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MODELOS DE

ATENÇÃO À SAÚDE
MODELOS DE ATENÇÃO

CONCEITO

O modelo assistencial diz respeito ao modo


como são organizadas, em uma dada
sociedade, as ações de atenção à saúde,
envolvendo os aspectos tecnológicos e
assistenciais. Ou seja, é uma forma de
organização e articulação entre os diversos
recursos físicos, tecnológicos e humanos
disponíveis para enfrentar e resolver os
problemas de saúde de uma coletividade.
MODELOS DE ATENÇÃO

Consideramos que existem diversos modelos


assistenciais calcados na compreensão da
saúde e da doença, nas tecnologias
disponíveis em determinada época para
intervir na saúde e na doença e nas escolhas
políticas e éticas que priorizam os problemas
a serem enfrentados pela política de saúde.
CONCEPÇÕES

 Organização dos Serviços, Gestão e


Planejamento
 “Uma tradução para um Projeto de Atenção à
Saúde de princípios éticos, jurídicos,
organizacionais, clínicos, sócio-culturais e da
leitura de uma determinada conjuntura
epidemiológica e de um certo desenho de
aspirações e desejos sobre o viver saudável”.
 “Própria dimensão técnica das práticas de
saúde na organização social da produção de
serviços.”
MODELOS DE ATENÇÃO
“A forma como se concebem, organizam e
concretizam as ações de saúde, segundo um
determinado contexto histórico, em determinado
local e com determinado conceito de saúde.
Envolve as concepções dos sujeitos, as práticas
de saúde e as relações que se estabelecem neste
processo, particularmente as relações de poder
entre os vários atores, a utilização das
tecnologias e a gestão do sistema e do processo
de trabalho.”
MODELOS DE ATENÇÃO
CONSTITUÍDOS NO BRASIL

SANITARISTA
PRIVATISTA
ALTERNATIVOS
Sanitarista ou Campanhista

 Instituído no início da República Velha,


baseado em campanhas organizadas por
sanitaristas, guardas sanitários e outros
técnicos, para lutar contra epidemias (febre
amarela, varíola, peste, etc);
 Política de saúde pública importante para o
interesse da economia agroexportadora da
época e se mantém como modalidade de
intervenção até os nossos dias;
Sanitarista ou Campanhista

 Campanhas têm caráter temporário,


mobilizam vários recursos e a administração
é centralizada (vertical);
 Aparentam uma “operação militar”;

 Realizam um trabalho do tipo “apagar


incêndio”
 Desestruturam os serviços nas épocas antes e
após as campanhas;
Sanitarista ou Campanhista

“Mal necessário” para enfrentamento dos


problemas que a rede de serviços não foi capaz
de resolver;

Na déc. 30, a política de saúde pública


estabeleceu formas mais permanentes de
atuação (unidades básicas de saúde) para
atender rotineiramente problemas de saúde –
são criados programas especiais (pré-natal,
vacinação, tb, hanseníase, etc)
Sanitarista ou Campanhista

Programa = conjunto de recursos e de


atividades visando objetivos bem definidos.

- administração única e vertical


- caráter mais permanente que as campanhas
- organizados sem levar em conta aspectos
sociais, regionais ou populacionais.
Sanitarista ou Campanhista
Programas = conjunto de recursos e de
atividades visando a objetivos bem definidos

 Administração única e vertical


 Caráter mais permanente que as campanhas

 Geram conflitos na ponta do sistema, quando


geridos verticalmente
Médico Assistencial Privatista
(Modelo biomédico, flexineriano ou medicina
científica)

 Instalado na segunda metade do séc. XX com a


privatização, crise da saúde e procura por
alternativas
 Hegemônico

 Voltado para “demanda espontânea”

 Reforça a atitude dos indivíduos só procurarem os


serviços quando se sentirem doentes
Médico Assistencial Privatista

É a pressão espontânea e desordenada da


demanda que condiciona a organização dos
recursos para a oferta
 Oferta que determina o consumo de serviços
médicos
 Presente nos setores público e privado
 Predominantemente curativo
 A forma de organização da produção de ações
busca atender a demanda espontânea
Médico Assistencial Privatista

Pressão da OFERTA
demanda

Oferta CONSUMO DE
distorcida SERVIÇOS
Médico Assistencial Privatista

 Prática médica voltada quase que


exclusivamente para uma abordagem
biológica, individualista e intra-hospitalar
 Utilização irracional dos recursos tecnológicos
existentes
 Baixa cobertura e pouca resolubilidade dos
serviços
 Aumento da especialização médica
Médico Assistencial Privatista

