Você está na página 1de 33

CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU

PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO


Olá pessoal!

É com grande satisfação que vimos dar nossa contribuição nessa sua
caminhada rumo ao Tribunal de Contas da União, para concorrer ao cargo de
analista de controle externo. Com certeza, um dos melhores e mais cobiçados
cargos da administração pública.

Esse curso de Auditoria de Obras Hídricas será ministrado por dois professores,
tendo em vista o amplo escopo do Edital de 2007 para o concurso do TCU. De
fato, é praticamente impossível encontrarmos um profissional no mercado que
detenha tão vasto conhecimento, que vai desde obras conceitualmente mais
simples, como microdrenagem e irrigação, até obras de maior complexidade,
como portos e hidrelétricas.

Além de possuirmos experiências profissionais complementares, onde cada um


detém um conhecimento naturalmente mais aprofundado do que o outro em
determinado tema, nosso propósito é o de que aquele que é “menos
especializado” no assunto possa contribuir com suas próprias dúvidas para o
enriquecimento do material. Vamos às apresentações.

Meu nome é Frederico Dias, sou engenheiro civil, formado pela Universidade
Federal de Minas Gerais. Entre os anos de 2004 e 2007, trabalhei na iniciativa
privada, tendo atuado em consultoria e projetos na área de recursos hídricos,
principalmente para grandes mineradoras.

Após esse período, resolvi dar novo rumo à minha vida, visando prestar
concursos públicos. Em 2008, tive a grata satisfação de ter sido aprovado em 1º
lugar nacional no concurso para Analista de Finanças e Controle da
Controladoria Geral da União, área Controle Interno. Ainda no mesmo ano, fui
aprovado em 9º lugar no concurso para Analista de Controle Externo do Tribunal
de Contas da União, cargo que ocupo hoje.

Eu sou o Rafael Di Bello, graduado em engenharia civil pela Universidade


Federal do Rio de Janeiro e Mestre em Ciências de Engenharia Civil (ênfase de
Recursos Hídricos) pela COPPE/UFRJ.

Em 1999 ingressei na empresa Engevix Engenharia S/A, atualmente


considerada a maior empresa na categoria “Projetos & Consultoria” pelo
“Ranking da Engenharia Brasileira 2008” da Revista O Empreiteiro. Na Engevix,
atuei em estudos e projetos de obras hídricas, notadamente nas áreas de
hidrologia, hidráulica e meio ambiente de usinas hidroelétricas.

Em 2002, após muito me dedicar aos estudos, passei como 2º colocado do


Concurso Público para Engenheiro Civil (Analista de Nível Superior) da
Eletrobrás, no Rio de Janeiro. Trabalhei na Divisão de Recursos Hídricos e

1
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
Inventários daquela estatal até 2003, quando fui aprovado no Concurso Público
da Agência Nacional de Águas (ANA) para o cargo de Especialista em Recursos
Hídricos (28º colocado), organizado pelo NCE/UFRJ. Mudei definitivamente para
Brasília no final de 2003.

Com lotação na Superintendência de Usos Múltiplos, trabalhei na ANA até


meados de 2005. Neste ano fui aprovado como 5º colocado geral no concorrido
Concurso Público para o cargo de Especialista em Regulação de Serviços
Públicos da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), promovido pela
ESAF.

Na ANEEL, exerci minhas atribuições na Superintendência de Fiscalização


Econômica e Financeira (SFF) até 2006, período no qual me vi obrigado a sair
um pouco da área de engenharia e aprender outros temas ligados à área
financeira, como auditoria e contabilidade. Em 2007 fui transferido para a
Superintendência de Fiscalização dos Serviços de Geração (SFG), onde pude
voltar para a engenharia, realizando fiscalizações em usinas termelétricas e
hidrelétrica, em obras e em operação, por todo o país. Foi na SFG que tive meus
primeiros contatos com as fiscalizações desenvolvidas pelo Tribunal de Contas
da União, já que a nossa área era responsável por responder aos
questionamentos do Tribunal relacionados à evolução da Conta de Consumo de
Combustíveis Fósseis - CCC (subsídio para a geração de energia termelétrica
nos sistemas isolados da região Norte).

Como concurseiro que se preza não pode ficar parado, resolvi me inscrever no
Concurso Público de 2007 do Tribunal de Contas da União para o cargo de
Analista de Controle Externo, orientação Auditoria de Obras Públicas. Mesmo
bastante motivado, não apenas por se tratar de uma das melhores carreiras da
Administração Pública, mas também por ser a oportunidade que eu esperava
para ingressar no Tribunal fazendo o que eu mais gosto (fiscalizar obras), não
tive muito tempo para me dedicar aos estudos (o ritmo de trabalho na ANEEL
era alucinante). Portanto, Foi com um misto de surpresa e felicidade que recebi
a notícia de que tinha sido o 1º colocado da turma de Obras Públicas.

Atualmente, estamos lotados na Secretaria de Fiscalização de Obras (SECOB),


especificamente na diretoria que trata de auditoria de obras hídricas, tema
correlato com nosso curso aqui e que permeou toda nossa vida profissional.

Além disso, estamos ministrando aulas (presenciais) sobre Auditoria de Obras


Públicas no curso Cathedra, situado em Brasília.

Nesse ano, serão preenchidas 109 vagas para ACE e 21 para TCE, todas com
lotação em Brasília (DF). As vagas para ACE serão distribuídas da seguinte
forma: 90 vagas para Auditoria de Obras Públicas, 18 vagas para Tecnologia da
Informação e 1 vaga para Medicina – Clínica Médica.

2
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
Com essa decisão, o Tribunal evidencia a necessidade de, nesse momento, se
priorizar o acompanhamento das obras públicas, devido à sua relevância e
materialidade envolvida. Assim, os colegas aprovados serão lotados na Secob e
exercerão uma das atividades mais nobres e relevantes da administração
pública, qual seja, o controle da gestão dos recursos públicos federais.

Vamos ao que interessa: nosso curso versará sobre parte relevante dos últimos
editais do concurso do TCU, área de controle externo: auditoria de obras
hídricas. Analisemos o conteúdo programático:

1 - Principais estruturas hidráulicas (tipos; finalidade; seções típicas; pré-


dimensionamento; aspectos construtivos):
A - barragens, soleiras, órgãos extravasores;
B - tomadas d’água;
C - canais, condutos sob pressão;
D - túneis, bueiros.

2 - Aproveitamento hidrelétrico:
A - avaliação de potencial hidráulico;
B - estruturas componentes;
C - turbinas (tipos e aplicação) e geradores;
D - aspectos construtivos;
E - vantagens e desvantagens em relação a outras formas de geração de
energia.

3 - Irrigação e drenagem:
A – conceito;
B – finalidade;
C - aspectos construtivos;
D – principais condicionantes de um projeto de irrigação;
E - operação e manutenção de um perímetro de irrigação.

4 - Obras de saneamento: aspectos construtivos; operação e manutenção.:


A - abastecimento d’água – captação, adução, tratamento (ETA’s), recalque,
reservação, distribuição;
B – esgotamento sanitário - coleta e tratamento de esgoto (ETE’s, lagoas de
estabilização, fossas sépticas);
C – Drenagem urbana - obras de defesa contra inundação e de macrodrenagem
– reservatórios de cheias, bacias de acumulação, alargamento de calhas fluviais,
canalização de cursos d’água, reflorestamento da bacia hidrográfica;

5 - Obras portuárias:
A - tipos de portos (genéricos e especializados);
B - obras de implantação e de manutenção;
C - principais equipamentos de operação;
D - estruturas de proteção e atracamento;

3
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
E - canal de acesso;
F - aspectos construtivos;
G - operação e manutenção.

Para abordar todos esses assuntos, nosso curso será formado de 8 aulas,
distribuídas da seguinte forma:

Aula 0 - Drenagem Urbana (parte do item 4 do edital)

Aula 1 - Conceitos básicos de Hidráulica e Hidrologia

Aula 2 - Estruturas hidráulicas (item 1)

Aula 3 - Obras portuárias (item 5)

Aula 4 - Sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário (item 4)

Aula 5 - Irrigação e drenagem (item 3)

Aula 6 - Aproveitamentos hidrelétricos (item 2)

Aula 7 - Outras formas de geração de energia (item 2)

Cabe ressaltar que no concurso do TCU de 2005 foram 95 questões de


engenharia num total de 200. Dessas, 20 foram de Auditoria de Obras Hídricas.
No concurso de 2007 foram 80 questões de engenharia num total de 200.
Dessas, 27 foram de Auditoria de Obras Hídricas.

