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06/06/2018 ROTEIRO: Distribuição de Tempos de Residência em Reatores

Universidade Estadual de Campinas


Faculdade de Engenharia Química
Departamento de Processos Químicos
Roteiro: EQ-801 - Laboratório de Engenharia Química III

Distribuição de Tempos de Residência em


Reatores

1. Objetivo
Estudar o comportamento de escoamentos não ideais, determinar a distribuição de tempos de residência
(DTR) e comparar as distribuições experimentais com as de alguns modelos de reatores.

2. Aspectos Teóricos

2.1. Escoamento Não Ideal


Dois tipos de escoamento ideais são conhecidos e empregados em projetos: o tubular empistonado ("plug
flow") e o de mistura perfeita ("backmix flow"). Os métodos de projeto baseados nestes modelos de
escoamento são relativamente simples, e em grande parte dos casos, o escoamento se aproxima com erro
desprezivel do comportamento ideal. Por outro lado, os projetos que levam em conta os desvios da
idealidade são mais complexos e ainda não estão bem desenvolvidos (Froment e Bischoff, 1979). Os desvios
podem ser causados pela formação de canais, pelo reciclo de fluído, pelo aparecimento de regiões
estagnantes no recipiente ou por outros fenômenos não considerados nas hipóteses dos modelos ideais.

Os problemas de escoamento não ideal estão intimamente ligados ao aumento de escala, pois a questão de se
partir ou não para as unidades piloto reside em grande parte em possuir o controle de todas as variáveis mais
importantes envolvidas no processo. Geralmente, o fator não controlado no aumento de escala é a grandeza
da não idealidade do escoamento, e esta, frequentemente, é muito diferente para unidades pequenas ou
grandes. Portanto, o desconhecimento desde fator pode levar a erros grosseiros no projeto (Levenspiel,
1972).

No projeto do reator com escoamento não ideal é necessário saber o que esta acontecendo dentro do vaso. O
ideal é se ter um mapa completo da distribuição de velocidade para o fluído, o que é muito difícil de ser
obtido. Para superar estas dificuldades, existe um número mínimo de parâmetros que devem ser
determinados a fim de que o projeto seja possível. Em muitos casos, o conhecimento do tempo em que as
moléculas individuais permanecem no recipiente, isto é, qual a distribuição do tempo de residência do fluído
que está escoando, é suficiente para o projeto.

2.2. Distribuição do Tempo de Residência


É evidente que elementos de fluído que percorrem diferentes caminhos no reator podem gastar tempos
diferentes para passarem através do recipiente. A distribuição destes tempos para a corrente que deixa o
recipiente é chamado de distribuição do tempo de residência (DTR) do fluído.

É conveniente representar a função DTR de tal maneira que a área sob a curva seja unitária, isto é,

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onde E é a função DTR do fluido de saída do recipiente. Este procedimento é chamado de normalização da
distribuição. Com essa representação, a fração da corrente de saída com tempo de residência ou idade entre t
e t+dt é:,
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e a fração da corrente com tempo de residência ou idade inferior a t1 é:

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enquanto que a fração com tempo de residência ou idade superior a t1 é:

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Tem-se ainda que:

(5)

2.3. Métodos Experimentais


A forma mais simples e direta de se encontrar a distribuição de tempo de residência é utilizar um traçador
físico ou não reativo, empregando a técnica de estímulo e resposta.

Vários tipos de experimentos podem ser usados com estímulos do tipo pulso, degrau, períodico ou
randômico. Entre estes, o pulso e o degrau são os mais fáceis de serem interpretados.

2.3.1.Estímulo Tipo Degrau Negativo


O estímulo tipo degrau negativo, equivalente ao "wash-out", se caracteriza pelo deslocamento de um traçador
inicialmente presente no reator. Se a concentração inicial de traçador no reator é Co, o registro da
concentração na saída do recipiente medida como C/Co em função do tempo corresponde à fração de fluido
com tempo de residência superior a t, ou 1 - F(t).

2.3.2. Tempo Médio de Residência


O tempo médio de residência é dado por:

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ou em dados discretos:

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A dispersão da distribuição é medida pela variancia, é dada por:

(8)

Na forma discreta:

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Se a densidade do fluido escoando no reator se mantiver constante

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onde é o tempo espacial, V o volume do reator e vo a vazão volumétrica na entrada do reator.

3. Instalação Experimental
Esta prática consiste em experiências com dois tipos de reatores: tubular e vaso agitado. É empregada como
traçador uma solução de corante de alimentos.

3.1. Reator Tanque Agitado de Fluxo Contínuo


A figura 1 mostra o esquema da instalação experimental do reator tanque agitado de fluxo contínuo. O
volume do reator será de cerca de 1500 ml. A alimentação emprega o mesmo sistema do reator tubular e a
retirada de amostras é realizada na saída do reator. A agitação é feita por um agitador mecânico com rotação
ajustável e posição da pá regulável através de deslocamento vertical.

