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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC

DIOGO RICARDO GASPAR PIRES

Estudo da tensão superficial de líquidos

ILHÉUS-BAHIA
2018
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC

DIOGO RICARDO GASPAR PIRES

Estudo da tensão superficial de líquidos

Relatório apresentado à Universidade


Estadual de Santa Cruz - UESC, como
parte das exigências da disciplina CET674
- FÍSICO-QUÍMICA II (Prática - P01).

Profº Drº Luiz Carlos Salay

Estagiário de docência: Gabriel Figueiredo

ILHÉUS-BAHIA
2018
INTRODUÇÃO

As moléculas de um líquido interagem através de forças de coesão (e.g. Van der


Walls, pontes de hidrogênio), que se tornam fracas com a distância e, se tornam
desprezíveis a distâncias maiores do que próximas de 0.1 micrometros. Portanto uma
molécula de um líquido interage apenas com moléculas que estão dentro de seu “campo
de coesão”. Quando a molécula esta dentro do volume de um líquido, sua força de
coesão é zero, pois as moléculas circunjacentes estão distribuídas de forma
aproximadamente simétrica em seu redor. Contudo, Uma molécula na superfície livre
do liquido é sujeita a forcas de coesão das moléculas das moléculas das camadas abaixo
do liquido.
A tensão superficial se origina das forças de atração interações moleculares que
são denominadas forças de coesão. Quando um líquido está em contato com uma
superfície sólida (vidro, por exemplo) outras forças de atração acontecem e são
chamadas de forças de adesão. Quando um tubo capilar, aberto em ambas as
extremidades, é inserido no líquido, o resultado da competição entre estas forças pode
ser notado. Desta forma, as moléculas de água são atraídas mais fortemente pelo vidro
do que entre si. O resultado é que a água vai molhando o vidro e a superfície assume a
forma mostrada. A tensão superficial proporciona uma força F atuando na fronteira
circular entre a água e o vidro. Esta força é orientada pelo ângulo ϕ, que é determinado
pela competição entre as forças de coesão e de adesão. A componente vertical de F puxa
a água para cima no tubo até a altura h. A esta altura a componente vertical de F se
contrapõe ao peso da coluna de água de comprimento h. Se substituirmos a água por
mercúrio, as forças de coesão serão maiores que as de adesão. Os átomos de mercúrio
são atraídos mais fortemente entre si do que pelo vidro. Como consequência o mercúrio
não molha o vidro. Agora, ao contrário do caso anterior, a tensão superficial
proporciona uma força F, cuja componente vertical puxa o mercúrio para baixo até uma
distância h no tubo.
Sabemos da hidrostática que, quando se preenchem vários vasos comunicantes
com um determinado líquido, este sempre atinge a mesma altura em todos os ramos.
Entretanto, para tubos de pequeno diâmetro (= tubos capilares) esta afirmação não é
verdadeira, devido aos fenômenos relacionados com a tensão superficial do líquido em
contato com uma parede sólida.
OBJETIVOS

 Estudar o efeito da temperatura sobre a tensão superficial das substâncias;


 Determinar qual a tensão superficial dos líquidos estudados e estabelecer uma
ordem de tensão superficial entre os líquidos;
 Comparar os resultados obtidos com a literatura.

MATERIAIS E REAGENTES

1. Bequer de 100 mL
2. Proveta graduada de 25 mL
3. Pipeta graduada de 1,00 mL
4. Termômetro
5. Suporte universal
6. Garra de ferro para béquer
7. Aquecedor de bunsen
8. Tripé e placa de amianto
9. Tubo de ensaio médio
10. Estante para tubos de ensaio
11. Propanol
12. Etanol
13. Etilenoglicol
14. Butanol

METODOLOGIA

Para a realização da prática em questão, montou-se o sistema apresentado na


Figura 1 abaixo. Para as medições foi introduzida uma pipeta de 1,00 mL no tubo de
ensaio, inicialmente em temperatura ambiente, e em seguida com medidas seqüenciais
de variação ascendente de 10 ºC. Esse procedimento foi feito 4 vezes, sendo que em
cada um delas utilizou-se de um liquido diferente. Durante as medições foi feito
também uma agitação no sistema utilizando-se do bastão de vidro.
Figura 1 – sistema utilizado nas medições.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As tabela 1, 2, 3 e 4 representam a medição do volume deslocado dentro da


pipeta graduada, sua média e desvio padrão, das substâncias etanol, etilenoglicol,
propanol e butanol respectivamente.