Tabela 1 – Distribuição das questões por assunto


Item 2005 2007
1 Principais estruturas hidráulicas 5 8
2 Aproveitamento hidrelétrico - 3
3 Irrigação e drenagem 3 3
4 Obras de saneamento 12 6
5 Obras portuárias - 7
Total 20 27

Como pode ser percebido, a cobrança do tema “obras hídricas” aumentou de


21% no concurso de 2005 (primeiro concurso voltado especificamente para
auditoria de obras públicas) para 34% no último concurso. É claro que não
temos o dom de prever o futuro, mas não é difícil estimar que neste concurso de
2009 o tema de obras hídricas continue sendo bastante relevante.

Muitas das grandes obras previstas no Programa de Aceleração do Crescimento


(PAC), com as quais certamente os futuros Analistas do Tribunal terão que lidar,
podem ser classificadas nesta parte do Edital. A título de ilustração, podemos
citar: (i) Transposição do Rio São Francisco; (ii) Eixo de integração Castanhão-
4
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
Pecém (CE) e Adutora de Pirapama (PE); (iii) Usinas Hidrelétricas de Santo
Antônio e Jirau (rio Madeira/RO), Passo São João (RS), Foz do hapecó (SC),
Serra do Facão (GO), Simplício (RJ) e Baguari (MG); (iv) obras de dragagem e
melhorias nos Portos de Paranaguá/PR, Rio Grande/RS, Itaqui/MA, Vitória/ES,
Santos/SP e Itaguaí/RJ; (v) irrigação nos projetos de Propertins (TO), Pontal
(PE) e Salitre (BA).

Chamamos atenção também para o fato de que o Edital pode cobrar um pouco
além das obras “hídricas” propriamente ditas (que envolvam “água”). Na
realidade, se atentarmos para o item nº 2 do programa de obras hídricas,
“Aproveitamento hidrelétrico: (...) vantagens e desvantagens em relação a outras
formas de geração de energia”, concluímos que outras obras de geração de
energia também se enquadram neste tópico do Edital. Neste sentido, a prova de
2007 trouxe três questões (nos 162, 163 e 164), exigindo conhecimentos de
geração térmica, eólica e até mesmo solar! Quem sabe nesta prova de 2009 não
será cobrada uma questão sobre energia nuclear? Tal hipótese não parece nada
remota se levarmos em consideração que o governo pretende retomar em breve
a Usina Termonuclear de Angra 3 (outra grande obra do PAC) e que o Plano
Decenal de Expansão do setro Elétrico indica a necessidade de construção pelo
menos outras duas unidades nucleares de grande porte até 2016.

Devemos lembrar que o concurso do TCU não exige a comprovação de


graduação em engenharia civil, portanto, esse material foi preparado para os
colegas engenheiros e também para os não-engenheiros.

Durante o curso tentaremos tornar a matéria mais fácil de ser assimilada pelos
alunos. Como concurseiros, entendemos que o curso online deve ter uma
qualidade e objetividade superiores à de um livro, ou mesmo de apostilas
(muitas delas são cópias de livros). Com efeito, lembramos que um curso
preparatório para concursos, seja online ou presencial, não objetiva
profundidade do conteúdo ou a abrangência excessiva do tema, como um livro.
Mas é imbatível no que diz respeito ao caráter estratégico e objetivo de auxílio
ao aluno que, apesar do pouco tempo disponível, tem como meta seguir trajeto
rumo à Administração Pública.

Por isso, faremos o possível para tornar o tema claro para o entendimento,
sempre trazendo o enfoque que as bancas têm dado para cada assunto. Assim,
não se pretende aqui esgotar o tema, mas ir exatamente até a medida que as
questões anteriores de concurso nos indicam.

A metodologia que estamos propondo consiste em apresentar a teoria da


matéria da forma mais enxuta possível, focando nos conceitos básicos que são
considerados imprescindíveis para entender a lógica por traz das soluções de
engenharia, exatamente da forma como pode ser cobrada no concurso, sempre
deixando alguns detalhes para serem comentados durante a resolução dos
exercícios de concursos anteriores.

5
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO

Deve-se ressaltar que assuntos aprofundados não serão abordados caso não
tenham sido até então cobrados em provas de concurso. Isso se faz necessário,
dada a heterogeneidade da turma, composta em grande parte de não-
engenheiros. Em outras palavras, como forma de alocar o tempo de estudo com
foco nos resultados práticos, evitaremos “perder tempo” em temas por demais
detalhados e que exigem “decoreba”, os quais talvez façam a diferença em uma
única questão de toda a prova, centrando esforços em conceitos fundamentais
que serão úteis para resolver diversas questões. Essa foi a fórmula utilizada por
mim e por outros colegas que tiveram sucesso no concurso do TCU.

Esta aula demonstrativa tratará de parte do item 4 do edital. Vejam só:

- “Obras de defesa contra inundação e de macrodrenagem – reservatórios de


cheias, bacias de acumulação, alargamento de calhas fluviais, canalização de
cursos d’água, reflorestamento da bacia hidrográfica”.

Essa parte trata do tema drenagem urbana, sendo que esse assunto foi objeto
de questões tanto no concurso de 2005 quanto no de 2007. Além disso, como
em outros temas de engenharia civil, este está muito próximo de todos nós, pois
trata basicamente das formas de conduzir as águas de chuva em uma cidade,
sem causar transtornos à sociedade. E justamente por ser um tema de grande
relevância para a sociedade é que a probabilidade de ser cobrado na prova é
bastante grande.

Para o completo entendimento desse tema (drenagem), é necessário o estudo


de um assunto chamado “hidrologia” (estudo do ciclo da água, que envolve as
fases: atmosfera, terra – superfície e subsolo - e mar). O estudo da Hidrologia,
entretanto, é um pouco mais teórico e envolve formulações e cálculos mais
complexos. Assim, trataremos aqui da maior parte da matéria (a parte mais
prática das soluções de engenharia), ficando o restante para ser discutido
posteriormente, quando do necessário estudo da hidrologia para a perfeita
compreensão do tópico 3 (“avaliação do potencial hidráulico”).

I - INTRODUÇÃO

Essa matéria é fascinante, pois está diretamente ligada a problemas que


vivemos no nosso dia-a-dia. Interessante observar que a drenagem urbana não
se restringe aos aspectos puramente técnicos impostos pelos limites restritos à
engenharia. Engloba todas as medidas a serem tomadas que visem à atenuação
dos riscos e dos prejuízos decorrentes de inundações aos quais a sociedade
está sujeita.

O crescimento da população urbana no mundo tem como um dos efeitos


negativos o aumento da ocorrência de inundações. Na bacia hidrográfica rural, o
fluxo é retido pela vegetação, infiltra-se no solo e o que resta, escoa pela

6
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
superfície de forma gradual. O hidrograma1 produzido tem lentas variações de
vazão e os picos de enchentes são moderados.

Quando há enchentes, a água extrapola a calha menor do rio, ocupando seu


leito maior, normalmente não ocupado durante a ocorrência de vazões normais
do rio. Assim, com o crescimento das cidades e o mau planejamento da
ocupação do solo, há o loteamento dessas áreas (“calha secundária” do rio), que
freqüentemente serão atingidas por cheias naturais (Figura 1).

Fonte:Baptista (2007)
Figura 1 – Representação dos leitos menor e maior de um curso de água

Adicionalmente, da urbanização decorre a impermeabilização do solo por meio


de ruas, calçadas e pátios. A água antes retida pelas árvores, agora passa a
escoar rapidamente por telhados também impermeáveis (Figura 2). Tudo isso
incrementa o escoamento superficial num período muito curto de tempo,
aumentando as vazões de pico (Figura 3). Também aumenta a vazão de pico,
um menor “tempo de concentração” da água na bacia, já que a velocidade do
escoamento é maior.

(Imagino que vocês estejam pensando: “que é esse tal de tempo de


concentração”? Pessoal, o tempo de concentração é o tempo médio que uma
gota d’ água leva para percorrer o trajeto do ponto mais longínquo da bacia

1
Hidrograma – gráfico que demonstra a variação de vazão (em geral em m³/s) ao longo do tempo (em geral
em horas, ou frações desta).

7
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
hidrográfica até a sua seção exutória, ou seja, o ponto de “saída” do escoamento
captado naquela bacia, ponto este onde todo o volume de água é “despejado”
em outro rio de maior porte ou diretamente no mar.)

Fonte: Tucci (2006)


Figura 2 - Partição do volume precipitado em vazões superficiais, sub-superficiais e
subterrâneas.

Figura 3 - Hidrogramas característicos de regiões urbanas (notem o pronunciamento do


pico da cheia) e regiões rurais (pico “amortecido” devido à menor impermeabilização da
sueprfície).

