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Ética para Platão

Para Platão, a justificação última da Ética está relacionada ao conhecimento do ser


e do cosmo do qual o homem é parte. Mas não se trata de pensar a natureza para
pensar o homem e sim a descoberta da dimensão supra-sensível ou de um mundo
transcendente. Portanto, para compreender a natureza da justiça e da virtude é
preciso alcançar a justa medida ou a medida completa, ou a medida suprema e
para isso é preciso o conhecimento máximo. É preciso conhecer a idéia do Bem.

Ao cuidado de si socrático, Platão acrescenta que cuidado da alma significa


purificação da alma. Essa purificação se realiza quando a alma, transcendendo o
mundo sensível toma posse do mundo inteligível. A purificação coincide com o
processo de elevação ao conhecimento supremo do inteligível. O valor da
purificação refere-se à ciência e ao conhecimento. O processo do conhecimento
racional é o processo de conversão moral. Conhecendo a alma se cura, purifica-se,
converte-se e se eleva. Nisso consiste a sua virtude.

A justiça e a virtude têm a ver com harmonia e ordem, e a tarefa da alma é superar
a desordem, o desregramento e o excesso. A virtude é uma ordem introduzida na
alma que faz com que os elementos adquiram uma forma determinada, adaptando-
se um ao outro na maneira mais conveniente até se obter um todo ordenado e
perfeito. A virtude é conhecimento. Para alcançar a justa medida ou a medida
completa, ou a medida suprema é preciso o conhecimento máximo: a idéia do Bem.
A justa medida é dada pela igualdade proporcional. É preciso distribuir
proporcionalmente o que cabe a cada um.

A moral platônica se apresenta, assim, com uma moral universalista. Ela


disponibiliza um conceito do bem e do mal a partir do conhecimento dos valores
absolutos cuja aplicação aos casos que apareçam deve ser universal.

Fonte
CARVALHO, Jairo Dias. Ética para Platão. Rio de Janeiro: FGV Online, 2006.

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