Tabela 1- Medição do volume deslocado dentro da pipeta graduada, sua média e desvio
padrão para a substância etanola 25 ºC.
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª Desvio
Média
medida medida medida medida medida medida padrão
(mL)
(mL) (mL) (mL) (mL) (mL) (mL) (mL)
Volume
0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,000
deslocado

Não teve necessidade de efetuar uma análise dos valores experimentais obtidos,
teste Q, pois os valores obtidos nas 6 medições foram iguais.
Tabela 2- Medição do volume deslocado dentro da pipeta, sua média e desvio padrão
para a substância etilenoglicol a 26 ºC.
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª Desvio
Média
medida medida medida medida medida medida padrão
(mL)
(mL) (mL) (mL) (mL) (mL) (mL) (mL)
Volume
0,090 0,090 0,090 0,090 0,090 0,090 0,090 0,000
deslocado

Não teve necessidade de efetuar uma análise dos valores experimentais obtidos,
teste Q, pois os valores obtidos nas 6 medições foram iguais.

Tabela 3 - Medição do volume deslocado dentro da pipeta, sua média e desvio padrão
para a substância propanol a 22 ºC.
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª Desvio
Média
medida medida medida medida medida medida padrão
(mL)
(mL) (mL) (mL) (mL) (mL) (mL) (mL)
Volume
0,020 0,020 0,020 0,020 0,020 0,020 0,020 0,000
deslocado

Não teve necessidade de efetuar uma análise dos valores experimentais obtidos,
teste Q, pois os valores obtidos foram muito próximos uns aos outros.

Tabela 4- Medição do volume deslocado dentro da pipeta graduada, sua média e desvio
padrão para a substância butanol a 26 ºC.

1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª Desvio
Média
medida medida medida medida medida medida padrão
(mL)
(mL) (mL) (mL) (mL) (mL) (mL) (mL)
Volume
0,020 0,020 0,020 0,020 0,020 0,020 0,020 0,000
deslocado
Não teve necessidade de efetuar uma análise dos valores experimentais obtidos,
teste Q, pois os valores obtidos nas 6 medições foram iguais.
Quando se coloca um tubo de diâmetro pequeno a água sobe pelas paredes do
tubo, quem sustenta esse peso é a tensão superficial, ao longo da circunferência de
contato entre o líquido e parede surgem forças atrativas que levantam o líquido até parar
por entrar em equilíbrio com o peso da coluna, a resultante vertical dessa força (F) é
dada pelo produto da tensão superficial (T) pelo comprimento da circunferência (2π∙r)
interna do tubo.
F=T∙2∙π∙r (1)
O resultado é uma força que deve ser igual ao peso da coluna do líquido que
subiu pelo tubo, esse peso pode ser calculado pelo medindo-se a altura da coluna desde
o nível da água no recipiente até o menisco. O peso será:
P=m∙g=ρ∙V∙g (2)
Sendo que o volume pode ser definido como sendo o produto da altura da coluna
(h) pela área da pipeta (π ∙ r2): V = h ∙ π ∙ r2
Substituindo-se o valor do volume:
P=ρ∙V∙g (3)
P = ρ ∙ h ∙ π ∙ r2∙ g (4)
Considerando-se o raio da pipeta graduada de 1,0 mL sendo igual a 3,0 mm
pode-se encontrar a altura da seguinte maneira (multiplica-se no final por 10-3 para se
transformar a unidade de medida em metros (m) e multiplica-se o V por 103 para se
transformar mL em mm3):
V = A ∙ h →h = V/A → h = V/π∙r2 → h = V/3,14159265 ∙ (3,000000 mm)2
103 mm3
V∙
h = 28,2743338 mm2 ∙ 10−3(5)
1 mL

Substituindo-se o valor do da altura:


P = ρ ∙ h ∙ π ∙ r2∙ g (6)
103 mm3
V∙
P = ρ ∙ 28,2743338 mm2 ∙ 10−3 ∙ π ∙ r2∙ g
1 mL
(7)

Igualando-o a força (F) ao peso (P) encontra-se o valor da tensão superficial (T).
F=P (8)
103 mm3
V∙
T ∙ 2 ∙ π ∙ r = ρ ∙ 28,2743338 mm2 ∙ 10−3 ∙ π ∙ r2∙ g
1 mL
(9)
103 mm3
V∙
ρ∙ 1 mL ∙10−3 ∙r∙g
28,2743338 mm2
T= (10)
2

Usando-se a Eq. (10) foram calculados as tensões superficiais dos compostos.

