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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARIANA - UNISUL

UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO


CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

ADILSON LARREA

Regeneradores/Amplificadores Ópticos

Palhoça
2018/1
ADILSON LARREA

Regeneradores/Amplificadores Ópticos

Artigo apresentado como requisito parcial


para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Elétrica, pelo Curso Superior
de Engenharia Elétrica da Universidade do
Sul de Santa Catarina - UNISUL

Orientador: Prof. Ricardo Gonçalves Trentin

Palhoça
2018/1
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REGENERADORES/AMPLIFICADORES ÓPTICOS

LARREA, Adilson*
TRENTIN, Ricardo Gonçalves**

Resumo: Os regeneradores e amplificadores ópticos revolucionaram a tecnologia das


comunicações ópticas, pois possibilitaram o aumento da capacidade de transmissão
dos sistemas ópticos de média e longa distância. Neste trabalho são apresentados os
conceitos e as aplicações associadas, agregando segurança e desempenho à
operação das redes ópticas.

Palavras-chave: Regenerador, amplificador, Raman, Brillouin, EDFA, SOA.

1 CONVERSÃO ELETRO-ÓPTICA

O método é simples: um receptor óptico faz a conversão opto-elétrica do sinal


no comprimento de onda original, λ1, e envia o sinal elétrico para modular um
transmissor óptico que emite no comprimento de onda de saída, λ2.
É relativamente fácil a implementação deste método, já que utiliza
componentes comuns a sistemas ópticos convencionais. Uma vantagem é a
insensibilidade à polarização da onda, há também a possibilidade de re-amplificação
do sinal, caso um regenerador seja utilizado para este fim. Entretanto, os custos deste
conversor podem ser caros, dado a quantidade de componentes necessários.
Porém, este método não é independente do formato de modulação e da taxa
de transmissão, pois o receptor e o transmissor são fixos. A velocidade de conversão
é limitada pela eletrônica. As características deste tipo de conversor encontram-se
resumidas na Tabela 1.

Tabela 1 – Vantagens/Desvantagens da conversão eletro-óptica

* Graduando do Curso de Engenharia Elétrica da Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL,


adilson.larrea@gmail.com
** Professor orientador: Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL, ricardo.trentin@unisul.br
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2 REGENERADORES

Para transformar uma degradada sequência de bits em sua forma original, um


regenerador óptico ideal executa três funções: reamplificação, reformatação e
ressincronização, conforme figura 1. Tais dispositivos são referidos como
regeneradores 3R, para enfatizar que executam essas três funções. Com essa
terminologia, amplificadores ópticos podem ser classificados como regeneradores 1R,
pois apenas amplificam a sequência de bits. Dispositivos que executam as duas
primeiras funções são denominados regeneradores 2R.
No processo de regeneração existe a conversão de sinal óptico-elétrico-óptico,
o que exige uma eletrônica complexa e um custo elevado.

Figura 1 - Regeneração 1R, 2R e 3R

3 AMPLIFICADORES

Os amplificadores ópticos (AO) operam somente no domínio óptico sem


quaisquer conversões para o domínio elétrico, são transparentes ao ritmo de
transmissão e ao formato da modulação e são particularmente úteis em situações em
que a distância entre repetidores é limitada pela atenuação.
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3.1 Tipos

Com a intenção de diminuir os custos de implementação dos enlaces ópticos,


estes são projetados visando diminuir a necessidade de regeneradores, optando por
combinações de amplificadores e compensadores de dispersão totalmente ópticos.
Existe a possibilidade de diminuir a dispersão do sinal utilizando fibras com
perfis de dispersão diferenciados. Nessas fibras a relação entre a velocidade da luz e
o comprimento de onda apresentam comportamento inverso aquele apresentado nas
fibras normais.
Em termos de amplificadores ópticos existem os baseados nas não
linearidades produzidas pelos espalhamentos de Raman (SRS) e Brillouin (SBS), os
baseados nas fibras dopadas com Érbio (EDFA) e os construídos com
semicondutores (SOA). Predominam nos sistemas ópticos os EDFA’s.

3.1.1 Raman (SRS) e Brillouin (SBS)

São amplificadores ópticos baseados nos espalhamentos estimulados de


Raman e Brillouin, consistem de uma fibra com comprimento igual ou superior a 1Km
que é alimentada (bombeada) por uma fonte laser.
No amplificador de Raman o bombeamento pode ser realizado nos dois
sentidos conforme figura 2, no início ou no final da bobina de fibra, podendo ser usado
em qualquer janela, só dependendo do laser de bombeio.

