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OESEZIULSIO ap SOpoUl QOVAGAVAVHD WOLALVd Patrick Charaudeau Linguagem e discurso modbos de organizacao Orpentzagia Aperecize lino Paulukons Ida Wela Machods comeropte ep oe ete ‘argo 5 conta so taeie aera ea Pa Coal “olen deci deasclke errand ‘Elfeca Conn Eines oy Ends pa oma ara Vis Bos Aagl MUS Cons ada ntrconas de Caos a Pai (AP) (Cars Bana do Ln. SB Bex Tisai ack Lingangem eden mod de sping! Pack Chante ose ‘reuipede nae Aga M8. Coe (es Muhoda Si Pale: Comat 208 isin ISBN oreNs Taso |. lade decane 2. Cmnlss Singaigen Ti rsa coowrst Tae pam ope semi {Ani oe amen nga Eprvons Conrexrs Dicsot ei ie Py ‘as Do Ei, 500— Ae ds Laps 5085 0 S Pak. aa (1 25858 ‘eee ckierneeoemacbe ‘woedeencrecan come er Pi pil (nfs ss pcs ma ema dh “8 Sumario ry Probilemas de abordagem na andlise do discurso.... | tntreclugia 2 una peoblematizagio do disCw0 As diferentes atindes dliante da Haguagem co HL. © campo semiclingttice nen O signo entre o sentido de lingua eo sentido de discurso EL Addupla cimensao do fendmeno linguageieo, zs asi TAs coneligdes de produce / Interpretaco do, ato de inguagem (ou circunstineias the UISCUS0) a UL A problemitica do signo. “ me Oato de linguagem comoencenagato 1.0 atode linguagem como ato: inter-eminciativo TL Definigie das sujeitos da linguagem 6 TL Contratos © estratégias de discurso, 3 z 6 FV, © que: analisir um ato cle Kinguaigem? oso 2 Principios de organizagio do discUrs0 mmemennmmnnen 10 que é comuniear < si SF ‘A simago de comunicagieo i oo ® I. Mowlas ee ongunizagii Us eeu... ne a 1. Encenagie diseuniva Modo de organizacio enunciativo . Definisio © fungi do modo enunciative I Compenemtes ca construgio enunctativ... generon IL. Provedimentos da construsio enunciativs.. 1. Procedimentos Tinguisticos da construcio enunelativa: as eategocias modais.. se - 86 Modo dc organizacio descritivo... 1. Sobre o mado descrtiva... HA construgiio descrtiva ILA encenagio desertiva... Modo de onganiag0 Marr 80 ener I. Sobee o mado narrative, 1. Organizacio da Logica narrativa LA encerasieo nacrativa Modo de organizagio argumentatiV0 cine 1. Sabre & made aigummentativo, co . I Organizacio da Kigica argumenativa . A encenago angumentativa é e 251 Oamor... (Am empauianilns icici RSS Os tradutores.. 255 Prefacio Alinguageméprépriadohomem. Desde Antiglidade que osfildsofos o epetem, ‘oquevem sendoconfirmado pelascigncias sociasarravésde suasandlseseexperimentos. a Tinguagem que permite ao homtem pensar € agit. Pois ndo hi agio sem ‘pensamento, nem pensaumencoseminguagem. Frambem alingwagem que permite ao hhomem siverem sociedad, Sem a lingwagem cle no saberia como entrar em- — Explocigio = C de D* [Esapaego') te el Sadimeneigte de wm ND — Exploragio = C de D*[Emprege*) 1, Exemplos de determinagao do Nucleo metadiscursivo EXEMPLO: Ineeroir a) Tomemos um primeiro corpus (1) "0 Secretitio Geral da ONU interven no conto do Oriente Média, (2) "0 cirurgiaa farereia is oivo horas da noite.” () “Ele sntervemn a propésito na discussio.” (4) "0 professor deve sber imtersir oporeunamente.” (5) “O advugadlo inservia junto 2 acusacio.” (6) "As forgas da ordemn acabarsm por fate.” (7) “Esse aluno nao inrervéne com fecaiéneia nas aus.” (8) “Ele sternind por mim na sesso da Ciara Municipal.” (9)"O governo declaron que nsnhum esirangsiro deveria inerafr nos negécios incernos do pais.” 1b) Tomemos estas parifraes interpretativas correspandentes (110 Seeretério Geral da ONY dsp o pape de mediadar nw confiva do Oriente Média, (2) 0 cdrurgian gperae is nito horas da noite, (B) Ele fae sempre reflexes perrinentes na discuss. (4) O professor deve saber dar explicares na momene cert. (5) O advogado aprsenton wn requerimented aeusacio (6) As forgas da ordem acabaram por se enoarmpar da situacio. (7) Esse aluno mo participa mito das alas 4) travagen edeomo (8) Ele rd meu porta-rve na sesso da Camara Municipal. (9) O governo declarou