· Este texto faz parte de estudo sobre fugas escravas na Amazônia, na segunda metade do século
XIX, iniciado em 1994. Agradeço a João Reis por sua leitura, comentários e sugestões, que
muito o enriqueceram.
·· Professor do Departamento de História da Universidade Federal do Pará.
1
Cf. dados em Vicente Salles, O Negro no Pará sob o regime da escravidão, Belém, Secult,
1988, pp. 68-71.
2
Rosa Elizabeth Acevedo Marin, “Du travail esclave au travail libre: le Pará (Brésil) sous le
régime colonial et sous l’Empire (XVIIe-XIXe siécles)” (Tese de Doutorado, École des Hautes
Études en Sciences Sociales, 1985), pp. 136-139.
3
Acevedo Marin, Du travail esclave au travail libre, pp. 136-139.
4
Ernesto Cruz, História do Pará, Belém, UFPa, 1967, pp. 104-105.
5
François Biard, Dois anos no Brasil, São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1945, pp. 168-
169.
6
Diário de Notícias, Bárbara instituição, de 08/10/1882, p. 2.
7
Bárbara Weinstein, A Borracha na Amazônia: Expansão e Decadência (1850-1920), São Pau-
lo, Hucitec / Edusp, 1993, p. 58.
8
Salles, O Negro no Pará, p. 72.
9
Apud Weinstein, A Borracha na Amazônia, p. 56.
10
Apud Maria de Nazaré Sarges, “De criados e “turcos de teque-teque” numa cidade que se moderni-
za: os ofícios na cidade de Belém do Pará (1888-1900)” (Projeto de pesquisa, UFPA, 1999), p. 3.
11
Diário de Notícias, Diário de Belém, de 29/10/1882, p. 2.
12
Relativamente ao ano de 1896, ver Sarges, De criados, p. 3. No que diz respeito ao ano de 1894,
ver José Coelho da Gama Abreu, Barão de Marajó, As regiões amazônicas: estudos
chorographicos dos Estados do Gram-Pará e Amazonas, Belém, Secult, 1992, p. 391.
13
Maria Júlia Tolosa, “Estrutura sócio-profissional de Belém na segunda metade do século XIX”
(Monografia de Especialização, Universidade Federal do Pará, 1986).
14
Cf. Diário de Notícias, Secção Abolicionista, de 24/06/1883, p. 2.
15
Sobre o crescimento populacional e a diversificação sócio-econômica de Belém, ver Maria de
Nazaré Sarges, Belém: Riquezas produzindo a Belle-Époque (1870-1912), Belém: Editora Paka-
Tatu, 2000.
16
Diário do Gram-Pará, de ?/10/1870, sem numeração da página (jornal incompleto). A partir
deste o referido jornal será indicado apenas como DGP.
17
DGP, de ?/01/1871, sem numeração da página (jornal incompleto). Ainda sobre a fuga de Cae-
tano, Jorge e José, ver anúncio publicado pelo seu senhor, no DGP, de 04/08/1871, p. 3. Neste, o
senhor informava que seus escravos haviam fugido em 22 de setembro de 1870, portanto, há
quase um ano. Desta última vez, o senhor nada dizia acerca dos paradeiros de seus escravos.
Também já se demonstrava decidido a negociar o retorno dos mesmos ao seu serviço, quando
dizia que: “Se os ditos escravos se apresentarem no prazo de 30 dias a contar da presente data
serão recebidos como apadrinhados”.
20
DGP, de 21/01/1869, p. 2; e de 09/11/1872, p. 2.
21
DGP, de 07/09/1872, p. 3.
22
Ainda sobre a ideologia senhorial do trabalho e do trabalhador escravo presente no Brasil
oitocentista, ver Sidney Chalhoub, Trabalho, lar e botequim: o cotidiano dos trabalhadores
no Rio de Janeiro da Belle Époque, São Paulo, Brasiliense, 1986. Em um livro recente, Chalhoub
novamente faz referência à ideologização do trabalho pelos senhores, quando, por exemplo, diz:
“Na discussão sobre a repressão à ociosidade em 1888, a principal dificuldade dos deputados era
imaginar como seria possível garantir a organização do mundo do trabalho sem o recurso às
políticas de domínio características do cativeiro”. Cf. Sidney Chalhoub, Cidade febril:cortiços
e epidemias na Corte Imperial, São Paulo, Companhia das Letras, 1996, p. 23.
23
DGP, de 06/01/1869, p. 3.
24
DGP, de 15/09/1870, p. 2; e de 22/11/1872, p. 3.