Figura 2 - Tipos de bombeamento amplificador Raman


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Nos amplificadores Raman a potência óptica da fonte deve ficar entre 0,5 e 1W.
O ganho produzido pelos amplificadores Raman é maior que o dos amplificadores
Brillouin.
O bombeamento de luz dos amplificadores Brillouin deve ter o mesmo sentido
da onda propagante, conforme figura 3.

Figura 3 - Bombeamento amplificador Brillouin

3.1.2 EDFA

Nos amplificadores EDFA o princípio de amplificação está baseado na


dopagem do núcleo da fibra com materiais especiais. Esses materiais dopantes tem
a propriedade de emitir fótons quando submetidos a uma irradiação óptica externa.
Na janela de 1550 nm o material utilizado é o Érbio e na janela de 1310 nm
utiliza-se o Neodímio e o Praseodímio.
Como o uso de amplificadores é mais comum em sistemas de longas
distâncias, que utilizam a janela de 1550 nm, o uso de amplificadores dopados com
Érbio é mais comum.
Uma das grandes vantagens dos amplificadores EDFA está no fato de um único
amplificador poder substituir todo o complexo circuito que compõe um repetidor
regenerativo, conforme figura 4.

Figura 4 - Comparativo sistema convecional x EDFA


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A largura espectral do EDFA não é plana e apresenta variações de alguns dB


no ganho fornecido em função do λ da onda a ser amplificada.
Conforme pode ser observado na figura 5, essa largura não permite a cobertura
de todas as bandas utilizadas, sendo necessário o emprego de EDFA’s com diferentes
larguras espectrais.
Para alterar a largura espectral dos EDFA’s são utilizados co-dopontes, tais
como germânio, alumínio e fósforo. Estes co-dopontes permitem ampliar a largura
espectral.

Figura 5 - Largura espectral EDFA

Existem três configurações diferentes, conforme figura 6, para o bombeamento


dos EDFA’s:
a) Co-propagante – o bombeamento é realizado no início da bobina de
amplificação, garantindo o mesmo sentido para a onda propagante e a onda
bombeada.
b) Contrapropagante – o bombeamento é realizado no final da bobina de
amplificação, o que torna o sentido da onda bombeada contrário ao da onda
propagante.
c) Simultâneo – o bombeamento é realizado por duas fontes, uma no início da
bobina e outra no final. Esse tipo de bombeamento garante uma
concentração mais uniforme de elétrons na camada de condução ao longo
da bobina.
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Figura 6 - Bombeamento EDFA

As principais características e aplicações dos EDFA’s são:


 pode funcionar como amplificador de potência para aumentar o nível do
sinal de saída do transmissor;
 como pré-amplificador para aumentar a sensitividade na recepção do
sinal;
 como amplificador de linha para amplificar o sinal já atenuado ao longo
do enlace óptico;
 podem ser montados em três configurações básicas: co-propagante,
contrapropagante ou simultâneo;
 possuem alto ganho (>25dB);
 baixa figura de ruído (~5dB);

3.1.3 SOA

O amplificador óptico semicondutor, SOA, é um dispositivo capaz de amplificar


a luz que o atravessa. É construído, na sua forma mais básica, por uma junção pn
feita de materiais semicondutores de maneira similar à diodos lasers.
A luz que se propaga através do SOA é amplificada através de um processo
denominado de emissão estimulada, conforme podemos verificar numa configuração
típica, conforme figura 7.
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Figura 7 - Configuração típica SOA

Os SOA’s são classificados em dois tipos principais:


 Fabry-Perot (FPA) - quando o dispositivo possui faces que refletem
parcialmente a luz para dentro do dispositivo, figura 8, exatamente como
um diodo laser;

Figura 8 - Fabry-Perot (FPA)

 Travelling-Wave (TWA) - a luz se propaga uma única vez no meio de


ganho, conforme figura 9.

Figura 9 - Travelling-Wave (TWA)


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3.2 Posicionamento

Num enlace óptico de longa distância os amplificadores serão encontrados em


três posições diferentes. Conforme a sua posição um tipo de bombeamento é mais
adequado:
Pós-amplificadores – são os amplificadores localizados na saída do
equipamento transmissor, conforme figura 10. Como o sinal que irá entrar no
amplificador é alto, aconselha-se o uso do bombeamento co-propagante.

Figura 10 - Pós-amplificador

Amplificadores de Linha – são os amplificadores localizados ao longo da linha,


conforme figura 11. Esses amplificadores só são utilizados em enlaces de longa
distância onde a pós e pré-amplificação não são suficientes para amplificar o sinal.
Nesses amplificadores o tipo de bombeamento pode variar.

