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CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE SARGENTO

CHEFIA E LIDERANÇA
NESTA DISCIPLINA, VOCÊ IRÁ APRENDER:

1- Conceito de Chefe; Comando e Chefia.


1.1- Atributos do Chefe
2- Conceito de Líder
2.1- Qualidades do Líder
3- Motivação e Liderança
4- Quadro comparativo - Diferenças entre Chefe e Líder
5- Considerações Finais

INTRODUÇÃO

Vivemos, na atualidade, uma realidade social com constantes mudanças em todos os


seus segmentos. Diante disto, a Polícia Militar não poderia continuar a desempenhar seu papel
nos antigos moldes. Neste sentido, é sabido que já obtivemos muitos avanços, entretanto ainda
temos muito a progredir. A distância social não é mais aceita e a Polícia de Proximidade busca o
entendimento e o entrosamento com as comunidades.
A proposta da Polícia de Proximidade tem como objetivo melhorar o desempenho e o
relacionamento da polícia com a sociedade, precisamos trabalhar tendo como foco o cidadão e
a proteção dos direitos sociais e humanos.
Na medida em que a sociedade se transforma e a Corporação acompanha esta
transformação, faz-se necessária a qualificação de seus profissionais. Dentro deste contexto,
torna-se indispensável profissionais que liderem e caminhem no sentido de enriquecer os
objetivos e princípios da instituição, através de ações integradas que fortaleçam o diálogo e
mantenham o processo de comunicação claro e aberto.
1- Conceito de Chefe; Comando e Chefia

Entendemos por chefe aquele que exerce autoridade, dirige, governa ou administra. O
exercício da chefia é prerrogativa de um cargo recebido ou conquistado, de fundamental
importância na condução do grupo/equipe para atingir um determinado objetivo, chefiar
significa contrariar interesses e estabelecer prioridades. As qualidades do chefe o tornará um
líder.
Comando é a autoridade que o militar exerce sobre seus subordinados, em virtude do
posto, graduação ou função, é uma espécie de chefia militar. O comandante deve capacitar os
militares a cumprirem qualquer missão, agindo com responsabilidade, mesmo na ausência de
ordens.

1.1- ATRIBUTOS DO CHEFE

Na função de chefia algumas atitudes específicas, tais como: organizar, comandar e


controlar determinarão uma boa administração.
São regras de procedimentos de um Chefe para controlar ou dirigir as ações dos seus
subordinados:
1. Conhecer a sua profissão;
2. Conhecer a si próprio e procurar aperfeiçoar-se (pontos fracos e fortes);
3. Conhecer seus subordinados e interessar-se pelo seu aprimoramento profissional e
bem-estar;
4. Manter seus comandados bem informados;
5. Dar o exemplo;
6. Verificar se a ordem foi bem compreendida, fiscalizada e executada;
7. Instruir seus comandados como uma equipe;
8. Decidir com acerto e oportunidade;
9. Ter amor à responsabilidade e desenvolver esse sentimento entre os subordinados;
10. Empregar as tropas de acordo com suas possibilidades; e
11. Assumir a responsabilidade dos seus atos.

Ao que se trata das Qualidades de Chefia podemos compreender da seguinte forma:


“São atributos humanos de grande valor, pois facilitam a aplicação dos princípios de
chefia e concorrem para a aquisição da confiança, do respeito, e da cooperação dos seus
subordinados. Os principais são: assiduidade, disciplina, principalmente no que tange ao
cumprimento dos horários, boa apresentação, iniciativa, espírito de decisão, coragem para
mudar aquilo que está errado, sentimento do dever, tenacidade, entusiasmo, integridade moral,
bom humor, senso de justiça e julgamento, lealdade, simpatia, tato e desprendimento, revelado
pela renúncia consciente do conforto ou dos privilégios em detrimento dos outros.”
Academia da Polícia Militar D. João VI “Chefia e liderança”

2. CONCEITO DE LÍDER

Por líder entendemos ser aquele que consegue estabelecer uma interação pessoal com o
grupo/equipe, influenciando estes a se comprometerem com a busca de objetivos comuns.
Liderar significa descobrir o poder que existe nas pessoas, torná-las capazes de criatividade,
autorrealização e visualização de um futuro melhor para si e para a organização em que
trabalham.