Tensão superficial do etanol (ρ = 789,00 kg m-3 a 25 ºC):


103 mm3
0,010 mL ∙
789,00 kg m−3 ∙ 1 mL ∙ 1 m ∙ 0,003500 m ∙ 9,087 m s−2
28,2743338 mm2 103 mm
T= = 0,00443 kg s-2
2

Tetanol = 4,44 ∙ 10-3 N m-1

Tensão superficial do etilenoglicol (ρ = 965,10 kg m-3 a 26 ºC):


103 mm3
0,090 mL ∙
965,10 kg m−3 ∙ 1 mL ∙ 1 m ∙ 0,003500 m ∙ 9,087 m s−2
28,2743338 mm2 103 mm
T= = 0,04885 kg s-2
2

Tetilenoglicol = 4,89 ∙ 10-2 N m-1

Tensão superficial do propanol (ρ = 803,40 kg m-3 a 22 ºC):


103 mm3
0,030 mL ∙
803,40 kg m−3 ∙ 1 mL ∙ 1 m ∙ 0,003500 m ∙ 9,087 m s−2
28,2743338 mm2 103 mm
T= = 0,01355 kg s-2
2

Tpropanol = 1,36 ∙ 10-2 N m-1

Tensão superficial do butanol (ρ = 810,00 kg m-3 a 26 ºC):


103 mm3
0,020 mL ∙
810,00 kg m−3 ∙ 1 mL ∙ 1 m ∙ 0,003500 m ∙ 9,087 m s−2
28,2743338 mm2 103 mm
T= = 0,00911 kg s-2
2

Tbutanol = 9,11 ∙ 10-3 N m-1


As tabelas 5, 6, 7 e 8 apresentam uma comparação entre altura de coluna de
líquido x temperatura indicando as médias e os desvios padrão, das substâncias etanol,
etilenoglicol, propanol e butanol respectivamente.

Tabela 5 – Comparação entre altura de coluna de líquido x temperatura para a


substância etanol.

Cálculo da
Temperatura (ºC) Altura (mm) 103 mm3
V∙
1 mL
altura
38,484509 mm2

103 mm3
0,010 mL ∙
25 0,35 1 mL
28,2743338 mm2
30 0,35 -
35 0,35 -
40 0,35 -
45 0,35 -
50 0,35 -
55 0,35 -

Tabela 5 – Comparação entre altura de coluna de líquido x temperatura para a


substância etanol.

60 0,35 -
65 0,35 -
70 0,35 -
75 0,35 -
80 0,35 -
85 0,35 -
90 0,35 -
A figura 1 ilustra o gráfico que relaciona a variação de altura do etanol dentro
da pipeta graduada com a variação da temperatura.

Altura x temperatura
0.4
0.35
Altura (milímetro)

0.3
0.25
0.2
0.15
0.1
0.05
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95
Temperatura em (°C)

Figura 1 - gráfico que relaciona a variação de altura do etanol dentro da pipeta


graduada com a variação da temperatura.

Tabela 6 – Comparação entre altura de coluna de líquido x temperatura para a


substância etilenoglicol.
Cálculo da
Temperatura (ºC) Altura (mm) 103 mm3
V∙
1 mL
altura38,484509 mm2
103 mm3
0,090 mL ∙
26 3,18 1 mL
28,2743338 mm2
30 - -
103 mm3
0,110 mL ∙
35 3,89 1 mL
28,2743338 mm2
40 -
103 mm3
0,115 mL ∙
45 4,06 1 mL
28,2743338 mm2
50 4,06 -
55 4,06 -
60 4,06 -
65 4,06 -
70 4,06 -
75 4,06 -
80 4,06 -
85 4,06 -
90 4,06 -

A figura 2 ilustra o gráfico que relaciona a variação de altura do etilenoglicol dentro da


pipeta graduada com a variação da temperatura.

Altura x temperatura
4.5
4
Altura em milímetros

3.5
3
2.5
2
1.5
1
0.5
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95
Temperatura (°C)

Figura 2 - gráfico que relaciona a variação de altura do etilenoglicol dentro da pipeta


graduada com a variação da temperatura.