que nenhum estrangeiro deveria iutromeerse nas negécios interns do pats, ‘Observagies: (Cala uma da parifases depende de uma circunstancia de discurso syporda e ‘io tm, portanca, valor de equivaléncia absoluta. Por excmplo, frase (6) poderia ser puraftaseada, conforme a circunseéncia de discurso, por: ~ As orcas da ordem acabaram por separ os beligenantes. ~ As foagas da onder acabaram por diipersar a manifetagie ~ As Forgas da ordem acaharam por restabelecer a kei ett [No cspecificamos a Cirrunmincia de Discurso para cada frase, mas supomos aque sea alequada para eada paréfase Reduzimos valuntariamente 4 variagSo paralréstica na clucidagio do verbo intervie € por isso que obtivemos tanto glosas (dexemspenbar 0 papel de mediacors ‘apreentar um reuerinensa), quant sininims (openar, mudar,iutrometerse) © Comparagiio das seqyigncias: as diferencas de sentido —a Significagso Cada parifiase do compar chacida © verbo de uma forma partisulan criando, a ‘adh momento, um conjunto paradigmitico diferente dos outros (0 conjuntoinrervém/ desempenba » papel de metindor & difereme de snterveiloperou, que & diferente de ntervirke encarnegar, ec.) ‘Ota, a somparagio dos conjuntos parsdigméticos nos quais se eneontra um ‘mesmo signficante € 0 Ginico meio experimental de constatar as diferenqas € as semelhangas seminticas. Buscando julgar 2 toalidade significaiva do sign, vemos aqui apenas diferengas, Podemos dizer; do ponte de vista da significagio discursive, cada um destes usos do verbo ineruir € portadar de uma especifcidade de sentido riunda do contexto e ds Cireunsancia ele Discos Correlativamente, s¢ analisarmos intervfr em cada um desses contextos sliscursivas, constataremas que © uso dessa forma verbal fornecs, a cada momento, informagdes particulares sobre o actante-agente €@ modo de asa. Assim: = O ACTANTE-AGENTE, fm (1) € um mediador, em (2) € um agente que euida e que exeroe uma acio Fisica: «em (3) & um falante tido como inteligente: em (5) € um falante que negacia: em (6) € um agressor ou um reparador (dependendo do ponto de vista, etc = MODO DE ACAO em (1) é uma mediagio: em (2) & uma climinagio de urn mals ‘Stiga ante o tentde dengue eo senido de dicuna AT «em (3) € urna melhoria (faz a debate progrediti em (4) é uma ajuda: cm (5) ¢ uma nego em (6) & uma agrestio, ete Evid quanto mais a refinamos em fungdo das C de D, mais informagies particulares sie cvidenciadas em cada caso, aumentando cada ver mais a especificidade semntica de cada empeego de inrervirs Diremos que cada marca lingifstica de iatervir conttibui, conforme sua combinatria, para dar um conjunto de informacGes sobre o actante-agente, sobre seu mode de agio, sobre @ impacto que cle pode causar¢, para alm dessas infermagies, sobreo enunciader do discurso: ele pode julgar “ote de incersengo” como: positivo, negative, neutro-ou outro. Assim senclo, una mearea aio € um signo, mas & combinatéria das marcas que, no conrexto, fitz signe, 4) Comparagio das seqiitncias semelhancas de sentido—oNicleo metadiscunive Jogar 0 jogo das semelhangas nio consiste em estabelecer agrupamentos seminticns (o grupo em que o modo de acio uma fie, 0 grupo em que o moda de asso um ato material, etc), mas ern refletir sobre a que condigies corresponde -emprego da marca no contexto, «em decantar as condisGes, até que elas se tommem comuns 29 maior nimero possivel de empregos Assim, na caso.em questio, podemas obter as seguintes condigies minimast mente, essa andlise poderia ser mais fina, mais sutil, No entanco, ~ Existe wm staao ute (8) = Faiste um accantenagente que far uma apie a expel — Este Ackante:— tem combecimento de S! =€ exterior aS* ign S' para modeficar ign S* moelfcivel se julga oxpac de modifcarS' ("“Influenciade:”) Observagdes: Esa seti sdesctigio do que denominamos Nticleo mecadiseursivo. No entanto, nio estamos certos de que se trate, integralmense, do mesmo NmD «que foi definido por uma determinada semsintica