: cobrança pontual de tributos

- a lei pune o excesso, não a exação, na cobrança de tributo (imposto, taxa e


contribuição de melhoria) ou contribuição social ...

- o funcionário público se excede em suas funções

25
2. Elemento subjetivo do crime

- dolo direto: sabia

- dolo eventual: devia saber

3. Consumação

- com a exigência

- com o emprego do meio não autorizado

-OBS.: os demais itens são iguais ao caput

CORRUPÇÃO PASSIVA – ART. 317 DO CP

1. Tipo objetivo

- núcleos: solicitar, receber, aceitar

- solicitar: pedir

- quem pede não constrange, não ameaça, pede.

- a atitude de solicitar é iniciativa do funcionário público.

- receber: entrar na posse

- aceitar promessa: concordar com a proposta, por silêncio, gesto, palavra, oriunda

do particular para o funcionário

- QUESTÃO: Sempre que houver corrupção passiva irá existir o crime de


corrupção ativa?

- R.: Não. Na conduta de solicitar, quando, por exemplo, o funcionário pede e o


particular não dá, só ocorre corrupção passiva.

- QUESTÃO: se o funcionário pede e a pessoa coloca a mão no bolso e lhe


entrega?

26
- R.: não é caso de corrupção ativa (art. 333) pois não existe tipificação para
entregar, só para prometer, oferecer. (Só há corrupção passiva nesse caso).

- na modalidade solicitar, em que a iniciativa é do funcionário público, não há


crime de corrupção ativa, e sim de corrupção passiva.

- nas modalidades de receber e aceitar promessa, ocorre corrupção ativa na


outra ponta, pois a iniciativa foi de terceiro.

- vantagem indevida na corrupção passiva é para que o funcionário:

a) faça alguma coisa

b) deixe de fazer

c) retarde.

- QUESTÃO: Se a vantagem indevida for para o funcionário praticar um ato de


ofício, há corrupção passiva?

- R.: Sim. O que importa é a vantagem indevida como motivo. Tanto faz se o ato é
de ofício ou não; importa é que a vantagem seja indevida.

- QUESTÃO: seguradora oferece dinheiro para os policiais que encontrarem


determinados carros. Há crime?

- Sim, de corrupção passiva, pois eles já ganham para fazer isso.

- Observação: recompensa genérica não é crime.

2. Espécies de Corrupção Passiva

a) própria: ocorre quando a vantagem indevida for oferecida para que o


funcionário pratique ou deixe de praticar, ilegalmente, o ato, ou seja, o ato
desejado é ilícito

b) imprópria: quando se pretende que o ato, que o funcionário venha a realizar ou


deixe de realizar, seja legal, ou seja, o ato desejado é lícito

c) antecedente: a vantagem é entregue ao funcionário antes da ação ou


omissão.

d) subseqüente ou conseqüente: a vantagem é prometida antes, mas entregue


depois.

e) indireta: por interposta pessoa

27
OBS.: a gratificação em agradecimento, ou em época festiva, se for de pequeno
valor ou genérica, não configura crime. Trata-se de costume, e o costume afasta o
dolo de corrupção.

3. Consumação e Tentativa

- a consumação ocorre quando houver a solicitação, o recebimento ou a aceitação

da vantagem.

- a consumação não depende da prática ou da omissão de ato por parte do


funcionário.

- o recebimento da vantagem só é importante para a modalidade receber.

- o exaurimento é causa de aumento de pena (+ 1/3) - § 1º

- a tentativa é possível na solicitação por escrito.

4. Sujeito ativo

- funcionário público

5. Sujeito passivo

- o Estado ...

6. Objeto jurídico

- a administração pública, no seu interesse patrimonial e moral

7. Objeto material

- a vantagem indevida

8. Procedimento

- o próprio de funcionário público – art. 513 a 518 do CPP.

9. Competência

- justiça comum estadual ou federal, dependendo do interesse lesado;

28
10. Suspensão Condicional do Processo e Transação

- incabível a suspensão: pena mínima superior a 1 ano: sim, no § 2º

- incabível a transação: pena máxima superior a 2 anos; sim, no § 2º

11. Classificação

- próprio

- formal

- forma livre

- comissivo

- instantâneo

- unissubjetivo

- uni ou plurissubsistente

12. Ação Penal:

- pública incondicionada

13. Fiança

- cabível, porque a pena mínima não ultrapassa a dois (2) anos – CPP, art. 323, I

14. Confronto

- art. 316: se houve exigência

15. CORRUPÇÃO PASSIVA PRIVILEGIADA – § 2.º

- A corrupção passiva privilegiada ocorre com pedido ou influência de outrem;

- esse parágrafo deveria ser crime autônomo, porque traz elementos muito
diferentes da corrupção;

- corrupção privilegiada é um crime material – praticar, deixar de praticar;

29
- na corrupção passiva o móvel todo é a vantagem indevida;

- na corrupção privilegiada o sujeito aceita o pedido.

- CONFRONTO: art. 332

FACILITAÇÃO DE CONTRABANDO OU DESCAMINHO – art. 318

1. Sujeito Ativo

- o funcionário público

2. Sujeito Passivo

- o Estado

- a entidade ou o particular prejudicado

3. Tipo objetivo

- facilitar: tornar mais fácil, i e, sem grande esforço ou custo, afastar dificuldades

- não basta a facilitação, impõe-se tenha o funcionário a função de controlar,

fiscalizar e impedir o contrabando ou descaminho

- assim, deve ele infringir dever funcional

- Exemplo: policial federal, funcionário da receita federal

- OBS.: se não houver infração a dever funcional, pode haver participação no


crime do art. 334 do CP

4. Objeto jurídico

- a administração pública, considerando seu interesse patrimonial e moral

5. Objeto material

- a mercadoria contrabandeada (no contrabando) ou

30
- o imposto não recolhido (no descaminho)

6. Elemento subjetivo do tipo específico

- não há

7. Elemento normativo

- funcionário público

- infração de dever funcional

8. Consumação

- no momento da prática da conduta típica – com a efetiva facilitação -


independente de efetivo prejuízo para o Estado, ou seja, ainda que não se
consume o contrabando ou descaminho

9. Tentativa

- admissível na forma comissiva

10. Concurso de pessoas

- o particular pode ser co-autor ou partícipe do crime, desde que tenha


conhecimento da condição de funcionário público (artigos 29 e 30).

11. Procedimento

- o próprio de funcionário público – art. 513 a 518 do CPP.