Tabela 7 – Comparação entre altura de coluna de líquido x temperatura para a


substância propanol.
Cálculo da
Temperatura (ºC) Altura (mm) 103 mm3
V∙
1 mL
altura28,2743338 mm2
103 mm3
0,030 mL ∙
22 1,06 1 mL
28,2743338 mm2
30 - -
35 - -
103 mm3
0,035 mL ∙
40 1,23 1 mL
28,2743338 mm2
45 - -
103 mm3
0,040 mL ∙
50 1,41 1 mL
28,2743338 mm2
55 - -
60 - -
103 mm3
0,045 mL ∙
65 1,59 1 mL
28,2743338 mm2
70 - -
103 mm3
0,040 mL ∙
75 1,41 1 mL
28,2743338 mm2
-
80 1,23 103 mm3
0,035 mL ∙ 1 mL
28,2743338 mm2
-
90 1,23 103 mm3
0,035 mL ∙ 1 mL
28,2743338 mm2

A figura 3 ilustra o gráfico que relaciona a variação de altura do propanol dentro


da pipeta graduada com a variação da temperatura.
Altura x Temperatura
1.8
1.6
Altura em milímetros 1.4
1.2
1
0.8
0.6
0.4
0.2
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95
Temperatura

Figura 3 - gráfico que relaciona a variação de altura do propanol dentro da pipeta


graduada com a variação da temperatura.

Tabela 8 – Comparação entre altura de coluna de líquido x temperatura para a


substância butanol.

Cálculo da
Temperatura (ºC) Altura (mm) 103 mm3
V∙
1 mL
altura28,2743338 mm2

103 mm3
0,020 mL ∙
26 0,71 1 mL
28,2743338 mm2
30 0,71 -
35 0,71 -
40 0,71 -
45 0,71 -
50 0,71 -
55 0,71 -
60 0,71 -
65 0,71 -
70 0,71 -
75 0,71 -
80 0,71 -
85 0,71 -
90 0,71 -

A figura 4 ilustra o gráfico que relaciona a variação de altura do butanol dentro da


pipeta graduada com a variação da temperatura.

Altura x temperatura
0.8
Altura em milímetros

0.7
0.6
0.5
0.4
0.3
0.2
0.1
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95
Temperatura

Figura 4 - gráfico que relaciona a variação de altura do butanol dentro da pipeta


graduada com a variação da temperatura.

Uma breve discussão e conclusão


Os valores obtidos na prática experimental divergem um pouco do que é
encontrado na literatura, contudo, é preciso levar em consideração as condições
térmicas do ambiente cuja pratica foi realizada. Outra questão que pode ser levantada é
a precisão dos instrumentos utilizados e também a dificuldade de enxergar a
temperatura exata no termômetro.
O erro de paralaxe também pode ser levantado e sua definição se torna relevante
nesse momento: “o erro de paralaxe acontece graças a um desvio óptico que é causado
pelo ângulo de visão de um indivíduo, causando-o a fazer uma observação errada em
uma escala de graduação”. Uma pequena variação no deslocamento pode ter causado
uma má interpretação nos dados.
De forma geral, a pratica experimental foi eficiente no que diz respeito aos
objetivos traçado e ao sucesso obtido na realização da mesma.
REFERÊCIAS

1. Adamson A.W., 1982, Physical Chemistry of Surfaces, John Wiley & Sons, 4ª
edição.

2. Shawn D.J., 1975, Introdução a química dos colóides e de superfícies, Editora


Edgard Blucher, capítulo 4.

3. Ball D.W., 2005, Físico-Química, 1a. ed., Vol. 1 e 2, Thomson Learning.

4. Rangel R.N., 2006, Práticas de Físico-Química, 3a. ed., Edgard Blucher.

5. Atkins P. W., Paula J., 2004, Físico-Química, Vol. 1, 2 e 3, LTC.

6. Crockford H.D.; Knight S.B., 1977, Fundamentos de Físico-Química, Livros


Técnicos e Científicos Editora.

7. Moore, J.W. Físico-Química, Vol.1 e 2, 4a ed., Editora Edgard Blucher, 1976.

8. Gianino C., 2006, Physics Education, 41, 440, “Measurement of surface tension by
the dripping from a needle”

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