estrutural, Na verdade, se, de um lado, serefere o maior denominador comum das signifiagoesde viriosempregos, de cutto lado, no se wata dos elementos sémicos que representariam a exruturagio da 42° Ainguogeme discario mundo. mas, sim das condires de realtcapio discursive dma marca, cuja combinagaa com ourras marcas fardexisir 0 signo. = Enfim, diremos que, contrariamente 20 que foi freqlentemente declarado, no 0 ND qus permite a cradugao de uma lingua nacural para autra, mas sim o conhecimento do NinB} em uma relagso estreita cam o concexto diseutsivo portadloe de um universo de discurso mais ou menos codificado. ©) Confroato com outros contextas Recornemes agora aos contextos discursivos abrindo, quando necessirio, nosso corpus 2 outros cxsmplos,afim de verificar a validads de nossa descrisio. (Observamos que 2 estrutura meradiscussva sofre algumas modificagses + As vezes, alguns componentes da estrurura sio apagadas: "Ele inccrvcio sem querernestaquestio", porexcmplo, apaga provavelmente do ponte devistado enunciador.em todo c2so):0 Actante emconhecimentodeS', oActantejulga S' paramodificar, @Actante julga S' modlficivel, co Actantes¢julga o nfluenciador, ~ Nie & cere que em (7), mesmo na form positiva, o Actante sta julgado ou se ilgue Influenciador. += As vezes, os componentes nia kim © mesmo valor conforme on eliertsos: em (2), por exemplo, © Actante nso cem de julgar modiicsvel S' da mesma forma aque 9 Actante de (1) ow 0 de ( ‘em (1), (5) € (6) 5! ¢ julgade negativamente pelo Actante, 0 que nio &0 caso de (68) + As vezes, nfm, serves contentos discursives utilizam to poucos elementos dessa estrutura que podemos nos perguntar se eles no dever tornar-se abjeto de uma outta slescrigén, o que seria 0 caso de exemplas como: “E um fator que pode interefr de mancira decisiva.” *O estada do figada fermen sempre nesse tipo de doen.” "O cxercicio deve fnierrir no momento eporrins.” esta forma, o problema apresemado € 9 de saber se devemos ennsiderar aque temos 2eess0 2 um tinico NruD que seria explorado de diversas manciras, ou se devemos concluir que hé um fracionamento diacrimica de um primeiro ND? que, em um momenta dererminado, torna possivel a existéncia de varios outras ND. ‘De nossa parte, pensammes que cada conssata modifica @ NmD ancerion, tomande-e mais abserato a cada uso, © ato de linguagem como encena¢cdo |. 0 ato de linguagem como ato inter-enunciativo 1, Seqiéncia n* 3 Victor decent ci sea pua se protege da chuvs evel be aque ia qu Ancilidamente, comegara mite mal, Stowe 3 mena ds Fund da saa: a garyomete ‘sprocimause dele ¢ pergumou: *O senbor fama?” Ele lewsmtou a cabega ¢ oho com ‘Gsleddade pocs a Jovem questa grleinente inland com an moe prs tia lh andene ‘com pavilion. Vicoradier'a papinis ine em mintionan shee orger ch pods significa. A jorem o eaava pagusrando? Nio, or essa sue pretndotE depois ese nem ss ooshecdnm. Serf que dha vam cua de Rimanne asim io evidenne: Com que dirt ‘ha ssa the Fzsado ssa pexgun? Ou cnsto ela queria wm signa sim <6 pera sor fee. Viewer ps eno 2 mio em seu bolso pur pegar sew mayo, mas nfo vevetstpo de Tirarnem a ponta do cigatro pois maocajd inka past wbrea mesa. cinecra que taza ‘emai mus, Victor ficou com tava desi mesmo por ee sido to bob, E evident que ringuém gosta de wer rac cinaas de cigaro nas wcsas de caf. 22. A seqiiéncia acima evidencia bem a assimetia da comunicagao. Vietor, em seu lugar de sujeito ineerpretante, cria uma série de hipéteses sobre o que poderia ser 2 intengio de eomunicagio da gargonete. Na verdade, se sence impossibilitado diante do fato da pergunta da garyonete ndo costesponder avs procedimentas discursivos coridianos que earacterisam a religio gargumtien, na sicuagio caf Ber: “pedicle de informagie sobre escola de prosluroaser consumo” A pergunta inesperada o leva a passar em revista diferentes interpretagies, Assim 44 Unguogemedicunio senda, Victor constréi para sf mesmo imagens de um interlocutor que nao € o enunciador real do ato de linguagem, mas o enunciador que ele, enquanto sujeito fnterpretamte imagina, Da mesma maneira, pedemas supor que a garyanete deve tee pensado ma possbilidade de seu interlocutor intespretar corretamente a pergunta que ela h. ormulado. 