12. Competência

- justiça federal (imposto federal)

31
13. Suspensão Condicional do Processo e Transação

- incabível a suspensão: pena mínima superior a 1 ano

- incabível a transação: pena máxima superior a 2 anos

14. Classificação

- próprio

- formal

- forma livre

- comissivo ou omissivo

- instantâneo

- unissubjetivo

- plurissubsistente

15. Ação Penal:

- pública incondicionada

16. Fiança

- incabível, porque a pena mínima ultrapassa a dois (2) anos – CPP, art. 323, I

17. Confronto

- art. 334

PREVARICAÇÃO – ARTIGO 319 DO CP

1. Noções

- prevaricator: aquele que anda torto, fora do bom caminho

32
- a satisfação do interesse ou sentimento pessoal é o que diferencia a
prevaricação da concussão e da corrupção.

- trata-se de um elemento subjetivo do tipo específico: para satisfazer

- se for caso de vantagem indevida, o crime é o de concussão ou corrupção


passiva.

- se for caso de sentimento pessoal, o crime é o de prevaricação.

- a prevaricação é crime subsidiário – a vantagem indevida pode caber na


prevaricação.

- sentimento pessoal: sentimentos de amor, ódio, raiva, vingança, amizade,


inimizade.

QUESTÃO: interesse ou sentimento: pode ser beneficiada terceira pessoa?

- R.: Sim. Pode ser um interesse pessoal e ajudar terceiro. O benefício, na


prevaricação, pode ser de terceira pessoa.

- QUESTÃO: a preguiça ou o desleixo podem ser enquadrados na prevaricação?

- R.: A mera preguiça ou desleixo não configuram prevaricação, porque não há


dolo.

2. Elementos Objetivos do Tipo

- são elementos objetivos do tipo os núcleos:

- retardar;

- deixar de praticar;

- praticar.

- retardar e deixar de praticar: são condutas omissivas (omissão própria).

Praticar é conduta comissiva.

- a diferença entre:

a) retardar: protelar, demorar

b) deixar de praticar: caracteriza-se pela definitividade.

33
- ato de ofício: aquele inserido na esfera de atribuições ou de compromissos do
agente.

3. Sujeito ativo

- o funcionário público

4. Sujeito Passivo

- o Estado

- a entidade ou o particular prejudicado

5. Objeto jurídico

- a administração pública, considerando seu interesse patrimonial e moral

6. Objeto material

- o ato de ofício

7. Elemento subjetivo do tipo específico

- para satisfazer interesse ou sentimento pessoal

8. Elemento normativo do tipo

- indevidamente

- expressa disposição de lei

9. Consumação

- no momento da prática de qualquer das condutas típicas – omissão,


retardamento ou realização do ato, independente de efetivo prejuízo para o Estado

34
10. Tentativa

- admissível na forma comissiva

11. Procedimento

- o próprio de funcionário público – art. 513 a 518 do CPP.

12. Competência

- justiça comum estadual ou federal, dependendo do interesse lesado;

13. Suspensão Condicional do Processo e Transação

- cabível a suspensão: pena mínima inferior superior a 1 ano

- cabível a transação: pena máxima não superior a 2 anos

14. Classificação

- próprio

- formal

- forma livre

- comissivo e omissivo

- instantâneo

- unissubjetivo

- plurissubsistente

15. Ação Penal:

- pública incondicionada

16. Fiança

35
- cabível, porque a pena mínima não ultrapassa a dois (2) anos – CPP, art. 323, I

17. Confronto

- Presidente da Reública
- Prefeito

PREVARICAÇÃO POR EQUIPARAÇÃO – art. 319-A do CP

Alteração: artigo acrescentado pela Lei 11.466/07

1. Sujeito Ativo

- o funcionário público:

a) diretor de penitenciária

b) agente público (agente penitenciário)

2. Sujeito Passivo

- o Estado

3. Tipo objetivo

- deixar

4. Objeto jurídico

- a segurança dos estabelecimentos penitenciários

- combate ao crime organizado

5. Objeto material

- aparelho telefônico

36
- aparelho de rádio

- aparelhos similares

6. Elemento subjetivo do tipo específico

- não há

7. Elemento normativo

- dever

8. Consumação

- com o acesso do preso ao aparelho de telefone celular etc

9. Tentativa

- discutível

10. Concurso de pessoas

- o particular pode ser partícipe do crime, não co-autor (artigos 29 e 30).

- o preso que comete a falta grave prevista no art. 50, VII, da LEP, não pode ser
partícipe deste crime

11. Procedimento

- o próprio de funcionário público – art. 513 a 518 do CPP.

12. Competência

- justiça comum estadual ou federal, dependendo do interesse lesado;

13. Suspensão Condicional do Processo e Transação

37
- cabível a suspensão: pena mínima não superior a 1 ano

- cabível a transação: pena máxima não superior a 2 anos

14. Classificação

- próprio

- formal

- de mão própria

- forma livre

- omissivo

- instantâneo

- unissubjetivo

- plurissubsistente

15. Ação Penal:

- pública incondicionada

16. Fiança

- cabível, porque a pena mínima não ultrapassa a dois (2) anos – CPP, art. 323, I

17. Confronto

- art. 319: prevaricação, se for para satisfazer interesse ou sentimento pessoal

ART 320 – CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA

1. Sujeito Ativo

38
- o funcionário público superior hierárquico do funcionário infrator

2. Sujeito Passivo

- o Estado

- e a entidade ou o particular prejudicado

3. Tipo objetivo

- deixar

- não levar: ocultar ou esconder algo de alguém

- OBS.: deve haver nexo entre a infração e o exercício do cargo

- indulgência: tolerância, condescendência ou benevolência

- infração: penal ou administrativa

4. Objeto jurídico

- a administração pública

5. Objeto material

- é a infração não punida ou não comunicada

6. Elemento subjetivo do tipo específico

- é a vontade de ser indulgente (implícita no tipo)

7. Elemento subjetivo do crime ou do tipo

- o dolo

39
8. Consumaçãoa

- no momento da omissão, independente de efetivo prejuízo para o Estado

9. Tentativa

- inadmissível, por tratar-se de crime omissivo próprio

10. Concurso de pessoas

- o particular pode ser partícipe do crime (artigos 29 e 30).

11. Procedimento

- o próprio de funcionário público – art. 513 a 518 do CPP.