 Uso crescente e exagerado de exames,


aparelhos e tratamentos sofisticados
 Preponderância do hospital como local
principal das intervenções (hospitalocêntrico)
 Dominância do saber médico

 Segmentação e desarticulação das atividades


dos diversos profissionais de saúde
Modelos Alternativos

 Teve início através da organização e


implantação dos Distritos Sanitários (DS)
 Visam a integralidade da atenção e ao
impacto sobre os problemas de saúde
 Buscam concretizar os princípios e diretrizes
do SUS
 Requerem mudanças na organização e
funcionamento das instituições
Modelos Alternativos

 Oferta organizada em relação aos principais


agravos e grupos populacionais prioritários
 Ações programáticas realizadas no âmbito do
estabelecimento de saúde ou DS
 Noções de territorialização, integralidade da
atenção e impacto epidemiológico
Modelos Alternativos
Modelos Alternativos

Reorientam o planejamento em saúde para


uma base populacional específica, recuperam o
enfoque epidemiológico para o controle dos
problemas de saúde
Elaboração de normas técnicas para grupos
populacionais e agravos prioritários
Descentralização do planejamento
Modelos Alternativos

 Foco no cuidado com a saúde das pessoas


 As ações de saúde são tomadas como um bem
de uso que devem promover e defender a vida
 Compreendem as condições de vida como
determinantes da saúde
Modelos Alternativos

 Buscam a universalização do acesso, a


integralidade das ações, o trabalho em
equipe multiprofissional, a humanização do
atendimento, a vinculação dos usuários aos
serviços e a responsabilização dos
profissionais pela saúde da população
MODELO DE VIGILÂNCIA DA SAÚDE

• DEFINIÇÃO E HISTÓRICO
“Resgatando o desenvolvimento conceitual e metodológico que se
vem verificando a partir de uma visão ampliada da saúde e da
formulação de modelos de interpretação dos determinantes,
riscos agravos e danos, à luz da moderna epidemiologia,
articulando-os em um esquema operacional que resgata e
amplia o modelo clássico da História Natural das doenças,
incorporando desde as ações sociais organizadas pelos distintos
autores até as ações específicas de prevenção de riscos e
agravos, bem como as de recuperação e reabilitação de
doentes” (Paim)
VIGILÂNCIA DA SAÚDE

VERTENTES:

 Análise de situações de saúde


 Integração institucional entre as diversas
vigilâncias (epidemiológica, sanitária,
ambiental, saúde do trabalhador, etc.);
 Proposta de redefinição das práticas
sanitárias: dimensões técnicas e gerencial
VIGILÂNCIA DA SAÚDE
CARACTERÍSTICAS:

 Intervenções sobre problemas de saúde


 Ênfase em problemas que requerem atenção e
acompanhamento contínuos
 Utilização do conceito de risco

 Articulação entre ações promocionais,


preventivas e curativas
 Atuação intersetorial

 Ações sobre o território

 Intervenção sob forma de operações


VIGILÂNCIA DA SAÚDE

A Vigilância da saúde corresponderia, assim, a um


modelo de atenção à saúde que incorpora e supera os
modelos vigentes, implicando a redefinição do objeto,
dos meios de trabalho, das atividades, das relações
técnicas e sociais, bem como das organizações de
saúde e cultura sanitária.
VIGILÂNCIA DA SAÚDE

VIGILÂNCIA DA SAÚDE

POLÍTICAS PÚBLICAS
CIDADE SAUDÁVEL
PROMOÇÃO À SAÚDE

SAÚDE DA
ATENÇÃO
FAMÍLIA (PACS /
PRIMÁRIA
PSF) DISTRITO
ATENÇÃO SANITÁRIO
CONSÓRCIO
SECUNDÁRIA E
INTERMUNICIPAL
TERCIÁRIA
MODELOS ASSISTENCIAIS
MEIOS DE FORMAS DE
MODELOS SUJEITO OBJETO
TRABALHO ORGANIZAÇÃO
Doença
Modelo Médico
(patologia e Tecnologia Rede de serviços de
médico Especialização
outras) médica saúde
assistencial Complementariedade
Doentes (indivíduo) Hospital
privatista (paramédicos)
(clínica e cirurgia)
Campanhas sanitárias,
Modos de Programas especiais
Modelo Tecnologia
Sanitaristas transmissão Sistemas de vigilância
sanitarista sanitária
Fatores de risco epidemiológica e
sanitária