Portanto, ressaltamos que enchentes ocorrem:

8
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO

1 - devido à ocupação das áreas ribeirinhas (com retirada da vegetação que, em


condições naturais, iria “conter” a vazão e “obrigar” a água a se infiltrar);
2 - devido à urbanização (que promove impermeabilização da superfície do solo,
“obrigando” a água a escoar rapidamente pela superfície, quando do contrário
esta poderia infiltrar e escoar lentamente pelo subsolo).

Assim, no primeiro caso (ocupação irregular de áreas), as medidas mitigadoras


para o problema das enchentes dividem-se em (1) estruturais (por meio de obras
hidráulicas: barragens e canalização) e (2) não estruturais (medidas preventivas:
zoneamento e sistemas de alerta).

Já no segundo caso (urbanização), a medida mitigadora mais comumente


adotada é a canalização do curso de água. Todavia essa saída apenas transfere
o problema para jusante, não solucionando as inundações de forma definitiva.
Outra medida (mais eficiente a longo prazo) é a adoção de soluções de retardo
da vazão, como a construção de bacias de detenção, também chamadas bacias
de acumulação.

Atenção pessoal: alguns professores consideram importante não confundir os


termos “Detenção” com “Retenção”!

Nas bacias e reservatórios de Detenção, há acumulação de “excessos” de água


(parte da água fica “detida”, contida temporariamente), mas sem impedir que
haja um escoamento natural de saída (a água entra pelo topo e sai pelo fundo
do reservatório, apenas por gravidade). Em outras palavras, a “Detenção”
implica em uma redução da vazão de saída da bacia em relação àquela que
está entrando, enchendo o reservatório. Após cessar a vazão de entrada, o
reservatório continua “soltando” água pela sua saída, até secar completamente.

Já nos reservatórios de Retenção, conquanto também sirva para acumular água,


grande parte da água fica de fato “retida”, sendo mantida aprisionada. Nesse
caso, a água só é totalmente esgotada com auxílio de bombas, obrigando um
custo adicional com a operação dessas máquinas.

A literatura também descreve outros dispositivos para mitigar, atenuar, os efeitos


da urbanização, tais como: pavimento poroso, armazenamento em telhados e
pequenos tanques residenciais.

A título de síntese, podemos apresentar os caminhos percorridos pela água nos


sistemas de drenagem da seguinte forma:

1 – Com a precipitação, as águas decorrentes da chuva caem sobre ruas,


telhados e edificações surgindo assim as torrentes, que escoam
superficialmente nos pisos impermeáveis das cidades (asfalto, concreto etc.);

9
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
2 – Essas águas vão ser conduzidas pelas vias e sarjetas até encontrar
estruturas (veremos adiante quais são!) que as direcionem para tubulações
subterrâneas.
3 – Então, são escoadas pelas tubulações que alimentam os condutos
secundários, a partir dos quais são lançadas em fundos de vale, cursos d’água
naturais, no oceano, em lagos ou, no caso de solos bastante permeáveis,
esparramadas sobre o terreno por onde infiltram no subsolo.

O sistema responsável pela captação da água pluvial e sua condução até o


sistema de macro-drenagem é denominado Sistema de Micro-Drenagem. A fase
final do escoamento no fundo do vale, canais ou em cursos de água naturais é o
que determina o chamado Sistema de Macro-Drenagem.

De qualquer maneira, como critério de projeto, é recomendável que o sistema de


drenagem seja tal que o percurso da água entre sua origem e seu destino seja o
menor possível. A idéia é essa mesma que está na cabeça de vocês: se “livrar”
do volume excessivo de água o mais rápido possível!

Além disso, é conveniente que esta água seja escoada por gravidade. Porém, se
não houver possibilidade, pode-se projetar estações de bombeamento para esta
finalidade, registrando-se o inconveniente dos custos de operação e
manutenção constantes que esta solução exige.

II - MICRODRENAGEM

A microdrenagem urbana é definida pelo sistema de condutos pluviais em nível


de loteamento ou de rede primária urbana. De maneira sintética podemos
afirmar que o sistema de microdrenagem (Figura 4) é o primeiro a entrar em
contato com as águas de chuva após elas encontrarem o solo.

Figura 4 – Sistema de Microdrenagem (Tucci, 1995)

10
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
Em um sistema de microdrenagem, é possível identificar as seguintes
estruturas:

- Meio-fio: elemento de pedra ou concreto colocado nos passeios de vias


públicas paralelamente ao eixo da rua;

- Sarjetas: faixas da via paralelas ao meio-fio que com ele formam uma calha.
São destinadas a conduzir a água pluvial. Pode-se calcular a capacidade
máxima da sarjeta de condução considerando a água escoando apenas por sua
seção ou por toda calha da rua;

- Sarjetões: calhas formadas pelo próprio pavimento, localizadas nos


cruzamentos das vias públicas e destinadas a direcionar a água pluvial que
escoa pela sarjeta;

- Bocas-de-lobo: os dispositivos localizados em pontos estratégicos nas


sarjetas para captar águas pluviais e direcioná-las às galerias. Essas estruturas
são freqüentemente cobradas em concursos públicos.

Alguns critérios principais de projeto:


o Nos pontos mais baixos do sistema viário devem ser instaladas estruturas
denominadas “bocas-de-lobo”;
o Tais estruturas devem ser colocadas de forma a não terem a sua
capacidade de engolimento ultrapassadas, bem como respeitar a
capacidade da sarjeta. Lembre-se que a vazão conduzida pela sarjeta
aumenta durante o escoamento (pois recebe diversas “contribuições”
laterais) até que haja uma boca-de-lobo que recolha toda essa água;
o Também as bocas-de-lobo não devem ser instaladas nos vértices das
vias, de forma a facilitar a travessia de pedestres e para que não haja a
convergência de torrentes.

As bocas-de-lobo podem ser bocas ou ralos de guias, ralos de sarjeta (grelhas),


ou ralos combinados. Podem apresentar ainda depressão ou serem colocadas
de forma simples ou múltipla (Figura 5).

11
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO

Figura 5 – Tipos de Boca de lobo (Tucci, 1995)

- Tubos de ligações: são canalizações destinadas à conduzir a água


proveniente das bocas-de-lobo até as galerias ou poços de visita;

- Galeria: canalizações públicas usadas para conduzir águas pluviais


provenientes das bocas-de-lobo e das ligações privadas. Devem ser projetadas
para funcionar à seção plena com a vazão de projeto (seção plena significa a
tubulação integralmente coberta por água);

- Poço de visita: dispositivos localizados em pontos convenientes do sistema de


galerias para permitirem mudança de direção, mudança de declividade,
mudança de diâmetro e inspeção e limpeza das canalizações. Se a diferença
entre a tubulação afluente e efluente for maior que 0,70m, o poço de visita será
denominado poço de queda.

- Caixas de ligação: Função similar à do poço de visita, mas não permite


visitação;

- Trecho: parte da galeria entre dois poços de visita;

- Estações de bombeamento e condutos forçados: conjunto de obras e


equipamentos destinados a retirar água de um canal de drenagem, quando isso
não for possível por gravidade.

Para o adequado dimensionamento dessas estruturas de transporte da água é o


primeiro passo é a determinação da vazão máxima de projeto.

Temos que lembrar primeiramente que a precipitação (chuva) é um fenômeno


aleatório. Por outro lado, a vazão em um instante de tempo qualquer, em

12
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
determinada seção de uma calha condutora de água NÃO é aleatória e pode ser
determinada em função de uma série de parâmetros, tais como: precipitação
que no mesmo instante de tempo da vazão, precipitação em tempos
antecedentes (chuvas nos dias anteriores), geologia, topografia, cobertura
vegetal, estação do ano, contribuição subterrânea, obras no curso d’água,
dentre outros.

O denominado “método racional” é bastante utilizado para determinar a vazão


máxima de projeto para bacias pequenas (< 3 km2). Essa restrição quanto ao
tamanho da bacia é devido ao fato de que, em bacias menores: (1) a chuva
pode ser considerada uniformemente distribuída no tempo e no espaço e (2) o
processo de amortecimento das vazões a montante é desprezível. Essas
considerações podem ser consideradas condições de validade do método
racional. Além disso, tal método tem como premissas (hipóteses aceitas como
verdadeiras):

- A duração da precipitação máxima de projeto é igual ao “tempo de


concentração” da bacia;
- Adota coeficiente único de perdas de água;
- Não avalia o volume de cheias e nem a distribuição temporal das vazões.