12. Competência

- justiça comum estadual ou federal, dependendo do interesse lesado;

13. Suspensão Condicional do Processo e Transação

- incabível a suspensão: pena mínima superior a 1 ano

- incabível a transação: pena máxima superior a 2 anos

14. Classificação

- próprio

- formal

- forma livre

- omissivo

- instantâneo

40
- unissubjetivo

- plurissubsistente

15. Ação Penal:

- pública incondicionada

16. Fiança

- cabível, porque a pena mínima não ultrapassa a dois (2) anos – CPP, art. 323, I

17. Confronto

- art. 319 - prevaricação: se a omissão for para satisfazer interesse ou sentimento


pessoal

- Lei 9.455/97, art. 1º, § 2º - omissão em relação a crime de tortura

ART 321 – ADVOCACIA ADMINISTRTIVA

1. Sujeito Ativo

- o funcionário público

- não precisa ser advogado

2. Sujeito Passivo

- o Estado

- secundariamente, a entidade prejudicada

41
3. Tipo objetivo

- patrocinar: pleitear, advogar, apadrinhar (interesse alheio)

- perante a Administração Pública

- o patrocínio pode ser:

a) formal ou explícito: petições, razões, etc

b) dissimulado: acompanhamento pessoal de processos, pedido a funcionário


encarregado do procedimento, etc

- de forma direta: o funcionário age diretamente

- de forma indireta: por interposta pessoa

- o interesse alheio pode ser:

a) legítimo

b) ilegítimo – incide a qualificadora do § único

4. Objeto jurídico

- a administração pública, considerando seu interesse patrimonial e moral

5. Objeto material

- o interesse privado

6. Elemento subjetivo do tipo específico

- não há

7. Elemento subjetivo do crime

- dolo

8. Consumação

42
- no momento da prática do patrocínio, independente de efetivo prejuízo à
Administração Pública

9. Tentativa

- admissível

10. Concurso de pessoas

- o particular pode ser partícipe do crime (artigos 29 e 30).

11. Procedimento

- o próprio de funcionário público – art. 513 a 518 do CPP.

12. Competência

- justiça comum estadual ou federal, dependendo do interesse lesado;

13. Suspensão Condicional do Processo e Transação

- cabível a suspensão: pena mínima não superior a 1 ano

- cabível a transação: pena máxima não superior a 2 anos

14. Classificação

- próprio

- formal

- forma livre

- comissivo

- instantâneo

- unissubjetivo

43
- plurissubsistente

15. Ação Penal:

- pública incondicionada

16. Fiança

- cabível, porque a pena mínima não ultrapassa a dois (2) anos – CPP, art. 323, I

17. Confronto

- se a advocacia administrativa é praticada perante a Adm. Fazendária: art. 3º, III,


da Lei 8.137/90 (Crimes contra a Ordem Tributária)

- idem, crime relacionado com licitação: art. 91 da Lei 8.666/93

ART 322 – VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA

- há dois entendimentos quanto à revogação deste artigo:

a) foi revogado tacitamente pela Lei de Abuso de Autoridade – 4898/65

b) não revogado

- objeto material: a pessoa que sofre a violência

ART 323 – ABANDONO DE FUNÇÃO

1. Sujeito Ativo

- o funcionário público

44
2. Sujeito Passivo

- o Estado

3. Tipo objetivo

- correto: abandono de cargo público, não de função

abandonar: largar, afastar-se de algo, deixar ao desamparo, de forma


arbritrária, dexá-lo acéfalo (sem substituto)

- cargo público: compreende todas as funções

- cargo público: é o posto criado por lei na estrutura hierárquica da adm. pub

- finalidade: proteger o regular funcionamento do serviço público

- tempo: suficiente para caracterizar descaso e o ânimo de afastar-se da função,


suficiente a criar perigo de dano

- GREVE: abandono em caso de greve não caracteriza – conduta atípica

4. Objeto jurídico

- a administração pública, considerando seu interesse patrimonial e moral

5. Objeto material

- o cargo público

6. Elemento normativo do tipo

- “fora dos casos permitidos em lei”

7. Elemento subjetivo do crime

- o dolo

- não é punível a conduta negligente

45
8. Consumação

- com o abandono, por tempo relevante, com probabilidade de dano à Adm,


independente de efetivo prejuízo

9. Tentativa

- inadmissível

10. Procedimento

- o próprio de funcionário público – art. 513 a 518 do CPP.

11. Competência

- justiça comum estadual ou federal, dependendo do interesse lesado;

13. Suspensão Condicional do Processo e Transação

- cabível a suspensão: pena mínima não superior a 1 ano

- cabível a transação: pena máxima não superior a 2 anos

14. Classificação

- próprio

- formal

- forma livre

- omissivo

- instantâneo

- unissubjetivo

- plurissubsistente

46
15. Ação Penal:

- pública incondicionada

16. Fiança

- cabível, porque a pena mínima não ultrapassa a dois (2) anos – CPP, art. 323, I

17. Faixa de fronteira

- é uma qualificadora
- faixa de fronteira: a situada dentro de 150 km ao longo das fronteiras nacionais

ART 324 – EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO OU

PROLONGADO

1. Sujeito Ativo

- o funcionário público nomeado

- pode ser:

a) antes da posse

b) o exonerado, removido, substituído ou suspenso

2. Sujeito Passivo

- o Estado

- a entidade ou o particular prejudicado

47
3. Tipo objetivo

- entrar no exercício: iniciar o desempenho de certa atividade (no caso, antes de


satisfeitas as exigências legais) – é a hipótese de exercício antecipado

- função pública: conjunto de atribuições inerentes ao serviço público

- antes de satisfeitas as exigências legais: normal penal em branco. Exs.: exame


de saúde, posse, fiança, quitação com o serviço militar, etc

- continuar a exercê-la depois de oficialmente saber que foi: exonerado, removido,


substituído ou suspenso, porque não é mais FP

- não abrangência: aposentadoria, licença ou férias, etc

- dispensa de comunicação oficial: aposentadoria compulsória

- permanência no cargo: em caso de urgente necessidade de serviço, para não


prejudicar a Adm.

4. Objeto jurídico

- a administração pública, considerando seu interesse patrimonial e moral

5. Objeto material

- a função pública

6. Elemento normativo do tipo

- funcionário público

- sem autorização legal

7. Elemento subjetivo do crime ou do tipo

- subjetivo: o dolo

8. Consumação

48
a) primeira modalidade: no momento da prática do primeiro ato de ofício,
antes de satisfeitas as exigências legais, independente de efetivo prejuízo para a
Adm

b) segunda modalidade: prática do primeiro ato de ofício, após saber ...