Segundo Meneghetti :

"O líder é aquele que sabe servir, que sabe fazer funcionar a harmonia das
relações entre os operadores de um contexto (empresarial ou outro), para que
exista o máximo de produção específica ou resultado integral. O líder é o centro
operativo de diversas relações e funções, é aquele que sabe individuar a
proporção de como se movem as relações da vida e sabe aplicar, a cada situação,
a fórmula justa para resolver e realizar econômica, política e socialmente".

Na definição de Motta (2003, p.220):

“O líder é, em princípio, uma pessoa que conhece bem a si mesmo antes


de conhecer o mundo, a sua organização e as pessoas. O líder tem consciência de
seus pontos fortes e fracos, e sabe tirar vantagem de suas condições positivas
para compensar e melhorar suas características negativas. Na verdade, o líder se
exprime verdadeiramente. É um indivíduo que luta para ser ele mesmo, testa suas
próprias crenças e possibilidades, e descobre seus próprios caminhos e sua própria
maneira de enfrentar e se adaptar à realidade. A autenticidade do líder, em sua
maneira de ser, é o que o faz descobrir novos destinos e inspirar seguidores a
perseguir um novo futuro.”

Há alguns anos atrás, a psicologia e a administração admitiam que um líder já nascia


feito, predestinado a liderar. Apesar de algumas características serem específicas de cada
indivíduo, alguns se destacando e liderando naturalmente, entende-se que qualquer pessoa
pode tornar-se um líder em seu campo de atuação, bastando apenas querer. Neste sentido é
que, atualmente, recomenda-se aos chefes (comandantes, dirigentes, etc) a dedicação ao
aprendizado da liderança e o empenho individual em enriquecer a própria experiência.
O essencial na liderança é o reconhecimento do outro, no poder que o outro tem,
possibilitando assim que suas intenções se tornem realidade e se sustentem ao longo do tempo.
Os lideres desenvolvem entusiasmo, autoestima e ideais entre os liderados. Para aprender a
respeito dos seus subordinados o dirigente deve possibilitar uma comunicação efetiva o que,
além disso, viabilizará a orientação sobre novas possibilidades, criando dependência mutua e
fazendo-os sentirem-se parte de uma equipe.

Mitos e Realidades Sobre Liderança1

Liderança não é: Liderança é:


1- mágica ou mistério 1- habilidade humana e gerencial
2- propriedades de pessoas eminentes 2- alcançável por pessoas comuns
3- fruto de qualidades especiais 3- produtos de habilidades e conhecimentos inatas
aprendidos
4- Panaceia para a solução de todos os 4- forma de comunicação e articulação de uma
problemas missão e de futuros alternativos
5- uso de poder pessoal para garantir 5- uso de poder existente nas pessoas para garantir
o
seguidores ou propósitos pessoais alcance de propósitos comuns

1
Gestão Contemporânea: A Ciência e a arte de ser dirigente. Pág.: 222
2.1. QUALIDADES DO LÍDER

Consideremos algumas qualidades e atributos de um líder:

Iniciativa – Comprometimento – Agilidade – Coragem – Criatividade – Entusiasmo – Integridade


– Autoconfiança – Humildade – Ousadia –Honestidade – Habilidades Sociais – Habilidades
Interpessoais – Habilidades Técnicas – Habilidades Administrativas – Habilidades Intelectuais –
Manutenção de grupo de trabalho coeso – Manutenção de coordenação e trabalho de equipe –
Apoio ao trabalho do grupo – Disposição de assumir responsabilidade – Equilíbrio e controle
emocionais – Conduta ética – Poder de decisão – Comunicação – Verbalização.

É importante ressaltar que qualidades e atributos nos norteiam, mas não são suficientes
para explicar a causa da liderança efetiva. No sentido de orientação, torna-se conveniente o
estudo dos estilos de liderança. Atualmente, tem sido considerado como ideal o estilo de
liderança que envolve ativamente os subordinados no estabelecimento de metas, e enfoca
tanto as pessoas como a tarefa.