25
DGP, de 05/10/1872, p. 2; de 24/09/1872, p. 3; e de 06/12/1871, p. 2. O referido anúncio,
entretanto, é datado de 21/11/1871.
Ficando na cidade
Quando fugiam, os escravos residentes na cidade de Belém muitas vezes
acabavam nela ficando, a enfrentar as políticas de controle social impos-
tas pelos senhores e pelas autoridades do Estado. O significativo aumen-
to da população livre e pobre não branca e a inserção dos cativos no
universo das relações sociais urbanas favoreciam os escravos em suas
fugas dentro da cidade onde moravam. Desde 14 de dezembro de 1868
achava-se fugido o “mulato” João, oficial de carpina que, entre as suas
qualidades, sabia ler, escrever, contar e tocar violão. Segundo seu se-
nhor, João costumava andar calçado e fazia-se “passar como livre”, as-
sinando o nome de “João Paulo de Tal”. A forma como João agia, dissi-
mulando a sua condição cativa, baseava-se em seus conhecimentos da
29
DGP, de 19/11/1871, p. 2; de __/05/1871, p. 2; de 22/12/1874, p. 2; e de 20/09/1871, p. 3.
30
DGP, de 10/01/1869, p. 3.
31
Chalhoub chama atenção para o fato de que o viver “sobre si” dos escravos acabava constituin-
do-se em “mais um importante elemento desagregador da instituição da escravidão na Corte”.
Cf. Chalhoub, Cidade febril, p. 27.
32
Sobre o uso de sapatos como indicador social da condição de pessoa livre, ver Sidney Chalhoub,
Visões de Liberdade, Uma história das últimas décadas da escravidão na Corte, São Paulo,
Companhia das Letras, 1990, pp. 212-215.
33
DGP, de 29/11/1872, p. 3.
34
DGP, de 27/05/1869, p. 2; e de 06/07/1872, p. 2.
35
DGP, de 30/01/1873, p. 2.
39
DGP, de 24/03/1869, p. 2; de 19/02/1874, p. 2; de 14/01/1870, p. 2; e de 28/03/1875, p. 2 (o
anúncio data de 22/03/1875).
40
DGP, de 12/05/1872, p. 2.
41
DGP, de 16/10/1872, p. 2; de 01/11/1872, p. 2; de 28/02/1874, p. 3; e de 08/06/1874, p. 3.
47
DGP, de 25/05/1873, p. 2. O anúncio, entretanto, data de 10/05/1873, dia em que Raymundo
fugiu, pois seu senhor já conhecendo a “peça”, não precisava esperar que retornasse por conta
própria. Neste anúncio, inclusive, protestava contra quem lhe desse “agasalho, locupletando-se
de seu serviço, certo de que a diária de 2$000 é a taxada desde o dia acima [dia da fuga, em 10
de maio de 1873]”, responsabilizando o possível acoutador pelo pagamento dos ditos jornais.
48
DGP, de 10/07/1873, p. 2.
49
DGP, de 19/11/1874, p. 2 (o anúncio, entretanto, data de 03/11/1874).
58
DGP, de 14/11/1869, p. 2; de 27/12/1874, p.3; de 23/01/1875, p. 2; e de 19/07/1873, p. 2.
59
DGP, de20/05/1874, p. 3 (o anúncio data de 16/05/1874); de 19/06/1873, p. 2; e de 16/06/
1869, p. 2.
60
DGP, de 25/02/1871, p. 2; e de14/04/1872, p. 2.
61
DGP, de 03/10/1871, p. 3 (o anúncio data de 09/09/1871).
62
DGP, de 10/01/1873, p. 2; de 14/06/1881, p. 2; de 15/04/1874, p. 2; e de 25/10/1874, p. 2. Ver
outros exemplos em: DGP, de 20/02/1875, p. 2; de 14/11/1872, p. 3; e de 11/10/1874, p. 3.
63
DGP, de 13/03/1881, p. 2.
64
DGP, de 08/08/1872, p. 3.
65
DGP, de 09/06/ 1867, p. 2.
66
A notícia da prisão de Miguel e Febrônia encontra-se publicada em DGP, de 10/04/1869, p. 1.
Sobre a fuga de Febrônia, seduzida por Miguel, em uma de suas visitas pela cidade de Belém, ver
o anúncio de fuga, mandado publicar por seu senhor, no DGP, de 01/03/1869, p. 2.
67
DGP, de __/03/1870, p. 2 (o anúncio, entretanto, é datado de 11/02/1870); 16/01/1873, p. 2.
68
DGP, de 01/01/1871, p. 2; de __/05/1871, p. 2; de 08/12/1874, p. 3; e de 14/01/1875, p. 2.