Figura 11 - Amplificadores de linha

Pré-amplificadores – são os amplificadores localizados na entrada do


equipamento receptor, conforme figura 12. Como o sinal que irá entrar no amplificador
é baixo, é aconselhável o uso do bombeamento contrapropagante.

Figura 12 - Pré-amplificador
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4 CINTURÃO DIGITAL DO CEARÁ

O estado do Ceará é privilegiado por ancorar todos os cabos ópticos


transoceânicos que interligam o Brasil a outros continentes.
Entretanto, o estado possuía uma carência de infraestrutura para maior
inclusão digital de sua população. Para reverter este cenário o governo do estado
lançou o projeto Cinturão Digital do Ceará (CDC), conforme figura 13, que consiste
em uma rede de fibras ópticas de cerca de 3.000 km que se estende por todo o estado
atingindo mais de noventa por cento da população urbana. Em uma primeira fase, o
CDC, operado pela Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (ETICE),
interligou prefeituras, órgãos públicos do Ceará, além de universidades e outras
instituições de pesquisa do estado através de parceria e com ramificações da Rede
Nacional de Pesquisa (RNP).

Figura 13 - Cinturão Digital do Ceará (CDC)

Em uma segunda fase, o governo disponibilizou em regime de concessão a


infraestrutura excedente de rede, como pares de fibras escuras para exploração de
outras empresas.
O primeiro pregão de concessão, realizado no final de 2014, foi vencido pelo
consórcio BWM, formado pelos provedores Brisanet, Wirelink e Mob Telecom. O
consórcio ficou responsável pela iluminação e operação de um par de fibras que corre
todo o CDC.
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O projeto de desenvolvimento foi preparado para que os provedores do


consórcio pudessem contar com uma rede DWDM de alta capacidade, conforme
figura 14, que incorpora as tendências mais atuais de transmissão óptica.

Figura 14 - Projeto rede DWDM

A rede foi dimensionada para receber até 40 canais e está preparada inclusive
para transponders de 100 Gb/s. O sistema iniciou o ano de 2016 com ocupação de 27
canais de 10G, totalizando 270 Gb/s de capacidade de transmissão.
A rede possui estações interligando 21 cidades das quais 13 já possuem
derivação de tráfego para integração com as redes de acesso dos provedores locais.
Para amplificação dos canais foram empregados amplificadores EDFA e
RAMAN de alto ganho e baixa figura de ruído.

REFERÊNCIAS

“Amplificadores Ópticos”. Disponível em


<https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/downloadFile/3779571241090/SCO2>. Acesso em:
19 maio 2018.

RIBEIRO, José Antonio Justino. Comunicações Ópticas 4ª Ed. São Paulo: Érica,
2009.

MAZZALI, Claudio. “Geração e amplificação de sinais ópticos para sistemas de


comunicação de alta capacidade”. 1997. 234p. Tese (doutorado) - Universidade
Estadual de Campinas, Instituto de Fisica Gleb Wataghin, Campinas, SP. Disponível
em: <http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/277961>. Acesso em: 19
maio 2018.

Agrawal, G. P. (Govind P.). Sistemas de comunicação por fibra óptica / Govind P.


Agrawal ; tradução José Rodolfo Souza. - 4. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2014.
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Lista de amplificadores ópticos semicondutores, e respectivos datasheets,


produzidos pela empresa Kamelian, disponível em
<http://www.kamelian.com/products.html>. Acesso em: 19 maio 2018.

Souza, E. A. (1991), "Aplicações de Fibras Dopadas com Er3+", 80p. Tese


(Doutorado) - Universidade de Campinas, Campinas, SP. Disponível em: <
http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/277456>. Acesso em: 19 maio
2018.

TAVEIRA, Palmerston Donizzeti. "Caracterização e análise de desempenho dos


amplificadores ópticos Raman discretos em sistemas de comunicações ópticas na
banda O". 2006. 91 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) - Universidade
Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2006. Disponível em:
<http://tede.mackenzie.br/jspui/handle/tede/1414>. Acesso em: 19 maio 2018.

J. C. R. F de Oliveira. "Projeto de EDFAs com Controle de Ganho Totalmente Óptico


para Aplicações em Redes WDM". 2004. 151p. Dissertação (mestrado) -
Universidade de Campinas, Campinas, SP. Disponível em:
<http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/260120>. Acesso em: 19 maio
2018.

“Rede BWM”. Disponível em < http://www.padtec.com.br/case/rede-bwm/>. Acesso


em: 19 maio 2018.

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