Vejamos três tipos de liderança2:

a) Liderança autoritária ou autocrática: dá ênfase à responsabilidade integral do líder,


que fixa normas, estabelece objetivos e avalia resultados. O líder é o único dono da verdade; é
quem estabelece normas rígidas, inspeciona os subordinados nos mínimos detalhes e determina
os padrões de eficiência usando, para motivar os homens, o sistema de recompensas e punições.
Ele despreza as ideias do subordinado, inibindo criatividade e a iniciativa destes.

b) Liderança participativa (democrática): de acordo com este tipo, cabe ao líder o


cumprimento da missão por meio da participação, do engajamento dos homens e do
aproveitamento de suas ideias, procurando estabelecer o respeito e a confiança mútua. O líder
participativo se reúne com seus subordinados para conversar sobre as áreas de atrito que
2
A importância do desenvolvimento da liderança militar na formação e carreira do Oficial Médico do
Exército Brasileiro / Ana Carla Wanderley Costa. - Rio de Janeiro, 2009. Pág.: 20
interferem no trabalho. Entretanto, não exclui o princípio da autoridade de que está investido e
que, por este, deverá ser exercido em toda sua plenitude, inclusive com a energia necessária e
suficiente para cada situação considerada.

c) Liderança delegativa: este tipo é mais indicado para assuntos de natureza técnica, em
que o líder atribui a seus assessores a tomada de decisões especializadas. Deste modo, ele tem
mais tempo para dar atenção a todos os problemas sem se deter, especificamente, numa
determinada área. Contudo, detém a palavra final sobre a execução da missão. O ponto crítico
do sucesso deste tipo de liderança é saber delegar atribuições sem perder o controle da
situação, ou seja, necessita de permanente acompanhamento e fiscalização.

3. MOTIVAÇÃO E LIDERANÇA

Dentre as qualidades de um líder, um fator que merece destaque é a capacidade de


motivar. É muito comum ouvir que um líder deve motivar seu grupo, e existem diversos estudos
sobre esta questão. De um lado temos o grupo de estudiosos defendendo que a motivação
independe de fatores externos, pois são as necessidades, objetivos, desejos e valores individuais
que vão definir tal motivação, ou seja, nestas concepções a motivação é um processo interno
que pouco podemos influenciar. De outro lado temos os teóricos que enfatizam a dimensão
externa como possibilidade de direcionar o comportamento humano.
Atualmente, as propostas sobre motivação tem se centrado em incentivos, reforços,
objetivos, intencionalidade e expectativas. Estas teorias encontram-se mais bem
fundamentadas e focam essencialmente dimensões externas do individuo, por tanto são mais
aplicáveis e mais manipuláveis por instrumentos gerenciais. Contudo, não se devem
desconsiderar as dimensões internas do indivíduo. É importante que o líder saiba fazer a
necessária interação de fatores individuais (internos) e estímulos ambientais.

Atenção:
• Na motivação, tanto o objetivo a ser alcançado quanto a recompensa devem ser
valorizados pelo indivíduo.
• Dentro das possibilidades, os interesses individuais devem ser incorporados em projetos
da organização.

A dimensão individual está presente como fator propulsor dos comportamentos


motivados, ou seja, todas as dimensões da motivação devem ser levadas em conta.

4- QUADRO COMPARATIVO3

3
Quadro comparativo retirado do site: swebman.com/2013/04/29/boss-vs-leader-2/
Adaptado e traduzido para português
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dirigentes/chefes podem exercer funções gerenciais de forma muito competente e falharem


na liderança. O líder deve estimular continuamente a iniciativa, e expressar diariamente o
apoio e a confiança. A influência do líder é nutrida através do reforço do comprometimento e
empenho com ideais comuns. A prática de uma liderança eficaz fará com que os indivíduos
aprendam a contar com a competência, a capacidade e a dedicação do outro.
Diante do exposto, podemos concluir que o estudo dos conceitos e atributos que definem
chefia e liderança são fundamentais para a rotina do exercício do profissional de segurança
pública.

BIBLIOGRAFIA

Motta, Paulo Roberto. Gestão Contemporânea: A Ciência e a arte de ser dirigente. - 14ª Ed.- Rio
de Janeiro: Record, 2003.

Costa, Ana Carla Wanderley Costa. A importância do desenvolvimento da liderança militar na


formação e carreira do Oficial Médico do Exército Brasileiro - Rio de Janeiro, 2009.

Manual de gestão e comando operacional – Guia básico para bombeiros.

MENEGHETTI, Antonio. A Psicologia do Líder. 4 ed. rev. ampl. Recanto Maestro: Ontopsicologica
Ed, 2008. ISBN 978-85-88381-42-1

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FIM

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