9. Tentativa

- admissível

11. Procedimento

- o próprio de funcionário público – art. 513 a 518 do CPP.

12. Competência

- justiça comum estadual ou federal, dependendo do interesse lesado;

13. Suspensão Condicional do Processo e Transação

- cabível a suspensão: pena mínima não superior a 1 ano

- cabível a transação: pena máxima não superior a 2 anos

14. Classificação

- próprio

- formal

- forma livre

- comissivo

- instantâneo

- unissubjetivo

- plurissubsistente

49
15. Ação Penal:

- pública incondicionada

16. Fiança

- cabível, porque a pena mínima não ultrapassa a dois (2) anos – CPP, art. 323, I

17. Confronto

- art. 328 do CP: usurpação de função pública – por particular

ART 325 – VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL

1. Sujeito Ativo

- o funcionário público

- inclusive: o aposentado e o em disponibilidade

- OBS.: o demitido ou exonerado, NÃO.

2. Sujeito Passivo

- o Estado

- secundariamente, o particular prejudicado

3. Tipo objetivo

- revelar: divulgar ou fazer conhecer (fato)

- facilitar a revelação

50
4. Objeto jurídico

- a administração pública, considerando seu interesse patrimonial e moral

5. Objeto material

- a informação sigilosa

6. Elemento normativo do tipo

- indevidamente - § 1º, inc. II

7. Elemento subjetivo do crime ou do tipo

- o dolo

8. Consumação

- no momento da prática de qualquer das condutas típicas:

a) com a revelação do segredo: quando terceiro toma conhecimento do conteúdo


do segredo

b) com a facilitação, também no instante em que terceiro toma conhecimento do


conteúdo do segredo

- independente de efetivo prejuízo para a Adm

- crime impossível: se o terceiro já conhecia o segrego

9. Tentativa

- admissível

10. Concurso de pessoas

51
- o particular pode ser co-autor ou partícipe do crime (artigos 29 e 30).

- mas a pessoa que simplesmente recebeu o segredo, sem ter concorrido para o
crime, não é co-autor ou partícipe do crime

11. Procedimento

- o próprio de funcionário público – art. 513 a 518 do CPP.

12. Competência

- justiça comum estadual ou federal, dependendo do interesse lesado;

13. Suspensão Condicional do Processo e Transação

- cabível a suspensão: pena mínima não superior a 1 ano

- cabível a transação: pena máxima não superior a 2 anos

14. Classificação

- próprio

- formal

- forma livre

- comissivo

- instantâneo

- unissubjetivo

- plurissubsistente

15. Ação Penal:

- pública incondicionada

52
16. Fiança

- cabível, porque a pena mínima não ultrapassa a dois (2) anos – CPP, art. 323, I

17. Confronto

- CP, art. 154


- Exemplos: fornecimento de gabarito por professor de banca examinadora de
Universidade Federal

- Fornecer dados de processo que corre em segredo de justiça

É SUBSIDIÁRIO, porque:

- Lei 7.170/83: espionagem ou revelação de segredo que ofenda a segurança


nacional o crime é o dos artigos 13, 14 e 21

- Código Penal Militar: art 326 – revelação de segredo de natureza militar

- Código Penal, art 151, § 3º : violação de segredo epistolar

- Lei 6.453/77: art 23 – revelação de informações sigilosas referentes à energia


nuclear

- Lei 7.492/86, art 17: violar sigilo de operação ou de serviço prestado por
instituição financeira

18. Sigilo funcional de sistema de informações

- ver § 1º

ART 326 – VIOLAÇÃO DE SIGILO DE PROPOSTA DE

CONCORRÊNCIA

- revogado pelo art. 94 da Lei 8.666/93 que institui normas de licitações e


contratos da administração pública.

53
ART 327 – CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO

- já estudo quando da primeira aula

DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULAR CONTRA A ADMINISTRAÇÃO


EM GERAL

USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA - CP 328

1. Sujeito Ativo

- em regra, o particular: qualquer pessoa

- o funcionário: quando se investe em função que não possui

2. Sujeito Passivo

- o Estado

3. Tipo objetivo

- usurpar (o exercício de função pública):

a) exercer indevidamente

b) apoderar-se

c) tomar

4. Objeto jurídico

- a administração pública, considerando seu interesse patrimonial e moral

5. Objeto material

54
- a função pública

6. Elemento subjetivo do crime

- o dolo

8. Consumação

- com a efetiva prática de algum ato de ofício, independente de outro resultado

9. Tentativa

- admissível

10. Procedimento

- o próprio de funcionário público – art. 513 a 518 do CPP.

11. Competência

- justiça comum estadual ou federal, dependendo do interesse lesado;

12. Suspensão Condicional do Processo e Transação

- cabível a suspensão no caput: pena mínima não superior a 1 ano

- cabível a transação no caput: pena máxima não superior a 2 anos

13. Classificação

- comum

- formal

- forma livre

55
- comissivo

- instantâneo

- unissubjetivo

- plurissubsistente

14. Ação Penal:

- pública incondicionada

15. Fiança

- cabível, porque a pena mínima não ultrapassa a dois (2) anos – CPP, art. 323, I

16. Confronto

- LCP, artigos 45 e 46: se o agente apenas simula a qualidade de funcionário


ou usa uniforme ou distitivo

- CP, art. 324: exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado

- art. 359 do CP: se a função está suspensa por decisão judicial

17. Figura qualificada

- parágrafo único

RESISTÊNCIA – ARTIGO 329 DO CP

1. Objetividade Jurídica

- a autoridade, o prestígio da Administração Pública.

56
2. Sujeito Ativo

- qualquer pessoa, até mesmo funcionário público, pois, no momento em que


resiste, ele deixa de ser funcionário público, uma vez que nenhuma função é
exercida com violência ou grave ameaça.

- QUESTÃO: Um policial prende alguém, e um amigo deste investe contra o


policial para tentar impedir a prisão. Esse terceiro pratica crime de resistência?

R.: Sim, pois o tipo não exige que aquele que vai sofrer o ato é que pratique
a resistência.

3. Sujeito Passivo

- primário: o Estado

passivo primário e o

- secundário: o funcionário competente ou quem lhe esteja prestando auxílio

- só o funcionário competente: ter a atribuição para praticar o ato.