Tecnologias de Políticas públicas


comunicação saudáveis
Danos, riscos, social, de Ações intersetoriais
necessidades e planejamento Intervenções
Vigilância da Equipe de saúde determinantes dos e programação específicas (promoção,
saúde População (cidadãos) modos de vida e local prevenção e
saúde (condição de situacional e recuperação)
vida e trabalho) tecnologias Operações sobre
médico- problemas e grupos
sanitárias populacionais
A CRISE DO MODELO DE ATENÇÃO À
SAÚDE DO SUS

O Modelo de atenção à saúde do SUS


caracteriza-se por ser voltado para o
atendimento às condições agudas, não se
prestando para responder com eficiência e
efetividade, uma situação epidemiológica
marcada pelo predomínio relativo das
condições crônicas.
A CRISE DO MODELO DE ATENÇÃO À
SAÚDE DO SUS

“Quando os problemas de saúde são


crônicos, o modelo de atenção às condições
agudas não funciona. Devem ser desenvolvidos
os cuidados inovadores para as condições
crônicas” (OMS, 2003).
PROPOSTAS DE ENFRENTAMENTO DA
PROBLEMÁTICA DO MODELO DE ATENCÃO

 Ações Programáticas de Saúde – programação


como instrumento de redefinição do processo de
trabalho
 Programa Saúde da Família
 Acolhimento – estratégia de reorientação da
atenção à demanda espontânea. Implica mudanças
na “porta de entrada” da população aos serviços
 Vigilância da Saúde
Propostas de Enfrentamento da
Problemática do Modelo de Atencão

 Cidades Saudáveis – promoção da cidadania e


envolvimento criativo de organizações
comunitárias no planejamento e execução de
ações intersetoriais dirigidas à melhoria das
condições de vida e saúde
 Promoção da Saúde – melhoria das condições
e estilos de vida de grupos específicos
baseados na formulação de políticas públicas
saudáveis
PROPOSTAS DE ENFRENTAMENTO DA
PROBLEMÁTICA DO MODELO DE ATENCÃO

 Territorialização

O território caracteriza-se como locus de vida


individual, familiar e comunitária, com suas
inter-relações devendo se constituir na base
do sistema de saúde.
PROPOSTAS DE ENFRENTAMENTO DA
PROBLEMÁTICA DO MODELO DE ATENCÃO

 Territorialização

O território torna possível o estabelecimento


de uma porta de entrada única no sistema de
saúde com respeito à individualização das
necessidades, atendimento integral nos
diversos níveis de complexidade exigidos para
cada caso, de maneira hierarquizada e a
conformação de um sistema que deve ser
regionalizado, de forma a permitir, ao mesmo
tempo, uma economia de escala e o acesso
mais fácil e mais próximo do local de moradia
da população.
Propostas de Enfrentamento da
Problemática do Modelo de Atencão

A distritalização é um processo político


organizacional de reorientação do sistema de
saúde, em nível local, capaz de facilitar a
implantação e desenvolvimento de modelos
alternativos como base para construção do SUS
 O Distrito Sanitário (DS) é a unidade operacional e
administrativa mínima do Sistema de Saúde que
organiza os serviços de saúde numa rede
Propostas da organização de Redes de
Atenção como superação da crise do
Modelo de atenção
 As redes de atenção representam uma
organização horizontal dos serviços
 O modelo piramidal considera a atenção
primária como a atenção básica, colocando-a
como menos complexa que os demais níveis
 Na concepção de redes, não há hierarquia
entre os diferentes nós da rede, todos são
igualmente importantes para os objetivos do
sistema
Organização das Redes de Atenção:
Superação da Crise do Modelo

 Existe um centro de comunicação que


coordena os fluxos das pessoas e dos
processos na rede e que é constituído pela
atenção primária à saúde
 O maior princípio é o ACESSO

 As redes devem ser integradas por sistemas


logísticos, cujos principais são: cartão SUS,
centrais de regulação, prontuários eletrônicos
e transportes sanitários
Organização das Redes de Atenção:
Superação da Crise do Modelo

 As redes deverão conformar-se de modo que:

 Cada município seja auto-suficiente na


atenção primária à saúde
 Cada microrregião seja auto-suficiente na
atenção secundária à saúde
 Cada macrorregião seja auto-suficiente na
atenção terciária à saúde
Figura 2 – Desenho esquemático da Estrutura de um Sistema
Municipal de Saúde

Fonte: Plano Municipal de Saúde do Recife 2010-2013

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