A vazão máxima é dada por:

Q=0,278.C.I.A, onde:

Q= vazão máxima estimada (m³/s);


C = coeficiente de perdas, adimensional;
I = intensidade da precipitação (mm/h);
A = área de contribuição (km²)

Além do método racional, a literatura especializada descreve dezenas de


“fórmulas empíricas” (obtidas de experiências práticas). Podem ser de 2 tipos:
(a) vazões em função da área da bacia; ou (b) vazões em função da
precipitação. Apenas para ilustrar, apresentamos as seguintes fórmulas:

• Tipo (a): Q = {[600/(A+10)]+1}.A, válida para A < 1000 km²;


• Tipo (b): Q = K.h.[(A^1,25) / (L^1,25)], onde Q = vazão com Tempo de
Retorno – TR - de 100 anos; K varia de 310 (para áreas úmidas) a 40
(áreas áridas), h = precipitação de 1 dia com TR 100 anos.

A literatura preconiza que as estruturas de microdrenagem podem ser


projetadas para o escoamento de vazões de 2 a 10 anos de Tempo de Retorno
(TR), também chamada de Tempo de Recorrência.

O Tempo de Retorno é um conceito importante e que deve ser bem entendido. A


definição mais completa e comumente aceita é: Tempo de Retorno é o intervalo

13
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
médio de anos, dentro do qual, um evento hidrológico (por exemplo, uma cheia de
magnitude Q0) é igualado ou superado em média uma vez, em um ano qualquer. Se
P é a probabilidade desse evento ocorrer ou ser superado em um ano qualquer,
tem-se a relação T = 1 / P.

Algumas pessoas acham que se uma vazão com tempo de retorno de 10 anos (TR
10 anos) ocorre HOJE, isto significa dizer que outra vazão igual ou maior
SOMENTE ocorrerá daqui a mais 10 anos... Isto NÃO é verdade pessoal!!!

Temos que entender que o conceito de tempo de recorrência é ESTATÍSTICO e,


portanto, há um erro implícito nos valores calculados, pois os mesmos são tomados
com base em uma amostra histórica limitada. O erro é tão maior quanto mais
limitado for o nosso histórico medido.

Por exemplo, em projetos do setor elétrico, temos que as vazões medidas mais
antigas (e confiáveis) datam do final da década de 20. Ou seja, nosso histórico de
vazões no país possui extensão máxima inferior a 90 anos. Então como é possível
que o vertedouro de uma usina hidrelétrica seja projetado para vazões de TR
10.000 anos se nenhum ser humano registrou uma vazão medida há 10.000 anos
atrás? Ora, porque a vazão é determinada com base em uma fórmula que considera
a probabilidade de ocorrência da vazão, mas que não dá certeza nenhuma de que
ela de fato irá ocorrer.

E se, por exemplo, tivéssemos uma amostra limitada de 1.000 vazões diárias
medidas e quiséssemos saber qual seria o tempo de retorno associado a uma
vazão de, digamos, 10 m³/s ? Para termos uma estimativa VÁLIDA APENAS
PARA A AMOSTRA SELECIONADA bastaria contarmos quantos elementos são
iguais ou superiores aos 10 m³/s e dividirmos pelo tamanho total da amostra
(1.000) teríamos uma “frequência” (F) com que esse evento excepcional
ocorreu. Por exemplo, se 25 vazões foram superiores a 10 m³/s, F= 25/1.000 =
0,025, ou 2,5%. Dessa forma, teríamos que TR = 1/F = 1/0,025 = 40 anos.

Para amostras muito grandes, digamos, com 30 anos de dados de vazões


diárias, ou seja, uma amostra com 10.950 elementos ( = 30 anos x 365
dias/ano), podemos supor que a “amostra” é representativa em relação à
“população” de dados (a “população” no caso seria toda e qualquer vazão diária
possível de ocorrer). Logo, a freqüência (F) com que o evento ocorre na amostra
pode ser tomada como a probabilidade (P) desse evento ocorrer para qualquer
situação possível e, portanto, temos a fórmula já mencionada: TR = 1/P.

Mas porque é necessário calcular uma vazão máxima associada a um tempo de


retorno?

Ora, convenhamos que para os não-engenheiros o conceito de Tempo de


Retorno é bem mais compreensível do que toda aquelas conversa sobre
“amostra”, “população”, “probabilidade” etc., certo?

14
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
É muito mais fácil convencer um tomador de decisão (um Secretário de Obras,
um Prefeito, um Governador, um Ministro de Estado) de que um determinado
sistema de drenagem projetado irá resistir a cheias que ocorrerão, em média, a
cada 5 anos, mas que a cada 10 anos, por exemplo, o sistema pode falhar e
então haverá inundações que trarão prejuízos à população. Bem, perfeito...
Então porque não projetar e construir logo todo o sistema de drenagem para
resistir uma vazão de tempo de retorno de 100 anos, 1.000 anos, 10.000 anos,
1.000.000.000 de anos???

A resposta é simples, quanto maior a cheia de projeto, maior devem ser as


dimensões da sarjeta, da boca-de-lobo, das canalizações... Eventualmente pode
ser inviável tecnicamente ter uma dessas estruturas com grandes dimensões...
Imagine por exemplo uma sarjeta para escoar uma vazão infinita, mas que
ocupe metade do espaço da rua para isso!!! No entanto, maior impeditivo
provavelmente não será uma questão de ordem técnica, mas sim o CUSTO do
sistema para levar essa vazão em segurança para longe da cidade!

É muito comum se trabalhar com mais de uma alternativa quando são


elaborados estudos de viabilidade técnica e econômica de projetos. Pode-se,
por exemplo, realizar uma avaliação expedita (sem muito rigor, simplificada),
cotejando os custos de sistemas para atender a vazões de TRs 2, 5 ou 10 anos
e os prejuízos advindos de enchentes para cada uma das alternativas. Como
regra geral, em regiões onde a ocupação humana é menos densa, onde uma
eventual cheia não atinja indústrias, casa comerciais, residências, os tempos de
retorno adotados podem ser menores (2 a 5 anos para microdrenagem). Por
outro lado, em situações onde haja grande densidade de pessoas, com
possibilidade real de prejuízos diversos à população, são adotados TRs maiores
(da ordem de 10 anos).

III - MACRODRENAGEM

As estruturas urbanas de macrodrenagem destinam-se à condução final das


águas captadas pela drenagem primária, dando prosseguimento ao escoamento
dos deflúvios oriundos das ruas, sarjetas, valas e galerias, que são elementos
anteriormente englobados como estruturas de microdrenagem. De fato, a
macrodrenagem de uma zona urbana corresponde à rede de drenagem natural
pré-existente nos terrenos antes da ocupação, sendo constituída pelos córregos,
riachos e rios localizados nos talvegues e vales.

A degradação da drenagem natural e a construção de estruturas de


microdrenagem tornam necessárias medidas para implantação, tratamento ou
ampliação das vias de macrodrenagem.

São obras de macrodrenagem:

15
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
- retificação e ampliação das seções de canais naturais;
- construção de canais artificiais;
- galerias de grandes dimensões;
- estruturas para controle, dissipação de energia; amortecimento de picos,
proteção contra erosões e assoreamento etc.

Figura 6 – Estruturas de Macrodrenagem (Baptista, 2007)

Os canais destinados à drenagem urbana podem ser abertos ou fechados. Estes


últimos são ainda mais complexos, pois em eventos extremos, o escoamento
livre (quando a superfície da água não toca o topo do canal e o escoamento
ocorre sob pressão atmosférica) passa a ser forçado (sob pressão). Portanto, no
projeto de um canal desses deve-se levar em conta que o escoamento é
essencialmente hidrodinâmico, isto é, a vazão transportada varia no tempo e no
espaço de acordo com o evento hidrológico e as peculiaridades de traçado.

A literatura preconiza que as estruturas de macrodrenagem podem ser


projetadas para o escoamento de vazões de 25 a 100 anos de período de
retorno. A fixação da vazão exata depende de uma análise custo-benefício, que
considera os riscos de prejuízos e o vulto dos investimentos necessários nas
obras, da mesma forma como já comentamos em relação à microdrenagem.

Aí você pergunta: E onde entra o Analista de Controle Externo do Tribunal de


Contas da União nisso? Bom, digamos que há um município sofrendo ano-a-ano
com enchentes no período de chuvas. Essas enchentes causam não só muito
transtorno, como perdas materiais e problemas de saúde.

Então o município faz um convênio com o Ministério das Cidades para o


tratamento do fundo de vale do canal principal da cidade de forma a melhorar o
escoamento e aumentar a capacidade de condução de vazões. É nossa função
ir até o local para examinar se os recursos públicos federais estarão sendo

16
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
aplicados da melhor e mais escorreita forma. Mais do que simplesmente verificar
se o recurso está sendo gasto com a obra, devemos avaliar a economicidade do
projeto, ou seja, devemos verificar se (1) as especificações técnicas dos
serviços, previstas no edital de licitação, estão sendo rigorosamente seguidas e
(2) se tais especificações são adequadas para que a obra atingir o objetivo
proposto de reduzir os transtornos da população, conforme prometido pelo
prefeito em sua campanha...