Figura 1 - esquema da instalação experimental do reator agitado

3.2. Reator Tubular


A figura 2 mostra o esquema da instalação experimental do reator tubular. O comprimento do reator é de
1,95 m e seu diâmetro interno é de 5 cm. O volume total interno é de cerca de 2000 ml. A alimentação é
constante e contínua por diferença de nível controlado por uma bóia. A válvula agulha V3 é usada para
ajustar a vazão de líquido. A válvula V2 permite a entrada de traçador no reator a partir de um reservatório
em nível mais elevado. A válvula V4 é usada para eliminar bolhas de ar do tubo.

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Figura 2 - Esquema da instalação do reator tubular

3.3. Materiais
Corante de alimentos (traçador)
Tubos de Ensaio de 10 ml
Cronômetro
Proveta de 100 ml
Espectrofotômetro
Balança eletrônica

4. Procedimento Experimental

4.1. Reator tanque agitado de fluxo contínuo


Preparação:

a) Ajustar a pá do agitador a cerca da metade da altura do conteúdo e ligar a agitação em uma velocidade
qualquer.

b) Ajustar as vazões de água de entrada para 130 ml/min, abrindo totalmente a torneira e utilizando a
válvula V0 para efetuar o ajuste da vazão.

c) Após o reator ficar completamente cheio (água fluindo pela saída), fechar completamente a torneira,
desligar o agitador e determinar o volume do reator através do volume de líquido presente no reator (Não
mexer na válvulas de controle de vazão, V0).

d) Esvaziar o tanque e enchê-lo com traçador.

Experiência:

e) Abrir completamente a torneira para a entrada de água e acionar o cronômetro.

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f) Retirar amostras em tubos de ensaio nos tempos 0, 20'', 40'', 1'00",1'30", 2'00", 2'30", 3'00", 4'00", 5'00",
6'00", 8'00", 10'00", 12'00", 15'00", 20'00", 25'00", 35'00", 45'00".

g) Analisar as amostras com auxílio do espectrofotômetro (a 512 nm).

h) Repetir o experimento adicionando um segundo tanque agitado em série com o primeiro, e dobrando a
vazão de água na entrada do primeiro tanque.

Obs.: Verifique a vazão no decorrer do experimento.

4.2. Escoamento Tubular


Preparação:

a) Encher completamente o reator com água, abrindo a torneira e a válvula V0. A válvula V2 e a presilha P2
devem estar fechadas. Após o reator ficar cheio, ajustar a vazão de água para 100 ml/min através da válvula
V3. A válvula V1 e a presilha P1 devem permanecer abertas.

b) Fechar a presilha P1 e abrir P2 para esvaziar o tubo. Colete o líquido para determinar o volume do reator.

c) Fechar a presilha P2 e abrir a válvula V2 para permitir o enchimento do tubo com o traçador.

d) Após o enchimento do tubo fechar a válvula V2.

Experiência:

e) Com o traçador ocupando todo o tubo, abrir a presilha P1 e acionar o cronômetro.

f) Coletar amostras com tubos de ensaio nos tempos 0; 1; 3; 5; 7; 9; 11; 13; 14; 15; 16; 17; 17,5; 18; 18,5; 19;
19,5; 20; 20,5; 21; 21,5; 22; 22,5; 23; 23,5; 24; 24,5; 25; 25,5; 26; 26,5; 27; 28; 29; 30; 32; 35; 38; 40
minutos.

g)Analisar as amostras com o espectrofotômetro (a 512 nm).

Obs.: Verifique a vazão no decorrer do experimento.

5. Análise dos Dados

5.1. A partir dos dados obtidos, construir as curvas C/Co, F = 1 - C/Co e versus t.

5.2. Calcular o tempo médio de residência e o tempo espacial para cada caso.

5.3. Obter as curvas E e F para os seguintes modelos de reatores: CSTR ideal, CSTR com canalização e
volume morto, PFR ideal, escoamento laminar segregado e N tanques CSTR em série; comparar com as
curvas experimentais.

5.4. Discutir os resultados levando em conta os seguintes pontos:

grau de desvio da idealidade de cada caso


apontar as prováveis causas da não idealidade em função das características das curvas e dos modelos;
comparar o tempo médio de residência calculado a partir dos dados experimentais com o tempo
espacial calculado a partir do volume do vaso e da vazão de líquido.Discutir as diferenças;
discutir a aplicação dos modelos utilizados nos reatores testados.

6. Bibliografia
Fogler, H. S., "Elements of Chemical Reaction Engineering", 2nd Edition, Prentice Hall, New Jersey, 1992.
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Smith, J. M., "Chemical Engineering Kinetics", 3rd Edition, McGraw-Hill, New York, 1981.

Levenspiel, O., "Patterns of Flow in Chemical Process Vessels", in Adv Chem. Eng. 4, 95, 1963.

Froment G.F. & K.B. Bischoff, "Chemical Reactor Analysis and Design", John Wiley & Sons, New York,
1979.

Levenspiel, "Engenharia das Reações Químicos", Vols. 1 e 2 , Edgard Blucher Ltda, São Paulo, 1972.

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