- QUESTÃO: Se dois policiais vão prender alguém e são recebidos a tiro, quantos
crimes de resistência foram praticados?

- R.: Apenas um crime, pois a oposição à execução do ato é um crime só, não
importando o número de funcionários.

4. Elementos Objetivos do Tipo

- opor-se: servir de oposição, de obstáculo.

- a oposição tem de ser com violência ou com ameaça.

- o tipo não exige grave ameaça; basta a ameaça, ou seja, a promessa de mal.

- resistência passiva não é crime de resistência, porque não há violência nem


grave ameaça. Exemplos: deitar-se no chão para não ser preso, segurar-se em
um poste, fugir correndo.

- a resistência deve servir para impedir o ato

57
- se ele já foi praticado, não se pode falar em resistência, podendo esta ocorrer, no
máximo, contemporânea ao ato.

- ato legal: o ato a ser cumprido deve ser legal quanto ao conteúdo e à forma.

- se o ato for ilegal não se pode falar em crime de resistência.

QUESTÃO: Se o ato for injusto, há resistência?

- R.: Sim. Não é possível discutir se é justo ou injusto; apenas é preciso observar
se o ato é legal ou não.

5. Elemento Subjetivo do crime ou do tipo

- dolo

QUESTÃO: A embriaguez afasta o crime de resistência?

- R.: A embriaguez não afasta o dolo

- alguns autores sustentam que a embriaguez afasta a intenção de impedir o ato,


porque o bêbado não tem noção dessa finalidade especial.

6. Consumação

- no momento em que a pessoa se opõe, com violência ou ameaça (crime formal)

- se o agente consegue impedir o ato, ocorre exaurimento, que no crime em


questão configura uma qualificadora, constante do § 1.º (como o § 1.º exige o
resultado, nesse caso, o crime é material).

7. Concurso de Crimes

- a lei determina o concurso da resistência com a violência (art. 329, § 2.º, do


CP)

- não há concurso com a ameaça, pois esta fica absorvida.

- cuida-se de concurso material.

- absorção: no caso de resistência e desacato, a resistência absorve o desacato


(art. 331)

58
- no caso de resistência e desobediência, a resistência absorve a desobediência
(art. 330)

- a resistência absorve as vias de fato.

8. Procedimento

- sumaríssimo - JEC

12. Competência

- justiça comum estadual ou federal, dependendo do interesse lesado;

13. Suspensão Condicional do Processo e Transação

- cabível a suspensão no caput: pena mínima não superior a 1 ano

- cabível a transação no caput: pena máxima não superior a 2 anos

14. Classificação

- comum

- formal

- forma livre

- comissivo

- instantâneo

- unissubjetivo

- plurissubsistente

15. Ação Penal:

- pública incondicionada

59
16. Fiança

- cabível, porque a pena mínima não ultrapassa a dois (2) anos – CPP, art. 323, I

17. Confronto

- se o ato de CPI, art. 4º, I, da Lei 1.579/52

18. Figura qualificada

- § 1º

DESOBEDIÊNCIA – ARTIGO 330 DO CP

1. Objetividade Jurídica

- a Administração Pública, seu prestígio, sua autoridade.

2. Sujeito Ativo

- qualquer pessoa.

- QUESTÃO: Funcionário público, no exercício da função, pratica desobediência?

- R.: Há duas posições:

• A majoritária afirma que o funcionário público no exercício da função pratica


prevaricação e não desobediência, pois, nesse caso, há crime próprio. Ex.:
juiz dá ordem ao escrivão e este não a cumpre pratica o crime de
prevaricação.

• A minoritária sustenta que o funcionário público, no exercício da função,


pratica o crime de desobediência ao não atender à ordem de outro
funcionário público.

60
3. Sujeito Passivo

- o Estado

- o funcionário público que emitiu a ordem desobedecida.

4. Elementos Objetivos do Tipo

- desobedecer: não cumprir, não atender.

QUESTÃO: O crime é comissivo ou omissivo?

- R.: omissivo ou comissivo, dependendo da ordem dada.

- Ordem legal: ordem é um mandamento, uma determinação, e não um pedido ou


uma solicitação.

- Deve ser legal - material e formalmente (pode até não ser justa).

- Funcionário público: deve ser competente para proferir a ordem.

- para que o crime se configure, é necessário que o destinatário tenha o dever


jurídico de cumprir a ordem.

- OBS.: não há crime se a recusa ocorre por motivo de força maior.

5. Consumação

- consuma-se com a realização da conduta, - omissiva ou comissiva.

6. Tentativa

- em regra, a tentativa é admitida apenas quando a conduta é comissiva.

- a jurisprudência tem entendido que quando um fato que poderia caracterizar


crime de desobediência tem sanção civil ou administrativa – e essa não
estabelece cumulação com pena criminal – ele não é considerado crime.

- OBS.: recusar-se ao teste do bafômetro não configura crime.

7. Objeto material

61
- a ordem dada

8. Elemento subjetivo do crime

- o dolo

9. Procedimento

- ordinário

- sumário

- sumaríssimo?

10. Competência

- justiça comum estadual ou federal, dependendo do interesse lesado;

11. Suspensão Condicional do Processo e Transação

- cabível a suspensão no caput: pena mínima não superior a 1 ano

- cabível a transação no caput: pena máxima não superior a 2 anos

13. Classificação

- comum

- formal

- forma livre

- comissivo ou omissivo

- instantâneo

- unissubjetivo

- plurissubsistente

62
14. Ação Penal:

- pública incondicionada

15. Fiança

- cabível, porque a pena mínima não ultrapassa a dois (2) anos – CPP, art. 323, I

16. Confronto

- art. 329: se houver resistência à ordem por violência ou ameaça

- art. 359: se houver desobediência à decisão judicial sobre perda ou suspensão


de direito

- art. 303 do CTB – Lei 9.503/97

17. Figura qualificada

- não há

DESACATO – ARTIGO 331 DO CP

1. Objetividade Jurídica

- resguardar a Administração Pública, sua autoridade, seu prestígio.

2. Sujeito Ativo

- qualquer pessoa.

- QUESTÃO: O funcionário público, no exercício da função, pode praticar


desacato? Ex.: exemplo: juiz ofender escrivão.

63
- R.: - Segundo a doutrina dominante sim, pois nenhuma função pública autoriza
ofender;

- a ofensa não faz parte do exercício funcional.

- quando o funcionário público ofende, não age como funcionário público, mas

sim como um particular.