IV - CONTROLE DO IMPACTO DA URBANIZAÇÃO E DEFESA CONTRA


INUNDAÇÃO

O impacto da urbanização pode ocorrer sobre a quantidade de água


(enchentes), quantidade de sedimentos carreados e qualidade da água. Por ser
mais notório, o foco das questões recai sobre o controle da quantidade de água,
e esse será nosso enfoque aqui.

As medidas de controle do escoamento podem ser classificadas em: (1)


medidas de controle estruturais (junto a medidas compensatórias) e (2) medidas
não-estruturais. Como forma de se otimizar todo o sistema, é interessante adotar
a combinação de algumas ou várias dessas medidas, notadamente a
composição de medidas estruturais e não-estruturais.

A seguir passaremos a analisar várias dessas medidas de controle.

Medidas de Controle Estruturais

As medidas de controle estruturais são aquelas que envolvem obras de


engenharia projetadas para reduzir o risco de enchentes. Envolvem também as
medidas de controle compensatórias, que são utilizadas como técnicas
alternativas de drenagem pluvial para reduzir ou controlar os excedentes pluviais
gerados pela impermeabilização e a poluição de origem pluvial, além de
aumentar a recarga dos aqüíferos subterrâneos. Essas medidas compensatórias
apresentam-se em diferentes escalas espaciais e, sempre que possível,
próximas às fontes geradoras.

Essas obras realizadas para controle de enchentes podem ser segmentadas, de


acordo com o tipo de ação sobre o hidrograma, em:

1 - Infiltração e percolação forçadas

A infiltração é o processo de transferência do fluxo da superfície para o interior


do solo. O fluxo de água através da camada não-saturada (não encharcada) do
solo até o lençol freático (zona saturada) é denominada de percolação.
Caracteriza essa zona saturada o fato de haver apenas água entre grãos, sem a
presença de ar.

17
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
As vantagens desse tipo de ação são: o aumento da recarga, preservação da
vegetação, redução das vazões máximas a jusante e redução do tamanho dos
condutos. Além disso, contribui para a melhoria da qualidade das águas
escoadas, já que diminui a concentração dos poluentes presentes nelas.

As desvantagens são que os solos podem tornar-se impermeáveis com o tempo


devido à colmatação (preenchimento do vazio entre os grãos com materiais
finos, “vedando” a passagem de água). Ademais há risco de aumento do nível
do lençol freático, atingindo construções em subsolo. Cabe destacar que a
literatura não recomenda a adoção dessa solução quando a profundidade do
lençol freático for baixa. Ou seja, se o nível da água que está no subsolo já
estiver muito próximo à superfície (baixa profundidade), “forçar” uma infiltração
em determinado ponto pode piorar o problema em um ponto próximo, com o
retorno da água à superfície, brotando do solo.

- Planos e Valos de infiltração - Os planos de infiltração são formados por


áreas gramadas laterais para receberem as águas da chuva provenientes de
áreas impermeáveis. Os valos de infiltração são localizados paralelamente a
ruas, conjuntos habitacionais ou estradas, consistem em drenar lateralmente e
concentrar o fluxo em áreas adjacentes, criando condições de infiltração ao
longo do seu comprimento. Funcionam como reservatórios de detenção, quando
a precipitação supera a capacidade de infiltração do solo. Têm a vantagem
também de diminuir a poluição a jusante.

- Trincheiras drenantes ou de infiltração - As trincheiras drenantes são


compostas por drenos enterrados utilizados para captar água que percola
maciços de solo ou para conduzir este escoamento para pontos de captação
e/ou lançamento. Geralmente são utilizadas em bordas de pistas de rolamento,
dispostas longitudinalmente para evitar a subida do nível d´água no subleito do
pavimento e também são adequadas para pequenas áreas de drenagem como
lotes individuais ou quarteirões.

- Bacias de percolação - Estes dispositivos provocam o aumento da recarga do


lençol freático, que por sua vez deve ser baixo para aumentar a capacidade de
armazenagem. A camada superior do solo é responsável pelo armazenamento e
depende muito da porosidade. A água pode ser recolhida pelo telhado por meio
de calhas pluviais, criando as condições de escoamento direto para o solo.

18
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
Figura 7 – Bacias de Percolação (Tucci, 1995)

- Pavimentos permeáveis – utilizados em grandes áreas como


estacionamentos, áreas públicas, praças, cemitérios, entre outras. Esse tipo de
pavimento pode ser de concreto ou asfalto poroso, sendo construído da mesma
forma dos tradicionais, com a diferença de que o material fino é retirado da
mistura de forma a torná-lo permeável. Também podemos ter o pavimento de
blocos de concreto vazados.

Um pavimento permeável típico é formado pelas seguintes camadas (partindo-


se da camada em contato com o solo existente) :
• Solo existente;
• Filtro geotêxtil;
• Reservatório de Pedra com agregado de 1” a 3”;
• Filtro Granular (2,5cm de espessura e agregado de ½”);
• Camada de superfície: (i) concreto ou asfalto poroso (5 a 10 cm de
espessura), ou (ii) blocos de concreto vazados (com orifícios verticais
preenchidos com areia grossa) assentes sobre uma camada de areia fina
(filtro);

Há que se destacar que o pavimento permeável, justamente por sua construção


prever “vazios” (inclusive na sub-base) por onde a água possa infiltrar, possui
baixa capacidade de suporte. Deve-se alertar que em estacionamentos deve-se
cuidar para que o aqüífero não seja contaminado pela infiltração de óleo dos
veículos.

Figura 8 – Pavimento permeável

2 - Armazenamento

De forma a se reduzir o impacto causado pela perda de capacidade de


armazenamento da bacia, muitas vezes são construídos reservatórios de
detenção. Esses reservatórios podem ser de vários tamanhos e nem sempre
necessitam de grandes áreas. Segundo o prof. Carlos Tucci (UFRGS), apesar
de, no Brasil, a idéia de reservatório ser a de grandes obras, o reservatório de
detenção urbano pode representar uma pequena superfície de pequeno volume,

19
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
que faça parte de uma área pública ou de um condomínio. Completa ainda que
mesmo com um volume pequeno, uma bacia dessas é capaz de reduzir as
vazões de pico significativamente. Deve-se ressaltar ainda a possibilidade da
construção de bacias de detenção subterrâneas.

Esses reservatórios objetivam amortecer os picos de enchente e retardar o


escoamento, propiciando um aumento no tempo de concentração, aliviando o
funcionamento da rede de drenagem. Podem ser projetados para manterem
uma lâmina permanente de água (retenção) ou secarem após seu uso
(detenção), cuja diferença já vimos na introdução desta aula.

Figura 9 – Bacias de detenção/retenção (Baptista, 2007)

A literatura menciona que as instalações de detenção desse tipo que tiveram


maior sucesso foram as que se integraram a outros usos, como a recreação, já
que a comunidade, no seu cotidiano, usará esse espaço de recreação. Portanto,
é desejável que o projeto desse sistema esteja integrado ao planejamento do
uso da área.

Ademais, o armazenamento pode ser efetuado em telhados, em pequenos


reservatórios residenciais, em estacionamentos e outros. Em telhados, há a
necessidade de reforço das estruturas e manutenção constante.

Em lotes, o armazenamento pode ser utilizado para amortecer o escoamento,


em conjunto com outros usos como: abastecimento de água, irrigação e
lavagem de automóveis.

3 – Aumento da eficiência do escoamento

20
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
O aumento na eficiência do escoamento se dá por meio de condutos e canais,
drenando áreas inundadas. Esse tipo de solução tende a transferir enchentes de
uma área para outra, localizada mais a jusante (rio abaixo).

Quando há o alargamento da calha fluvial a capacidade do canal de conduzir


vazões aumenta, diminuindo as possibilidade de inundações naquele trecho. No
mesmo sentido, a canalização de um curso de água também amplia a
capacidade do rio de transportar uma determinada vazão, seja através do
aumento da seção, da diminuição da rugosidade ou do aumento da declividade
da linha de água.

Entretanto, como exposto, este tipo de solução tende a não resolver o problema
em toda sua magnitude. Além disso, devido aos impactos no desenvolvimento
ambiental, a tendência é reduzir ao máximo o uso dessa medida, procurando-se
aumentar a convivência harmoniosa da população com o seu meio natural.

4 – Diques e estações de bombeamento

O dique permite proteção localizada para uma região ribeirinha contra a água
que, naturalmente, extravasaria do rio em situações de vazões elevadas.
Ressalte-se que é necessário planejar-se o bombeamento das áreas laterais
contribuintes ao dique, já que as águas pluviais que deveriam chegar ao rio
naturalmente acabam ficando represadas. As regiões protegidas pelos muros
laterais (diques) também é chamada de Polderes pela literatura especializada.