0 Fito de perder a “aposta"™, nos permite compreender que x gargonece havia construido para si uma imagem de seu interlocusor-destinatdrio que nio correspandia a de seu interlocutor-interpretance. ‘Quando definimos as Circwntincias de dlscuso,vimos que © ato de linguagsm, ‘como eventode producto au deintespretacio, depende dos aberessupestosquecitculam ‘entre os prosagonistas da linguagem”, Estes saberessio sorrelarivos a dupla dimensio “Explicito! Implicito do fendmeno linguageiro, Tal fito confirma a assimetria abservada acimacnineo processo de proxhisico processo de interpretagiedo ato de Finguager, 3. Em outras palivias,e designando por EU o sujeito produror da ato de linguagem, © por TU e sujeito-interlacuroe desse ato de linguagem, diremos que: = © TU no € um simples recepoor de mensagem, mas sim um sujeico que consti ‘uma interpretacio em fungSo do pento devises que tem sobre as circunstinciss de dliscuns ¢, portanco, sobre o EU (interpretar€ sempre instaurar um processo para aapurar as intengées do EU). ~ Conelativamente, esse TU-interpretante CTU’? nda én mesmo que © TUtestinactio 41U) 20 qual seditige oFU.Comoconseqjigneia, oTTU’, an fazersuainterpretag, relete ‘0 EXcom uma imagem (EU) diferente daquela que EU acreditava (quevat) tr, — Em outras palavras, o EU disige-se a um TU-destinatitie queo EU acredita (deseja) ser alequado a0 seu propssitolinguagsin (a “aposta”contida no ace de linguagem). Nontantn, 20 descobrie queo TU-interpretance (TU") mio conresponde a0 que havia imaginado (fabricada), acaba por descobrir-se some um out EU (EU), sujeito falante suposta (fabricado) pelo TU-interprerante (TU) ‘Assim, ato de linguagem nie deve ser consebido come umato de comunicagio resultante da simples producio de uma mensagem que um Emissor envia a. um ‘Receptor. Tal ato deve ser visto como um encontto diaktico (encontre esse que fandamenta a atividade metalingistica’ de elucidacio dos sujeitos da linguagem) sn dois prossstos: = processo de Prodaugao, ciado par um EU edirigido a um TU-estinatirin; ~ proceso de inerpeetaete, ctiade por um TUinsespretante, que constesi uma imagem FU’ do locutor. Fa th a Be Tnpapm dum apans” ques, ypr etm pr an inescue gue pe ‘0 ere tremens queso quedo fe asi + anisms cf eas angst ds echsgu mtg que fio [he <4 ci meatngtice de cada). hacks iinet Pa DN 173 Octedelingvegemcemoencenaréo 45 ‘Oato de linguagem torna-se enti um ato fteremunciatine entre qustrosujeitas {e nio 2), lugar de encontro imaginésio de dois universes ds discurso que nip sio {dénticos. O que represencamas provisoriamence pelo seguinte esquema: Universe de diccunve do EU EU Proceuo de produsio => TU Zom de inrcomprecnsio suposta EU" = Proceso de incxpretagio TU ‘Univers de discurw do TU Il. DefinigGo dos sujeitos da linguagem Esse desdobramento do EU e do'TU, caracrerttico desta concepsio do ato de linguagem, merece algumas expecificagses. 1. O sujeito destinatario (TUd) @ © sujeito interpretante (TUi) OTU¢ éo inteslocutar fbricado pelo ELI como destinaedrio ideal, adequsele a0 cu ato de cnunciagie. O EU tem sobre ee um coral dominio, jd que 0 coloca em cum lugar onde supe que sua intenge de fala serd totalmencetransparente para TUd. "Assim, sempre haveri um TUd presente no ata de linguagem, quer exja ‘oplicicamente mareado, quer no, Em "Saia”, o TU esté marcado explicitamente: «em "Ele sai", TUd nfo estd marcado explicitamente, mas esti presente, de acorde com as Cireunstdncias de Discurso € de acordo com © Contneio de comamtoaet (que definiremos adiante). E preciso, igualmence, acrescentar 3 existéncia de vivios TUd

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