QUESTÃO: O advogado, no exercício funcional, pode praticar o crime de


desacato?

R.: Sim.

- a CF confere imunidade ao advogado nos crimes contra a honra (art. 133 da CF).

- o Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil ampliou essa imunidade incluindo


o desacato, que é um crime contra a Administração Pública;

- mas o Supremo Tribunal Federal julgou inconstitucional essa ampliação.

- CP, art. 142, I: exclusão do crime contra a honra na discussão da causa

3. Sujeito Passivo

- é o Estado

- secundariamente, o funcionário público ofendido.

QUESTÃO: Se três funcionários forem desacatados no mesmo contexto há


quantos crimes?

R.: apenas um crime (segundo a doutrina majoritária; tratando-se de crime contra


a honra, seriam três crimes).

4. Elementos Objetivos do Tipo ou Tipo objetivo

- Desacatar: ofender, humilhar, desprestigiar.

- por qualquer forma: palavras, gestos, risos, gritos, vias de fato

- exige-se a presença física do funcionário no momento da ofensa

64
- não-tipificação do crime se a ofensa ocorrer por: carta, telefone, fax, e-mail,
telégrafo, etc; pode caracterizar o delito de calúnia, difamação ou injúria – art.
140 c/c 141, II, do CP

- estar presente não significa estar cara a cara, mas sim que o funcionário tem
de perceber a conduta.

- diferença entre desacato e injúria qualificada:

• funcionário presente: desacato;

• funcionário ausente: injúria qualificada.

- se o funcionário não se sentir ofendido, ainda assim haverá crime, porque o


sujeito passivo é a Administração.

QUESTÃO: O funcionário pode ser desacatado estando de férias? Ou no fim de


semana?

R.: Sim. O tipo refere-se a funcionário público no exercício funcional ou em


razão da função.

QUESTÃO: dizer que todo funcionário público é vagabundo é desacato?

R.: por ser uma afirmação genérica.

- o crime de desacato depende de testemunha, não bastando a palavra do


funcionário público.

5. Consumação

- no momento da ofensa, da conduta.

6. Tentativa

- não é possível, pois para que o delito se configure é necessária a presença da


vítima.

7. Elemento Subjetivo do Tipo ou do Crime

- o dolo: intenção de ofender, atingir a função.

65
- a jurisprudência majoritária exige o ânimo calmo e refletido para que ocorra o
desacato.

8. Objeto material

- o funcionário público

- a honra do funcionário público

9. Elemento subjetivo do tipo específico

- não há

10. Procedimento

- sumaríssimo

11. Competência

- justiça comum estadual ou federal, dependendo do interesse lesado;

12. Suspensão Condicional do Processo e Transação

- cabível a suspensão no caput: pena mínima não superior a 1 ano

- cabível a transação no caput: pena máxima não superior a 2 anos

13. Classificação

- comum

- formal

- forma livre

- comissivo

66
- instantâneo

- unissubjetivo

- plurissubsistente

14. Ação Penal:

- pública incondicionada

15. Fiança

- cabível, porque a pena mínima não ultrapassa a dois (2) anos – CPP, art. 323, I

16. Confronto

- o crime de desacato ABSORVE: vias de fato, lesões leve e ameaça

17. Figura qualificada

- não há

ART 332 – TRÁFICO DE INFLUÊNCIA

1. Sujeito Ativo

- o particular: qualquer pessoa

- inclusive o funcionário público

2. Sujeito Passivo

- o Estado

- a pessoa a quem foi solicitado ..

- o funcionário “vendido”, aquele cujo nome foi citado

67
3. Tipo objetivo

- solicitar: pedir ou rogar

- exigir: ordenar, reclamar, impor

- cobrar: exigir o cumprimento de algo

- obter: alcançar, conseguir

- vantagem:

a) material: qualquer ganho ou lucro para o agente, lícito ou ilícito

b) moral:

- promessa de vantagem: obrigar-se a, no futuro, entregar algum ganho

- a pretexto de influir: inspirar ou incutir, desculpa, sob fundamento

- o agente procura “vender ilusão”

4. Objeto jurídico

- a administração pública, considerando seu interesse patrimonial e moral

5. Objeto material

- a vantagem

6. Elemento subjetivo do crime

- o dolo

8. Consumação

- no momento da solicitação independente de outro resultado

68
9. Tentativa

- admissível

10. Procedimento

- ordinário

12. Competência

- justiça comum estadual ou federal, dependendo do interesse lesado;

13. Suspensão Condicional do Processo e Transação

- incabível a suspensão no caput: pena mínima superior a 1 ano

- cabível a transação: pena máxima superior a 2 anos

14. Classificação

- comum

- formal

- material: na modalidade OBTER

- forma livre

- comissivo

- instantâneo

- unissubjetivo

- plurissubsistente

15. Ação Penal:

- pública incondicionada

69
16. Fiança

- cabível, porque a pena mínima não ultrapassa a dois (2) anos – CPP, art. 323, I
17. Confronto

- art. 316 do CP: se o suborno é imposto ou exigido pelo funcionário, será o crime
de concussão

- art. 357 do CP: se o funcionário é juiz, promotor, perito, tradutor, testemunha ...

- este crime (art. 332) ABSORVE o estelionato (art. 171)

- artigos 317 (corrupção passiva) e 333 (corrupção ativa) se houver efetivo acordo
com o funcionário público

18. Causa de aumento de pena

- prevista no parágrafo único

CORRUPÇÃO ATIVA – ARTIGO 333 DO CP

1. Noções gerais

- esse crime configura um caso de exceção à teoria monista, segundo a qual


todos os que contribuírem para um crime responderão por esse mesmo crime.

- se o funcionário público solicita vantagem indevida e o particular não a


entrega, configura-se o crime de corrupção passiva.

- ainda que o particular entregue o que foi solicitado pelo funcionário público, não
haverá o crime em estudo, pois o tipo do artigo 333 refere-se apenas a oferecer ou
prometer vantagem indevida.

- nos casos de “o particular oferecer e o funcionário receber” ou “o particular


prometer e o funcionário aceitar promessa”, há corrupção ativa e corrupção
passiva.

70
- se o particular oferecer vantagem indevida e o funcionário não aceitar, só há
crime de corrupção ativa.

- no crime de corrupção ativa o particular tem a iniciativa de corromper o


funcionário público.

2. Objetividade Jurídica

- proteção ao prestígio da Administração Pública.