Figura 10 – Esquema sobre o funcionamento de diques para proteção contra inundações

Os pôlderes são encontrados em grandes áreas nos Países Baixos (Holanda). A


moderna província da Flevolândia foi construída quase inteiramente sobre
pôlderes.

A cidade de New Orleans (Estados Unidos) foi parcialmente destruída quando


os velhos diques de proteção se romperam com a passagem do furacão Katrina,
em 2005, inundando toda a área ensecada (pôlderes).

21
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
No estado do Rio de Janeiro, o antigo DNOS e a SERLA construíram diversos
pôlderes para proteção de áreas urbanas na Baixada Fluminense e para áreas
rurais, como em Papucaia, o pôlder de São José da Boa Morte.

5 – Controle da Cobertura Vegetal

Outro exemplo de medida de controle de inundação estrutural é o


reflorestamento da bacia hidrográfica. A cobertura vegetal tem como efeito a
interceptação de parte da precipitação que pode gerar escoamento e proteção
do solo contra a erosão. A perda dessa cobertura para uso agrícola tem
produzido como conseqüência o aumento da frequência de inundações devido à
falta de interceptação da precipitação e assoreamento dos rios. A urbanização e
o desmatamento produzem um aumento da freqüência de inundação
principalmente nas cheias pequenas e médias. Nas grandes cheias o seu efeito
é bem menor, pois a capacidade de saturação do solo e o armazenamento são
atingidos, de modo que o efeito final pouco difere.

O principal instrumento jurídico brasileiro que normatiza a proteção dos recursos


ambientais é a Lei Federal 4.771/65, denominada de Código Florestal (BRASIL,
1965). Nesta Lei consta que é proibido qualquer uso ou manejo com fins
econômicos em Área de Preservação Permanente (APP) e se preconiza que a
floresta ou outra forma de vegetação natural é considerada APP quando situada
ao entorno das nascentes, ao longo dos cursos d’água e na bordas de
tabuleiros. Quando a APP estiver situada em área urbana, deve ser observado o
disposto nos planos diretores e leis municipais de uso do solo.

Nesta mesma Lei, em seu artigo 16º, a Reserva Legal corresponde à cobertura
florestal de qualquer natureza, compreendida de no mínimo 20% da área de
cada propriedade, onde não é permitido o corte raso. Nas propriedades rurais
com área entre 20 a 50 hectares, neste limite percentual também podem ser
incluídos os maciços de porte arbóreo, sejam frutíferos, ornamentais ou
industriais.

Segundo alguns autores, o reflorestamento de bacias envolve um custo


significativo, razão pela qual esta medida se mostra frequentemente inviável.

O estudo intitulado “Reflorestamento compensatório com vistas à retenção de


água no solo da bacia hidrográfica do Córrego Palmital, Jaboticabal, SP” utilizou
a metodologia Florestamentos Compensatórios para Retenção de Água em
Microbacias (FCRAM), que possibilita determinar valores de perda de água e
florestamento compensatório das perdas (Borges, 2005)

A obtenção de dados em campo, como medições de infiltração da água em


diferentes solos e respectivos usos e ocupação, permite estimar a área de
cobertura florestal necessária para compensar as perdas de água por
escoamento superficial na bacia hidrográfica.

22
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO

A conclusão do estudo mencionado foi a de que o reflorestamento


compensatório para reter 12,21 milhões de m³/ano de perda de água na bacia
do Córrego Palmital deve contemplar uma área de 942,73 ha, ou seja, 8,87 % da
área da bacia. Segundo os autores, esse reflorestamento pode ser feito
prioritariamente em área de preservação permanente ou em área para compor
parte da reserva legal.

Medidas de Controle não-Estruturais

As medidas não estruturais são aquelas de caráter extensivo, com ações


abrangendo toda a bacia. Apresentam natureza institucional, administrativa ou
financeira, adotadas individualmente ou em grupo, espontaneamente ou por
força de legislação, destinadas a atenuar os deflúvios (vazões) ou adaptar os
ocupantes das áreas potencialmente inundáveis a conviverem com a ocorrência
periódica do fenômeno.

As medidas de controle não estruturais, como o próprio nome diz, não


empregam uma obra física para o controle de inundações, utilizam-se
principalmente de medidas institucionais, como planos diretores, legislações,
educação da população, etc., fundamentalmente são constituídas por ações de
controle do uso e ocupação do solo (nas várzeas e bacias). Ajudam a população
a conviver melhor com as enchentes, muitas vezes diminuindo a vulnerabilidade
das pessoas das áreas de risco aos inconvenientes das enchentes.

Adicionalmente, os CUSTOS envolvidos em medidas não-estruturais são


bastante inferiores aqueles envolvidos nas medidas estruturais. Podemos citar
como exemplos práticos de medidas não estruturais as seguintes: (i) instalação
de vedações temporárias ou permanentes nas aberturas das estruturas; (ii)
elevação das estruturas existentes; (iii) construção de novas estruturas sob
pilotis; (iv) seguro de inundação; (v) instalação de serviço de previsão e de alerta
de enchentes com plano de evacuação; (vi) regulamentação do uso da terra
(incentivos fiscais), dentre outras.

Para que haja sucesso na implantação das medidas não estruturais, a


participação da população no processo é fundamental, principalmente com
relação aos aspectos de ordem cultural que podem de alguma forma atrapalhar
sua implantação ou serem alterados em decorrência da efetivação de tais
medidas. Deve haver o comprometimento da população, assim como das
instituições municipais para o sucesso das intervenções.

V - QUESTÕES DE CONCURSOS RELACIONADAS AOS TEMAS TRATADOS

23
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
Pessoal, a partir de agora resolveremos questões de concursos anteriores para,
por um lado, fixar a matéria tratada na aula, por outro, fazer comentários sobre
alguns detalhes que restam para fechar a matéria. Em algumas questões vocês
irão reparar que fizemos alguns destaques (sublinhados) no enunciado, que não
existem no original. A idéia e chamar atenção de vocês para informações
importantes no julgamento do item, principalmente quando o item é classificado
como “errado”.

(ANA/2006) 105 Essa tabela serve para mostrar a importância da


participação dos diversos setores no processo de planejamento e gestão
de recursos hídricos.
GABA: C

Questão relativamente simples. Aborda a necessidade da participação de todos


os setores no planejamento e gestão dos recursos hídricos, que, no que tange à
drenagem urbana, também são uma forma de medida de controle não–
estrutural, de natureza administrativa-institucional.

(ANA/2006) 106 De acordo com a tabela, os efeitos da urbanização sobre


os recursos hídricos são mais sensíveis nas bacias maiores.
GABA: E

Essa questão cobra do candidato a interpretação da tabela acima e o


conhecimento da relação entre urbanização e impermeabilização. Pela tabela
percebe-se que quanto menor a bacia, mais forte a influência da
impermeabilização. Portanto, mais sensível ela é aos efeitos da urbanização.

(DETRAN/2008) Por drenagem urbana não se entende apenas aspectos


meramente técnicos relativos à engenharia, mas também um conjunto de
medidas a serem tomadas que visem minimizar os riscos e os prejuízos
decorrentes de inundações, aos quais a sociedade está sujeita.
GABA: C

Como dissemos no início da aula e pôde ser percebido ao longo dela, a


drenagem urbana extrapola os aspectos de engenharia e engloba outras

24
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
medidas (administrativas, institucionais e educativas) que objetivem diminuir
riscos e prejuízos causados por enchentes.

(TCU/2007) Sabe-se que a urbanização é responsável pelo aumento do


escoamento superficial urbano e, conseqüentemente, pelo aumento da
freqüência das inundações, portanto, um aspecto essencial para se
conseguir uma urbanização de baixo impacto é combater o incremento no
escoamento superficial, de modo a manter a resposta da bacia nas suas
condições naturais, prévias à urbanização. A respeito desse assunto,
julgue os próximos itens.

Pessoal, aqui vai uma dica de concurseiro. Esses enunciados no CESPE


sempre nos ensinam muita coisa sobre a matéria que estamos estudando.
Portanto, fiquem de olho neles!

Nesse caso, vejam como o trecho acima trata exatamente do que comentamos
no início da aula.

