Montes Claros Maio /2018 RELATÓRIO SOBRE ARQUITETURA MODERNA
1. Como a arquitetura moderna, por meio da linha funcionalista e organicista,
desenvolveu soluções projetuais para a arquitetura e o urbanismo contribuindo deste modo para a saúde urbana na primeira metade do século XX? As referidas soluções se estendem aos dias atuais?!
A arquitetura moderna significou um grande marco na História da Arquitetura. A proposta
de aprimoramento de técnicas e materiais permitiu a inovação do modo como se projetava e construía-se. Também, o avanço tecnológico propiciou a criação de novos meios e modos de edificar, não somente no campo projetual, enquanto “modus operandi”, mas no próprio campo teórico, onde novas propostas começam a ser incorporadas à arquitetura e urbanismo por meio de uma forte e insistente experimentação. Dentre esses teóricos e experimentadores estão aqueles que são considerados como os grandes nomes da arquitetura moderna: Le Corbusier, Walter Gropius, Frank Lloyd e Mies Van de Rohe. É sobretudo no campo ideológico-arquitetônico, materializados em edificações, que esses arquitetos logram a consagração de seus nomes. A casa, o espaço, o meio deixa de ser visto sob mera perspectiva construtiva para incorporar e acompanhar a nova era do progresso, apresentada pela indústria e tecnologia. Arte e técnica se aliam para o descortinar da arquitetura que então emergia. A habitação agora não é somente um espaço passivo, mas deve tornar-se uma máquina, funcional e operante, produto da razão, que deve aliar forma à função, sem que isso signifique o despojamento total do adorno, porém, ele deve ser complemento e não essência, como obstante se notava, por exemplo, na arquitetura classicista. Irrompendo com os preceitos da arquitetura classicista os arquitetos modernos apresentam uma arquitetura que traduzia a necessidade do presente e não mais o saudosismo das formas clássica. Desta forma de pensar surgem duas correntes: uma funcionalista e outra organicista. De modo especial, Le Corbusier, cuja premissa construtiva era fundada na razão e função e que denomina de Revolução Arquitetônica o final do século XIX, expõe uma série de inovações para repensar e projetar uma edificação. Dentre elas estão os cinco pontos da nova arquitetura que se propagaram mundialmente através do Congresso Internacional de Arquitetura Moderna: planta livre, fachada livre, janelas em fita, uso de pilotis e o terraço-jardim. Ademais, substitui a massa e a solidez pelo volume e o espaço, e seu ornamento se dará pela exposição dos materiais usados na edificação, comumente o concreto armado, o aço e o vidro. As plantas livres será uma das maiores conquistas desta arquitetura que se descortinava. O aço e concreto possibilitam isso. O sistema “Dom-ino” é a materialização corbusiana para essa conquista. Isso, em realidade evidencia o caráter funcionalista que se busca dar às edificações que, inclusive, os arquitetos modernos valorizam sobretudo através das funções sociais das construções. Todas essas inovações permeiam profundamente a arquitetura nos dias atuais. Aliás, é raro não ver um edifício que não tenha em si aqueles elementos que os modernistas primavam, quer seja como conceito ou mesmo como padrão para dar ao edifício o “caráter de moderno”, embora estejamos em plena contemporaneidade. Mesmo no aspecto sustentável e bioclimático, que a arquitetura tanto busca nos dias hodiernos, Le Corbusier já anunciara através de seu terraçojardim, por exemplo. Ademais a própria preocupação de correspondência ergométrica do espaço ao usuário, a funcionalidade do espaço, usado nos nossos briefings, é uma influência da arquitetura preconizada pelos arquitetos modernos que, inclusive, o próprio Le Corbusier fez questão de demostrar por meio de seu modulor. No campo do urbanismo o arquiteto moderno contribui com a Carta de Atenas, que propõe uma nova forma de pensar o espaço urbano, a partir da arquitetura, para poder corresponder à demanda que a nova era industrial criara, com uma racionalização dos espaços de forma, através do planejamento regional e infra-urbano, da implantação do zoneamento, da submissão da propriedade privada do solo urbano aos interesses coletivos, da verticalização dos edifícios situados em amplas áreas verdes, da industrialização dos componentes e a padronização das construções.