3. Sujeito Ativo

- qualquer pessoa

- um funcionário público: quando agir como particular

4. Sujeito Passivo

- o Estado, a Administração Pública.

5. Elementos Objetivos do Tipo

- Oferecer ou prometer:

- oferecer: é apresentar, propor alguma coisa para ser aceita.

- prometer: é obrigar-se a fazer ou não fazer alguma coisa.

- as condutas podem ser praticadas por qualquer modo: palavra, gesto, escrito,
intermediário

QUESTÃO: Pedir para o funcionário “dar um jeitinho” configura o crime em


questão?

R.: Não, pois não há oferecimento nem promessa de vantagem indevida.

- vantagem indevida:

- se a vantagem for devida, haverá outro crime.

- vantagem: pode ser qualquer uma, econômica, sexual etc.

71
- a oferta deve ser feita a pessoa determinada ou pessoas determinadas (mais
de um funcionário)

- oferta genérica não constitui crime.

- ato de ofício:

- alguém pode oferecer dinheiro para que o funcionário realize suas funções;
mesmo assim, haverá crime.

- a conduta do agente deve ser anterior à conduta do funcionário.

- se o funcionário já praticou o ato, a pessoa não sabe e oferece dinheiro, não há


o crime.

QUESTÃO: O funcionário vai praticar um ato ilegal contra a pessoa e esta, para
não sofrer o ato, oferece dinheiro para o funcionário. Ela pratica crime?

R.: Não há crime. A pessoa está se defendendo da ilegalidade; ela não teve
iniciativa, apenas se defendeu.

6. Elemento Subjetivo do Tipo ou do Crime

- dolo genérico: é a intenção de corromper, oferecer, prometer.

7. Elemento subjetivo do tipo específico

- “para” determinar o funcionário público a praticar, omitir ou retardar o ato de

ofício.

8. Consumação

- ocorre no momento do oferecimento, da promessa.

- não importa se o funcionário irá fazer ou não.

- o crime é formal, não precisa do resultado para consumar-se.

- se o funcionário efetivamente praticar o ato - mero exaurimento; mas, nesse


caso, o exaurimento aumenta a pena em um terço - parágrafo único do art. 333
do CP.

72
8. Tentativa

- é possível apenas na forma escrita. Ex.: carta que se extravia antes de chegar ao
conhecimento do funcionário.

9. Objeto material

- a vantagem

10. Elemento normativo do tipo

- indevida

11. Procedimento

- ordinário

12. Competência

- justiça comum estadual

13. Suspensão Condicional do Processo e Transação

- incabível a suspensão: pena mínima superior a 1 ano

- incabível a transação: pena máxima superior a 2 anos

14. Classificação

- comum

- formal

- forma livre

- comissivo

- instantâneo

73
- unissubjetivo

- plurissubsistente

15. Ação Penal:

- pública incondicionada

16. Fiança

- cabível, porque a pena mínima não ultrapassa a dois (2) anos – CPP, art. 323, I

17. Confronto

- art. 316 do CP – concussão: se o suborno é exigido pelo funcionário

18. Causa de aumento de pena

- sim, no parágrafo único

CONTRABANDO OU DESCAMINHO – CP art. 334

1. Sujeito Ativo

- qualquer pessoa

2. Sujeito Passivo

- o Estado

3. Tipo objetivo

a) contrabando:

- importar ou exportar mercadoria (=móvel apto ao comércio) proibida;

- que mercadoria? Trata-se de norma penal em branco, que deve ser

74
complementada por portarias e regulamentos aduaneiros

b) descaminho:

- iludir (fraudar, burlar) o pagamento de direito (direito aduaneiro ou imposto

devido pela entrada, saída ou consumo de mercadoria (não proibida)

- na importação são devidos os seguintes impostos: a) de importação; b) IPI; c)

ICMS

- na exportação: o imposto de exportação

- o termo “DIREITO” compreende: contribuições, encargos, adicionais, taxas,

capatazias (taxas aduaneiras), tarifa de armazenagem, etc

4. Objeto jurídico

- a administração pública, considerando seu interesse patrimonial e moral

5. Objeto material

- a mercadoria

- o direito

- o imposto devido

6. Elemento subjetivo do crime

- o dolo

7. Elemento normativo do tipo

- “fora dos casos permitidos em lei” - § 1º, a

75
8. Consumação

a) pela alfândega: no momento da liberação (desembaraço) da mercadoria

b) não pela alfândega: no momento em que a mercadoria entra ou sai do

território nacional

9. Tentativa

- admissível

10. Procedimento

- ordinário

- sumário

- sumaríssimo?

11. Competência

- justiça federal do local da apreensão da mercadoria – SúMULA 151 DO STJ

12. Suspensão Condicional do Processo e Transação

- cabível a suspensão no caput: pena mínima não superior a 1 ano

- incabível a transação no caput: pena máxima superior a 2 anos

13. Classificação

- comum

- próprio: nas hipóteses do § 1º, c, d

- formal e material (nas hipóteses: vender, utilizar, adquirir, receber e ocultar)

- forma livre

76
- comissivo e omissivo (na hipótese de iludir o pagamento)

- instantâneo e permanente (expor à venda, manter em depósito, ocultar)

- unissubjetivo

- plurissubsistente

14. Ação Penal:

- pública incondicionada

15. Fiança

- cabível, porque a pena mínima não ultrapassa a dois (2) anos – CPP, art. 323, I

16. Confronto

- se houver facilitação por funcionário público: art. 318 do CP.

- art. 234 do CP: importação de objeto obsceno, etc

- mercadoria privilegiada

- importação de drogas: art. 33 da Lei 11.343/06

- importação de material bélico privativo das Forças Armadas – Lei 7.170/83,

artigos 12 e 14 (Lei de Segurança Nacional)

- armamento

- droga

- ovos, larvas ou espécies da fauna silvestre – Lei 9.605?98

17. Contrabando ou descaminho por equiparação - § 1º

- navegação de cabotagem: é o comércio direto entre os portos do país, realizado


dentro das águas marítimas e dos rios

18. Figura qualificada

77
- em transporte aéreo - § 3º: pena dobrada

O Senhor é o meu Pastor. Nada me faltará.

CP 335 – IMPEDIMENTO, PERTURBAÇÃO OU FRAUDE DE CONCORRÊNCIA

- revogado pela Lei 8.666/93 – artigos 90, 93, 95, 96 e 98.