(TCU/2007) 148 Reservatórios de cheias, cuja adoção deve-se limitar à


macrodrenagem, apresentam grande eficiência hidráulica na redução do
volume de escoamento superficial, mas exigem manutenção constante.
GABA: E

Pessoal, eu percebi dois erros nessa questão. Os reservatórios de cheias não se


limitam à macrodrenagem. Muitas vezes têm pequenas dimensões e atuam
sobre o hidrograma de um ou alguns lotes, por exemplo. Na verdade, quanto
mais reservatórios “distribuídos” por toda a rede de microdrenagem, melhor para
a rede de macrodrenagem, que recebe menos contribuições! Além disso, já
vimos que se recomenda, para um uso otimizado, que os grandes reservatórios
de cheias sejam de uso múltiplo. Essa previsão faz parte inclusive da Política
Nacional de Recursos Hídricos, conforme definido pela Lei 9433/1997. Outra
imprecisão, de ordem hidrológica, é dizer que esses reservatórios reduzem o
volume de escoamento superficial na bacia. Na realidade eles reduzem a vazão
quando ela está já na calha do rio.

(TCU/2007) 149 Em regiões urbanas onde não há espaço suficiente para a


implantação de uma bacia de acumulação, recomenda-se a canalização
dos cursos de água, dando-se preferência aos condutos fechados sob
pressão.
GABA: E

Vimos que as bacias não precisam ter grandes dimensões para surtirem efeito
na microdrenagem (regiões urbanas). Além disso, a canalização dos cursos
d’água geralmente é a última opção recomendável, devido ao seu impacto no
ambiente, pois, como vimos, apenas transfere o problema para jusante (rio
abaixo). Por fim, dá-se preferência aos canais abertos, de escoamento livre, não

25
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
só pelo menor custo de construção (não é necessário construir uma laje para
fechamento do canal), como pelas facilidades de manutenção. Um canal ao ar
livre é muito mais simples de ser limpo com equipamentos de grande porte e
maior produtividade, ao contrário do canal fechado, onde os operários trabalham
confinados.

(TCU/2007) 150 O alargamento das calhas fluviais possibilita o transporte


de uma vazão maior no trecho retificado, sem a ocorrência de
transbordamento do rio, mas também pode simplesmente transferir a cheia
de um ponto para outro, a jusante, sem controle efetivo da cheia.
GABA: C

O alargamento das calhas resolve o problema imediato das cheias no local onde
as obras ocorrem, mas passa a conduzir uma vazão maior, podendo provocar
enchentes a jusante caso as águas encontrem algum “gargalo” no sistema, ou
seja, um trecho que não sofreu o mesmo tipo de obras de alargamento da calha.

(TCU/2005) No manejo de águas pluviais, procura-se garantir o escoamento


da água de chuva em períodos críticos, o que evita problemas como
inundações e erosão. Para tanto, obras de engenharia são construídas
com vistas a controlar, da melhor maneira possível, impactos gerados por
precipitações críticas. Acerca desse assunto, julgue os itens que se
seguem.

(TCU/2005) 199 Boca-de-lobo com abertura na guia pode ser contínua ou


com depressão.
GABA: C

Na aula de hoje aprendemos que as bocas-de-lobo podem ser de guia, com


grelha ou combinada, podendo ser contínua (o escoamento mantém-se no
plano) ou haver depressão (o escoamento é “forçado” para que entre na
abertura) nesses três tipos.

(TCU/2005) 200 Bacias de detenção não reduzem o volume de escoamento


direto durante uma precipitação crítica.
GABA:C

Vejam como mesmo em engenharia os temas se repetem! As bacias de


detenção reduzem a vazão, mas o volume de água escoado durante uma
precipitação (ou seja, durante todo o intervalo de tempo em que estiver
chovendo) é o mesmo. Professor, não entendi nada! Pessoal, a vazão é o
volume de água (m³, litros, ...) que passa por uma determinada seção de uma
calha em 01 (uma) unidade de tempo (hora, segundo, ...)! Por exemplo, em uma
bacia hidrográfica impermeabilizada, quando não há um reservatório de
acumulação, todo o volume de água de chuva (m³) escoa rapidamente e se
acumula quase no mesmo momento na seção de um canal. Aquele período de

26
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
tempo curto, concentrando grande volume, resulta em uma grande vazão de
água (m³/s). Quando há um reservatório, o volume de água que vai passar pelo
canal é o mesmo, mas num período longo, pois o reservatório “libera” a água
aos poucos. Assim, as vazões são menores, mas o volume total, ressaltemos, é
sempre o mesmo.

(CEHAP/2008) Os sistemas de drenagem de águas pluviais são


componentes essenciais da infraestrutura urbana e rural e sua concepção
é feita com base em determinados critérios técnicos. A respeito desse
assunto, julgue os itens.

(CEHAP/2008) 41 Recomenda-se que os canais de drenagem a superfície


livre sejam de seção única, dimensionados com base na vazão máxima de
projeto.
GABA: E

O erro está em dizer que a seção deve ser única e, pior, dimensionada para o
valor máximo. Os canais de drenagem a superfície livre recebem escoamento
durante todo seu trajeto. Assim, conduzem vazões pequenas no seu início, mas
elas vão sendo incrementadas por novas contribuições durante todo o trajeto.
Seguindo este raciocínio, em um determinado ponto a jusante (rio abaixo) é
necessário um canal com maior capacidade (portanto, maior seção) do que a
montante (rio acima). Um dimensionamento único com base na maior vazão
implicaria em um “superdimensionamento” (as seções mais a montante ficariam
“ociosas”) e, consequentemente, teríamos uma obra com um custo maior do que
o necessário. Lembrem-se de que em breve vocês serão parte do TCU e
desperdício de recursos públicos é o que devemos combater!

(CEHAP/2008) 41 Os sistemas de drenagem bem concebidos devem


suportar qualquer evento chuvoso.
GABA: E

O erro está em dizer que seria qualquer evento chuvoso. Os sistemas de


drenagem são projetados para conduzir a vazão de projeto. Essa vazão resulta
de uma chuva de projeto. Esse evento chuvoso é calculado por estatística de
acordo com as precipitações anteriores. Canais que sejam capazes de conduzir
qualquer vazão, associada a “qualquer evento chuvoso”, seriam inviáveis. Daí
vem o conceito de período de retorno. Assim, admite-se que eventualmente
esses canais possam transbordar. Essa freqüência de transbordamento
desejada é que vai definir a TR escolhida.

(CEHAP/2008) 41 Em áreas rurais, a preferência deve ser pelos canais


abertos a superfície livre, e não pelas galerias.
GABA: C

27
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
Sempre que possível deve-se preferir canais abertos e que possam ser
integrados ao ambiente que o cerca. Além de motivos ambientais, há motivos
técnico-construtivos para que assim seja. Como dissemos, eventualmente, de
acordo com a chuva, os canais transbordarão. As conseqüências dessa
excepcionalidade em canais fechados são mais problemáticas do que ocorre em
canais abertos.

(MPOG/2008) A tendência atual na concepção de sistema de drenagem de


águas pluviais em ambientes urbanos incentiva a utilização das
denominadas medidas compensatórias — bacias de detenção, planos de
infiltração, trincheiras de percolação, microrreservatórios etc. — como
instrumento de controle do escoamento superficial.

Lembrando: fiquem atentos com os enunciados!

No que se refere a essas medidas compensatórias, julgue os itens que se


seguem.

(MPOG/2008) 71 A incorporação de bacias de detenção promove um


amortecimento da vazão de pico do escoamento superficial.
GABA: C

Correto. Vejam que nas questões anteriores o erro era afirmar que haveria
redução do volume escoado. Agora, está correto: há redução das vazões de
pico devido ao efeito de amortecimento das cheias pelo reservatório.

(MPOG/2008) 73 A pavimentação de superfícies com blocos intertravados


vazados que facilitam a infiltração da água no solo é recomendada para
grandes áreas, como estacionamentos de empresas transportadoras, por
exemplo.
GABA: E

Pessoal, o erro principal está no fato de que, como vimos no texto teórico, esses
pavimentos “vazados” possuem baixa capacidade de suporte (inclusive na sua
sub-base, que não deve ser compactada, justamente para permitir a passagem
da água). Portanto, nada mais inadequado para um local onde os veículos que
trafegam são de grande porte e carregam muito peso (caminhões de
transportadoras), não é mesmo? Conforme o enunciado destaca, são blocos
“intertravados”. O que significa que um único bloco que se rompa (quebre)
acaba por “desestabilizar” os blocos adjacentes que são “travados” nele.
Portanto, para regiões com tráfego de veículos pesados, nada como o bom e
velho pavimento convencional, com a base devidamente compactada para
suportar grandes cargas.

Além disso, outro fator restritivo para o uso dos blocos impermeáveis neste caso
é que esses estacionamentos costumam ficar com muito óleo no piso devido ao

28
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
fato de que são comuns vazamentos em caminhões antigos. Assim, haveria o
risco de contaminação do aqüífero, pela infiltração da água contaminada.

(MPOG/2008) 74 Estruturas compensatórias são concebidas com uma


única finalidade: controle do escoamento superficial, sendo considerado
inadequado o uso múltiplo dessas obras.
GABA: E

Pelo contrário, é fortemente recomendado o uso múltiplo dessas áreas. Já


comentamos que essas estruturas devem estar integradas no planejamento do
uso do solo como um todo.

(MPOG/2008)75 Para aumentar a eficiência no controle do escoamento


pluvial urbano é possível utilizar, de forma combinada, mais de um tipo de
medida compensatória.
GABA: C

Exatamente. A adoção de mais de um tipo de método de forma conjunta pode


otimizar a eficiência do controle do escoamento.

O projeto de um sistema de drenagem de águas pluviais implica a adoção


de diversos critérios para a concepção e o dimensionamento dos seus
componentes. Sobre esse assunto, julgue os itens a seguir.

(MPOG/2008)76 Para cidades com até 50.000 habitantes, deve-se adotar, no


projeto, vazão máxima com 10 anos de tempo de retorno, enquanto, para
cidades com mais de 50.000 habitantes, deve-se usar vazão máxima com
15 anos de tempo de retorno.
GABA: E

A questão não citou se trata de micro ou macrodrenagem. De qualquer forma, a


literatura preconiza que o sistema de microdrenagem pode ser projetado para
um período de retorno que varia de 2 a 10 anos. Já o sistema de
macrodrenagem, 25 a 100 anos.

(MPOG/2008)77 Nesse tipo de projeto, a boca-de-lobo é o único


componente que não é dimensionado utilizando-se unidades-padrão
disponíveis no mercado.
GABA: E

As bocas de lobo são padronizadas (L=1m), como pode ser observado no dia-a-
dia. No caso de ser necessário um comprimento maior, opta-se pela utilização
de duas, uma seguida da outra (múltipla).

29
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
(MPOG/2008)78 Todo o sistema de galerias de águas pluviais deve ser
dimensionado para trabalhar à superfície livre, isto é, à pressão
atmosférica.
GABA: C

O escoamento pode ser livre ou forçado. No primeiro caso, a pressão na


superfície do líquido é igual à atmosférica, podendo o conduto ser aberto, como
nos canais fluviais, ou fechado, como nas redes de esgoto sanitário. No
escoamento forçado,a pressão é sempre diferente da atmosférica e portanto o
conduto tem que ser fechado, como em tubulações de sucção e recalque ou
redes de abastecimento de água.

Segundo o documento Diretrizes básicas para drenagem urbana do município


de São Paulo, o dimensionamento de galerias deve ser feito para que estas
funcionem como condutos livres. Entretanto, há situações em que
eventualmente se deve verificar alguma condição de escoamento em carga
decorrente da passagem de algum evento excepcional.

(MPOG/2008)79 É correto que o projeto preveja que o escoamento de água


nas vias de trânsito de veículos possa ocorrer na área da sarjeta ou,
também, na área da rua propriamente dita.
GABA: C

Vimos que a sarjeta pode ser dimensionada de forma que o escoamento da


água pluvial se dê apenas por ela, ou também pela calha da rua.

(MPOG/2008)80 O dimensionamento do sistema de drenagem de águas


pluviais de uma bacia hidrográfica deve ser feito de montante para jusante.
GABA: C

Pessoal, o termo “montante” refere-se à área acima, rumo à cabeceira. O termo


“jusante” refere-se ao trecho abaixo, rumo à foz. A partir do dimensionamento
dos trechos a montante é que podemos calcular as vazões que escoarão nos
trechos a jusante.

(TCE-TO/2008)No que se relaciona a drenagem urbana, entende-se por


bocas de lobo as canalizações destinadas a conduzir as águas pluviais.
GABA: E

A questão forneceu o conceito de galeria. As bocas de lobo captam águas


pluviais para direcioná-las às galerias.

(TCE-TO/2008)No que se relaciona a drenagem urbana, entende-se por


bocas de lobo os dispositivos localizados em pontos convenientes do
sistema de galerias para permitir mudança de direção.

30
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
GABA: E

O conceito fornecido é o de poço de visita. Eles são dispositivos localizados em


pontos convenientes do sistema de galerias para permitirem mudança de
direção, mudança de declividade, mudança de diâmetro e inspeção e limpeza
das canalizações

(TCE-TO/2008)No que se relaciona a drenagem urbana, entende-se por


bocas de lobo os dispositivos destinados a permitir a limpeza de
tubulações.
GABA: E

O conceito fornecido é o de poço de visita.

(TCE-TO/2008)No que se relaciona a drenagem urbana, entende-se por


bocas de lobo os dispositivos destinados a permitir a mudança de
declividade de tubulações.
GABA: E

O conceito fornecido é o de poço de visita.

(TCE-TO/2008)No que se relaciona a drenagem urbana, entende-se por


bocas de lobo os dispositivos localizados em pontos convenientes nas
sarjetas para captação de águas pluviais.
GABA: C

Esse é o conceito de boca-de-lobo. Vale comentar ainda que esse dispositivo


direcionará as águas pluviais às galerias.

No Brasil, a concepção dos sistemas de drenagem das águas pluviais


urbanas foi evoluindo e, hoje, há uma tendência clara de se privilegiar a
incorporação das denominadas medidas compensatórias a esses
sistemas. Acerca das medidas compensatórias, julgue os itens a seguir.
(TJDFT/2008)104 Bacias ou reservatórios de detenção têm seu uso limitado
a grandes áreas.
GABA: E

Como visto, esses reservatórios não precisam ser de grandes dimensões,


apresentando notável eficiência mesmo quando em menores tamanhos.

(TJDFT/2008)105 Em áreas com lençol freático pouco profundo, não é


recomendado o uso de estruturas de infiltração, tais como os pavimentos
porosos.
GABA: C

31
www.pontodosconcutsos.com.br
CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU
PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
Correto. Se o lençol freático for pouco profundo, há o risco de que o aumento de
seu nível atinja construções em subsolo.

(TJDFT/2008)106 As medidas compensatórias possuem efeitos apenas


sobre o controle quantitativo do escoamento pluvial urbano, mas não
apresentam qualquer benefício para a melhoria da qualidade desse
escoamento.
GABA: E

Vimos que as medidas compensatórias atuam também no controle qualitativo do


escoamento. É que o acontece, por exemplo, com áreas gramadas, funcionando
como planos de infiltração ou o caso de bacias de percolação que retêm
poluentes presentes na água pluvial.

(TJDFT/2008)107 As bacias ou planos de infiltração são as alternativas


mais eficientes, se comparadas às outras, pois requerem menor espaço.
GABA: E

Errado. As bacias/planos de infiltração necessitam de um espaço maior do que


as estruturas lineares, como valas de infiltração, por exemplo.

Pessoal,

Nos vemos na próxima aula! Um forte abraço.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Baptista, Márcio. Notas de Aula: Trabalho de Integração Multidisciplinar I -


Drenagem Urbana. UFMG, 2007.

Borges, Maurício et. al., publicado em Scientia Forestalis n. 69, p.93-103, dez.
2005, disponível em http://www.ipef.br/publicacoes/scientia/nr69/cap08.pdf).

Júnior, Hildeberto. Aulas de Sistema de Drenagem urbana, 2008 (disponível em


http://www.dec.ufs.br)

Naghettini, Mauro. Engenharia de Recursos Hídricos: Notas de Aula. UFMG,


1999.

Nascimento, Nilo O. e Heller, Leo. Ciência, Tecnologia e Inovação na Interface


entre as Áreas de Recursos Hídricos e Saneamento. Engenharia Sanitária e
Ambiental. Vol 10, n.1, jan/mar 2005.

Neto, Antônio C. Sistemas Urbanos de Drenagem, 2005

32
www.pontodosconcutsos.com.br
N o m e d o A l u n o - C P F d o A l u n o

CURSO ON-LINE – AUDITORIA DE OBRAS HÍDRICAS P/ TCU


PROFESSORES: FREDERICO DIAS E RAFAEL DI BELLO
Ramos, carlos l., et. al., Diretrizes básicas para projetos de drenagem urbana no
município de são Paulo. FCTH, 1999.

Tucci. Carlos E. M., et. al., Drenagem Urbana. UFRGS: ABRH, 1995.

Tucci, Carlos E. M., et. al., Hidrologia: Ciência e Aplicação, 2ª Ed. UFRGS:
ABRH, 2000.

Tucci, Carlos E. M., et. al., Avaliação e Controle da Drenagem Urbana, UFRGS,
2000.

Tucci, Carlos E. M. Curso de Gestão de Águas Pluviais. 2006.

33
www.pontodosconcutsos.com.br

Você também pode gostar