CP 336 – INUTILIZAÇÃO DE EDITAL OU DE SINAL

1. Sujeito Ativo

- qualquer pessoa

2. Sujeito Passivo

- o Estado

3. Tipo objetivo

NÚCLEOS:

- rasgar: dividir em pedaços, romper, desfazer

- inutilizar: destruir, tornar inútil

- conspurcar: sujar, macular

- violar: devassar, profanar

EDITAL:

- administrativo ou judicial

- é o ato emanado de autoridade administrativa ou judicial para dar avisos ou


intimações

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- SELO ou SINAL: marca destinada a identificar algo

4. Objeto jurídico

- a administração pública, considerando seu interesse patrimonial e moral

5. Objeto material

- o edital

- o selo

- o sinal identificador ou que cerra algo

6. Elemento subjetivo do crime

- o dolo

7. Elemento subjetivo do tipo específico

- não há.

8. Elemento normativo do tipo

- não há

9. Consumação

- com a efetiva prática das ações incriminadas

10. Tentativa

- admissível

79
11. Procedimento

- sumaríssimo

12. Competência

- justiça comum (estadual ou federal);

13. Suspensão Condicional do Processo e Transação

- cabível a suspensão: pena mínima não superior a 1 ano

- cabível a transação: pena máxima não superior a 2 anos

14. Classificação

- comum

- formal (NUCCI) – material: DELMANTO e Ricardo Antonio Andreucci)

- forma livre

- comissivo

- instantâneo

- unissubjetivo

- plurissubsistente

15. Ação Penal:

- pública incondicionada

16. Fiança

- cabível, porque a pena mínima não ultrapassa a dois (2) anos – CPP, art. 323, I

80
17. Confronto

- descaracterizam o crime: abuso ou ilegalidade do ato e o fim do prazo do edital

SUBTRAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO – art. 337 do


CP

1. Sujeito Ativo

- o particular: qualquer pessoa

2. Sujeito Passivo

- o Estado

- secundariamente, a pessoa prejudicada

3. Tipo objetivo

- subtrair: tirar, retirar, tirar às escondidas

- inutilizar: tornar imprestável ou inútil

4. Objeto jurídico

- a administração pública, considerando seu interesse patrimonial e moral

5. Objeto material

- o livro oficial (criado por lei)

- o processo (administrativo ou judicial)

- o documento. Ex.: provas de concurso público oficial entregues a particular ou

81
examinador convidado (Nelson Hungria)

6. Elemento subjetivo do crime

- o dolo

7. Elemento subjetivo do tipo específico

- não há.

8. Elemento normativo do tipo

- não há.

9. Consumação

- com a efetiva subtração ou inutilização (completa ou parcial)

10. Tentativa

- admissível: só na modalidade de subtrair (NUCCI) em ambas (DAMÁSIO)

11. Procedimento

- ordinário: pena de 2 a 5 anos

12. Competência

- justiça comum (estadual ou federal);

13. Suspensão Condicional do Processo e Transação

- incabível a suspensão: pena mínima superior a 1 ano

82
- incabível a transação: pena máxima superior a 2 anos

14. Classificação

- comum

- formal: NUCCI; material: DAMÁSIO: material

- forma livre

- comissivo

- instantâneo

- unissubjetivo e plurissubsistente

15. Ação Penal:

- pública incondicionada

16. Fiança

- cabível, porque a pena mínima não ultrapassa a dois (2) anos – CPP, art. 323, I

17. Confronto

- art. 356 do CP: se o agente for advogado ou procurador

- art. 314 do CP: se for o próprio funcionário guardião do livro, processo ou


Documento

- art. 305 do CP: se o agente visa a benefício próprio ou de outrem

18. Subsidiariedade:

- este crime é expressamente subsidiário : “se o fato não constitui crime mais
grave”

- exemplo de crime mais grave: art. 305

83
SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA – art. 337-A

1. Sujeito Ativo

- o contribuinte

- o administrador de empresa

- o responsável tributário

2. Sujeito Passivo

- o Estado, em especial o INSS

- secundariamente, o segurado prejudicado

3. Tipo objetivo

NÚCLEOS:

- suprimir: eliminar, fazer desaparecer

- reduzir: diminuir

- o que? – contribuição social previdenciária e qualquer acessório

CONDUTAS:

a) omitir: deixar de fazer ou de mencionar algo - de folha de pagamento ...

b) deixar de lançar mensalmente ..

c) omitir total ou parcialmente receitas (faturamentos)

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4. Objeto jurídico

- proteção à seguridade social

5. Objeto material

- a contribuição previdenciária (espécie de tributo)

- ou qualquer acessório (tudo o que acompanha o principal (multa, juros, correção

monetária, etc)

- ou ainda, segundo NUCCI:

- a folha de pagamento

- o título próprio da contabilidade da empresa

- a receita

- o lucro auferido

- a remuneração paga ou creditada

- outro fato gerador de contribuição previdenciária

6. Elemento subjetivo do crime

- o dolo

7. Elemento subjetivo do tipo específico

- não há.

8. Elemento normativo do tipo

- não há

85
9. Consumação

- com a efetiva supressão ou redução da contribuição previdenciária ou

acessório

10. Tentativa

- controvertida

- inadmissível, pois a conduta de tentar seria ato preparatório, impunível

11. Procedimento

- ordinário: pena de 2 a 5 anos

12. Competência

- justiça comum federal

13. Suspensão Condicional do Processo e Transação

- cabível a suspensão: apenas no § 3º, tanto pela redução pela metade, quanto

pela aplicação da pena de multa

- cabível a transação apenas o § 3º: pela previsão da pena alternativa de multa

14. Classificação

- próprio

- formal (NUCCI); material (DELMANTO e DAMÁSIO)

- forma livre

- omissivo

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- instantâneo

- unissubjetivo

- plurissubsistente

15. Ação Penal:

- pública incondicionada

16. Fiança

- cabível, porque a pena mínima não ultrapassa a dois (2) anos – CPP, art. 323, I

17. Confronto

- art. 168-A do CP: se o agente se apropria das importâncias recolhidas dos


contribuintes

- Lei 8.137/90: se se trata da sonegação de outro tributo

18. Causa de extinção da punibilidade

- § 1º: espontaneamente ... antes do início da ação fiscal (que se dá com a


notificação do lançamento fiscal)

19. Suspensão da pretensão punitiva do Estado

- com o parcelamento do débito previdenciário – Lei 10.864/03, art. 9º.

Se Deus é por nós, quem será contra nós?

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